29 fevereiro 2016

«Telefone» - João

"A mesa. Tu. Eu. A mesa. Tu. O telefone. Eu. Pinga água na rua, multiplicada por milhões, assobia o vento e as árvores dobram-se. A mesa, tu, o teu telefone, eu, algures, e enquanto alternas o olhar entre os pingos da rua e o telefone, estás mais perto dele, e a tua mão lança-se, e lança-se, e agarra, aperta, o ouvido, o telefone, e eu do outro lado, e pergunto se me queres foder, e tu dizes que sim, que queres foder-me, muito, e bem, e desligas, desligo, deslizamos e estamos naquele espaço asséptico, reino de foda, e arranco-te a roupa da corpo, movimento as mãos na tua pele e quase aposto conseguir ler-te escrita como tatuagens, e avanço para te arremessar contra a parede mas sou travado, e dou por mim dominado, atirado, eu, para cima da cama, e lanças-te à minha roupa que tiras à pressa, dás-me a ordem, assertiva, de me deixar ficar, e começas a esfregar a tua cona no meu caralho, devagar, e tudo é confusão de corpos, tão depressa ma esfregas quanto depois te sentas sobre a minha boca para te provar os sumos doces que deixas em mim, e não me autorizas a fazer nada, brincas como queres, fazes o meu caralho desaparecer na tua boca, abanas a tua cona ao meu olhar como que a provocar-me, que o caralho é para ali que vai, que me vais foder tinhas dito, eras tu, a mesa, o telefone e eu, e eu tinha perguntado, tu respondido, que me ias foder, que me querias foder, e no fim estás a fazer-me um trapo, um objecto duro que deixas, enfim, entrar em ti, e montas como uma sela, corres apressada pelos campos, num cavalgar imaginário de uma cama a ranger, e a tua cona a comer-me a pouco e pouco, até te vires, até me vir, as minhas mãos nas tuas costas a puxar-te para mim, a entrar fundo, e afinal a mesa, o telefone, tu e eu, espaços de foda, e a cona a pingar, o caralho a secar, a tesão a fluir. Queres foder-me? Quero, quero muito, disse."
João
Geografia das Curvas