02 abril 2007

Meninos, vamos ao sexo...

A propósito de um recente texto de Anani sobre este tema e a pedido de várias famílias, segue dissertação sexual acerca do meu entendimento da coisa. Não que ele seja especialmente relevante. Relevante, sim, é a coisa. A própria. O meu entendimento é, apenas, uma forma de a ver. Vejam lá as vossas…

O sexo. Falando da matéria em si (e em mim, que o solitário é menos interessante, ainda que não despiciendo...), diria que sexo... não sei se é, mas parece-me bem que sim.

Quando tentamos catalogá-lo, por mais profunda que seja a abordagem filosófica ou a matéria-prima a considerar, começamos logo a reduzi-lo e a perverter a coisa.

O "sexo" é a manifestação sublime do amor à Vida. É o que ao corpo apetece em contraponto ao que a evolução da nossa mente socializada determina (e condiciona).

Mas o primado vem-nos do sensorial. E daí, meus caros, não há pecado que valha nem credo religioso (ou outro) que anule. Podem inibir, claro. Mas aquilo que se espalha pelo corpo, sai-nos depois por vias ínvias e inadequadas - chamam-lhes, para aí, recalcamentos...

Milhares (milhões) de anos de evolução colocaram no centro do nosso corpo o pomo do nosso contentamento. E mesmo que toda a periferia se harmonize em sensualidade, o centro dos acontecimentos está... no meio. Exactamente, aí onde dizem residir a virtude. O que é bem verdade, pois nada mais virtuoso do que uma actividade sexual bem cumprida!

A mente liberta-se. Os pulmões expandem-se. O sorriso enche a alma. O ser humano humaniza-se e fica, assim, mais próximo do seu semelhante. Já pensaram nesse benefício sexual?

O sexo - isto é, a actividade humana derivada do impulso sexual - será, pois, a manifestação superior da evolução do ser humano enquanto indivíduo pensante. Qual procriação, qual treta!... A procriação é um, apenas um, dos incontáveis benefícios que a actividade sexual nos traz. Nem melhor, nem pior, nem coisa nenhuma outra. Apenas um dos efeitos, a par de uma imensidão de outros, que nos enriquecem a arte de viver.

Destes, outros dos efeitos é o da criatividade artística (ou outra). A pulsão criativa anda muito associada ao “antes” ou ao “depois” da actividade sexual. É a mola que despoleta ou que empurra ao acto criativo.

A actividade sexual é, por fim, o "porque sim" das nossas vidas. Porque viver apetece, é uma coisa boa, que tendemos a preencher com coisas boas ou, dito de outra forma, que nos apetecem e sabem bem e queremo-las tão só por isso mesmo...

É o estadio superior da liberdade individual do ser humano! Por isso é que sempre houve tanto poder religioso e político a tudo fazer para condicionar o ser humano nesta área e, assim, criar condições para as suas estratégias de poder.

Por isso, também e por oposição, qualquer movimento social rebelde ao “status” desenrola sempre uma qualquer bandeira sexual, significativa e indiciadora da contestação, da irreverência, da subversão em relação aos valores estabelecidos.

E, ao correr da pena, não me tiram da cabeça que esta história da SIDA teve (e tem) nela "mãozinha da reaça", deixando-nos a todos reféns de um pavor incontrolável... e que pode chegar-nos, para cúmulo de beatice, por quem nos está mais próximo. Já atentaram nos efeitos funestos de tal atitude na arte de bem (con)viver com o nosso semelhante?

Será, se quiserem, mania da conspiração global, mas cada um tem direito às suas paranóias. Ou não?... Na verdade, um indivíduo sexualmente satisfeito nem sente ímpetos de cólera que o levem a desvarios guerreiros. Tudo se arredonda na vida, para o indivíduo sexualmente satisfeito. E essa bonomia é contagiante... A dificuldade será atingir esse estadio superior, generalizado a tanto ser humano.

Mas que há-de ser porreiro, ah isso não tenho dúvidas nenhumas! Vejam lá o exemplo dos nossos primos bonobos – quanta arte na resolução dos conflitos.

Viva o sexo, pois, para que vivamos nós!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia