18 janeiro 2023

Postalinho de cordel

"Vai um gajo descansado a contar as areias do alcatrão... e depara-se com isto!
Nem sei porquê, mas veio-me logo à mona a minha amiga São Rosas..."
Leonel Brás


"... p'ra que não restem dúvidas:"



17 janeiro 2023

Oferenda de sátiro a ninfa nua reclinada

Conjunto de 3 pequenas peças em bronze. O sátiro tem na mão um ramo de videira com um cacho de uvas.
Mais um delicioso conjunto em bronze na minha coleção.




16 janeiro 2023

«A Florbela» - Rui Felício


Naquele tempo, o Dr. Alberto Noronha era reconhecido como o mais elegante peralvilho da cidade de Coimbra.
Pelo menos uma vez por mês deslocava-se a Lisboa, à alfaiataria Rosa & Teixeira, da Av. da Liberdade, para mandar fazer os seus fatos.
Como advogado, de reconhecido renome, havia quem dissesse à boca pequena que não era de grande competência. Porém, a sua fama granjeara-lhe clientes de grande poder económico.
Ganhou muito dinheiro.
Já como janota, toda a gente via o homem mais elegante de Coimbra.
Nunca casara. Era o eterno conquistador celibatário, com o sonho  de vir a ser amante de uma actriz, cantora ou bailarina de 1ª linha.
Estas ligações duravam enquanto cintilasse o brilho da estrela. Logo que ofuscasse ele encontrava um pretexto para a finalizar e partir para outra.   
A sua tara implicava que essa relação, conquanto fugaz e efémera, fosse pública e desse brado na cidade.
Quando alguém o questionava sobre a sua idade, invariavelmente a resposta era:
- Anda à volta dos quarenta. Durante mais de uma dezena de anos esta resposta repetia-se sempre.
Os antigos colegas da Fac.Direito, todavia, afirmavam que teria mais de cinquenta.
As mulheres, por seu turno, diziam que a sua idade rondaria não mais de 40.
Aconteceu naquele ano, que o TAGV programou três espectáculos de Ballet com a Companhia do Ballet Gulbenkian.
 A estrela da Companhia era uma belíssima bailarina portuguesa de origem escandinava.
Conhecida a noticia da vinda ao TAGV da Companhia Gulbenkian, o Dr. Alberto Noronha, começou de imediato a tratar do necessário para preparar o camarim daquela bailarina de modo a proporcionar-lhe o conforto adequado ao seu estatuto.
Na véspera da estreia, ia realizar-se o ensaio geral. Entrou no TAGV de braço dado com a estrela da Companhia a quem se dera já a conhecer no Hotel onde estava instalada.
A bailarina ficou espantada com o conforto do camarim, com espelhos, luzes e um sofá. Agradeceu ao Dr. Noronha o bom gosto na decoração. Mandou-lhe um beijinho sonoro e repenicado com um gesto da mão sobre a qual soprou na sua direcção.
- Dá licença? 
Era o Director de Cena que abria a porta do camarim, acompanhado por uma mulher de ar doentio, idosa, com olheiras, pobremente trajada.
- É a costureira que o Sr. Dr. pediu.
- Muito bem, Obrigado. 
A bailarina, mirou-a com ar de comiseração e atreveu-se a perguntar-lhe.
- Está doente?
- Já estou boa. Tive uma doença grave. Tive alta do hospital há três dias.
- Bem, vamos a isto! sentenciou a bailarina, sentando se em frente ao espelho e começando a maquilhar-se.
- Sente-se aqui!, e intimou a costureira a sentar-se na cadeira a seu lado.
Fixando o olhar, através do espelho, no Dr. Noronha, refastelado no sofá, a estrela do Ballet comentou:
- Já ouvi a seu respeito que você adora artistas.
- É verdade, respondeu ele.
- E há quanto tempo dura essa doidice?
O Dr. Noronha estalou os dedos.
- . Isso já passou há muito. Bem vê, estou velho agora. Orço pelos quarenta…
- E qual foi a sua última paixão. Como se chamava?
- Foi há muito. Está esquecida. Não sei nada dela. Nem sei se terá morrido já. Chamava-se Florbela. Era actriz  cabeça de cartaz em teatros de Lisboa.
Acrescentou:
- Há mulheres que são como os passarinhos. Os que não foram mortos a tiro ou engaiolados, nunca ninguém lhes encontra os cadáveres.
. Meu caro Doutor, agora tem de sair, porque me vou despir.
 Logo que ele saiu, a costureira ajudou-a a despir.se.
Mirou a bela bailarina, agora nua  e atreveu-se a comentar:
- A senhora tem um corpo fantástico.
Ao mesmo tempo que ela lhe ajustava o vestido de seda, prendendo com alfinetes algumas pregas, escutou a bailarina que lhe disse com ar admirado e algo desdenhoso:
- Acha?
- Eu também já fui bem feita de corpo, mas.. não tive juízo: fiei-me demais nos homens.
A costureira não resistiu a dar-lhe um conselho:
- Se quer aceitar um conselho, filha, preste mais atenção à sua arte do que a todos esses engatatões que fazem das mulheres um objecto de luxo e nada mais. Só assim a senhora evitará o hospital e a miséria.
A bailarina, com má cara, disparou:
- Mas afinal quem é você para me estar a fazer esse tipo de observações?
- Desculpe minha Senhora. Eu, eu sou a Florbela…

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido



15 janeiro 2023

O tamanho do nosso sonho é difícil de descrever...

O tamanho do nosso sonho é difícil de descrever: antologia do homoerotismo na poesia portuguesa (dos cancioneiros medievais à atualidade) - 101 poemas/101 poetas.
Seleção, prefácio e notas de Victor Correia e Vladimiro Nunes; pinturas e desenhos de Cruzeiro Seixas (selecionados por Carlos Cabral Nunes), Avesso, 1ª edição, 2022, 416 páginas.
Esta antologia pioneira colige 101 poemas de 101 poetas, clássicos e contemporâneos, para oferecer uma panorâmica abrangente sobre as representações — mais ou menos explícitas — do homoerotismo na poesia portuguesa ao longo dos séculos, desde a Idade Média até à atualidade.Representativa das diversas correntes, a seleção privilegia o valor histórico e literário dos textos, procurando revelar a forma plural como homens e mulheres têm abordado em verso, independentemente (ou não) das próprias vivências, o amor entre pessoas.
Mais uma antologia interessantíssima na minha coleção.


14 janeiro 2023

Sabes o que é "Extrapular"?

O DiciOrdinário ilusTarado explica:

Extrapular – saltar a cerca do casamento.

Faz a tua encomenda aqui. Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
A editora (Chiado) já não tem este livro à venda. Só o encontras aqui!

13 janeiro 2023

11 janeiro 2023

«Sossega» - António F. de Pina

Sossega
De nada te vale turvar o olhar
Imbuindo a chuva miudinha na areia
Ou encrespar a suave neve cristalina
Eriçando os pelos nos poros dormentes
Crispando as unhas no assombro luzidio.

Sossega
Não toques a esquina da angústia
Com os dedos ansiosos de penumbra
Não fujas da planura envolta em brisa
Nem te mostres no concerto começado
Com o som que sai singelo do conceito.

Sossega
Deixa-me desatar-te os nós cerrados
Que te impedem os movimentos serenos
E ver quanto mar pode abarcar o teu peito.

© todos os direitos reservados



10 janeiro 2023

Mulher a ver-se ao espelho... com segredo

Cartão com segredo, com publicidade a uma empresa de eletrodomésticos. Calendário de 1996 no verso.
Tapando a cara da senhora e o espelho, rodando o cartão 180º, tem-se outra perspetiva...
Doação de Jorge Correia para a coleção.



09 janeiro 2023

«A patroa» - Neca Rafael

Fado cantado por Lourenço M.
no 21º Encontra-a-Funda
Apesar de estarmos velhos
Eu disse assim à patroa
Usa a saia p'los joelhos
Porque ainda estás bem boa

As outras são bem felizes
Por trazerem pernas nuas
Tu quase nem tens varizes
E as que tens são só tuas

Porompom pón, 
poropo, porompom pero, peró,
poropo, porom pompero, peró,
poropo, porompom pon
(bis)

Apesar de estarmos velhos
Eu disse assim à patroa
Usa a saia p'los joelhos
Porque ainda estás bem boa

As outras são bem felizes
Por trazerem pernas nuas
Tu quase nem tens varizes
E as que tens são só tuas

Porompom pón, 
poropo, porompom pero, peró,
poropo, porom pompero, peró,
poropo, porompom pon
(bis)

07 janeiro 2023

O DiciOrdinário também são Provérbios Populares (ou p’ra pulares)

O DiciOrdinário ilusTarado tem centenas de provérbios sugeridos pelos membros e membranas do blog «a funda São». Aqui ficam só alguns exemplos:


Ladrão que enraba ladrão tem cem anos de tesão.  
Quem não tem cão caça com a rata.
Quem não tem cão coça com a mão.
Quem não se desenrasca com uma queca, pois que fique em casa, com a breca! 
Faz bem ao vilão, morder-te-á a mão; se te abaixares tu, 'inda te vai ao cu. 
Foder e folgar, tudo é trabalhar.
Para bezerro mal desmamado, cauda de vaca é maminha.
Primeiro o bucho, depois o luxo, se queres no fim um bom repuxo. 
Para que te vestes tu, se o que queres é ficar nu?
Banana madura em pé pouco dura.
Casa de mulher feia... às vezes nem fazem ideia!...

Faz a tua encomenda aqui. Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
A editora (Chiado) já não tem este livro à venda. Só o encontras aqui!

06 janeiro 2023

De amoribus Pancharitis et Zoroae, poema eroticon

Livro em latim com 188 páginas de Philippe PETIT-RADEL, Apud Molini, Paris, 1792.
Edição original com um frontispício alegórico assinado Clément. Philippe PETIT-RADEL foi um cirurgião e escritor, responsável por vários livros sobre erotismo, com destaque para «Érotopsie, ou um olhar sobre a poesia erótica». Um prefácio do editor apresenta o autor. Poesia latina inspirada em autores latinos, com um erotismo suave e sentimental.
Apud Molini, Parisiis, Anno Republicae Gallicae VI (1798), In-8 (13x20,5cm), xxiv, 286pp. (2), encadernado. Lombada inteira e capas em pele de bezerro marmoreada decorada com motivos dourados.
Um pequeno livro belíssimo na minha coleção.