25 janeiro 2016

Cerveja Schneider - «Maturação»

«é tudo uma questão de toque» - João

"Tiveram uma separação difícil. Para ambos, entenda-se. É natural que depois de quase vinte anos a partilhar a vida com outra pessoa não se saiba aproveitar a liberdade de estar só. Estar só é bom, mas requer treino, experiência e aprendizagem. Talvez por isso mesmo, alguns meses depois ainda telefonassem um ao outro regularmente, mais para ouvir do que para falar. A voz do outro fazia-lhes falta.
Combinaram tomar café um Domingo, depois do almoço, mas acabaram na cama dele numa tarde de sexo de que já não se lembravam de ter. Sem os mecanismos de quem dorme lado a lado todos os dias e com a improvisação e energia de quem acabou de se apaixonar. Mesmo assim não repetiram a experiência. Sabiam que o caminho não podia ser o de regresso. E assim chegaram finalmente ao silêncio entre ambos.
Passado alguns meses ela apaixonou-se e tornou a casar. Pelo menos foi o que ele ouviu dizer. Nessa tarde chorou um bocado, sem ninguém ver, e depois convidou uma garrafa de uísque para passar a noite. A ressaca fez-lhe bem. Foi com dois comprimidos para as dores de cabeça e uma garrafa de água com gás num café dos subúrbios que teve olhos pela primeira vez para outra mulher. Não que se tenha apaixonado, mas pelo menos interessou-se. Sorriu.
Ela era morena, pele muito branca e um sinal no queixo. Não seguia nenhum padrão especial de beleza, mas parecia ter em excesso aquilo que lhe faltava a ele: a vida resolvida. Além disso era simpática sem ser dada e era decidida sem ser arrogante. Enfim, um luxo. Tinha comprado uma garrafa de Sumol de Laranja de litro e meio, quatro pães da avó e tomado café ao balcão. Nunca mais a viu, mas o momento foi interessante. Tão interessante como uma data de nascimento.
Depois de nascer vieram as dores de crescimento. Noites de sexo falhado e dias de Amor empatado. Era quase sempre uma questão de pele. Ao primeiro toque numa mulher percebia a diferença e uma tonelada de memória caía-lhe em cima. O que ele mais ansiava era pelo momento a seguir ao sexo, aquele em que se olha para o tecto e se descobre realmente o outro, já depois de lhe ter conhecido o corpo.
À partida, seria num desses momentos que ele se apaixonaria de novo, não fosse o Amor ser sempre o contrário do que pensamos que vai ser. Comprou um bilhete de autocarro sem querer ir a lado nenhum, apenas para dar uma volta à cidade sem ter que se esforçar. As luzes dos candeeiros públicos misturavam-se com a negritude do fim de tarde numa estranha aguarela abstracta. Uma mulher sentou-se ao lado dele e adormeceu em poucos minutos. Encostou-se ao seu corpo como se fosse uma cria de pássaro num ninho e deu-lhe uma mão. Ele deixou-se ir até ao fim, respirando suavemente para não a acordar.
É tudo uma questão de toque, pensou."

João
Geografia das Curvas

Postalinho de Miranda do Douro - 3

"O 69 mirandês, revisitado depois de um passeio da malta do blog «a funda São» em 2006."
Paulo M.

O OrCa não pode ver destas coisas que ode logo:

Dir-se-ia que

numa pedra descabida
em frontaria entalada
um cu se apresenta à vida
e alguém lhe faz a mamada

choro talvez de granito
por fé de alguém que o reclama
e assim ali fica o grito
que quem não chora não mama

E a Mamãe não pode ver oder porque ode logo também:

Se isso é um 69, imagine um noves fora!
Parece que entalou a fêmea,
Com o peso da bunda a sufoca.
Certo que não dará um ai, ai, ai
Dessa boca som não sai.
O que abunda não prejudica
Mas com essa bunda
Afirmo e registro:
Gozar não vai.


«Naquela sexta» - Rubros Versos


Tiago Silva

Conheci os trabalhos do Tiago Silva, nosso novo parceiro da FundiSão, neste artigo do blog Sweetlicious.
Que bem te venhas, Tiago! Abraços a atravessarem o Atlântico!

24 janeiro 2016

«A luta» (2005) - cena da masturbação


masturbation scene A luta 2005 from Tom Lemmusch on Vimeo.

«respostas a perguntas inexistentes (322)» - bagaço amarelo

Não abandono as mulheres por quem me apaixonei um dia. Aqui e ali, quando estou sozinho, ainda lhes dou a mão, as abraço ou beijo prolongadamente. É tudo exactamente como já foi um dia. A única diferença é que elas já não estão lá.
É inútil tentar esquecer um Amor. Os Amores não ficam registados apenas no cérebro, mas sim em todo o corpo. Alguns até se gravam na paisagem que nunca vimos, num cheiro, numa cor ou numa música. Quando estamos sozinhos eles observam-nos. É por isso que nunca me sinto só.
A M não sabe, mas ainda hoje fez uma viagem comigo de carro. Nada de especial, foram apenas os trinta e cinco quilómetros que separam o meu trabalho da minha casa. Conversámos o caminho todo e quando estacionei ela pediu para encostar a cabeça ao meu ombro. Ficámos ali um bocado, em silêncio, a ver o Sol nascer por trás do esqueleto dum edifício que morreu prematuramente. Nunca ninguém chegou a habitá-lo.

- Se estivéssemos os dois juntos, achas que ainda gostavas de mim?
- Gosto de ti, mesmo sem estarmos juntos... - respondi.

O nosso Amor foi como o prédio à nossa frente. Começámos a construção mas nunca o chegámos a habitar. Foi o que eu lhe disse e ela riu-se. Chamou-me docemente palerma e eu apertei o abraço, como se a quisesse segurar para sempre.
Sempre que uma mulher me chama docemente palerma, considero-o um elogio. Aos palermas a sério, as mulheres nem sequer chamam nada. E a M, que foi um Amor que não o chegou a ser, chamou-mo tantas vezes que perdi a conta. O Amor com ela foi uma tentativa, vá. E do que me lembro é dela a tentar.
E eu, palerma, sem o perceber. O que lhe devo foi o que aprendi.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI da bainha


Maitena - Condição feminina 11




23 janeiro 2016

Alfa pendular



Via mon ami Bernard Perroud

Luís Gaspar lê «Visão» de Caetano da Costa Alegre

(Pintura de Norberto Geraldes)

Vi-te passar, longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante;
Ias de luto, doce toutinegra,
E o teu aspecto pesaroso e triste
Prendeu minha alma, sedutora negra;
Depois, cativa de invisível laço,
(O teu encanto, a que ninguém resiste)
Foi-te seguindo o pequenino passo
Até que o vulto gracioso e lindo
Desapareceu longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante.

Caetano da Costa Alegre
Caetano da Costa Alegre (26 de Abril de 1864 - 18 de Abril de 1890) foi um poeta de nacionalidade portuguesa, nascido no seio de uma família crioula cabo-verdiana, na então colónia portuguesa de São Tomé.
 Em 1882 mudou-se para a Metrópole e frequentou as aulas de uma escola de medicina em Lisboa, para formar-se como médico naval. Morreu de tuberculose antes de poder cumprir tal objetivo, com apenas 25 anos.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«Dia de temporal» - por Rui Felício

Mulher de cabelos ao vento e peito nu
Frasco em barro vermelho
Portugal, 1985
Colecção de arte erótica «a funda São»
Que ventania!
A Carla ouvia-o assobiar, num frémito medonho. Olhava pela janela e via as árvores dobrarem-se como vimes. O ramo de uma partiu-se e voou pela estrada fora. As chapas de zinco de um telheiro do quintal abanavam, batiam, ameaçavam soltar-se.

O marido era um paz de alma. Sentado a ver televisão, ficava indiferente ao temporal.
Aliás, há já uns anos que tudo parecia ter acabado para ele.
Vinte anos mais velho que a Carla perdera o fulgor da vida enquanto ela estava longe ainda de se acomodar, de arrefecer o calor que lhe queimava o corpo e os sentidos. Mas o Pedro, agora com 65 anos, há muito que deixara de a procurar, de lhe saciar o desejo, de a amar...
Ela bem tentava despertar-lhe a libido, com caricias, com beijos, com sussurros eróticos.
Mas nada! O Pedro tinha-se transformado numa pedra inerte.

Um estrondo contra a parede do quintal assustou-a. Uma das chapas de zinco soltou-se e batia fragorosamente contra a parede.
A Carla foi lá fora para tentar prender a chapa.
O vento uivando, levantou-lhe a saia até à cabeça.
Aquele vendaval levantava tudo!, pensou ela de si para si.
Foi então que lhe ocorreu uma ideia luminosa.
Gritou para dentro de casa:
- Pedro! Anda cá fora apanhar este ventinho.
Nem imaginas! Olha que levanta tudo!

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Acumular pontos


Ah... bela pinada que acabei de dar. A julgar pela lassidão daquelas bordas certamente que lhe carimbei o cartão de fodilhona frequente.

Patife
@FF_Patife no Twitter

22 janeiro 2016

A pornografia 3D está aí



Aqui, um video sem censura.

«conversa 2145» - bagaço amarelo

Ela - A minha filha adormeceu...
Eu - Pois...
Ela - Agora estamos por nossa conta. Vou abrir uma garrafa de vinho...
Eu - Okay!
Ela - Preferes Alentejo ou Bairrada?
Eu - Qualquer coisa...
Ela - Este é o momento em que bebemos um copo e, se tu não fosses tu, eu tentava levar-te para a cama.
Eu - Tentavas levar-me para a cama se eu não fosse eu?
Ela - Sim. Ando mesmo a precisar disso.
Eu - Qual é o problema de eu ser eu?
Ela - És meu amigo há vários anos...
Eu - Ah!
Ela - Já passou o prazo, percebes?!
Eu - Mais ou menos. Diz-me uma coisa: e se eu deixar de ser teu amigo, há alguma hipótese?
Ela - Não. Tarde demais.
Eu - Pronto! Era só para saber...
Ela - Não te preocupes, tenho aí mais vinho...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Hortelãs» - Ruim

Então quer dizer que eu posso levar murros e murrinhos "a brincar"...
Posso levar mordidas e mordidelas "a brincar"...
Chapadas e chapadinhas, caldos e caldinhos e mais demonstrações de "afecto"...
A la la la que é tudo a brincar!
Mas quando um gajo puxa da culatra atrás e responde na mesma moeda seja com um encosto amoroso no braço ou uma dentada, ai que me aleijaste e és maluco e não sabes a força que tens socorro liguem para a APAV!
Estranho, nunca me queixei de beijinhos a não ser da minha avó que me lambia a cara toda com aquela boca velha de chupar limões.
Tenham juízo mais as vossas brincadeiras de merda. Nós não temos culpa de vocês serem feitas de hortelã.

Ruim
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«Eh, touro liiiindo!» - Shut up, Cláudia!





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