Não faço amor com a Sally desde quinta-feira passada. Tenho-me deitado antes ou depois dela, queixo-me de indigestão ou de estar a sentir que vou ficar constipado, etc. – tudo pretextos para a desencorajar. Tenho medo de descobrir que não consigo voltar a vir-me. Podia tentar masturbar-me, só para ver se com a mecânica não há nada de errado.
5.ª Feira, 25/02
Depois de ter escrito aquela última parte despi-me e deitei-me com uma toalha por perto e tentei masturbar-me. Há muito tempo que não fazia isto, para aí há uns trinta e cinco anos, e perdi a prática. Não consegui encontrar a vaselina no armário da casa de banho e, por acaso, não havia azeite na cozinha; lubrifiquei a pila com o molho para saladas do Paul Newman, o que foi um erro. Para começar, estava gelado por estar no frigorífico, pelo que o seu efeito foi murchar, em vez de estimular; depois tem vinagre e sumo de limão, que deitam um cheiro infernal; por fim, comecei a ter o mesmo cheiro do pollo alla cacciatora do Gabrielli à medida que as ervas foram aquecendo com a fricção.”
(Terapia, David Lodge, Gradiva, pgs.84-85)