A noite meiga, adolescente, é uma crisálida, cujo perfume enebria as verdejantes planícies, transbordante nos meus beijos, ardentes e expansivos, que na tua boca funambulescamente deslizam, adejam, talham, aplacam-se, apaziguam-te como um laço íntimo que nos une. Que me une a ti, no aço das coisas feitas, trabalhadas no ferro quente.
Sinto-te, em cada um dos teus sorrisos, que me invade as entranhas, que crepita no meu coração agora grande, potente, freneticamente árduo, saudando o clarão do primeiro orgasmo, absorvido pelos derradeiros prazeres, húmidos e sudários, que nos descem pela nuca...
Oliências orvalhadas, escondem-se em ramarias do nosso montado, onde as esferas ogivais entoam trovas a um grande amor, o nosso, e os seus gorjeios, os seus trinados, acasalam meigamente na suavidade do que resta da nossa noite...
Amo-te na carne que é agora sangue, dentro da tua carne, onde bate o meu sangue, num anel vivo, onde me sinto devorada e onde te devoro, em mim, no meu sentir engolfado, abraçada aos lençóis que ainda tremem, nesta alvorada...
A frase é uma pálpebra, o teu rosto cerca-me estancado.
Queima-me as imagens nele refletidas, a luz recortada da janela, pungentes e selvagens...
[A Poetisa recolhe-se às atmosferas vermelhas, numa meditação carnal, onde imagina ver o fundo azul do amor]
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