Já não há pôr-do-sol crepuscular
Nem rubro olhar de cravos soerguidos
Nem verdes rosas esvoaçando no olhar
Neste lento entardecer dos meus sentidos.
Apenas noite e a força desprendida da coragem.
Já não há alvas cortinas no meu amanhecer
Nem refulgentes alvoradas de ternura
Só a cálida e dolosa esperança de te ver
Só um contorno esfumado de amargura
Um branco gear de mãos e mais nada.
Já não há cores que acariciem a existência
Nem cavaletes que o seu peso suportem
Estigma que nos assola a existência.
Só traços de nanquim que escurecem
Dolorosamente a alvura de viver.
«O silêncio e o gume da palavra», 2022
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