Mostrar mensagens com a etiqueta Causas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Causas. Mostrar todas as mensagens

23 setembro 2020

09 setembro 2020

Liquid Death - «Hardcore Norm Porn» [pornografia hardcore da norma]

Uma marca de água, Liquid Death, criou uma nova campanha que incentiva os seus clientes a “desfrutarem todas as fantasias proibidas de quarentena”. 

 

02 setembro 2020

«Sexistas e grosseiras, as pin-ups?» - Agnès Giard

Adeus, posters de charme. Imagens de mulheres nuas estão a desaparecer de garagens, quartéis e cabinas de camiões. Porquê? Num livro chamado “La pin-up à l'atelier” ("A Pin-Up na Oficina"), a antropóloga Anne Monjaret investiga um mundo (em breve) perdido.

Calendários de oficina - imagem
censurada para o Facebook

Em 2017, durante uma visita ao museu da fábrica Peugeot (em Sochaux), Anne Monjaret percebe que algo está a faltar na reconstrução de uma oficina de garagem: calendários sexy. Eles foram removidos pela gerência do museu? Considerado ofensivo demais para o público em geral? Ela nunca o saberá. O episódio, no entanto, faz com que ela queira dedicar um livro, engraçado e nostálgico, ilustrado com fotos que ela tirou desde o final da década de 1990 nos lugares – geralmente do sexo masculino – onde ela investiga: salas de guarda de hospitais, gabinetes técnicos, vestiários dos trabalhadores, etc. Desta "prática de afixação no local de trabalho, que agora é controversa por não ser respeitosa para com as mulheres", é objecto de uma investigação extraordinariamente detalhada de Anne Monjaret («La pin-up à l’atelier. Ethnographie d’un rapport de genre»), que analisa as pin-ups no contexto em que aparecem.

Os verdadeiros, os duros, os hétero-rígidos

É comum ver, nessas imagens de mulheres "presas por um pionés" (pin-up), algo de grosseiro ou, ainda pior, uma forma de sexismo. Deste imaginário popular e muitas vezes desprezado, a antropóloga fornece, é claro, uma análise crítica. Não é por acaso, diz ela, que esses posters ou bilhetes postais são colocados em lugares frequentados por homens: ajudam a uni-los e tornam "visíveis os valores comuns ao grupo ao qual pertencem". Para os trabalhadores, trata-se de mostrar a sua adesão aos valores machos-viris. Sejam trabalhadores, artesãos, camionistas ou militares, aqueles que "decoram" o seu espaço de trabalho com um modelo sexy fazem-no para cumprirem as regras que estruturam o grupo. A pin-up permite cair nas boas graças. Por outras palavras, para demonstrarem que eles são heterossexuais.

Pin-ups como ferramentas de construção de identidade

"Trata-se de rodear-se de 'mulheres para se apreciar entre homens", diz Anne Monjaret (citando o título de um livro famoso sobre a cultura dos machos alfa). Fotos recortadas de garotas de biquíni agem como sinais de pertença. "Eu sou um de vocês" e cuidado com o ofensor que exiba uma pin-up dominadora (toda vestida em couro) ou uma foto que revele gostos considerados desviantes. “O apego a essas imagens femininas é semelhante a uma prática ritualizada de iniciação”, acrescenta a pesquisadora, porque elas marcam, para os iniciados, “a entrada no trabalho e a entrada numa faixa etária que anuncia uma maturidade sexual ". Um pouco como na “casa dos homens”, esses espaços – reservados aos homens – aonde os meninos são educados até à idade adulta pelos mais velhos, os locais de trabalho decorados com pin-ups funcionam como matrizes.

"Eles têm que provar que têm tomates"

Calendários de oficina
Originalmente, em 1982, a expressão "casa dos homens" foi usada por Maurice Godelier para designar os edifícios nos quais os Baruya (em Papua) iniciam os rapazes que eles põem num local fechado, protegido de qualquer contacto feminino, a fim de transformá-los em verdadeiros machos. Nos anos 90, o sociólogo Daniel Welzer-Lang usou a expressão – que ele transformou discretamente em "casa-dos-homens" – e aplicou-a a todos os lugares onde os homens se encontram (quartéis, tascas, internatos, clubes de cavalheiros) para medir a sua virilidade e, de passagem, incutir nos jovens o seu sentido de valores. "Eles têm que provar que têm tomates", diz Welzer-Lang, "isto é, serem constantemente diferentes e superiores às mulheres". Aqueles que choram, que se mostram fracos ou que recusam lutas masculinas são chamados de gajas ("gonzesses").

Quando a suspeita de feminilidade pesa sobre um homem...

Em espaços fortemente marcados pela divisão das tarefas com base no género, os homens constroem a sua identidade em torno dessa obsessão: acima de tudo, não passar por mulherzinha – maricas. Um homem real é activo, ou seja, não é penetrado. Ele domina. Ele é o mais forte. Para afirmar a sua masculinidade, os membros de corporações masculinas usam pin-ups com o objectivo de se realçarem por contraste. Em contraste com eles (eles, os "gajos"), as mulheres são retratadas como bonecas insufláveis. "O seu corpo, muitas vezes nu, é medido, julgado", anotado, comentado, às vezes cortado de maneira obscena. Para os homens que preenchem as paredes com essas fotos, trata-se de se proteger, cercando-se de imagens que reduzem as mulheres ao estatuto desprezível de serem passivas, oferecidas e disponíveis.

O paradoxo das pin-ups

O paradoxo dessas imagens sedutoras é que elas fornecem aos homens o material para humilhar as mulheres com o único objectivo de remover deles próprios o perigo supremo, o de serem confundidos com uma mulher. Como estátuas de demónios – que adornam catedrais para afastar o mal – as pin-ups servem como imagens protectoras, talismãs mágicos projectados para afastar a ameaça à masculinidade. O que Anne Monjaret revela, durante a sua demonstração, é, portanto, toda a ambiguidade desses arquétipos, que tanto são prostitutas (desprezadas) como santas (veneradas). Por um lado, imagens sexy são usadas para desqualificar as mulheres. Por outro lado, têm o valor de um anjo da guarda e os seus corpos oferecem- se como muralhas para preservar os machos...

Os seios grandes que "agem como uma barreira"

A imagem original, de um noticiário da SIC
As pin-ups desempenham o mesmo papel que os ícones, insiste Anne Monjaret, que faz a ligação com essas raparigas bonitas que os pilotos de avião pintaram durante a Segunda Guerra Mundial nos narizes das suas aeronaves. Elas protegem os aviões. Alguns séculos antes, na forma de figuras de proa, elas protegiam os navios erguendo os seus seios nus como sereias a enfrentar o oceano. A comparação é ousada? Nem tanto. Anne Monjaret observa que as pin-ups nas oficinas mecânicas costumam ser colocadas de tal maneira que os "turistas" se sentem um pouco desconfortáveis quando entram no "território" delimitado pelos pares de nádegas ou seios. "Repulsiva, essa exibição de mulheres nuas cria fronteiras", explica a pesquisadora, que menciona repetidamente o facto de os trabalhadores terem prazer em decorar o seu espaço para dissuadir "estranhos" (superior hierárquico, visitante indesejável) de aí entrar.

Imagens encantadoras: imagens piedosas?

Essas figuras protectoras actuam como imagens sagradas. Anne Monjaret diz que alguns homens confiam nelas como estátuas da igreja e tratam-nas com respeito, para que sirvam como amuletos de boa sorte. "Na carpintaria de um museu, os trabalhadores costumavam, em dias frios, vestir a "Sylvie", a sua companheira de brincadeiras que foi entronizada numa das paredes, com sutiã e cuequinha, feitos sob medida e usando papel recortado. "É para ela não nos trazer azar", disse-me um deles. " Outro detalhe revelador: a maioria das pin-ups estão amarelecidas, engelhadas. Mesmo sendo velhas, os homens mantêm-nas com carinho, porque foram importantes nas suas vidas.

O fim de um mundo

Devemo-nos arrepender? As pin-ups estão a desaparecer. Com elas, toda uma categoria de homens – trabalhadores manuais, operários, mecânicos,… – está a cair no esquecimento. "A oficina foi um dos últimos bastiões de uma identidade operária mas, na passagem para os anos 2000, foi mais do que marcado e desestabilizado pelos muitos factores de mudança. Eu até me pergunto se esses trabalhadores, alguns dos quais são funcionários públicos, não pertencem já à história, a um passado desaparecido, explica Anne Monjaret. Em todos os sectores, as necessidades foram renovadas e, com elas, as condições de trabalho. O desenvolvimento da subcontratação, a promoção da versatilidade, a mobilidade do pessoal e a chegada das mulheres tiveram repercussões nas organizações internas".

"O homem também se torna um homem-objecto"

Os próprios trabalhadores já não aderem ao modelo social que essas imagens incorporam: muitos deles consideram-nas inadequadas. "O que é rejeitado aqui é a cultura dos pais. A construção de um espaço viril e ainda mais de um espírito de corpo, ao que parece, já não tem razão de ser". Espontaneamente, alguns trabalhadores removem as pin-ups quando a oficina é aberta a mulheres, trabalhadoras ou estagiárias. Estas, por seu lado, afixam nas paredes pin-ups, mas machos. "Ao semearem a confusão nos códigos eróticos estabelecidos nos almanaques", os deuses do estádio modificam os códigos de virilidade. As mulheres também podem "consumir" homens oferecidos, despidos, para apreciar como carne fresca. Devemos ficar melindrados?

Calendários de mulheres idosas e disputa de pontos de referência

Há muito tempo que os calendários e bilhetes postais com nus femininos são criticados como símbolos de uma ordem não igualitária. Agora que a relação se inverte, ou melhor, equaliza, e que os homens, por sua vez, se despem, devemos continuar a erguer a nossa voz de protesto por essas imagens? Anne Monjaret cita o caso dessas mulheres que espontaneamente criam os seus próprios almanaques de nus para fins de caridade ou para defender uma outra imagem da mulher. "As e os jovens pin-ups já não têm exclusividade", disse ela, mencionando inclusivamente o caso de um calendário de operários a posarem nus (na fábrica de Chaffoteaux-et-Maury, na Bretanha, em 2009), para lutarem contra despedimentos. Tratar-se-á de um epifenómeno ou um sinal dos tempos?
.
Bibliografia: «La pin-up à l’atelier. Ethnographie d’un rapport de genre» [A pin-up na oficina. Etnografia de um relatório de género] de Anne Monjaret, edições Créaphis, Março 2020.

Agnès Giard
Tradução minha de um artigo do blog Les 400 culs

20 agosto 2020

Meretrizes/Prostitutas – apontamentos

Recomendo que visitem e consultem estes documentos do Arquivo Distrital de Castelo Branco onde poderemos verificar e/ou constatar, entre outras informações, o controle/vigilância a que estavam sujeitas as “meretrizes/prostitutas”

Documento 1 – “Relatório das Occorrencias policiaes do dia 5 a 6 de Abril de 1897” de 7 de abril de 1897, enviado ao Governo Civil de Castelo Branco pelo “Commissariado de Policia Civil do Districto de Castelo Branco”, em que se dá conta de uma “desordem” provocada por um soldado do Regimento N.º 8 de Cavalaria do Principe Real na casa de uma meretriz e da intimação da meretriz para sair da cidade.
No documento 2 podemos ver o registo/matrícula da referida meretriz sob o n.º 124 a folhas 27 verso a 28 frente.

Documento 2 – Livro para “… n’elle se inscreverem as meretrisez existentes …” na cidade de Castelo Branco, a matrícula era feita anualmente, e dela constavam: o nome, a idade, a naturalidade, o estado civil, profissão, os sinais físicos característicos, etc., na coluna “Observações” eram lançadas outras notas e/ou alterações ao registo.

Documento 3 – Livro para registo das “… mulheres que habitualmente e como meio de vida se entregam à prostituição …”, do registo constavam: o nome, a idade, a naturalidade, o estado civil, profissão, os sinais físicos característicos, motivos para o exercício da prostituição, data em que se prostituíram, localidades onde exerceram a prostituição, etc., no campo “Observações” eram lançadas outras notas e/ou alterações ao registo, como por exemplo: o abandono da profissão, o controle sanitário.

Deixo aqui só alguns excertos:






16 agosto 2020

Facebook, adeus ó vai-t'embora!

Desde que iniciei este blog em 2003, já passou por muitas situações de censura, de bloqueio, de eliminação de dados, etc.
Logo no início, o Sapo, aonde tinha alojadas as fotos e vídeos que aqui publicava, eliminou todos os ficheiros sem qualquer aviso prévio. Reclamei e um administrador do Sapo pediu-me desculpa e que  transferisse o blog para lá. Recusei e ainda hoje, no link «Extras», podem ver um dístico "blog livre de sapos".
Há uns 10 anos, o motor de busca Google começou a restringir -  e mantém essa restrição - os resultados de pesquisa de conteúdos deste blog.
A plataforma Blogger, em que desde sempre assenta este blog, pertence à Google e, há meia dúzia de anos, ameaçou eliminar todos os blogs de conteúdos para adultos. Só muito em cima da data limite para sairmos daqui, recuaram nessa decisão.
Há cerca de 4 anos, criei no Facebook uma página dedicada à colecção («a funda São») e outra com conteúdos mais humorísticos («São Rosas»). Esta última página foi várias vezes bloqueada e, quando tinha mais de 6.000 seguidores, foi mesmo eliminada. Desde então, a página «a funda São» passou a acumular funções: divulgação da minha colecção, partilha de conteúdos malandrecos, curiosos e de defesa de causas. Para terem uma ideia do cuidado que havia (por uma auto-censura minha e da equipa que lá colaborava comigo), à data de hoje tinham sido publicadas 3.400 fotos. De todas estas, apenas um pequeno número (menos de 5) foi censurada. É obra, quando assumidamente os censores do Facebook são alérgicos a mamilos!
Na semana passada, o Facebook passou a usar uma forma de censura bem mais subtil, mas sacana: 
  • bloqueou o meu domínio afundasao.com, pelo que eu não conseguia partilhar no Facebook qualquer conteúdo do blog, do cadastro online da colecção, do DiciOrdinário,...
  • quem quisesse partilhar alguma publicação da página «a funda São» no Facebook, também deixou de o poder fazer.
Assim, deixou de haver condições para me manter naquela rede social, que impõe regras e proibições que ultrapassam cegamente as regras de cada país e de cada comunidade. Recordo que as páginas do Facebook têm a opção de acesso só para maiores de 18 anos, que era o caso destas. Hoje, eliminei essa página e saí do Facebook.
Todos sabem aonde me podem encontrar: por aqui.
Que bem se venham - ou que voltem a vir-se - a este blog. A caixa de comentários é toda vossa. Também eu sou 

a vossa, só vossa, eroticamente vossa
São Rosas