04 novembro 2005

A ilha - por Charlie

Pisei, olhando para a distância, a orla de areia que o mar lacrimejava.
Senti os pés húmidos e escutei o borbulhar suave da breve espuma que escorria entre a multidão de seres minúsculos que habitam o universo infindo das partículas de areia.
Aqui e ali, podia adivinhá-los a esconderem-se rapidamente e para sempre em segurança até que viesse a próxima vaga.
A Lua estendia o seu eterno mar de prata com o que inundava as praias das almas que sabem pertencer-lhe.
Eu sei que há pessoas que são pertença dela!
Sinto-os meus iguais quando estão junto a mim.
Todo o meu corpo fica presa das ondas que emanam dos seus mares.
Não preciso que digam nada.
Que me olhem, ou que sorriam.
Basta existirem próximo de mim.
Sinto-lhes o bater do coração dentro do meu peito e faz-se me um nó na garganta.
Sim, porque eu sou um ser da Lua...
Achei uma ilha!
A minha ilha fica mesmo ali quando a sua mãe sai parida do mar, subindo aos poucos no céu.
Nunca repararam?
Hão-de ver nos dias em que, já próximo da Lua Cheia, surge do nada rente ao horizonte.
Se olharem com um pouco de atenção verão no colo da mãe, num suave embalo, o perfil das palmeiras e coqueiros, encimando um peito de mulher.
É a minha ilha!
Quis sempre visitá-la. Penetro no mar e nado para ela até ficar sem forças.
Deixo afogar-me.
Já estive quase a chegar lá e guardo na minha boca o sabor das águas que banham os seus lábios...
Acordo sempre com os pés a pisar a areia e dou com a Lua já alta.
É sempre ela que me salva e me põe de volta neste areal imenso. A perder de vista.
Este areal sem fim antes não existia.
Era uma extensão de rochas onde eu era uma fortaleza inabalável.
Depois....
Depois descobri a ilha rente à lua, às portas do horizonte, e chorei a distância em mares e oceanos.
Agora tudo secou e dos meus olhos só saem grãos de saudades de uma ilha onde nunca estive.
Sentei-me um pouco a pensar em tudo e chorei um castelo de areia.
Uma onda veio e puxou-a para dentro de si.
Para o mar das lágrimas para onde escorrem os castelos das saudades...

Charlie

Gotinha de mel


pingada por Lamatadora

03 novembro 2005

Gatices

Será por causa disto que a maioria das mulheres adooooora gatos?!

Pela nossa auto-estima!

Recordam-se da Campanha por Beleza Real da Dove? Escrevi aqui sobre essa ideia, que achei um mimo e que vale a pena recordar:
"Devido aos media e às influências da vida quotidiana, as raparigas de todo o mundo querem ser mais magras, mais altas, mais loiras, terem um peito mais definido. [É necessário] superar esses ideais limitativos ao colocar o mundo da beleza no devido contexto".
Hoje apresento-vos a About-Face, uma organização norte-americana com 10 anos de existência e cuja finalidade é "combater imagens negativas e distorcidas das mulheres nos meios de comunicação social".
Listam empresas e campanhas que consideram ofensivas mas também as que consideram meritórias. Entre as quais... a Dove.
Estamos de acordo!

haikus - por Jacky

Haikus - pequenos poemas minimalistas de origem japonesa

Mão

Alfred Gockel

Sozinha na cama
Mundos de prazer. Minha mão
Fingindo
ser tua...

Jacky (26.10.2005)


Valsa

Paul Curtis

Excitas-me tanto
Quando o teu corpo dança em mim
A valsa do prazer...

jacky (26.10.2005)


Posse?

Alfred Gockel

- Quero possuir-te!
- (Mas como? Se és tu que
estás dentro do meu corpo?...)

Jacky
(26.10.2005)
Amorizade

02 novembro 2005

Rock'n'Roll machine.

Uma singela e modesta sugestão para animar o Sarau do 4º Encontra-A-Funda. Que tal contratar este one-man-show para nos tocar um bocadinho de Rock 'n' Roll? Ele sabe muito bem o que é Rock 'n' Roll. Era sucesso garantido.
Mas pronto, o que está pensado também serve. Para quem é...

Este é um post sem a minima carga sexual ou obscena. Uma simples mulher nua que fosse! Nada! Sinto-me envergonhadissimo!!!! Bom, para minimizar os estragos fica aqui, sei lá... isto, por exemplo, a que eu carinhosamente chamei "Mãos ao alto!"

Livre arbítrio

Thomas Solecki

Adão, Eva. Eva, Adão. Apresentaram-nos. Adão era casado, Eva não. Eva gostou das nádegas de Adão. Da anatomia masculina Eva distinguia as nádegas, gostava de ver homens de costas. E falaram de nomes e de coincidências, do primeiro homem, da primeira mulher, de pecados originais e de outros e uma coisa leva a outra e por baixo da mesa Adão tocava as coxas de Eva e Eva tinha a mão entre as coxas de Adão e falaram de maçãs e dentadinhas e etceteras e pouco depois estavam na cama e Eva ria de Adão e ele atrapalhado com o fecho das calças, dedos enrolados nos botões da camisa de Eva e finalmente penetrou-a...

Cinco, seis movimentos rápidos, suspirou fundo e parou...

...Eva calou o riso, apoiou-se nos cotovelos e semilevantada disse, já?? E eu? E Adão corado sem saber como dizer que sofria de ejaculação precoce e da ejaculação já Eva sabia e perguntou de novo e eu? E Adão a vestir as calças à pressa, a minha mulher está à minha espera e Eva a perguntar e ela espera o quê? E Adão o ego ferido, o teu nome diz tudo tu é que me provocaste e ela que pois sim e que ele nem quisera nada e nem tivera escolha como o outro, o do Paraíso, e zangada a querer vê-lo de costas, nádegas e cu porta fora.
Adão nome bíblico pénis ejaculação precoce só para reprodução.


Foto: Thomas Solecki

CISTERNA da Gotinha

Izabella Miko: sexy vídeo.

Com tantas
flores há que ter cuidado com as abelhas...

Amanda na piscina.

Loira exuberante.

Uma
morena fogosa.

Cleo Banks: um clip sensual.

A imagem portuguesa mais erótica de todos os tempos

Crica para veres em tamanho grande, mas não me responsabilizo por perdas permanentes e irreversíveis de tusa
(crica para aumentar)

Esta foi uma das imagens publicadas pela revista «Nova Gente» algures nos anos 90, ilustrando uma entrevista a José Cid, que exibe um dos muitos discos de ouro da sua carreira.
Há quem diga que desde então as mulheres portuguesas têm vindo a ter dificuldades acrescidas em ver o sexo como algo sério.
Esclarece Seven: "Para quem se lembra (ou não se lembra) foi assim que a SIC lançou um dos seus (saudosos) bons programas: «A Noite da Má Língua». Recorde-se também que, após uma primeira sessão onde se debateram assuntos vários em torno do Cid, houve uma segunda sessão onde o fotografado participou e onde as coisas azedaram. Foram momentos de um elevado grau de risibilidade". E ainda explica mais: "não sei se sabem mas o José Cid é estrábico (por isso é que anda sempre de óculos escuros) e careca (aquelas pilosidades na cabeça - e só na cabeça - são de um capachinho)... Portanto ele não está nu na fotografia. Imaginem se estivesse..."
O 1313 também ficou traumatizado: "Uma manhã cedo, há tempos atrás, cruzei-me com o José Cid numa pastelaria da Malaposta e, embora o gajo estivesse de botas de montar e tivesse deixado o cavalo à porta, a imagem do maricôncio com o disco d'oiro a tapar a sarda esteve sempre presente".

Garfiar - 159

"Não faças caso, cá na família somos todos muito esquisitos."

A história acaba com o estore a fechar-se com estrondo. Mas, atenção, não é uma história, parece, mas não é, é verdadeira. É história com h. O estore também verdadeiro, note-se, não tem h, nem nenhum dos protagonistas, que podemos nomear como Eitor Picoto e Erlander Borrego. O Borrego fechou o hestore no fim da estória, o Picoto ouviu o estrondo, mas não vacilou, de costas na parede e calças para baixo, deixou-se ficar. Com sede, mas deixou-se ficar. Sem barulho, nem reclamações. Na verdade, Erlander Borrego não ouviu o estrondo do estore, ouviu, muito ao longe, um barulho qualquer que não soube identificar, pois, quando o cérebro o processou, com as sinapses encharcadas em álcool e outras bebidas, já há muito haviam desaparecido quaisquer referências a estores, a copos de água e a putas que faziam broches em logradouros de prédios com apartamentos de rés-do-chão com janelas com vista para o logradouro. Nessa tempo, do estrondo e tal, estava Erlander Borrego para perceber porque tinha as calças em baixo, porque estava encostado à parede e porque se encontrava a dois metros da vegetação onde, se quisesse, mas não se lembrava de querer, podia ter vindo urinar. Fechado o estore, Eitor Picoto arrependeu-se de não ter dado o copo de água ao amigo, justificando-se com o olhar ajoelhado da puta, espantada pela estranheza da situação. Eitor Picoto ainda ouviu a puta reclamar e acusar Erlander Borrego de nunca mais se vir, de estar bêbado como um caixo e de não estar a ligar nenhuma ao broche que ela, com denodo e empenho, lhe efectuava. Eitor Borrego sentiu um caixo a boiar na pinga e, em sintonia mental com Erlander Picoto, ficou obcecado com a certeza de que o termo efectuar tinha sido mal empregue, "um broche faz-se, não se efectua" (talvez pudessem pensar os dois, se se lembrassem como isso se fazia), e mais obcecados ficaram com a certeza de que a puta não sabia escrever cacho, ainda que, nem um nem outro, conhecessem a acuidade ortográfica da puta. O brochado porque, naquele momento, não se lembrava que tinha de falar para ser ouvido; no seu estado de consciência superior acreditava nas possibilidades da telepatia e apenas estranhou que a puta se fosse embora sem acabar o serviço (enquanto tentava puxar as calças para cima, concluiu satisfeito que se a puta nem sabia escrever cacho, muito menos teria acesso às vantagens competitivas da telepatia). O vizinho das putas e do logradouro sorriu com o caixo, pensou nas limitações da instrução da puta e, voltou a sorrir, quando no meio desta história, ainda fez a distinção entre educação e instrução. A puta podia não ser instruída mas ser educada, porque, sabia-o Picoto Borrego, a instrução não dá educação. "Há doutores que são umas bestas e há umas bestas que são doutores" enleou-se neste pensamento e foi-se deitar esquecido do copo de água que Borrego Picoto lhe pedira e que ele, Erlander Eitor, não lhe facultara. Aliás, a bem da justiça, tão aviltada por estes tempos, refira-se que Eitor Erlander não bebera sozinho, ainda que tivesse bebido mais, e ambos haviam partilhado um táxi, de onde ele saíra e onde o outro (ou os dois ou um qualquer), presumivelmente, deveria ter continuado até casa, o que não aconteceu, sabemos nós, sabiam ambos ou talvez tivessem sabido ou viessem a saber, porque, no momento em que achara boa ideia ter uma puta a mamar e, contemporaneamente, bater no estore dele ou do outro, já nem sabia (nenhum sabia) e pedir um copo de água, aí... - escrevia o narrador, terceira ou quarta figura, se contarmos com a puta fellatiosa, e agora comigo, o interim narrador, contratado para com o meu know how e experiência acumulada dar um fim a isto, fechar um estore com estilo, terminar um logro em que todos, eventualmente até a puta fellatiosa, estavam encharcados em bebidas brancas e imperiais urinentas e total e completamente para lá de qualquer racionalização ou, o adiantado da hora não ajudava, eram cinco e quarenta e oito viu o taxista, espantado por haver putas ainda a trabalhar... - Ah! Digo eu, já perdido nesta mal amanhada história de pinga e de putas, de estores e copos de água, de logradouros e indivíduos altos (se fosse eu não chegava ao estore, isso é certo) e avanço: "Ó Borrego, se fosses meu amigo davas-me um copinho d'água. Estou cheio de sede" e o estore fechou-se, sem estrondo apenas com um murmúrio.

Garfiar, só me apetece

01 novembro 2005

O livro da poetusa Encandescente já se veio!


Crica para veres a capa do livro
Todos sabem o prazer que é para mim ver este livro publicado, não só pelo seu «conteúdo hmmm...» mas também por tudo o que representa (desafio, amizade, coragem, talentusa,...).
Assim vale a pena ter um blog de serviço púbico. Com muito orgulho... e muitos orgasmos.
Parabéns, Encandescente!
Venham-se mais livros... hmmm...

Já temos programa - Confirma a tua ida!


Vê aqui os detalhes
Até dia 4 confirma a tua ida e em que opções te inscreves (autocarro, jantar, alojamento e almoço).

Recomendo-vos este livro



Em cada corpo a corpo se procura
o espírito das águas onde a alma
por vezes paira sobre a face obscura
e só depois do fim encontra a calma

essa calma tristíssima de quem
volta a si de repente e sabe então
que enquanto um se esvai e outro se vem
ninguém é de ninguém ó solidão.

Suprema solidão que vem depois
de findo o corpo a corpo sobre a cama
quando nunca se é um e sempre dois

e só um cigarro triste ainda é chama
e um último pudor puxa os lençóis
e a cinza cobre o amor que já não ama.

Manuel Alegre, Sete Sonetos e Um Quarto (oito poemas eróticos com ilustrações de João Cutileiro) - D. Quixote (engraçada, esta associação de ideias: Manuel Alegre e D. Quixote)