23 dezembro 2014

Vindima

Morde-me os mamilos como quem toca dois bagos de uvas.
A minha vagina pode esperar velada por renda da cor de vindimas que tu a pises com a melodia das canções bêbedas de esperma.

«vives entre a alma e o que não sei» - Susana Duarte

vives entre a alma e o sol,
deitado entre ti e ti,
de ti perdido,
de ti ali,
onde
as nuvens soltas
navegam delírios vestidos
de noite. vives entre a alma e
o que não sei. vives, em mim, noite
tempestuosa de olhos desassossegados.

inertes.

vives entre a alma e os dedos,
florescendo mágoas
e solidões
por entre
medos.
de ti perdido,
imaginas encontros de mãos
e sussurrares de aves finalmente tocadas
pelas primaveras do tempo. vives entre a alma,
e o que não sei. vives nas ondas submarinas do ventre

sôfrego.

vives onde não sabes,
e não vives nada, perdido de ti,
entre ti e as névoas das tuas dúvidas.

vives na sombra
do limbo das folhas,
onde a seiva segrega

o amarelecer dos dias.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto



A malta não pode ler odes que ode também:

Mamãe:
Esse "ti" precisa vir a mim...muito perdido ele está.

Bartolomeu:
Já tás a querer sacar o chavalo à Susy, Chaminha?
Eu não te chego, Índia?
Quando te ponho louca na minha caminha
E te sussurro ao ouvido, liiiindaaa.

Quando vou contigo ver as colmeias
E tu, encostada ao embondeiro
Começando a tirar as meias
Me suplicas: me come o pandeiro!

Não te chego Índia, Ímpia?
Quando o teu corpo ardente
Me pede que te toque a fimbria
Desse teu mundo ausente

E derrame entre os teus dedos
Este meu líquido precioso
Minha criança sem medos
Meu campo maravilhoso

Mamãe:
Não te convenci que não gosto de cona?
Prefiro leite derramando, como o óleo da mamona
Óleo vegetal naturalmente hidroxilado,
Gosto é de homem. Não, do outro lado.

Se podes comigo, não sei.
Ainda só fiquei na promessa.
Se comeres primeiro a São
Pergunto a ela se vales à beça.

Sou índia, que o cupido flechou,
Mas ímpia, de todo, não!
Tenho Fé que ainda sejas
Ferrado por um zangão.

Minhas fímbrias sexuais são tratadas
À base de mel em floral.
Se pensas nelas tocá-las...
Estás em perigo letal.

Assim estarás derrotado,
Feito toureiro chifrado na arena,
Mas já me disse o poeta:
Vale toda forma de amor,
Se a alma não for pequena.

Aproveito este ensejo
Para só o bem alcançares.
Deixa de comer as burras,
E com a bicicleta trepares.

Por aqui me despeço,
Lembrando que no Nepal
Tem caralho pra todo lado
Em cima, embaixo e o escambau.

Para ti, aqui em algum lugar,
Um beijo, em tua boca permear.
Com gosto de açaí e mel de abelha.
Mas com burras não

Bartolomeu:
Tem burra qu'é bem legau
E de pêlo bem macio
E este meu carapau
Come tudo o que tá co cio

Até come cu de onça
Ou um broche de leão
Come no meio de bagunça
Quando lhe chega o tesão

E a ti, minha Índia, tão fogosa
Tão ardente e destemida
Também te dou a ranhosa
da minha piça erguida

E fica assim bem alerta
Que vou atravessar o mar
Bota já a perna aberta
Está pronta p'a quando eu chegar

Bengala em madeira com casal a copular na pega

Bengala africana em madeira trabalhada à mão em toda a sua extensão.
Junta-se às outras bengalas da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)




22 dezembro 2014

Jontex - #PrazerSeguro

«Foder e rir» - João

"O sexo é uma coisa séria. Ou, preferiria dizer, uma coisa para levar a sério. Que exige empenho, saber-fazer, que exige atenção, cuidado, a entrega a uma forma de “nós”, a nossa entrega a alguém. Sem isso, o sexo é porventura uma banalidade mecânica, de despejar tomates e invadir o corpo com a electricidade de um orgasmo, um pouco como beber água quando há sede, sabendo nós que a água, ou o copo, se deixam para lá depois da sede resolvida. O sexo, o bom sexo, deve ser diferente disso, ao bom sexo sempre se regressa, nunca se viram as costas. O bom sexo é água que jorra de nascente fresca. Mas se isto é assim, há algo que o sexo não precisa e não deve nunca ser: demasiado sério. Que sério é este? O sério de seráfico. De tão exageradamente praticado como um desporto de alta competição que as pessoas se esqueçam de se olhar nos olhos, dizer coisas, e rir a bandeiras despregadas enquanto o fazem. Porque não? Porque não podemos salpicar o sexo com piadas que fazem dois amantes rir-se enquanto os caralhos se afeiçoam às conas? Porque terão as pessoas de estar sempre caladas, sérias, ou senão caladas, apenas a foder com o linguajar do Cais do Sodré? Notem que nada tenho contra isto. Calem-se quando for de calar, concentrem-se em silêncio quando assim tiver de ser, e digam todas as caralhadas e demais impropérios que sintam querer dizer quando vos apetecer, que um bom impropério no sexo sabe a rebuçado, mas não sintam ter de ser sempre sérios. Não sintam ter de evitar uma piada. Uma expressão engraçada que faça a outra pessoa rir. Sexo também é riso. Sexo também é divertimento. Sexo também é virmo-nos e rebentarmo-nos a rir na cara um do outro. Qualquer que seja a razão. Porque estamos rotos, porque nos aconteceu qualquer coisa que podemos julgar embaraçosa, porque a incredulidade pode dar para tudo e desse tudo o riso é o melhor. Foder e rir, malta. Foder e rir. Muito. Só assim vale mesmo a pena."
João
Geografia das Curvas

«conversa 2114» - bagaço amarelo

Ela - Há muito tempo que não sinto interesse por homem nenhum e, assim de repente, sinto que estou bem. Não quero mais nada da vida.
Eu - Estás em paz?
Ela - Sim, é isso. Estou em paz comigo mesma...
Eu - Fixe, então.
Ela - Na verdade...
Eu - Na verdade o quê?
Ela - Na verdade estar em paz é a única coisa que me chateia um bocado e que me pode vir a fazer envolver com alguém.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Concorrência de género

Crica para veres toda a história
Barco a barco


3 páginas

(cricar em «next page»)

21 dezembro 2014

«Tinderella - um conto de fadas dos tempos modernos»

Luís Gaspar lê «Os olhos rasos de água» de Eugénio de Andrade


Cansado de ser homem durante o dia inteiro
chego à noite com os olhos rasos de água.
Posso então deitar-me ao pé do teu retrato,
entrar dentro de ti como num bosque.

É a hora de fazer milagres: posso ressuscitar os
mortos e trazê-los a este quarto branco e
despovoado, onde entro sempre pela primeira
vez, para falarmos das grandes searas de trigo
afogadas na luz do amanhecer.

Posso prometer uma viagem ao paraíso a
quem se estender ao pé de mim, ou deixar
uma lágrima nos meus olhos ser toda a
nostalgia das areias.

É a hora de adormecer na tua boca,
como um marinheiro num barco naufragado,
o vento na margem das espigas.

[Póvoa de Atalaia, Fundão, 1923]

Eugénio de Andrade
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Troca de pen


Intriga-me que nunca se lembre quais os meus pratos favoritos. Convenço-me que tanta falta de ram só pode sinalizar um modelo ultrapassado.

Está na altura de mudar este disco duro por uma pen nova e à medida.


Grande poeta é o povo!

Espaço para a poesia: Queria de ti um pipi de vontade e de bruma. Queria de ti um mamar até fazer espuma.

Patife
@FF_Patife no Twitter

20 dezembro 2014

«Palavrões» - Môce dum Cabréste

«Inatingível» - por Rui Felício


Ao alvorecer, no cimo daquele monte, o sol rompia. Mesmo por cima dos pinheiros. Cá em baixo, parecia-me ao alcance da mão. Se eu lá estivesse...
Ainda pensei em subir o monte para lhe tocar, para sentir o seu calor a aquecer-me a ponta dos dedos, mas percebi que não ia ter tempo porque quando atingisse o cume já a estrela solar iria alta.
Decidi que, na madrugada seguinte, estaria no alto daquele monte, oculto entre os pinheiros, esperando que ela aparecesse. Então sim, poderia tocá-la e sentir a carícia dos seus raios na minha pele, no meu corpo todo...
Levantei-me cedo, ainda de noite, subi o monte e esperei pela alvorada, no exacto local em que a tinha visto aparecer na manhã anterior. Arrepiei-me, ansioso, com a claridade da manhã que anunciava a sua vinda, imaginando e deleitando-me com a antecipação do nosso contacto.
Minutos volvidos vejo romper a fascinante bola dourada. Mas, nesse dia, apareceu na cumeeira do outro monte à minha frente.
Fixei o local e, na madrugada seguinte, lá estava eu, no cimo do outro monte, esperando aquela estrela, cuja luz e calor me fascinavam...
Repeti estas minhas alvoradas vezes em conta, procurando o calor da minha vida cada vez mais longe, cada vez mais inacessível.
Convenço-me que há sonhos inatingíveis...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido