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28 abril 2009

Beiços, lábios.


Aquelas duas membranas carnosas e sem osso que formam a parte exterior da boca, e cobrem os dentes quando se fecham, chamam-se beiços, tanto no homem como nos brutos. – A parte mais macia e delicada dos beiços, que são as bordas em que muitas vezes brilham a cor de rubim, e quando abrem o sorriso deixam ver os alvos dentes, são os lábios. – A primeira é palavra vulgar, a segunda é científica e poética. – Ajudam os beiços a fala e a mastigação; só aos lábios é dado imprimir meigos ósculos.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 117

rubim
s. m.
Ant. Rubi.

23 abril 2009

Averiguar, verificar.


Averiguar, na sua significação mais extensa, é tentar achar a verdade, examinar a verdade de qualquer questão, (…). Também significa entre os clássicos provar, demonstrar de um modo convincente que uma coisa é verdadeira.
Verificar é valer-se dos meios necessários para convencer-se de que uma coisa é verdadeira ou exacta. (…) – Verifica-se aquilo de que havia presunção ou anúncio que aconteceria; quando temos certeza de que uma coisa é tal como se disse, acha-se averiguada.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 100

(dedicado ao Nelo que vai averiguar e verificar, não necessariamente por esta ordem...)

28 fevereiro 2009

Aumentar, acrescentar


O segundo é o meio, o primeiro é o resultado. Para aumentar acrescenta-se; acrescentando se aumenta. – Aumentei o número de livros na minha biblioteca, porque acrescentei alguns livros que me faltavam. E não se diz: Acrescentei o número de livros porque os aumentei.
O aumento é sempre efeito da adição ou aditamento, e este é o meio por que o aumento se verifica. Um ricaço aumenta suas rendas acrescentando novas propriedades às que já tinha.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 96

24 fevereiro 2009

Atrevimento, ousadia, arrojo




O atrevimento supõe uma resolução da vontade, acompanhada da confiança em nossas próprias forças, por conseguir um fim árduo. – A ousadia supõe o desprezo das dificuldades, ou riscos superiores às nossas forças, porém acompanhada de uma excessiva confiança na fortuna ou na casualidade. – O arrojo não supõe nenhum género de confiança, senão uma cegueira com que temerariamente nos expomos a um perigo, sem examinar a possibilidade nem a probabilidade de sair bem dele.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 90

14 janeiro 2008

Árido, seco.

Chamamos com propriedade árido aquele corpo que, por sua natureza, se acha de todo privado das qualidades necessárias para que resulte a vegetação, (…).
Seco significa o corpo que tem pouca ou nenhuma humidade, ou seja natural ou acidental.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 79

29 dezembro 2007

Arder, inflamar-se, incendiar-se, abrasar-se, queimar-se.

Explicarão estas palavras os diferentes graus pelos quais pode passar um corpo combustível desde o instante em que lhe pegou fogo até que foi inteiramente consumido.

- Quando penetra o fogo num corpo combustível, e se manifesta à simples vista, diz-se que arde; quando se desenvolve a chama, inflama-se; quando levanta labareda e se propaga com rapidez e fracasso, incendeia-se; quando o corpo que deu alimento ao fogo apesar de compacto está todo repassado dele e feito brasa, abrasou-se; quando a força do fogo ou do incêndio devorou a matéria combustível e a reduziu a cinzas, queimou-se.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 75

26 dezembro 2007

Aspecto, vista.


A vista não é mais que a acção material dos olhos sobre um objecto; o aspecto supõe no objecto diversos modos de ser visto. – Pode ver-se uma coisa de fronte, de lado, por detrás de alto a baixo, de baixo para cima; sempre é a mesma coisa que se , ainda que de diferentes modos, a que chamamos aspectos. Para julgar bem as coisas, é mister vê-las debaixo de todos os aspectos.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 84

23 dezembro 2007

Assaltar, acometer.


Lançar-se sobre alguma pessoa ou coisa para fazer-lhe dano, é a ideia que apresenta a sinonímia destas duas palavras, com a diferença porém que assaltar significa arrojar-se atropelada e repentinamente, e acometer fazê-lo abertamente e sem surpresa alguma.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 85

Jogos desflorais da São:

Esta moçoila está a ser “assaltada” ou “acometida”?
____________________________________
A malta esclarece:
1 Car(v)alho: "Sem 'elhos' pintados, não me parece 'moçoila'. E se tal fosse, seria o Falconaralho acumetê-la..."
Mano 69: "Todas as mulheres nascem moçoilas! Podem é ser acometidas a curto/médio prazo..."
lady.bug: "Ora bem, ela foi a-cu-metida por um assaltante..."
São Rosas:
- A bolsa ou a vida!
- Toma lá a bolsa!
Mano 69: "E não é que as bol(s)as ficaram de fora?..."
Nelo: "Cá pra mim éi um despedissio um home tam beim aviado andar a perder-çe quande para ser acumetido tá aquí o Nelo quei spessialista..."
OrCa: "Poderia dizer-se 'assaltada' se a ocorrência tivesse sido originada numa inocente brincadeira de saltar ao eixo, por exemplo, em que, escorregando um penante ao mancebo, ocorresse um acidental enfiamento do marzapo no vade retro, no acto do salto falhado. Já se a introdução se origina num acto voluntário e consciente, aí sim estaremos perante a situação de 'acometida', termo que não deve ser confundido com 'acumetida' por ter origem diversa. 'Acometida' provém, como a imagem documenta, da expressão 'a coisa metida' cuja evolução, por linguajar popular, deixou cair umas partes pelo caminho e deu a actual 'acometida'. Onde a coisa é metida não virá, então, ao caso, bastando-lhe o aconchego... Mainada!"
Twisted Bitch: "Mas então ela não está a ser enrabada?"

17 novembro 2007

Aparência, exterior, exterioridade.


A aparência é o efeito que produz a vista de uma coisa, e a ideia que dela nos resulta, pelo que é às vezes enganosa. Exterior é o que cada corpo mostra pela parte de fora: aplicada às pessoas é o aspecto, maneira, porte ou conduta que ela mostra exteriormente, e então se lhe chama exterioridade.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 70-71

08 novembro 2007

Apetites, desejos.



Posto que vulgarmente se confundem estes dois vocábulos, contudo em linguagem filosófica moderna são bem distintos. Os apetites são certos sentimentos corpóreos, não perpétuos, mas que ocorrem de tempo a tempo, acompanhados sempre de certo que mais ou menos desagradável segundo é maior ou menor sua força, que nos impelem a apetecer alguma coisa de que o corpo carece. (…)
Os desejos, que melhor se explicam pela palavra latina cupiditates, são certas inclinações, que não existem no corpo senão na alma, e cujo objecto são as coisas e não as pessoas; (…) Diferencia-se o desejo do apetite em que, 1º este reside no corpo e aquele na alma; 2º em que este vem de tempo a tempo, e aquele é permanente; 3º em que este sacia-se, e aquele não se farta, etc.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 72

30 outubro 2007

Aplacar, acalmar, apaziguar


Aplaca-se o que está irado ou irritado; acalma-se o que está agitado ou perturbado; apazigua-se, ou põe-se em paz, o que está em guerra, ou amotinado.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 68

Diálogo possível:
- Oh! Sr. Amâncio... Oh! Sr. Amâncio...
- Amanse-o você que eu já não tenho mão nele!

03 julho 2007

Para crescerem as unhas ou os cascos dos animais



Terebintina …………………………………… 58 gramas

Mirra em pó ………………………………….. 16 “

Bálsamo do Peru ………….………………... 2 “

in FERREIRA, Bento Alvares (1870) Bibliotheca da gente do campo, obra utilissima a todas as classes da sociedade e especialmente destinada a diffundir os conhecimentos theoricos e practicos aos que se dedicam á vida do campo, Coimbra: Imprensa da Universidade, pág. 546.

22 junho 2007

Pomada contra inflamação das mamas, e para fazer secar o leite


Argila, ou bolo arménio ………………………. ½ kilograma
Sulfato de alumina ……………….….………… 25 gramas
Clara de ovos n.º 4

in FERREIRA, Bento Alvares (1870) Bibliotheca da gente do campo, obra utilissima a todas as classes da sociedade e especialmente destinada a diffundir os conhecimentos theoricos e practicos aos que se dedicam á vida do campo
Coimbra: Imprensa da Universidade, pág. 543

18 junho 2007

Admiração, assombro, pasmo



Quando vemos coisa nova que não conhecíamos e que em si é admirável, recebemos uma impressão agradável que chamamos admiração; se a coisa vista é do género daquelas que inspiram terror, experimentamos assombro; quando a admiração cresce ao ponto de causar como uma suspensão da razão, chamamos-lhe pasmo.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 18-19

11 junho 2007

Abatimento, languidez, desalento, prostração.


Abatimento supõe diminuição das forças que naturalmente tem o corpo, ou decaimento repentino dum desejo veemente, duma paixão violenta, etc. – Languidez supõe debilidade das fibras, ou desengano em que se está de não ter já nem meios nem esperança de satisfazer suas paixões ou de recobrar a dita perdida. – O abatimento é um estado acidental; a languidez habitual. Se dura muito o abatimento converte-se em languidez; nesta sempre há abatimento, e naquela não há languidez.
O desalento priva-nos do animo necessário para resistir à desgraça, e até da esperança de melhor fortuna, o que não acontece com o abatimento. - Prostração é o abatimento levado ao último ponto; é aquele estado em que a nossa alma se acha não só fraca para sofrer os males que a oprimem, senão que está rendida debaixo de seu peso.


ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 2-3

04 junho 2007

Abaixo, em baixo, de baixo.



As duas primeiras expressões consideram um corpo com relação à altura em que se acha sem relação a outro corpo; a terceira o considera com relação à situação em que está respectivamente a outro corpo; isto é: está abaixo ou em baixo o que, numa altura determinada, está num lugar inferior, ainda que não haja outro corpo por cima; está de baixo o que tem em cima ou sobre si outra coisa.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 2

31 maio 2007

Abster-se, privar-se.



Abster-se exprime a acção sem referi-la ao sentimento que pode acompanhá-la; privar-se supõe apego á coisa e pena de não poder gozar dela. – Fácil é abstermo-nos do que não conhecemos, nem amamos, nem desejamos ou nos é indiferente; porém com dificuldade nos privamos das coisas que conhecemos, nos agradam, de que gozamos ou queremos gozar.
Vemos que a abstinência supõe que podemos gozar duma coisa, mas que por certas razões dela nos abstemos, e assim se entende ser voluntária. A privação é de ordinário forçada, pois temos desgosto e ainda pena de nos vermos privados daquilo que muito desejamos lograr. – Para o que prefere a sua saúde aos prazeres, a abstinência não é na realidade privação; mas para o que prefere os prazeres à sua saúde, a abstinência é também privação.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 5

24 maio 2007

Maltratar, tratar mal.


Confundem-se ordinariamente estas duas expressões, mas devem distinguir-se da maneira seguinte.
Maltratar alguém é ofendê-lo, ultrajá-lo, de palavra ou por obras. Tratar mal a um sujeito é o não tratar com politica, urbanidade e consideração que ele merece. – O homem brioso e valente não se deixa jamais maltratar impunemente; o homem de bem e de pundonor não volta mais à casa onde o trataram mal.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 426

18 maio 2007

Manar, estilar, pingar, gotejar.


A ideia comum destes vocábulos é a acção com que um líquido sai ou é lançado dum vaso, ou corpo que o contém, porém diferenciam-se da maneira seguinte.
Quando o líquido sai como um fio, ainda que seja lentamente, diz-se que mana; quando o corpo deita fora, ou como que espreme de si um líquido, diz-se que estila; quando o líquido cai pinga a pinga, diz-se que pinga; e finalmente quando dele caem gotas amiudadas, diz-se que goteja.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 426

15 maio 2007

Mercar, comprar.


Confundem-se vulgarmente estes dois verbos, (…). Quem merca, compra e vende, exerce o trato de mercador; e quem compra, compra só, isto é adquire por dinheiro uma coisa para seu uso. Este satisfaz uma necessidade presente; aquele, uma necessidade presente, e outras que espera.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 434