23 novembro 2013

«dance our way out (of trouble)»


dance our way out (of trouble) from queens of disco sleaze on Vimeo.

«Sentimento de Urgência» - João

"Lembro-me de ter, talvez, uns seis ou sete anos e ver nas telenovelas, na televisão, os beijos na boca – supõe-se que com língua – e pensar para mim que tardava o momento de também eu beijar assim (hoje sei que não desenvolvi da melhor forma esse talento, mas cada um especializa-se numas coisas em detrimento de outras, e o que não faço sentir no beijo, faço sentir em algo diferente). Recordo-me, também, de ser já adolescente e querer, muito, ter relações sexuais. Viria a tê-las numa idade que muitos considerarão tardia, o que fez com que durante alguns anos me sentisse, posso dizê-lo, desesperado. Mas elas vieram, e quando vieram não senti ter perdido nada. Ou antes, dito de outra forma, quando finalmente comecei a ter relações sexuais, não senti saudade de algo que não conhecia, e não lamentei as fodas não dadas antes da primeira. Dediquei-me a viver as fodas que tinha, e nada senti pelas que não tive antes. A vida dar-me-ia muitas fodas doravante. E, em abono do que então senti, posso dizer que desde então já muitas vezes me senti fodido.

Recordo palavras da minha mãe que muito me disse que esta juventude (a minha) queria viver tudo muito depressa. Que descobriam tudo muito depressa e não guardavam nada para depois do casamento. Era a maneira que ela tinha de dizer que se os jovens faziam, em solteiros, tudo quanto podiam, fodendo até partir, o casamento já não traria um objectivo novo senão a junção logística e partilha de aborrecimentos (o que em si mesma é uma visão discutível). Pretendia ensinar-me, de algum modo, que para tudo existe um tempo. Não tive esse talento (e já lá vão dois talentos inexistentes, o do beijo e o da espera).

Quando, passando por um corredor de supermercado, dou por mim a pensar neste sentimento de urgência, de tudo viver não agora mas mesmo ontem, não me alheio. Não projecto isto para outros. Os outros têm este sentimento, e eu também. Também eu tenho pressa. Também eu quero tudo a correr. Tenho medos diversos. Notem: tenho medo de morrer antes de; medo de adoecer antes de; medo de perder algo ou alguém antes de; medo de não ter a oportunidade antes de; medo de já não conseguir aproveitar se. É triste (não?) este sentimento de urgência alimentado pelo medo.

Não me atrevo, naturalmente, a negar que há momentos na vida que merecem que algumas coisas aconteçam. A nossa existência tem alguns compartimentos móveis onde mais facilmente se encaixam alguns dos nossos desejos e necessidades. Mas o sentimento de urgência que nos invade é muitas vezes estranho a esses compartimentos. E quase inexplicável. Insano, a espaços. Consome-nos a ideia de não poder ter já tudo quanto sentimos que nos pode trazer bons momentos. Sabor de felicidade.

E no entanto, talvez não precise ser assim. Nas voltas que a vida (nos) dá, não fechando portas com chaves que se atirem ao rio, talvez consigamos transformar os sentimentos de urgência em algo diferente. Levei muitos anos (à dimensão do meu desejo) até conseguir ter algumas coisas. Quando as tive, a espera como que desapareceu. Na minha mente, os dias de busca e desejo ardente esmoreceram, e todo o meu sentir se dedicou ao que efectivamente estava, já, a acontecer. Portugal aguarda D. Sebastião há séculos. Estou certo de que num qualquer dia de nevoeiro, se ele surgir, a nação esquecerá os séculos de espera, e rejubilará. E é assim que, entre um e outro corredor de supermercado, compreendo que numa vida razoavelmente longa, atirando para trás das costas todos os medos, de coisas que não controlamos e por isso não devem petrificar-nos, desde que em algum momento consigamos aquilo a que nos propomos, não é mais tempo, menos tempo, que verdadeiramente nos rouba o sabor que buscamos."

João
Geografia das Curvas

«Quem se deita sem ceia, toda a noite rabeia» - azulejo de Carmo Saúde (2003)

Azulejo (10x10 cm) pintado à mão, com caixa em cartão.
Desde 2003 na minha colecção.


Um sábado qualquer... - «Photoshop»



Um sábado qualquer...

22 novembro 2013

Boa malha, Scarlett Johansson!


«Sim, nós fodemos» - uma página corajosa (ainda por cima no antro da censura, o Facebook!)

(crica na imagem para acederes à página no Facebook)

A página «Sim, nós fodemos» foi criada em 6 de Novembro de 2013 para, como eles próprios explicam, abordar "a sexualidade em pessoas com diversidade funcional, os chamados deficientes. Porque todos são seres sexuais queremos dar o nosso contributo na informação e educação de toda a sociedade portuguesa, nesta temática que tanto se tem negligenciado. A Sexualidade é o motor mais potente de crescimento pessoal, desenvolvimento da própria personalidade e das relações sociais. Como tal devia ser central nos apoios sociais para pessoas com diversidade funcional".
Está ligada à página espanhola «Yes, we fuck», que - oh, admiração! - foi eliminada do Facebook, "según dicen, por incumplir reiteradamente las normas de uso. Según nosotrxs, censura cutre, sin más. Es cierto que no nos gustan sus normas de uso, pero no las hemos incumplido. Recurriremos y a ver qué pasa, pero de momento sólo podréis seguir el trabajo de «Yes, we fuck» en el blog y en Vimeo" (recomendo os videos).
A Noémia Pinto escreveu um texto excelente sobre esta página e este tema: «Um novo espaço de apoio às pessoas portadoras de deficiência».
É uma causa pela qual vale a pena lutar, como tantas outras ao longo dos 10 anos de existência do blog «a funda São».
Força, malta. Que não vos bloqueiem as rodas quando vocês precisam de andar!

Para além de broncos...

... Gajos que atribuem o uso da língua à falta de virilidade não deviam ser ciumentos ou possessivos.

Durante o sexo #2



Dançando sem César

21 novembro 2013

golfe e nudismo

abre no Brasil o primeiro campo para os praticantes do naturismo
Raim on Facebook

AIDES - «Woody» (por vezes mentes sem te aperceberes)

Demonstração de amor

Marinheiro e polícia num gesto de afecto... na minha colecção.
Estatueta com 25 cm de altura reproduzindo um desenho de Tom of Finland.

«Bocaguiar» - Patife

Hoje acordei melancólico. Então pus-me a pensar nas quecas que dei. Foram tantas pachachinhas para pinar que nem sei se me desate a vir, se me ate a chorar. Foi aqui que me lembrei da Errata do Fernando Aguiar e pensei que se o Bocage e o Fernando Aguiar fossem um só, haviam de ter escrito a Errata das quecas do Patife, elevando a poesia experimental portuguesa para patamares ainda mais inauditos. E se o Fernando Aguiar e o Bocage fossem um só, teriam criado coisinhas poéticas lindas assim:

É RATA (em forma de soneto com nabo)

Logo na primeira queca, precisamente na primeira posição, onde se lê era uma vez..., leia-se finalmente...

Na queca catorze, na posição quatro, onde se lê quarto, leia-se de quatro.

Na queca seguinte, na posição oito e meio, onde se lê por cima de, leia-se no meio de.

Quase na queca trinta, na posição de conforto, onde se lê muita parra, leia-se pouca vulva.

Na queca rasgada, na posição dos astros, onde se lê forca, leia-se à força.

Numa queca inexistente, na posição do imaginário, onde se deveria foder, foda-se mesmo.

Na queca do meio, na posição do equador, onde se pina em paralelo, pine-se em diagonal.

Na queca obscura, nos entrefolhos, onde se lê fode-se, leia-se pode-se.

Na queca solta, numa posição qualquer, onde se lê no chão, leia-se à cão.

Numa queca distante, na posição do pensamento, onde se lê não penso, leia-se mas pino.

Ao virar da queca, na posição do infinito, onde se tem muito que foder, foda-se o muito que se tem.

Na queca em branco, na posição do horizonte, onde não se pina, não se pine.

Numa queca perdida, numa posição ao acaso, onde se fode mesmo assim, foda-se assim mesmo.

A quecas tantas, na posição com que cada um se cose, onde se lê entrevista-se, leia-se entredispa-se.

Na última queca, mesmo na última posição, onde se lê finalmente..., leia-se era uma vez...


Patife
Blog «fode, fode, patife»