04 janeiro 2023

«Olhar-te» - António F. de Pina

Olhar-te
É ter a Primavera florida a despontar
Da timidez crepuscular que se finita.

   É como olhar para o Sol intensamente
   Com o brilho ocelar liquefeito em lágrima.

Olhar-te
É penetrar a densa opacidade do teu conforto
E sentir o peso subtil do silêncio da atitude.

   É libertar todas as sinfonias inacabadas
   E sentir-me leve e planar numa cortina de som.

Olhar-te
É sentir fantasmagóricas ondas de luz
A clarear ardósias negras no pensamento.

   É transpor a barreira do som em apneia
   E sentir-me esmaecer no abraço que me dás.

© todos os direitos reservados

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia