11 fevereiro 2007
Aluguer de longa duração
Enfiei os coturnos nos pés para não estarem sempre frios nestes dias em que a temperatura desce como uma cortina de nevoeiro mas não era por isso que ia voltar atrás para recuperar aquele aquecedor de pés.
Esparramei-me no sofá com o rolo do apoio de braços a servir de almofada e os olhos em voo planado entre o tecto e o televisor, sintonizada nas imagens dos momentos malvados que o canal da memória selectiva pinta de cores mais carregadas. Os repetidos resmungos por cumprir tarefas domésticas que o impediam de se alapar sossegadamente na poltrona em amena cavaqueira com um uisquito e duas pedras de gelo. As perguntas insistentes sobre o meu saldo bancário, apenas para saber, como se não o movesse a pele de accionista a avaliar a liquidez das empresas. O quéquiçotinteressa como o FAQ para as suas vivências do quotidiano.
Partilhar o seu corpo já era um pau e comungarmos no gosto de dormir despidos, um extra que por acaso vinha incluído na campanha daquele modelo.
Eu queria muito pouco, apenas um aluguer de longa duração com igual contributo de ambas as partes, só que esse pouco era muito para aquela cilindrada.
Partilhar o seu corpo já era um pau e comungarmos no gosto de dormir despidos, um extra que por acaso vinha incluído na campanha daquele modelo.
Eu queria muito pouco, apenas um aluguer de longa duração com igual contributo de ambas as partes, só que esse pouco era muito para aquela cilindrada.
CISTERNA da Gotinha
História do sexo nos videojogos.
O anúncio da Coca-Cola tem uma imagem ofensiva bem escondida. Conseguem encontrá-la?!
As 15 personagens femininas mais sexy do cinema de ficção.
Pintura com as mamas.
Fotografia erótica carregada de gotinhas.
A arte do beijo - sugestão da Madr
Animação didáctica e muito engraçada, de Bill Plympton (1989), enviada pelo filho da Madr, sobre as técnicas para se beijar comilfô («comme il faut», em amaricano).
10 fevereiro 2007
Mezinhas para refazer a virgindade perdida
Simulação da virgindade. – (…) existindo espalhado no vulgo a crença de que a primeira cópula deve acompanhar-se de hemorragias, as mulheres quando casam fazem muitas vezes coincidir a data dos esponsorios com as regras ou empregam mil astúcias com medo que a prova falte. (…)
O refazimento da virgindade perdida calou fundo no ânimo dos próprios deuses da mitologia greco-romana. (…)
A sua simulação tem dado que pensar e as lucubrações de varias alcoviteiras conseguiram por mais duma vez o resultado desejado.(…)
No século XVII entre varias, era infalível segundo informa o autor [Albertus Minor], a seguinte mixórdia que vai na própria redacção.
O refazimento da virgindade perdida calou fundo no ânimo dos próprios deuses da mitologia greco-romana. (…)
A sua simulação tem dado que pensar e as lucubrações de varias alcoviteiras conseguiram por mais duma vez o resultado desejado.(…)
No século XVII entre varias, era infalível segundo informa o autor [Albertus Minor], a seguinte mixórdia que vai na própria redacção.
«Tomarás meia onça de terebentina de Veneza, um pouco de leite que se espreme das folhas de espargos, a quarta parte de uma onça de cristal mineral, deitado de infusão em sumo de limão ou de maçãs verdes, e aclara de um ovo fresco batida com um pouco de farinha de aveia. De tudo isto farás uma pílula que tenha alguma consistência e introduzi-la-ás na natureza da rapariga desflorada, depois de a teres seringado com leite de cabra e untado com pomada alvíssima. Logo que tenhas praticado esta operação quatro ou cinco vezes observarás que a rapariga volta a um estado capaz de enganar a matrona mais que quiser revistá-la.»
Curioso reparador de virgindades perdidas!
[Gasparo] Colombina descreve também as raras virtudes de certas plantas, entre as quais a erva poejo. Esta erva, diz o autor
«dissolve, aperta, conforma e disseca e a sua cocção com artemisia disseca a humidade supérflua da madre e restringe a natureza das mulheres.»
AGUIAR. 1924:141-143
Pernas
por Charlie
Chegou-se um pouco à janela, reservando alguns centímetros de recato antes de expor o bico dos peitos ao frio das vidraças que a enchiam de luz e à eventualidade dum olhar vago às janelas dum primeiro andar, num intervalo breve das pressas da rua.
Afastou com a mão esquerda um pouco mais o cortinado e reparou como a chuva caía mansinha, muito suave e doce, apenas atrevendo-se a polir de brilhos difusos, como a luz do entardecer, o piso liso da calçada ali mesmo escorrendo à sua porta
Afastou-se lentamente e deixou o olhar percorrer as ruelas por entre os quadros de vários tamanhos expostos na sala. Gostava de inventar percursos entre eles, sem sequer olhar para o que significavam. Não que isso não fosse importante, antes pelo contrário. Mas funcionavam neste jogo entre o cérebro e o olhar como meras referências a partir das quais fazia mentalmente desenhos geométricos, onde as linhas cruzavam entre si, projectando-se em prolongamentos e sombras até formar falos, pernas, vulvas; poses explodindo num universo de riscos e traços apenas imaginados para se reagrupar novamente em linhas e divisórias de onde emergiam outros arranjos para se desfazer novamente no efémero dum movimento de olhos.
Respirou profundamente. Deu dois passos e abriu a gaveta de cima do móvel. Depois olhou novamente para os quadros detendo-se num deles.
Experimentou um sorriso. Era um retrato a óleo. De excelente qualidade como de resto tudo o que a rodeava.
Veio-lhe à mente o dia em que saíra com ele. O almoço. A tarde no quarto de Hotel. O passeio pela cidade e a visita à ourivesaria da sua eleição.
- Querido… gosto tanto desta gargantilha… Ouro e pedras preciosas… e o rendilhado finíssimo… E vês aqui? Amor!… são diamantes… Oh que lindo! Que lindo... Amor! Amor!... isto é uma jóia valiosíssima!
Uma breve pausa sobreveio em que os olhares se detiveram para depois ele desviar durante um instante, voltando a fitar os seus olhos suplicantes de mulher incendiados dum fascínio quase de criança.
- Pois! - Respondeu – É uma peça lindíssima. Mas sabes, querida? O futebol é assim mesmo. As minhas pernas já não me dão nada a ganhar, e…
Voltou ao presente detendo o olhar no conteúdo da gaveta, despertando dos pensamentos.
Regressou lentamente à janela enquanto falava baixinho só para si.
- As pernas já não te davam nada a ganhar…
Olhou para a sua imagem palidamente reflectida no espelhado que os vidros devolviam do seu decote.
- E agora nem as minhas, meu querido, nem as minhas. – disse, enquanto ajeitava vaidosamente a gargantilha mais valiosa que alguma vez havia imaginado possuir…
Afastou com a mão esquerda um pouco mais o cortinado e reparou como a chuva caía mansinha, muito suave e doce, apenas atrevendo-se a polir de brilhos difusos, como a luz do entardecer, o piso liso da calçada ali mesmo escorrendo à sua porta
Afastou-se lentamente e deixou o olhar percorrer as ruelas por entre os quadros de vários tamanhos expostos na sala. Gostava de inventar percursos entre eles, sem sequer olhar para o que significavam. Não que isso não fosse importante, antes pelo contrário. Mas funcionavam neste jogo entre o cérebro e o olhar como meras referências a partir das quais fazia mentalmente desenhos geométricos, onde as linhas cruzavam entre si, projectando-se em prolongamentos e sombras até formar falos, pernas, vulvas; poses explodindo num universo de riscos e traços apenas imaginados para se reagrupar novamente em linhas e divisórias de onde emergiam outros arranjos para se desfazer novamente no efémero dum movimento de olhos.
Respirou profundamente. Deu dois passos e abriu a gaveta de cima do móvel. Depois olhou novamente para os quadros detendo-se num deles.
Experimentou um sorriso. Era um retrato a óleo. De excelente qualidade como de resto tudo o que a rodeava.
Veio-lhe à mente o dia em que saíra com ele. O almoço. A tarde no quarto de Hotel. O passeio pela cidade e a visita à ourivesaria da sua eleição.
- Querido… gosto tanto desta gargantilha… Ouro e pedras preciosas… e o rendilhado finíssimo… E vês aqui? Amor!… são diamantes… Oh que lindo! Que lindo... Amor! Amor!... isto é uma jóia valiosíssima!
Uma breve pausa sobreveio em que os olhares se detiveram para depois ele desviar durante um instante, voltando a fitar os seus olhos suplicantes de mulher incendiados dum fascínio quase de criança.
- Pois! - Respondeu – É uma peça lindíssima. Mas sabes, querida? O futebol é assim mesmo. As minhas pernas já não me dão nada a ganhar, e…
Voltou ao presente detendo o olhar no conteúdo da gaveta, despertando dos pensamentos.
Regressou lentamente à janela enquanto falava baixinho só para si.
- As pernas já não te davam nada a ganhar…
Olhou para a sua imagem palidamente reflectida no espelhado que os vidros devolviam do seu decote.
- E agora nem as minhas, meu querido, nem as minhas. – disse, enquanto ajeitava vaidosamente a gargantilha mais valiosa que alguma vez havia imaginado possuir…
09 fevereiro 2007
Bom fim de semana
Foto: Andreas Lehrke
A Isabelinha.
De seu nome Isabel.
Não era particularmente bonita. Mas não era feia. Nada disso.
Mas era nova e namoradeira.
Saltitava ao ritmo duns lanches e duns bilhetes de cinema.
Até que chegou a vez dele, de a levar a lanchar.
Conversa daqui e dali e lá se foi para casa dele, aproveitando a ausência dos locatários que, por acaso, até eram os pais dele.
Claro que tinha a coisa preparada. As sandes, as gasosas, as laranjinas C e, se bem ainda se lembra, gelados de groselha feitos nas cuvetes do congelador e ainda escondido algures que ele já não lembra onde... um pedacinho de madeira que lhe tinham juramentado ser "pau de Cabinda"!
Na altura, só havia a mira técnica na TV, às partes de tarde. E o gira-discos rafeirito com música mais que pirosa, era a safa.
Os sofás não eram o que são hoje, mas... havia sofás!
Uma sandosca agora, um beijito mais que inocente logo e a coisa lá se ia desenrolando.
No "centro cultural de todas as actividades" é que não se passava nada. Acho que só com muitos lanches e com muitos bilhetes de cinema!
Mas nem pão, para outro dia, quanto mais 25 tostões para outra sessão.
A coisa estava a ficar difícil.
Sei que ele me disse que era lá pelas alturas do verão.
E daí a fazer um refresco de groselha bem fresquinho, foi uma pressinha.
Claro! Se não ia a bem... foi a pau.
Pegou no tal pedacinho afiançado e desatou a raspar o mais que pôde da madeira para dentro do refresco. O diabo da groselha encobria o pó todo. Na altura as águas não eram filtradas e encobria tudo. Não havia problema. Se aquilo dava "calores" neles... que diabo, também deveria dar "calores" nelas!
Deu o tanas.
Deu nada.
Nadinha!
A Isabelinha lá emborcou o refresco com pó de madeira (às tantas era um pedaço de alguma ripa de soalho!...) e por ali se ficou.
Ele bem esperava efeitos devastadores. Um afogueamento qualquer ou coisa que o valesse.
Mas nada.
Népia.
Ficou sem os 25 tostões, sem as sandes e no fim, quando ela saiu... foi tocar uma daquelas punhetas que a adolescência tão bem conhece. E merece.
Deitou o sacana do resto do afrodisíaco fora.
P'ra madeira... já lhe bastava o pau com que tinha ficado.
Autor identificado mas que se reserva de o dizer.
Não era particularmente bonita. Mas não era feia. Nada disso.
Mas era nova e namoradeira.
Saltitava ao ritmo duns lanches e duns bilhetes de cinema.
Até que chegou a vez dele, de a levar a lanchar.
Conversa daqui e dali e lá se foi para casa dele, aproveitando a ausência dos locatários que, por acaso, até eram os pais dele.
Claro que tinha a coisa preparada. As sandes, as gasosas, as laranjinas C e, se bem ainda se lembra, gelados de groselha feitos nas cuvetes do congelador e ainda escondido algures que ele já não lembra onde... um pedacinho de madeira que lhe tinham juramentado ser "pau de Cabinda"!
Na altura, só havia a mira técnica na TV, às partes de tarde. E o gira-discos rafeirito com música mais que pirosa, era a safa.
Os sofás não eram o que são hoje, mas... havia sofás!
Uma sandosca agora, um beijito mais que inocente logo e a coisa lá se ia desenrolando.
No "centro cultural de todas as actividades" é que não se passava nada. Acho que só com muitos lanches e com muitos bilhetes de cinema!
Mas nem pão, para outro dia, quanto mais 25 tostões para outra sessão.
A coisa estava a ficar difícil.
Sei que ele me disse que era lá pelas alturas do verão.
E daí a fazer um refresco de groselha bem fresquinho, foi uma pressinha.
Claro! Se não ia a bem... foi a pau.
Pegou no tal pedacinho afiançado e desatou a raspar o mais que pôde da madeira para dentro do refresco. O diabo da groselha encobria o pó todo. Na altura as águas não eram filtradas e encobria tudo. Não havia problema. Se aquilo dava "calores" neles... que diabo, também deveria dar "calores" nelas!
Deu o tanas.
Deu nada.
Nadinha!
A Isabelinha lá emborcou o refresco com pó de madeira (às tantas era um pedaço de alguma ripa de soalho!...) e por ali se ficou.
Ele bem esperava efeitos devastadores. Um afogueamento qualquer ou coisa que o valesse.
Mas nada.
Népia.
Ficou sem os 25 tostões, sem as sandes e no fim, quando ela saiu... foi tocar uma daquelas punhetas que a adolescência tão bem conhece. E merece.
Deitou o sacana do resto do afrodisíaco fora.
P'ra madeira... já lhe bastava o pau com que tinha ficado.
Autor identificado mas que se reserva de o dizer.
CISTERNA da Gotinha
Fotografias da sexy Joanna Krupa e da Kim Smith.
Vídeo: Basic Instinct.
A actriz Michelle Trachtenberg tem um olhar hipnotizante.
Ilustrações eróticas: os nossos antepassados eram uns grandes malucos.
Referendo e paradoxo democrático - a opinião do OrCa
"Estou com o Zé quando diz que «esta não é uma questão de matéria, é de alma e coração». Por isso considero deplorável a ideia deste assunto ser referendado. Ninguém tem de circunscrever o livre arbítrio de ninguém... Mas, enfim, se estão assim as coisas feitas, vamos lá votar.
Por outro lado, o «nonsense» da matéria referendada é tal que se cai naquilo que poderia chamar-se um «paradoxo democrático». Porquê?
Ora porque o «não» impede o «sim», mas o «sim» não impede o «não». Isto é, se o «sim» ganhar isso não obriga qualquer adepta do «não» a abortar. Mas o inverso não sucede, pois se o «não» ganhar, a penalização incide sobre todas as mulheres... Sabendo nós bem como estas coisas vêm a funcionar quando o poder económico individual entra em cena, fácil é chegar à conclusão da hipocrisia por parte dos adeptos do «não».
Outra questão que me é pouco clara é o encarniçamento dessas gentes... Afinal, como já disse e é de conhecimento geral, a vitória do «sim» não irá obrigar nenhuma pia alma a abdicar das suas convicções. Então porquê tanta luta e tanta grita? Mero exercício de terapia ocupacional para os «benzaços» ou desnorte de extemporâneos espíritos reaccionários ou ele há gato escondido no assunto?
Quanto ao mais - e com o devido respeito pela diversidade de opiniões - vão lá à merda com as lágrimas de crocodilo pela «defesa da vida» de tantos desses «nãos» que aplaudiram (e aplaudem?...) o desvario criminoso do Bush no Iraque... Ai não tem nada a ver?... Se calhar, tem...
Depois, a vida já está no espermatozóide... Por este andar - e para amenizar - ainda assistiremos a algum adepto fervoroso do «não» a vestir luto, após alguma ejaculação nocturna decorrente de um sonho húmido.
E, cá para nós, na mesma lógica, era muito bem visto que cada cidadão que se masturbasse fosse bater com os costados na cadeia, culpado de umas centenas de milhares de homicídios neste país de tão baixa natalidade!... Tenham dó!"
OrCa
Por outro lado, o «nonsense» da matéria referendada é tal que se cai naquilo que poderia chamar-se um «paradoxo democrático». Porquê?
Ora porque o «não» impede o «sim», mas o «sim» não impede o «não». Isto é, se o «sim» ganhar isso não obriga qualquer adepta do «não» a abortar. Mas o inverso não sucede, pois se o «não» ganhar, a penalização incide sobre todas as mulheres... Sabendo nós bem como estas coisas vêm a funcionar quando o poder económico individual entra em cena, fácil é chegar à conclusão da hipocrisia por parte dos adeptos do «não».
Outra questão que me é pouco clara é o encarniçamento dessas gentes... Afinal, como já disse e é de conhecimento geral, a vitória do «sim» não irá obrigar nenhuma pia alma a abdicar das suas convicções. Então porquê tanta luta e tanta grita? Mero exercício de terapia ocupacional para os «benzaços» ou desnorte de extemporâneos espíritos reaccionários ou ele há gato escondido no assunto?
Quanto ao mais - e com o devido respeito pela diversidade de opiniões - vão lá à merda com as lágrimas de crocodilo pela «defesa da vida» de tantos desses «nãos» que aplaudiram (e aplaudem?...) o desvario criminoso do Bush no Iraque... Ai não tem nada a ver?... Se calhar, tem...
Depois, a vida já está no espermatozóide... Por este andar - e para amenizar - ainda assistiremos a algum adepto fervoroso do «não» a vestir luto, após alguma ejaculação nocturna decorrente de um sonho húmido.
E, cá para nós, na mesma lógica, era muito bem visto que cada cidadão que se masturbasse fosse bater com os costados na cadeia, culpado de umas centenas de milhares de homicídios neste país de tão baixa natalidade!... Tenham dó!"
OrCa
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