Tinha estado um daqueles dias de sol que apetece.
Pela tarde a praia estava a abarrotar de gente. Muitos a secar e outros tantos a molharem-se de água e sal, em divertimento.
Passeando pela areia, onde o mar joga com a secura e a firmeza da transição nos permite andar mais depressa, ia eu olhando para os corpos lindos de mulher expostos aos olhares e às mãos bronzeadoras do sol.
Uma chamou-me a atenção.
Estava meio deitada, com um cotovelo apoiado e segurando com a outra mão uma máquina fotográfica.
Olhei para ela e ela sorriu. Fiz para ela uma pose a fingir e ela riu-se mais. Dirigi-me a ela. Era italiana mas arranhava castelhano.
- Não quero estragar com a minha imagem a tua máquina. - disse-lhe, sempre a rir - Queres que te tire umas fotos,não é?
E acto continuo bati-lhe umas quantas de corpo inteiro e outras duas de meio corpo.
Convidei-a para tomar algo refrescante mas ela disse que tinha vindo com uma colega.
- Ela saiu há mais de duas horas com um namorado que arranjou para aí.
- Então vamos nós - desafiei-a.
Arrumou as toalhas e seguimos.
Perguntei-lhe como se chamava, o que fazia na vida e essas coisas que pouco interessam quando o que queremos é beber nelas o calor que os seus corpos nos lançam.
Engolimos umas cervejas e passados vinte minutos estávamos no quarto dela a afinar as aberturas e a testar os enquadramentos.
Passámos à fase das poses e acabámos os dois no quarto escuro a fazer umas ampliações e montagens.
Sempre gostei do quarto escuro. Focar, enquadrar e montar. Dar o tempo certo e mergulhar na tina. Ver surgir do nada o objecto no revelador e na altura certa metê-lo no fixador, foi sempre um fascínio que me levou a ter paixão por esta parte desta tão nobre arte.
Outros gostarão mais de ter a máquina na mão e um olho tapado e outro aberto. São afinal estes os verdadeiros mestres. Os que sabem usar a mão na máquina e pôr o olho no rolo.
Eu fico-me pelo ponto de luz no meio da escuridão que tanto me atrai.
Desta tarde de praia levo uma boa recordação dumas fotos bem tiradas...
Charlie
06 setembro 2005
05 setembro 2005
A Cisterna da Gotinha
ModelFlats: as meninas russas que não vieram do frio... pelo menos a julgar pela indumentária.
Orgasmos: Hipnóticos ou hipnotizantes?!
Cidade com o Cio: cidade cienta!
Brincadeiras: aero-anais.
Viagra na 3ª Idade pode ser fatal!!!
Galeria de Fotografia: a preto e branco.
O Pintelho -2- [no masculino]
Este trabalho de desbravar as florestas, femininas e masculinas, tem tido uma aceitação crescente.
No sector masculino as primeiras adesões verificaram-se em nadadores de alta competição. Eles foram os primeiros a arar os peitorais, chegando à conclusão que também os cabelos dos membros inferiores impediam uma rápida progressão nos caminhos até ao pódio. Também a penugem axilar foi mandada depenar e a seguir foram os pêlos dos membros superiores (aqui ainda há fortes opositores).
Mark Spitz terá sido o pioneiro, mas o mito do seu farto bigode deixou de ter seguidores. Nadador que se diga de alto gabarito, não tem pêlo nem na boca nem no dito.
Talvez por a imagem dos corpos sem pintelhos estar associada ao êxito de atletas de alta competição, a modalidade foi sendo adoptada em todos os níveis sociais, deixando de estar ligada a gays, metrosexuais e a militantes de causas fracturantes.
Os corpos masculinos transformaram-se, assim, em auto-estradas de prazer sem limites de velocidade, apesar da franquia de algumas portagens.
Há várias modalidades masculinas de apresentar a carne sem cabelo, sendo a mais procurada aquela que se apresenta verdadeiramente inocente e infantilmente limpa:
Não se julgue, porém, que a remoção de pintelhos foi adoptada por todos os homens. Há bolsas de resistentes que, embora adoptando uma postura abrangente, ostentam de forma orgulhosa e heróica a capilosidade que transpira dos seus poros:
havendo outros que, em fase de emigração, já se sentem bem sem o manto de pintelhos, mas que deixam ainda alguns exemplares, numa tentativa de agradar a gregas e a troianas:
(continua)
No sector masculino as primeiras adesões verificaram-se em nadadores de alta competição. Eles foram os primeiros a arar os peitorais, chegando à conclusão que também os cabelos dos membros inferiores impediam uma rápida progressão nos caminhos até ao pódio. Também a penugem axilar foi mandada depenar e a seguir foram os pêlos dos membros superiores (aqui ainda há fortes opositores).
Mark Spitz terá sido o pioneiro, mas o mito do seu farto bigode deixou de ter seguidores. Nadador que se diga de alto gabarito, não tem pêlo nem na boca nem no dito.
Talvez por a imagem dos corpos sem pintelhos estar associada ao êxito de atletas de alta competição, a modalidade foi sendo adoptada em todos os níveis sociais, deixando de estar ligada a gays, metrosexuais e a militantes de causas fracturantes.
Os corpos masculinos transformaram-se, assim, em auto-estradas de prazer sem limites de velocidade, apesar da franquia de algumas portagens.
Há várias modalidades masculinas de apresentar a carne sem cabelo, sendo a mais procurada aquela que se apresenta verdadeiramente inocente e infantilmente limpa:
Não se julgue, porém, que a remoção de pintelhos foi adoptada por todos os homens. Há bolsas de resistentes que, embora adoptando uma postura abrangente, ostentam de forma orgulhosa e heróica a capilosidade que transpira dos seus poros:
havendo outros que, em fase de emigração, já se sentem bem sem o manto de pintelhos, mas que deixam ainda alguns exemplares, numa tentativa de agradar a gregas e a troianas:
(continua)
Dom OrCa
Como dissemos que o OrCa tem o Dom, pimba! Odeu-nos logo:
Feliz e contente assim me fico
amigas neste apreço por tal dom
que meu sendo quando o dou sinto-me rico
e ter tais gentis carinhos... é tão bom!...
e a vós eu o darei todas as horas
e a tais damas então é de bom tom
que vós sois para mim umas senhoras
a quem um dom assim dado é mais que bom
dá-lo-ei pois quando assim o quiserdes
qual badalo que no sino larga o som
e em tom baixo ou alta grita o pedirdes:
"- Ó Orquita, mostra-nos lá esse dom..."
OrCa
Feliz e contente assim me fico
amigas neste apreço por tal dom
que meu sendo quando o dou sinto-me rico
e ter tais gentis carinhos... é tão bom!...
e a vós eu o darei todas as horas
e a tais damas então é de bom tom
que vós sois para mim umas senhoras
a quem um dom assim dado é mais que bom
dá-lo-ei pois quando assim o quiserdes
qual badalo que no sino larga o som
e em tom baixo ou alta grita o pedirdes:
"- Ó Orquita, mostra-nos lá esse dom..."
OrCa
04 setembro 2005
Estrela Porn
A Star is Porn
"Pornostar" é o nome desta estrela em papel maché do artista russo Petr Reykhet, apresentada numa exposição em São Petersburgo.
O Charlie ficou com uma das pontas:
O Sexo é uma estrela
O astro que mais brilha
Num céu que nos revela
Eternas maravilhas
Sou homem e navegante
O sexo, a minha ilha
Com amar tenho o bastante
Neste mar que me fervilha
Os corpos em mergulho
Mil oceanos de prazer
Digo-lhes e com orgulho,
sem isto não quero viver
E se um fatal naufrágio
p'rás rochas me atirar
Que deus ou o diabo
Mate logo o meu penar...
O Sexo é uma estrela
O astro que mais brilha
Num céu que nos revela
Eternas maravilhas
Sou homem e navegante
O sexo, a minha ilha
Com amar tenho o bastante
Neste mar que me fervilha
Os corpos em mergulho
Mil oceanos de prazer
Digo-lhes e com orgulho,
sem isto não quero viver
E se um fatal naufrágio
p'rás rochas me atirar
Que deus ou o diabo
Mate logo o meu penar...
O OrCa ode logo as cinco:
eu por mim se criasse tal estrela
tanta a ponta que lhe vejo e nela brilha
não a faria decerto assim tão bela
mas faria em cada ângulo uma virilha
e então pentagonal disfrutaria
ponta a ponta num rodízio alucinado
e se a tanto desse a ponta e a alegria
haveria de passar um bom bocado
pois se dizem três ser conta que Deus fez
três é coisa a que se chega sem afinco
já o mesmo não diremos nós talvez
ao prazer de seguidinhas ir às cinco
O Fetiche - por Charlie
Era uma mulher imensa.
As suas mamas eram tão descomunais que conseguiam ultrapassar o perfil da barriga, ficando bem uns dez centímetros, assim de sobressalientes que eram.
Mas não se julgue que só nas mamas ela era algo de extraordinário. Não! Todo aquele aparato não era mais que um expoente do seu físico, verdadeiro prodígio de gorduras acumuladas anos a fio.
Nem sempre fora assim. Na verdade nunca fora magra, mas desde que conhecera aquele que haveria de ser o seu marido que as coisas pioraram de dia para dia.
Ainda na fase do namoro, ele encharcava-a de doces e bombons. Mas depois de casados é que as coisas descambaram para o perfeito exagero, com o dedicado parceiro de núpcias a conseguir a proeza de engordá-la vinte e cinco quilos num mês. Perante as conversas, atenções e reparos que a família dela lhe puseram, ele decidiu cortar radicalmente com eles.
- Basta! - Terá ele dito. - A mulher casou comigo e eu não casei com a família!
E postas as coisas nesta perspectiva, levou-a com ele, perfeitamente perdida em sentimentos contraditórios.
Por um lado sentia-se mal com o avolumar sem cessar do seu corpo. Por outro, ele mostrava-lhe tanto amor e os seus gestos eram tão carinhosos...
Sentia que lhe devia tudo na vida. Sentia que só ele poderia ser o único homem da sua existência. Devia-lhe toda a gratidão que alguém pode ter.
Quando faziam amor, ele deliciava a perder-se nos imensos peitos dela enquanto todo aquele mar de gordura o envolvia. Todo o seu corpo franzino mergulhava no sexo infinito daquela monstruosidade!
Ela sentia como ele gostava dela e como se sentia feliz no que a qualquer homem seria motivo de repulsa. Não lhe era possível alterar as coisas. Entrara na rotina.
E assim continuou a sua vida, cada vez mais isolada em progressão de espiral negativa, com cada vez menos amigos e cada vez mais atenções do Ismael, era assim que o seu marido se chamava.
O casamento durou sete anos.
Tudo se degradara no dia em que ela, a Ismara, se sentira mal e chamara os serviços de emergência médica.
Perante o que os paramédicos de serviço viram, o resultado só poderia ter sido este. Foi com um imenso espanto que se estatelaram virtualmente contra uma criatura imensa, sem roupas que lhe servissem e que utilizava apenas uns lençóis para se cobrir.
Após duras tentativas, sempre repelidas pelo Ismael, conseguiram ordem judicial. Foi levada sob escolta policial e internada.
A pouco e pouco ela foi recuperando a saúde. Colocaram-lhe uma banda gástrica. Foi-lhe dado apoio psicológico e, quando saiu, estava irreconhecível.
Ismael é que ficou destroçado. Ficara sem a sua mulher.
Separaram-se. Sem uma palavra, sem um olhar para trás.
Aquela mulher imensa. A que lhe preenchera todas as fetiches e fantasias. Agora ela, a Ismara, era apenas uma mulher vulgar. Igual às outras que enchiam essas cidades. Umas lambisgóias sem carnes onde um homem se pudesse deliciar. A relação quente que antes existira esfriara completamente. Também ela era outra. Com a sua auto-estima recuperada, via agora como tinha estado casada até essa altura com um monstro que a transformara à sua medida.
Reparou como outros homens olhavam para ela. Com admiração e olhares significativos.
Agora, saía com homens que a enchiam de amor e virilidade, de afecto e sexo, e pensava arrepiada como pudera chegar ao ponto onde chegara.
Lá longe na cidade, um homem andava pelas ruas. Só e acabrunhado, perseguindo sombras e maldizendo o dia em que se deixara vencer pelos malucos das dietas que lhe tinham roubado a mulher.
Um dia, porém, deu uma entrada no seu diário:
- Querido diário - escreveu ele - hoje encontrei finalmente a mulher da minha vida. É ainda jovem e tem 150 quilos. Estive a falar com ela e combinámos encontrar-nos. Convidei-a para
jantar e ela aceitou comovida. Sou o homem mais feliz do mundo. Comprei duas caixas de bombons...
Charlie
As suas mamas eram tão descomunais que conseguiam ultrapassar o perfil da barriga, ficando bem uns dez centímetros, assim de sobressalientes que eram.
Mas não se julgue que só nas mamas ela era algo de extraordinário. Não! Todo aquele aparato não era mais que um expoente do seu físico, verdadeiro prodígio de gorduras acumuladas anos a fio.
Nem sempre fora assim. Na verdade nunca fora magra, mas desde que conhecera aquele que haveria de ser o seu marido que as coisas pioraram de dia para dia.
Ainda na fase do namoro, ele encharcava-a de doces e bombons. Mas depois de casados é que as coisas descambaram para o perfeito exagero, com o dedicado parceiro de núpcias a conseguir a proeza de engordá-la vinte e cinco quilos num mês. Perante as conversas, atenções e reparos que a família dela lhe puseram, ele decidiu cortar radicalmente com eles.
- Basta! - Terá ele dito. - A mulher casou comigo e eu não casei com a família!
E postas as coisas nesta perspectiva, levou-a com ele, perfeitamente perdida em sentimentos contraditórios.
Por um lado sentia-se mal com o avolumar sem cessar do seu corpo. Por outro, ele mostrava-lhe tanto amor e os seus gestos eram tão carinhosos...
Sentia que lhe devia tudo na vida. Sentia que só ele poderia ser o único homem da sua existência. Devia-lhe toda a gratidão que alguém pode ter.
Quando faziam amor, ele deliciava a perder-se nos imensos peitos dela enquanto todo aquele mar de gordura o envolvia. Todo o seu corpo franzino mergulhava no sexo infinito daquela monstruosidade!
Ela sentia como ele gostava dela e como se sentia feliz no que a qualquer homem seria motivo de repulsa. Não lhe era possível alterar as coisas. Entrara na rotina.
E assim continuou a sua vida, cada vez mais isolada em progressão de espiral negativa, com cada vez menos amigos e cada vez mais atenções do Ismael, era assim que o seu marido se chamava.
O casamento durou sete anos.
Tudo se degradara no dia em que ela, a Ismara, se sentira mal e chamara os serviços de emergência médica.
Perante o que os paramédicos de serviço viram, o resultado só poderia ter sido este. Foi com um imenso espanto que se estatelaram virtualmente contra uma criatura imensa, sem roupas que lhe servissem e que utilizava apenas uns lençóis para se cobrir.
Após duras tentativas, sempre repelidas pelo Ismael, conseguiram ordem judicial. Foi levada sob escolta policial e internada.
A pouco e pouco ela foi recuperando a saúde. Colocaram-lhe uma banda gástrica. Foi-lhe dado apoio psicológico e, quando saiu, estava irreconhecível.
Ismael é que ficou destroçado. Ficara sem a sua mulher.
Separaram-se. Sem uma palavra, sem um olhar para trás.
Aquela mulher imensa. A que lhe preenchera todas as fetiches e fantasias. Agora ela, a Ismara, era apenas uma mulher vulgar. Igual às outras que enchiam essas cidades. Umas lambisgóias sem carnes onde um homem se pudesse deliciar. A relação quente que antes existira esfriara completamente. Também ela era outra. Com a sua auto-estima recuperada, via agora como tinha estado casada até essa altura com um monstro que a transformara à sua medida.
Reparou como outros homens olhavam para ela. Com admiração e olhares significativos.
Agora, saía com homens que a enchiam de amor e virilidade, de afecto e sexo, e pensava arrepiada como pudera chegar ao ponto onde chegara.
Lá longe na cidade, um homem andava pelas ruas. Só e acabrunhado, perseguindo sombras e maldizendo o dia em que se deixara vencer pelos malucos das dietas que lhe tinham roubado a mulher.
Um dia, porém, deu uma entrada no seu diário:
- Querido diário - escreveu ele - hoje encontrei finalmente a mulher da minha vida. É ainda jovem e tem 150 quilos. Estive a falar com ela e combinámos encontrar-nos. Convidei-a para
jantar e ela aceitou comovida. Sou o homem mais feliz do mundo. Comprei duas caixas de bombons...
Charlie
Diário do Garfanho - 136
My Bag
O Picoto desliga o telefone - assuntos de trabalho, eu ouvi distintamente -, vira-se para mim e declara, sério:
- Putas finas, nunca mais, Pereira.
- Não? - Digo eu, atordoado com o surgimento inopinado das putas, ainda por cima, finas.
Ele não me liga e continua a ladainha acusadora, sentida, revoltada:
- Foda-se, um gajo paga-lhes e elas gozam mais que nós.
- Gozam?
- Quando não gozam contigo...
- Comigo?
Ele olha-me pela primeira vez e rosna:
- Com o cliente, Pereira, com o cliente.
- Então, mas não é isso que tu queres?
- Não, Pereira, eu quero gozar, não quero ser gozado...
- Sim, isso é mau...
- Nem sequer quero que a gaja goze mais que eu, 'tás a ver?
- Porquê?
- Porquê!? Porquê?! - O Picoto nota que levantou a voz e cala-se. Senta-se. Olha-me como se o olhar me pudesse esclarecer. Eu levanto as sobrancelhas, demonstrando-lhe que continuo sem perceber. Ele continua, exasperado: - Ó Pereira, foda-se, porque isso desvirtua toda a situação... Aquilo é uma relação comercial, Pereira. Eu pago, eu quero ser servido, não quero servir.
- Mas a gaja também pode retirar algum prazer do acto ou não?
- Claro que pode, Pereira, claro que pode. Se fode e gosta, melhor, Pereira, melhor... Por mim, encantado da vida.
- Então, qual é o problema?
- O problema é que não pode gozar mais do que eu, porra! Se a gaja goza mais do que eu, deveria ser ela a pagar-me, pá! Aquilo é uma transacção comercial. É a prestação de um serviço...
- No singular?
- No singular, o quê?
- Disseste "é uma prestação de um serviço". Um. Um serviço.
- Serviço ou serviços, não é isso que interessa, eu estou a falar no geral, Pereira. O que interessa é que aquilo é uma transacção comercial: eu pago eu quero ser servido...
- E depois?
- Depois!? Depois?! Porra, pá, se a gaja me está a prestar um serviço...
- Ou serviços...
- Ou serviços, porra.
- Assim é mais caro.
- O que é mais caro?
- Se são serviços.
- Porra, Pereira, um gajo não pode falar contigo. Não interessa.
- Mas é mais caro.
- É! É mais caro - ele fecha a boca e expele o ar pelo nariz, desesperado, - mas isso não interessa.
- Um macaco.
- Foda-se, Pereira, um macaco, o quê?!
- Tens um macaco no nariz...
- Mas o que é que isso interessa?!
- Pensei que quisesses saber.
Ele tira um lenço encardido do bolso, assoa-se ruidosamente e enfia o indicador direito, envolto no lenço, nas narinas, rodando-os para uma limpeza completa.
- Está bom? - Atira ele, levantando a cabeça para me mostrar o interior do nariz.
- Não tem macacos, agora bom...
O Picoto olha-me com desprezo e enfado (ou vice-versa).
- Já me perdi - anuncia (como se eu não soubesse).
- Estavas a dizer que aquilo é uma transacção comercial e que se pagas queres ser servido...
- Ah! Sim! É isso. Se a gaja me está a prestar um serviço que tem como objectivo o meu prazer, a minha felicidade e alegria...
- E a mudança do óleo...
- E a mudança do óleo, também. Mas se sou eu que lhe estou a proporcionar o prazer, a felicidade e a alegria, eu é que lhe estou a prestar um serviço, percebes? Eu é que devia receber ou, pelo menos, não devia pagar.
- Mas tu não gozas?
- Gozo, caralho... era melhor... era só o que faltava... mas não é isso que está em causa, pá, isto inverte e mina toda a instituição.
- Qual instituição?
- O putedo, Pereira, a relação quase mística entre uma boa puta e o seu cliente.
- Então, mas essa é uma boa puta?
- Não, Pereira, aí é que está! Esta gaja já não é uma puta na verdadeira acepção da palavra, não respeita os cânones e as tradições. Esta gaja é uma espécie de puta livre, de puta liberal...
- Mas é puta.
- É uma pseudo-puta.
- Mas, afinal, não vais lá mais, por isso? Por as putas finas serem pseudo-putas?
- Não, é por outra coisa... - levanta-se e conclui, sem mais, enquanto se afasta: - Eu depois conto-te.
Garfanho (dali)
O Picoto desliga o telefone - assuntos de trabalho, eu ouvi distintamente -, vira-se para mim e declara, sério:
- Putas finas, nunca mais, Pereira.
- Não? - Digo eu, atordoado com o surgimento inopinado das putas, ainda por cima, finas.
Ele não me liga e continua a ladainha acusadora, sentida, revoltada:
- Foda-se, um gajo paga-lhes e elas gozam mais que nós.
- Gozam?
- Quando não gozam contigo...
- Comigo?
Ele olha-me pela primeira vez e rosna:
- Com o cliente, Pereira, com o cliente.
- Então, mas não é isso que tu queres?
- Não, Pereira, eu quero gozar, não quero ser gozado...
- Sim, isso é mau...
- Nem sequer quero que a gaja goze mais que eu, 'tás a ver?
- Porquê?
- Porquê!? Porquê?! - O Picoto nota que levantou a voz e cala-se. Senta-se. Olha-me como se o olhar me pudesse esclarecer. Eu levanto as sobrancelhas, demonstrando-lhe que continuo sem perceber. Ele continua, exasperado: - Ó Pereira, foda-se, porque isso desvirtua toda a situação... Aquilo é uma relação comercial, Pereira. Eu pago, eu quero ser servido, não quero servir.
- Mas a gaja também pode retirar algum prazer do acto ou não?
- Claro que pode, Pereira, claro que pode. Se fode e gosta, melhor, Pereira, melhor... Por mim, encantado da vida.
- Então, qual é o problema?
- O problema é que não pode gozar mais do que eu, porra! Se a gaja goza mais do que eu, deveria ser ela a pagar-me, pá! Aquilo é uma transacção comercial. É a prestação de um serviço...
- No singular?
- No singular, o quê?
- Disseste "é uma prestação de um serviço". Um. Um serviço.
- Serviço ou serviços, não é isso que interessa, eu estou a falar no geral, Pereira. O que interessa é que aquilo é uma transacção comercial: eu pago eu quero ser servido...
- E depois?
- Depois!? Depois?! Porra, pá, se a gaja me está a prestar um serviço...
- Ou serviços...
- Ou serviços, porra.
- Assim é mais caro.
- O que é mais caro?
- Se são serviços.
- Porra, Pereira, um gajo não pode falar contigo. Não interessa.
- Mas é mais caro.
- É! É mais caro - ele fecha a boca e expele o ar pelo nariz, desesperado, - mas isso não interessa.
- Um macaco.
- Foda-se, Pereira, um macaco, o quê?!
- Tens um macaco no nariz...
- Mas o que é que isso interessa?!
- Pensei que quisesses saber.
Ele tira um lenço encardido do bolso, assoa-se ruidosamente e enfia o indicador direito, envolto no lenço, nas narinas, rodando-os para uma limpeza completa.
- Está bom? - Atira ele, levantando a cabeça para me mostrar o interior do nariz.
- Não tem macacos, agora bom...
O Picoto olha-me com desprezo e enfado (ou vice-versa).
- Já me perdi - anuncia (como se eu não soubesse).
- Estavas a dizer que aquilo é uma transacção comercial e que se pagas queres ser servido...
- Ah! Sim! É isso. Se a gaja me está a prestar um serviço que tem como objectivo o meu prazer, a minha felicidade e alegria...
- E a mudança do óleo...
- E a mudança do óleo, também. Mas se sou eu que lhe estou a proporcionar o prazer, a felicidade e a alegria, eu é que lhe estou a prestar um serviço, percebes? Eu é que devia receber ou, pelo menos, não devia pagar.
- Mas tu não gozas?
- Gozo, caralho... era melhor... era só o que faltava... mas não é isso que está em causa, pá, isto inverte e mina toda a instituição.
- Qual instituição?
- O putedo, Pereira, a relação quase mística entre uma boa puta e o seu cliente.
- Então, mas essa é uma boa puta?
- Não, Pereira, aí é que está! Esta gaja já não é uma puta na verdadeira acepção da palavra, não respeita os cânones e as tradições. Esta gaja é uma espécie de puta livre, de puta liberal...
- Mas é puta.
- É uma pseudo-puta.
- Mas, afinal, não vais lá mais, por isso? Por as putas finas serem pseudo-putas?
- Não, é por outra coisa... - levanta-se e conclui, sem mais, enquanto se afasta: - Eu depois conto-te.
Garfanho (dali)
03 setembro 2005
Pérola diurética
O Crazypet descobriu uma pérola diurética (porque é de mijar a rir). Trata-se da sinopse real de um filme do canal Venus da TvCabo, via video-on-demand:
"Uma bunda independente
Gregg é um advogado arrogante e cruel, que se diverte com a desgraça alheia. Decide consultar um proctologista quando descobre que o seu rabo fala. O médico descobre que durante a gravidez o cérebro do irmão gémeo de Gregg foi absorvido pelo rabo. Para resolver o problema, o especialista junta-o com uma mulher cuja vagina fala".
Não acreditas? Mas está aqui.
Proponho para o fim de semana que tentemos arranjar um argumento melhor.
Para já, o Xicosousa revela-nos o final do filme, em que as últimas palavras do rabo foram:
«Ó Gregg, vem uma pila na minha direcção! Gregg, socor...»
Gregg é um advogado arrogante e cruel, que se diverte com a desgraça alheia. Decide consultar um proctologista quando descobre que o seu rabo fala. O médico descobre que durante a gravidez o cérebro do irmão gémeo de Gregg foi absorvido pelo rabo. Para resolver o problema, o especialista junta-o com uma mulher cuja vagina fala".
Não acreditas? Mas está aqui.
Proponho para o fim de semana que tentemos arranjar um argumento melhor.
Para já, o Xicosousa revela-nos o final do filme, em que as últimas palavras do rabo foram:
«Ó Gregg, vem uma pila na minha direcção! Gregg, socor...»
Plástico: desconstruindo a intimidade
Jennifer Romita é uma artista e designer canadiana.
Criou uma série de imagens em que utiliza bonecos de plástico hiper-realistas e modelos reais. Quem é o quê?
Plastique
Criou uma série de imagens em que utiliza bonecos de plástico hiper-realistas e modelos reais. Quem é o quê?
Plastique
02 setembro 2005
Masturbação
Não existem palavras obscenas. Palavras pequenas.
Palavras nocivas. Palavras ofensivas.
Toda a palavra quando bem aplicada é palavrão.
Por isso com o sexo na mão
Declamo masturbação… Pois então!
Não existem palavras imorais. Palavras banais.
Palavras indecentes. Palavras decadentes.
Toda a palavra quando bem aplicada é grande.
Por isso com a mão na glande
Declamo masturbação… Pois então!
E não me venham com discursos sobre o bem e o mal
Sobre regras e costumes. Sobre a moral.
Só sendo livre e contra corrente a poesia medra
Por isso quem nunca usou a mão
Ou conjugou o verbo
Que atire a primeira pedra.
(Para ser lido à Ary, evidentemente)
Foto: Rafal Bednarz
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