21 novembro 2013

«Bocaguiar» - Patife

Hoje acordei melancólico. Então pus-me a pensar nas quecas que dei. Foram tantas pachachinhas para pinar que nem sei se me desate a vir, se me ate a chorar. Foi aqui que me lembrei da Errata do Fernando Aguiar e pensei que se o Bocage e o Fernando Aguiar fossem um só, haviam de ter escrito a Errata das quecas do Patife, elevando a poesia experimental portuguesa para patamares ainda mais inauditos. E se o Fernando Aguiar e o Bocage fossem um só, teriam criado coisinhas poéticas lindas assim:

É RATA (em forma de soneto com nabo)

Logo na primeira queca, precisamente na primeira posição, onde se lê era uma vez..., leia-se finalmente...

Na queca catorze, na posição quatro, onde se lê quarto, leia-se de quatro.

Na queca seguinte, na posição oito e meio, onde se lê por cima de, leia-se no meio de.

Quase na queca trinta, na posição de conforto, onde se lê muita parra, leia-se pouca vulva.

Na queca rasgada, na posição dos astros, onde se lê forca, leia-se à força.

Numa queca inexistente, na posição do imaginário, onde se deveria foder, foda-se mesmo.

Na queca do meio, na posição do equador, onde se pina em paralelo, pine-se em diagonal.

Na queca obscura, nos entrefolhos, onde se lê fode-se, leia-se pode-se.

Na queca solta, numa posição qualquer, onde se lê no chão, leia-se à cão.

Numa queca distante, na posição do pensamento, onde se lê não penso, leia-se mas pino.

Ao virar da queca, na posição do infinito, onde se tem muito que foder, foda-se o muito que se tem.

Na queca em branco, na posição do horizonte, onde não se pina, não se pine.

Numa queca perdida, numa posição ao acaso, onde se fode mesmo assim, foda-se assim mesmo.

A quecas tantas, na posição com que cada um se cose, onde se lê entrevista-se, leia-se entredispa-se.

Na última queca, mesmo na última posição, onde se lê finalmente..., leia-se era uma vez...


Patife
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