"A Grande Deusa solar era sexuada, contrariamente ao Deus judeu-cristão. Ela pode voltar a restituir essa dimensão essencial à mulher, o lugar que existe entre o sexo e o sagrado.
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Livro «Sacred Symbols - Sacred Sex»
1997, Thames & Hudson, Londres
na colecção de
arte erótica «a funda São» |
O esmagamento deste culto original apoiou-se na rejeição do sexo como via de acesso à espiritualidade e na desvalorização da mulher, sacerdotisa dos rituais de iniciação. Todos os vestígios desta compreensão do mundo podem ajudar a mulher de hoje a reconquistar uma realeza operante de que esta época tem particularmente necessidade. Sob o peso das paixões do dinheiro e do sucesso, o sexo é um grande deserto e conhece uma grande miséria. A sexualidade faz uma ponta entre o ser e o ter, mas ela esvazia-se do seu sentido profundo quando não está acompanhada de valores de autenticidade. Quando ela não é senão função reprodutora, ou serve de mero descarregar das tensões, e se torna um vazio. Menos afectada pelo stress do poder que o homem, a mulher que encontrar nela mesma a inspiração da Grande Deusa pode fazer florir esse deserto.
O cristianismo marcou profundamente no espírito ocidental a ideia de uma separação entre o sexo e a espiritualidade. O coração e o espírito situam-se do lado de Deus mas o sexo pertence a um qualquer diabo grotesco, mal intencionado e as coisas do sexo, ainda que necessárias à reprodução, ficaram marcadas de aspectos vergonhosos, baixos e animalescos. (…)
Durante cerca de 20 mil anos de reinado da Grande Deusa, as práticas sexuais eram sagradas e faziam parte integrante dos templos. Eram rituais de iniciação e a mulher venerada por ser a sacerdotisa a grande iniciadora do amor."
Paule Salomon in «A mulher solar»
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