"No tecto da sala existe uma roldana. Para quem entra e sai, de visita, serve para suster um vaso que dela pende, com uma planta decorativa. Durante o dia, é uma sala como qualquer outra, com o sofá, os armários, toda a tecnologia de recuar no tempo e ver coisas que a televisão mostra, a mesa e as cadeiras, cortinados, as paredes pintadas ao nosso gosto, com as cores de que gostamos, e a planta decorativa. E a roldana no tecto. Mas depois chega a noite, e com a noite as sombras dominam a luz, ficamos misturados numa penumbra saborosa onde trocamos faíscas, das mãos nas mãos, das mãos em toda a parte. E a pobre planta decorativa é descida e colocada à parte. E a corda que pende da roldana embrulha-se nos teus pulsos que sobem unidos acima, bem acima, da tua cabeça. Nua, de pé, quase em pontas – e eu com ponta, bem o sentes -, a corda na minha mão, que puxo gentilmente, o teu corpo em tensão, em tesão, e quanto mais gemes, mais eu puxo, e quanto mais me pedes que te foda, mais eu puxo, até prender a corda, deixar-te esticada, naquele limiar de dor que conhecemos, e enquanto te amparo o corpo com as mãos nas tuas mamas, enquanto acaricio os teus mamilos, deixo-me entrar de caralho em cona por trás, beijando-te o pescoço, beijando-te os braços esticados, dizendo-te ao ouvido palavras que apenas tu percebes, que só eu posso dizer. No tecto existe uma roldana. Normalmente há um vaso e uma planta. Nocturnamente há amor e foda."
João
Geografia das Curvas
20 março 2015
19 março 2015
Catarina Furtado diz o poema «Em todas as ruas te encontro» de Mário Cesariny
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny, in "Pena Capital"
«Instantes»- Um programa de interpretação de poesia da RTP em 1996. Uma ideia de Hermínio Monteiro, Margarida Gil e Nuno Artur Silva.
Kama-Sutra medicinal
Folhetos de 1973 do laboratório F. Hoffmann - La Roche & Cie. SA de propaganda médica a um medicamento para a fertilidade masculina.
Oferta da São P. para a colecção. "São folhetos de laboratórios que mandavam aos médicos. Foram enviados em 1973 para a minha Mãe. Desculpa a pobreza da oferta mas lembrei-me logo de ti". Uma riqueza!
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Oferta da São P. para a colecção. "São folhetos de laboratórios que mandavam aos médicos. Foram enviados em 1973 para a minha Mãe. Desculpa a pobreza da oferta mas lembrei-me logo de ti". Uma riqueza!
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18 março 2015
17 março 2015
"Pronto, pronto... já lá está todo..."
Rapaziada, a sério: a tanga do "não custa nada" não é a abordagem mais inteligente ao sexo anal por parte de quem não faz a mínima ideia.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
«fiquei parada, no meio do vento» - Susana Duarte
fiquei parada no meio do vento,
submersa pela vontade de me espraiar em ti,
mas foi imensa a extensão do ar,
e alada a praia de onde partiram os braços.
fiquei parada, submersa no meio do vento,
perdidas as asas da memória e os olhos negros
da tua presença sobre o meu corpo.
foi imensa, a onda que me submergiu
e condenou. fiquei parada,
no meio do vento.
onde as árvores me estendem os braços,
derreto as névoas imensas de além mar, perdendo-me
nas raízes-seiva de quem sou.
perdida no seio das águas,
fiquei parada no meio do vento. os vórtices
que me elevam às nuvens mais não são,
que ondas perdidas do seu rumo, erguidas elas
à sofreguidão dos sonhos.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
submersa pela vontade de me espraiar em ti,
mas foi imensa a extensão do ar,
e alada a praia de onde partiram os braços.
fiquei parada, submersa no meio do vento,
perdidas as asas da memória e os olhos negros
da tua presença sobre o meu corpo.
foi imensa, a onda que me submergiu
e condenou. fiquei parada,
no meio do vento.
onde as árvores me estendem os braços,
derreto as névoas imensas de além mar, perdendo-me
nas raízes-seiva de quem sou.
perdida no seio das águas,
fiquei parada no meio do vento. os vórtices
que me elevam às nuvens mais não são,
que ondas perdidas do seu rumo, erguidas elas
à sofreguidão dos sonhos.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Homem com mulher na cabeça
Bengala com haste em mogno e pega em aço, com a cabeça de um homem e, no topo, o torso de uma mulher.
Junta-se a várias outras bengalas da minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Junta-se a várias outras bengalas da minha colecção.
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16 março 2015
«Sempre» - João
"Abraça-me com força. E os meus braços apertaram-te, seguraram-te, senti as tuas lágrimas humedecer-me a roupa, a pele, escorrer por mim, e eu fiquei em silêncio, agarrado a ti. Havia de apoiar-te sempre."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
Postalinho da Real República Bota-Abaixo
Adorei a janela pintada na parede da fachada da Real República Bota-Abaixo, em Coimbra.
Por isso, desta vez envio-vos eu o postalinho.
A vossa, só vossa, real-republicanamente vossa
São Rosas
Por isso, desta vez envio-vos eu o postalinho.
A vossa, só vossa, real-republicanamente vossa
São Rosas
15 março 2015
«A guerra dos gibis» - Porta-Curtas
Diretor: Rafael Terpins, Thiago B. Mendonça
Duração: 20 min
Ano: 2012
Sinopse: "Nos anos 60 surge uma criativa produção de quadrinhos eróticos no Brasil. Mas a censura conspirava para seu fim. Satã, Chico de Ogum, Beto Sonhador, Maria Erótica e outros personagens unem-se aos quadrinistas nesta batalha contra a ditadura neste documentário onde a pior ficção é a realidade".
Duração: 20 min
Ano: 2012
Sinopse: "Nos anos 60 surge uma criativa produção de quadrinhos eróticos no Brasil. Mas a censura conspirava para seu fim. Satã, Chico de Ogum, Beto Sonhador, Maria Erótica e outros personagens unem-se aos quadrinistas nesta batalha contra a ditadura neste documentário onde a pior ficção é a realidade".
Luís Gaspar lê «Magnólia» de Fernando Reis Luís
Agora que te vais
Que contas tu
Dos beijos que se deram
Na tua sombra
Que contas tu
Dos abraços que se deram
Para sentir a tua dimensão
Que nos relembras de outros tempos franciscanos
Que viste
Que sentiste
Do alto da tua copa
Mirando todo o povoado
Que nos contas tu
Sobre as casas e as ruas estreitas
E os socalcos cavados na montanha
Para desbravar o chão
E fazer crescer os pomares de macieiras
E os campos e os olhares
Que nos relembras das danças nas eiras
E dos cantares ecoados nos vales
Para alentar os almocreves vencendo
Os caminhos pedregosos
No transporte das madeiras
Da cortiça
E da aguardente de medronho
Conta-nos como os serranos
Se vestiam ao domingo
E ornamentavam as ruas com rosmaninho
Para passar a procissão
Conta-nos como se juntavam nas madrugadas
Apanhando a espiga de trigo
E o ramo da oliveira
Conta-nos como era grande a feira
E muito o gado
Quantos eram os saltimbancos
E os trovadores cantando as desgraças
Conta-nos se alguma vez
Os vendedores de banha da cobra fizeram um milagre
Ou se uma sina lida pelas ciganas bateu certo
Ou como eram boas as bolotas torradas e o torrão de alicante
E divertido entrar nas coloridas barracas
Dos espelhos curvos
Ou dos bonecos da cachamorrada
Conta-nos quantas joldras saíam a cantar
As janeiras e os reis
E quantas filhós e copos de medronho conviviam
Com o alforge na recolha dos molhes e farinheiras
E quantas eram as bebedeiras
Conta-nos também de outras bebedeiras
Que seguravam os pendões na procissão
Da quinta-feira nas endoenças
Relembra-nos os tempos
Em que as paredes eram pequenas
Mas as casas eram grandes na sua alma
E tu viste isso tudo
E agora que te vais
E levas muito deste povoado
Morre de pé
Que é como as árvores centenárias devem morrer
E deixa-nos a tua memória toda
(Poema retirado do livro “Nos socalcos da Serra”, de Fernando Reis Luís e com ilustrações de Leando Lamas Ermida. Ed. arandis)
Fernando Reis Luís
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
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