Tive uma colega que aos 13 anos ainda estava na mesma classe e, nas horas de almoço, entretinha-se a ensinar-me anedotas, asneiredo, 'lições' interessantíssimas que eu não percebia mas dizia sempre que sim. Uma delas foi uma anedota atribuída ao Bocage, que terminava com uma quadra dirigida a uma menina:
'Com o A se escreve amor,O amor é um sucesso.Na margem esquerda está,Aquilo que eu te peço'
Achei tanta piada que fui para casa e contei ao meu irmão mais novo, que me espetou logo uma lambada, para eu não ser malcriada; ao meu choro, acudiu a minha Avó, de serapilheira na mão (andava a lavar a cozinha) e que, ao saber o que se tinha passado, assentou-me mais umas quantas...
Quando a minha Mãe chegou do emprego, quis saber porque estava eu de cara inchada de chorar e teve o relatório da má educação da filha, «é o que ela anda a aprender» e...toca de levar mais umas palmadas...
Eu tinha 7 anos; só aos 12, no 2º ano do ciclo, consegui saber o que queria dizer aquele palavrão na boa da quadra ensinada pela Ana Maria... e marcou-me tanto ou tão pouco que, 60 anos depois, recordo os pormenores todos!
Nota da red'à São - escrevi uns versos, inspirados neste episódio:
Vou tentar usar, TeresaA rima de uma sextilhaGuiando o que tu lês.Impossível! De certezaNa esquerda tu já vêsA que tem a mãe e a filha
O Elisio Cordeiro também quis oder:
Penso, logo existoEle, Descartes, disse um dia.Não pensa, mas existeIntromete-se pelo meioSó sai no fim da folia.
Penso, logo existo
ResponderEliminarEle"Descartes" disse um dia.
Não pensa, mas existe
Intromete-se pelo meio
Só sai no fim da folia.
Boa malha! Merece ir também para a publicação.
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