01 janeiro 2006
Um sorriso instrumental
Percorri-te lentamente... vendo o contraste entre o branco e o negro num racismo mal contido... mas depressa esta ideia fugiu da minha cabeça e continuei a observar-te...
Tu tentavas-me com a tua virgindade... com o falso pudor de uma donzela intocada...
Decido ter-te...
Aproximei-me de ti e comecei a tocar-te... em ti, meu adorado piano..."
Um sorriso meu para si :)
31 dezembro 2005
Boas entradas... e saídas... e entradas... e saídas...
A pi... peça mais recente da minha colecção
Escorregar no tapete
Aos primeiros raios do sol de verão acordámos com os corpos enlaçados um no outro e os nossos vizinhos dos andares lateral e inferior puderam ouvir os clamores da nossa massagem matinal.
E com o dever cumprido e a minha preguicite virada para o outro lado, ele escorregou da cama, chinelos e cuecas apanhados do chão e pé ante pé, lá foi escarrapachar os seus slipes pretos na cadeira almofadada ao seu cu e de dedo em riste, zás, ligou o computador acomodado à Microsoft.
Cada dia ele dedicava mais tempo ao computador, ora com olhos embevecidos, ora com esgares interrogativos como se estivesse a partilhar uma discussão com aquele amontoado suave de metais e circuitos integrados. Na ocasião pensei que seria mais preocupante caso se dedicasse a esticar o seu corpinho no sofá para as sessões contínuas da SporTv ensopadas em cerveja branca ou uísque com gelo.
Mas as refeições passaram a ser mudas e sem comunicação visual e até o contacto da pele se tornou um passeio de bicicleta fixa para cumprir os horários de exercício, inodoros e insonorizados. E assim me vi impelida a aprofundar a raiz da questão: comprei um portátil e mergulhei no mundo digital. O fascínio dos pixels, das letras a brilhar como que impressas, o poder de criar imagens sem saber um boi de desenho, a facilidade da comunicação à distância nas velhinhas BBS e depois nos chat's e MSN, tornou-o meu companheiro inseparável.
30 dezembro 2005
São Votos sinceros meus...
Pá, eu juro que tentei encontrar qualquer coisa mais conforme o contexto específico deste blog, mas... tudo o que achei foi isto e tal. É pressa de chegar à festa de fim-de-ano, a que vou, é o que é. Um último conselho: Não tentem viver a vida num só dia. Abraços.
Fantasias de Ano Novo
- Tu conheces a estória. – Disse ele enquanto passeava os dedos pelo ventre dela que ondulava devagar, depois de ter sido todas as mulheres que lhe apetecera ser.
Conheço, pensou ela, demorando as carícias que adoçavam a pele dele, por cima do vermelho como estradas finas de unhas…
Conheço o teu imaginário, que é o meu.
Seríamos corpos e fantasias.
Ela é a minha amiga como amante, tu és o meu amante como amigo.
E sei que sonhas com a outra de mim, com a sua pele na minha, quatro mãos de unhas pintadas entrelaçadas, dois corpos redondos e mornos, unidos em aromas iguais, duas bocas de mulher coladas num espelho paralelo.
Duas de mim. Três de nós. O número perfeito.
O Charlie disse assim, lá no outro lado:
Um pequeno toque suave na superfície fez estremecer toda a imagem.
Nos círculos concêntricos que se entrecruzavam depois de se reflectirem nas margens dos teus peitos.
Quase incrédula levantaste o olhar para mim.
Vi-te a angústia de seres arrancada a um momento que querias só teu.
Não me atrevi sequer a mexer-me mais.
Tranquilamente deixei que o tempo alargasse os círculos até não serem mais que um leve dançar da imagem que os teus olhos voltaram a procurar.
À minha frente estavas tu entregue àquela outra submersa em ti.
Respirei fundo. Uma, duas vezes. Três vezes.
Fechaste os olhos.
Suavemente, sem levantar uma única gota.
Todo dedos e corpo, linguas e sal, seivas e sol, viagem em gota indissociável do seu meio.
Mergulhei em ti e no teu sonho, numa viagem de outra luz e transparência.
Uterinos na mãe água, diluidos na grande placenta donde vem toda a vida.
Afundei-me no teu corpo até sermos um só.
Esse outro de mim que tem tanto de ti como tu de homem tens em mulher...
charlie 30.12.05 - 9:04 am
29 dezembro 2005
Frase inscrita na parede exterior do Liceu José Falcão em Coimbra
enchia-te - atestava.
conaça - para José João Almeida no seu Dicionário aberto do calão e expressões idiomáticas (pág. 15) este é um termo (calão) que designa o órgão sexual feminino.
bergamassa - é a junção de dois substantivos femininos, verga (órgão copulador do boi e do cavalo) e massa (substância mole parecida com massa).
Manos Metralhas"
O Pita alerta - e publicita - que "o Burro também tem verga, não é só o cavalo e o boi".
O Inculto relembrou outras frases que leu em Coimbra. "3 piçadas nessa cona e rebentava-te com a bacia" ou "levavas tantas com ele que até te saltava a tinta do cabelo".
O Vizinho constata que grave seria esta frase estar escrita na parte de dentro do muro, "por causa dos erros ortográficos". A Matahary acha que "é mais chato que a potassa (ou putaça, dependendo de que lado do muro se escreve)".
O Macaco Adriano trás (ou traz, se for escrito da parte de dentro) a sua já habitual síntese de contextualização: "Advirto que, neste caso, CUNÁÇA não é erro ortográfico. O que o autor quis dizer foi que tanto lhe enchia o cu como a conaça. Trata-se de um processo estilístico que pode ser verificado igualmente na palavra BERGAMASSA (verga + massa), como tão bem foi notado por São Rosas na sua obra Frase Inscrita na Parede Exterior do Liceu José Falcão em Coimbra, ROSAS, São, Edições A Funda São, s.l., 2005. Na verdade, é um processo já adoptado nas obras do moçambicano Mia Couto, pelo que, de um ponto de vista estritamente literário, se poderá dizer que o autor anónimo em questão está ao nível do magnífico escritor moçambicano, introduzindo-nos no universo da plurissignificância".
Dobrada
– Aquele docinho? Uh! Muito boa.
– Podia ser a minha prenda.
– Boa escolha.
– Era a prenda e a ceia.
– Ah! Queres bacalhau fresquinho!
– Qual bacalhau, pá! Dobrada!
– Dobrada?! Dobrada com feijão?
– Não, o feijão não, era só dobradinha no sofá, era cear até partir!
– Dobradinha!? Ah! Dobradinha...
– Era "bend over, baby!" e deeescuulpa!!!