Descobri-lhe a pouco e pouco os ritmos do corpo, os sons que a faziam estremecer, os pequenos gestos, quase nadas, de onde nasciam os novos mundos que ela me devolvia acrescentados de paisagens em permanente mutação.
Sempre virgens.
Novas sensações que ela sabia acabadas de nascer do mais profundo de mim, e onde ela se sabia rainha e senhora.
Fizemos amor.
Todo o amor do mundo.
Todo o amor que me transbordava da alma e que nunca encontrara destino; meros fantasmas nos apogeus dos orgasmos.
Amámo-nos intensamente uma e outra vez. Os nossos corpos derramando-se em fluidos e gozo.
Depois, já em descanso, ficámos deitados olhando com deleite a nossa nudez, as nossas coisas que assumiam aos nossos dedos o papel de pequenas brincadeiras:
- "...Tens aqui um sinal, meu anjo... e tu. O que é isto?"...-Beijámo-nos de olhos fechados sentindo novamente todo o corpo em efervescência.
E passámos as nossas línguas pelos recantos secretos onde as almas espreitam ao cimo da pele. E rimo-nos...
Rimo-nos como se quisessemos esquecer as lágrimas amargas que choraríamos na hora da despedida e nas semanas de ausência que se seguiriam.
Mas nesse instante, nesse mesmo instante em que nos entregávamos, todo o mundo acabava, todo o tempo ficava suspenso até ao momento em que um ponteiro aziago nos lembrava que o mundo não espera pelos que se atrevem a desafiar e permanecer nos reinos dos Deuses...
Publicado no Blog das Cartas