Pela primeira vez na minha vida, tive um micro segundo de lamento por não ter uma relação fixa. Para o espírito de marinheiro sexual que tem uma mulher, não em cada porto,mas em cada porta, esta coisa da pandemia não veio nada a calhar. Estando o Patife a seguir estoicamente as recomendações sociais para não contribuir para o expandir da pandemia, já não expando a picha desde março do ano passado. Um ano sem expansão marítimo-fálica por entre os oceanos de prazer de uma simples pachachinha. Por instantes, penso nos homens comprometidos enfiados em casa com as suas excelsas e dedicadas senhoras. Imagino a carga de bombada diária que devem ter para, em união profunda, aplacarem em uníssono as ansiedades pandémicas e libertarem as frustrações do corpo e da mente num carrossel de sexualidade extrema. Imagino que se vivesse com uma mulher durante estes tempos de pandemia, pinaria de manhã, fornicaria de tarde, prancharia de noite e enfardaria piqueniques de pachacha algures no nevoeiro da madrugada. É que está mesmo à mão de se mamar. Seria toda uma montanha-russa de prazeres terrenos. Imagino que os amantizados estejam a redescobrir os seus desejos, a ensaiar novas empatias e intimidades, a explorar novas emoções, a partilhar cumplicidades sexuais, a tactear as traquinices do cérebro e da chona em cenário de privação de outros prazeres.
Poderia eu estar a fazer isto tudo se tivesse uma relação. Mas assim, limito-me a tentar equilibrar-me no traiçoeiro trapézio do tempo.
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