05 abril 2007

Predador


Já me havia falado de tal fantasia. Um dia, estávamos sozinhos e começámos a entrelaçar-nos. Estava calor, despimo-nos e ele perguntou-me:
"Posso fazer o que eu quiser?"
"Sabes que sim, não precisas de perguntar"
Afastou a mesa redonda e antiga de onde estava, encostada à parede. Foi buscar corda e um espelho móvel, que encostou à parede de onde antes tinha retirado aquela peça de mobiliário. Pediu-me que me inclinasse e prendeu-me, pelos tornozelos, aos pés da mesa junto ao chão e, pelos pulsos, à parte superior da mesa, no lado oposto, perto do tampo.
Perguntou-me se eu me via bem ao espelho e ajustou-mo. Eu disse-lhe que era a ele que eu queria ver. Gostei de ver a posição das minhas pernas e todos aqueles procedimentos me estavam a excitar de sobremaneira. É bom receber sem pensar.
Quando estava presa, deitou-se sobre mim e beijou-me o pescoço. Lambeu-mo, marcou território. Olhei pelo espelho e eram dois corpos nus e aparentemente encaixados que podiam ser observados. Afastou-me as nádegas, observou o que via por detrás...
"Humm, que visão! E a das pernas, cheias e juntas... Queres que entre de uma só vez, ou que vá entrando devagar?"
"Entra de uma só vez, quero sentir-te bem teso".
Acompanhou a estocada com um gemido de conquistador.
E foi entrando e saindo. Nunca o tinha sentido tanto, e tão duro. Podia ver como um corpo se transforma tanto a fazer esforço: as veias do braço, das mãos, tornam-se salientes, as feições correctas da cara tornam-se duras, transmitem força, o ventre e os quadris impulsionam e aceleram os movimentos... Eu mexia-me e fazia os movimentos necessários para o sentir.
Estávamos numa sala de uma casa, mas eu sentia-me na natureza, no meio do mato. Queria fechar os olhos, mas também queria ver... As sensações eram demasiado diferentes para eu as conseguir reconhecer... Via nele um animal forte, e ao mesmo tempo sensível. E eram sons animais aqueles que se ouviam. Puro tesão. Não falámos, só gememos e nos deixámos levar por sensações físicas. Escorria água pelos nossos corpos e o cansaço não era impedimento de nada. Tenho a certeza que perdi a noção do tempo.
Foi com a dor nos quadris, por roçarem na mesa, que regressei àquele espaço, e que retornei ao meu corpo humano. Como que por magia, foi também nesse momento que o corpo dele parou bem junto ao meu e ele emitiu o último som daquela dança animal. Deixou-se cair sobre mim e senti o coração dele a bater por detrás do meu.
Guardo, até hoje, a imagem dele no espelho. Nunca mais senti aquele prazer tão específico e... animal?
A mesa perdeu a solidez de outrora.

sem foto, porque o teu imaginário, é a melhor fodografia....

Ausência

Aí, onde te encontras
queria lembrar-te
que jamais esqueço
o prazer vivido
muitas vezes repetido
naquele mágico click
daquela secreta frase-chave
ditada pela tua voz côncava
intensa e louca
ainda entranhada em mim…
Da tua boca saída
no meu ouvido mergulhada
mas nossa
muito nossa…
Nesse teu jeitinho de dizer
desse teu jeitinho de pedir
- uiiii… abre-te!...
mulher, abre-te agora!...
Abre essas pernas p'ra mim!...

E mesmo sem me veres
eu abria…

papoila_rubra
Março 2007

CISTERNA da Gotinha




45 páginas de fotografias de Adriana Lima.

Vídeo: BeachTime, para matar saudades do calor.

Salma Hayek - GIFs da actriz nua no filme Frida.

Sabiam que a Supermodelo Gisele Bundchen é a mais bem paga do mundo?!

04 abril 2007

Carpe Diem


À saída da primeira matiné, tropecei nos degraus e antes de aterrar de cu no chão ainda bati com a biqueira dos sapatos nos teus joelhos, desmanchando-te a resma de jornais e revistas que trazias debaixo do braço numas esvoaçantes borboletas que embateram nos vidros da porta do átrio e me serviram de espelho para te adivinhar as formas das nádegas que o casacão escondia. Convidei-te para um café e quiseste também uma água lisa que bebias em golinhos para aclarar a tua voz meiga e modulada como se fosses um locutor de rádio.

Éramos mais dois náufragos da vida da grande cidade e antes da terceira sessão, girámos a bússola para o norte do sexo, esse anti-depressivo militante, trocando o imaginário da tela por travelings das nossas peles e beijos sôfregos em grande plano. Retive a audácia de me deixares sentar sobre o teu peito para cantar ao microfone com aqueles gestos e torções arrebatados enquanto afundavas o nariz num negrume de caracóis.

São apenas retalhos dos sentidos mas antes que a morte ponha uma pedra sobre o assunto e nos redija o epitáfio de que fomos tudo menos aquilo que queríamos fazer, quero afirmar-te que escolhi apaixonar-me por ti e podemos continuar a grunhir ao ritmo do ranger das madeiras e do colchão, a fazer eco da escolha acertada do aproveitamento de cada dia.

Isto não é só o macho americano médio

A Harper Collins criou estes três anúncios para publicitar o livro «The Average American Male» de Chad Kultgen:

Vídeo 1


Vídeo 2


Vídeo 3 (o meu preferido)

Quem vai a S. Paulo nestes próximos dias?


11ª Erótika Fair - S. Paulo (Brasil)

De 13 de Abril a 6 de Maio
pavilhão de exposições Mart Center

Página oficial do evento aqui.
Notícia aqui: Cosmo On-line.

crica para visitares a página John & John de d!o

03 abril 2007

A reconstrução do Amor, por mostrengo Adamastor


Se a vontade já não era muita, como conseguirei concentrar-me após a notícia de um acidente de trabalho destes?!

O povo tem sempre razão!



Der Arsch ist nicht das Ende, sondern der Anfang aller Dinge
(Afrikanisches Sprichwort) *

Foto: Johannes Barthelmes
"O Cu não é o fim, mas o princípio de todas as coisas"
(ditado popular africano)

O desvio

Estive ali hoje.
Durante anos a fio, sempre que ia com o meu ex para o Algarve, já quase no fim da viagem, via aquela placa na estrada a indicar a localidade. Lembro-me como ficava olhando para o vago casario a poucas centenas de metros da via rápida e que se ia diluindo na paisagem à medida que o carro avançava.
Das primeiras vezes, recém casada com o brilho da aventura ainda no olhar, pedia ao meu ex-marido para desviarmo-nos da rota e entrarmos naquele sítio, mais que não fosse só para ver como era. Mas ele respondia sempre que não tinha já tempo, que estava atrasado para o check-in do hotel, que para a próxima vez logo passariam por lá, e por aí fora...
Os anos seguiram-se, as férias passadas metade do tempo sozinha no hotel enquanto ele andava sabe-se lá por onde e por onde muito bem queria. As tardes na praia a ler uma revista qualquer a fingir divertir-me com o meu aborrecimento.
Na volta para Lisboa, perguntava novamente se podíamos desviar nem que fosse por cinco minutos, ao que ele respondia com a monotonia do roncar do carro a passar velozmente pelo silêncio. Até eu entender que o meu lugar era sempre o do adiamento, do amanhã, do agora não, do mais logo, do um dia destes, do logo se vê, do da próxima vez é que será e que nunca mais era...
Deixei de perguntar, fiz-me à rotina, limitei-me a sonhar de todas as vezes que por lá passávamos. A sonhar que nos restantes dias da minha vida ainda poderia ter sonhos, até ao dia em que mesmo os sonhos se transformaram em pesadelos e sobreveio o divórcio.
Hoje, desviei-me da via rápida e senti como se estivesse a atravessar o portal da liberdade. Estacionei o carro e andei a pé por aquelas ruas provavelmente iguais a outras em qualquer parte do Algarve, mas que me encheram de uma alegria indescritível.
Andei devagar, olhei para as casas, para as pedras do chão, para a areia que se acumula em camadas finas junto aos lancis dos passeios, para as pessoas. Olhei para tudo como uma recém nascida com os olhos rasos de novidade, vendo o sol em cada rosto que se cruzava comigo.
Quase em frente a um café olhei para ele. Tinha bom aspecto, tranquilo e trocámos um sorriso. Tinha um olhar firme e franco, não desviando-se do meu. Andei uns passos na sua direcção e já em frente ao estabelecimento perguntei-lhe tolamente onde poderia tomar uma bica. Sorriu e entrou comigo. Sentámo-nos, passámos dez segundos pelas trivialidades e lugares comuns e após uma breve pausa, falei com ele como se de repente o conhecesse desde sempre. Disse-lhe que o mais importante para mim era estar agora naquele sítio a falar abertamente com um estranho, que nem sequer seria importante ir para a cama com ele, apenas e só o facto de estar ali pela primeira vez em tantos anos era uma conquista. Esperei um pouco, registei a sua reacção calma e continuei. Contei-lhe a minha vida de casada, as viagens, os meus sonhos, as frustrações, os anos perdidos e a angústia que me sobrevinha de saber o tempo passado irrecuperável. De como nos últimos anos de casada, me sentira com se estivesse sido enterrada viva. Disse-lhe como agora recuperada após tantos anos de ter sido posta em último lugar na lista das prioridades do meu ex, e embora divorciada há mais dum ano, este sítio representava contudo algo libertador e mágico.
Ele ouviu-me em silêncio, levantou-se e voltou a sentar-se. Pegou-me no braço, olhou-me bem nos olhos e convidou-me para almoçar.

“Sem segundas intenções” frisou bem. “Apenas almoçar e conversar. Conheço um sítio encantador e sossegado, não é muito longe daqui”.
Almoçámos, conversámos, bebemos e rimos e acabámos por passar a tarde em casa dele, uma vivenda um pouco mais para o interior onde ele vivia só, e onde desfrutei todo o sabor que pode ter a liberdade de fazer amor sem compromissos maiores do que a posse e partilha plena daqueles momentos que trago de volta para Lisboa, em que todo o prazer do mundo foi nosso...

Margarida

foto daqui

Auto-beijos

A Fresquinha sugere-nos esta maravilhosa e tão estranha série de fodografias de Pupsam - David Puel e Thomas Libé, com pessoas que se beijam a si próprias na boca:

SelfKiss

Belisca-me



MICHAEL KRISPIN

via Freshnudes

02 abril 2007

Meninos, vamos ao sexo...

A propósito de um recente texto de Anani sobre este tema e a pedido de várias famílias, segue dissertação sexual acerca do meu entendimento da coisa. Não que ele seja especialmente relevante. Relevante, sim, é a coisa. A própria. O meu entendimento é, apenas, uma forma de a ver. Vejam lá as vossas…

O sexo. Falando da matéria em si (e em mim, que o solitário é menos interessante, ainda que não despiciendo...), diria que sexo... não sei se é, mas parece-me bem que sim.

Quando tentamos catalogá-lo, por mais profunda que seja a abordagem filosófica ou a matéria-prima a considerar, começamos logo a reduzi-lo e a perverter a coisa.

O "sexo" é a manifestação sublime do amor à Vida. É o que ao corpo apetece em contraponto ao que a evolução da nossa mente socializada determina (e condiciona).

Mas o primado vem-nos do sensorial. E daí, meus caros, não há pecado que valha nem credo religioso (ou outro) que anule. Podem inibir, claro. Mas aquilo que se espalha pelo corpo, sai-nos depois por vias ínvias e inadequadas - chamam-lhes, para aí, recalcamentos...

Milhares (milhões) de anos de evolução colocaram no centro do nosso corpo o pomo do nosso contentamento. E mesmo que toda a periferia se harmonize em sensualidade, o centro dos acontecimentos está... no meio. Exactamente, aí onde dizem residir a virtude. O que é bem verdade, pois nada mais virtuoso do que uma actividade sexual bem cumprida!

A mente liberta-se. Os pulmões expandem-se. O sorriso enche a alma. O ser humano humaniza-se e fica, assim, mais próximo do seu semelhante. Já pensaram nesse benefício sexual?

O sexo - isto é, a actividade humana derivada do impulso sexual - será, pois, a manifestação superior da evolução do ser humano enquanto indivíduo pensante. Qual procriação, qual treta!... A procriação é um, apenas um, dos incontáveis benefícios que a actividade sexual nos traz. Nem melhor, nem pior, nem coisa nenhuma outra. Apenas um dos efeitos, a par de uma imensidão de outros, que nos enriquecem a arte de viver.

Destes, outros dos efeitos é o da criatividade artística (ou outra). A pulsão criativa anda muito associada ao “antes” ou ao “depois” da actividade sexual. É a mola que despoleta ou que empurra ao acto criativo.

A actividade sexual é, por fim, o "porque sim" das nossas vidas. Porque viver apetece, é uma coisa boa, que tendemos a preencher com coisas boas ou, dito de outra forma, que nos apetecem e sabem bem e queremo-las tão só por isso mesmo...

É o estadio superior da liberdade individual do ser humano! Por isso é que sempre houve tanto poder religioso e político a tudo fazer para condicionar o ser humano nesta área e, assim, criar condições para as suas estratégias de poder.

Por isso, também e por oposição, qualquer movimento social rebelde ao “status” desenrola sempre uma qualquer bandeira sexual, significativa e indiciadora da contestação, da irreverência, da subversão em relação aos valores estabelecidos.

E, ao correr da pena, não me tiram da cabeça que esta história da SIDA teve (e tem) nela "mãozinha da reaça", deixando-nos a todos reféns de um pavor incontrolável... e que pode chegar-nos, para cúmulo de beatice, por quem nos está mais próximo. Já atentaram nos efeitos funestos de tal atitude na arte de bem (con)viver com o nosso semelhante?

Será, se quiserem, mania da conspiração global, mas cada um tem direito às suas paranóias. Ou não?... Na verdade, um indivíduo sexualmente satisfeito nem sente ímpetos de cólera que o levem a desvarios guerreiros. Tudo se arredonda na vida, para o indivíduo sexualmente satisfeito. E essa bonomia é contagiante... A dificuldade será atingir esse estadio superior, generalizado a tanto ser humano.

Mas que há-de ser porreiro, ah isso não tenho dúvidas nenhumas! Vejam lá o exemplo dos nossos primos bonobos – quanta arte na resolução dos conflitos.

Viva o sexo, pois, para que vivamos nós!