18 junho 2017

«coisas que fascinam (202)» - bagaço amarelo

Se uma mulher nos diz que gostava de fugir connosco para um sítio qualquer, está a fazer-nos uma declaração de Amor. Não por causa da intenção de fugir, mas sim por causa do sítio qualquer. As mulheres têm uma enorme vontade de fugir do sítio onde estão, mas nunca fogem. Os homens preferem ficar, mas às vezes fogem. Só que não é para um sítio qualquer.
Ela descasca uma laranja e diz-me que aquela parte branca, entre a casca e os gomos, é a melhor. Faz bem a tudo, insiste. Eu acabei de abrir uma cerveja e, tendo a garrafa na mão direita, brinco com a carica na mão esquerda. Não sei muito bem a que é a cerveja me faz bem. A não ser, talvez, à alma. Na verdade nunca penso no benefícios dos alimentos que ingiro. Limito-me a ingeri-los e pronto.

- Repete lá isso que disseste. - peço.
- A parte branca da laranja é a melhor...
- Não, não. Antes disso.
- Fugia contigo para um sítio qualquer...
- E que sítio qualquer é esse?

Ela abana os ombros. Por um momento tenho o desejo absurdo de que a minha cerveja nunca mais acabe nem a parte branca da laranja dela. Podíamos ficar aqui os dois, na varanda da casa dela, a olhar para a estrada em silêncio como se esperássemos alguma coisa. Mesmo sem esperar nada, digo.
A primeira linha que um homem e uma mulher podem atravessar juntos não é a do sexo. É a das palavras. Quando aquilo que dizem um ao outro não é óbvio nem claro, mas sim um pântano do qual ambos teimam não abandonar.
A laranja acabou. A cerveja também. Ela é a primeira a levantar-se do sítio qualquer onde nos refugiámos durante alguns minutos. Tem os longos cabelos negros amarrados atrás das costas e põe as cascas no caixote do lixo com a mesma delicadeza de quem guarda um objecto precioso.

- Queres outra cerveja?
- Não, obrigado... - respondo.
- Eu também não quero outra laranja.

É estranho apaixonarmo-nos por uma mulher durante apenas uns minutos, mas é mais estranho percebermos que uma paixão pode durar apenas isso mesmo. O tempo de falarmos um com o outro apenas para sacudirmos a solidão do tempo. Desse tempo nesse lugar qualquer.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Postalinho com etiqueta


Bem visto!

As mulheres não se vestem para agradar aos homens mas para se agradarem a si próprias. Se fosse para agradar aos homens andavam sempre nuas.

Patife
@FF_Patife no Twitter

17 junho 2017

O milagre



Roland Topor (França, 1938-1997), 1973

Via mon ami Bernard Perroud

Com um simples vestido preto eu nunca me comprometo


Senhor Banana

Banana exibicionista… que é uma rolha de garrafa.
Uma brincadeira a juntar-se a muitas outras na minha colecção.










A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

"Devia ter sido eu..."

Crica para veres toda a história
Higiene


1 página

16 junho 2017

«Achas que eu pareço um rapaz?»


9 Songs - clip - do you think i look like a boy? por MyMovies_International

Podes...


... ler-me uma história?

Visita o blog [ Fotografia.e.Algo.Mais ]

Luís Gaspar lê «Presente» de Nuno Júdice

Queria neste poema a cor dos teus olhos
e queria em cada verso o som da tua voz:
depois, queria que o poema tivesse a forma
do teu corpo, e que ao contar cada sílaba
os meus dedos encontrassem os teus,
fazendo a soma que acaba no amor.

Queria juntar as palavras como os corpos
se juntam, e obedecer à única sintaxe
que dá um sentido à vida; depois,
repetiria todas as palavras que juntei
até perderem o sentido, nesse confuso
murmúrio em que termina o amor.

E queria que a cor dos teus olhos e o som
da tua voz saíssem dos meus versos,
dando-me a forma do teu corpo; depois,
dir-te-ia que já não é preciso contar
as sílabas nem repetir as palavras do poema,
para saber o que significa o amor.

Então, dar-te-ia o poema de onde saíste,
como a caixa vazia da memória, e levar-te-ia
pela mão, contando os passos do amor.

Nuno Júdice
Nuno Júdice (Mexilhoeira Grande, 29 de Abril de 1949) é um ensaísta, poeta, ficcionista e professor universitário português.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

#menageascompras - Ruim

Recebi um convite de duas gajas para fazer uma cena a três com elas. Mesmo à grande. "Uma delas é a minha irmã!". É o vale tudo com estas.
"Vamos pegar em ti...."
"Sim...e depois?"
"E tu vais esperar com as nossas malas à porta da Mango no Colombo..."
"Uffff... e mais?"
"Depois... uma de nós vai te perguntar qual de dois tops exactamente iguais é que achas mais giro enquanto a outra leva 30 peças para ir vestir ao provador e não comprar nenhuma..."
"Não pares..."
"Três horas nisto... os três!"
"Vocês vão-me f#der todo!"

Ruim
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15 junho 2017