02 maio 2007

Lamechice eminente


A arquitectura do edifício fê-lo balançar e os monitores tremelicaram mais as putas daquelas plantinhas altas e vistosas que por uma carga de água qualquer é habitual invadirem a selva dos open space. Entreoalhámos-nos de vistas arregaladas a balbuciar em coro tremor de terra.

Instintivamente peguei-lhe a mão e arrastei-o para debaixo das secretárias metálicas que nos obrigavam a sentar em posição de lótus, mais coisa menos coisa. Aquela semiobscuridade destacava mais o brilho dos seus olhos mas a interrogação pendurada nas suas sobrancelhas fez-me sossegá-lo que numa hora daquelas não lhe pediria sexo tântrico, sobretudo porque não sabia se o tempo do abalo daria para isso. Riu-se mas na sua habitual lucidez lembrou que havia sempre a hipótese de morrermos. Levei o polegar à boca para debicar as palavras seguintes em que aventei que se assim é, nada melhor que o lema do ISCTE, como é que é, como é que é, conas abertas, caralhos em pé. Desmanchou-se-lhe a compostura e riu-se regateando que naquela situação estava com o pénis dormente. Ergui ambas as mãos num aceno de limpa-vidros a exibir dez dedos e as suas mãos agarraram-nos todinhos em concha e o filho da mãe do sismo teve de parar naquele minuto para denunciar a minha tremura.

As pálpebras tinham-lhe achinesado o olhar dengosamente e aliviada nesse retrato disse-lhe para ficar ali à minha beira para a terra tremer outra vez.

Dicionário ilustrado C. Orno Manso


Aprovar, consentir, permitir, tolerar.

Aprova-se uma coisa quando dela se faz juízo favorável, quando se acha digna de louvor e estima, quando se lhe dá valor e estima, quando se lhe dá voto; consente-se uma coisa quando a ela se aquiesce, ou se condescende a que se faça; permite-se um acto quando se autoriza por um consentimento formal; toleram-se as coisas quando conhecendo-as e tendo o poder, se não impedem. – Aprovamos o que temos por bom e meritório; consentimos o que nos não repugna, mas que talvez quiséramos evitar; as leis humanas nunca devem permitir o que as divinas proíbem, porém proíbem às vezes o que elas permitem; (…)

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 73

crica para visitares a página John & John de d!o

01 maio 2007

As noites claras III

por Charlie

... Amo-te como nunca amei mulher alguma...
Guardou a nota de duzentos €uro, dada pelo cliente da noite anterior, novamente na bolsa do telemóvel e continuou crescendo para o dia. Narciso a cobrir-se de folhas e pétalas diante do espelho, terminando por dar, em passo de dança, uma volta completa em frente dele seguindo a imagem, uma vez finalizada a toilette em toques suaves de maquilhagem.
Saiu do quarto em direcção à sala. Em cima da mesa estava um papel estrategicamente colocado ao canto da mesma de forma que ela o pudesse ver quando se deslocasse para a porta da rua. Tinha um recado escrito por ele, qualquer coisa a dizer que traria algo para almoçarem juntos.
Experimentou aquela velha mas sempre estranha sensação. Um misto de emoções complexas, controversas. Atravessadas pelos fantasmas dos sorrisos das descobertas da adolescência, alternando as clareiras de sol com névoas já esgotadas e secas de amargura.
Lembrou-se novamente destes últimos meses. Desde a noite em que o conhecera e dos dias seguintes. E dos outros e outros que se lhe seguiram. Das suas juras de amor eterno e incondicional. Da inquietação que lhe angustiara a alma perante a intensidade da paixão, entrega e doçura daquele homem.
A verdade é que se sentira com ele de novo no princípio, nos anos da magia, embora mantivesse o sentimento sob uma capa de cinza parca e apenas morna. Deixou o coração só levemente aflorar o desejo que todos temos de nos entregar sem limites à fogueira dum grande amor na infinita paixão da primeira vez.
Contudo, ela acumulara todas as experiências que acabam por moldar e endurecer o carácter de quem faz da vida o seu modo de vida.
Surgia-lhe diante dos olhos lembranças dos caminhos percorridos.
Inicialmente perdendo-se pelos desvios, atalhos terminando em becos, que derivam das ingenuidades de principiante. Das paixões intensas dos primeiros tempos, estrelas brilhantes que se desfaziam em céus de nada, desilusões e mágoas. Dos homens que lhe haviam jurado a Eternidade e a Lua esfumando-se depois na esteira dum cigarro. Dos que a haviam agredido, das taras e manias e dos tristes e impotentes. Dos pais de família que acabavam por mostrar as fotos da mulher e filhos que traziam na carteira e que a faziam sentir-se mal, enojada consigo própria por aflorar uma estória que não era dela. Da sensação da alma trocada por um prato de lentilhas. Por tudo isto passou, vencendo etapas, circulares e concêntricas, fechando o coração cada vez mais atrás de cada sorriso estudado e de efeito conseguido.
Até arrefecer de um todo com o tempo, até tornar-se indiferente à partilha das emoções. Até ser só ela, afinal e por fim, o centro do mundo, o único ser vivo que importava à face da Terra, abocanhando o viver perigoso como o peixe em vertigem morde o ar em saltos de queda livre fora de água.
Ela dissera-lhe isto diversas vezes, tentando dissuadi-lo.
Afirmara-lhe então que tudo não passava de uma ilusão e que já não tinha espaço para amar e estabelecer laços de afecto com mais ninguém. Dissera-lhe em tom frio que jamais poderia ser de um homem só. Que não queria prisões e que vivia só para ela. Que era a única forma de não ficar a sofrer; a sua defesa. Que a esquecesse. Que ele não passava dum cliente como tantos outros. Um mais entre tantos que se tinham apaixonado por ela e que tão pronto arrefecesse a chama que o enlouquecia, deixa-la ia como os outros num passeio qualquer passando para a puta seguinte.
Mas ele, passando por todas as provas a que uma mulher pode sujeitar um homem, acabara por conseguir que viesse viver consigo.
- Vem! – Dissera com os olhos rasos de lágrimas. – Amo-te! Amo-te como nunca amei mulher alguma. Vem viver comigo. Gosto de ti como és, e nunca te imporei nada. És livre para fazer o que quiseres. Só preciso de sentir-te junto a mim. Cuidar de ti, dar-te o meu calor nas noites de descanso. Afogar-te em amor. Ver-te nas manhãs e…-

Acabou por vir terminar primeiro algumas noites em casa dele, um porto de abrigo e mais tarde deixou-se ficar embora tivesse mantido o seu apartamento próprio onde repousava de vez em quando; o seu reduto de solidão. Soubera-lhe bem ao início ter este homem que cuidava dela. Respondia à sua dedicação com momentos fugazes e, de longe em longe, a partilha de um ou outro dia de descanso em que ele regozijava com a graça concedida de tê-la só para si...

Afastou o pensamento e deu um último toque no seu aspecto ao espelho do bar ao canto da sala. Sob uma outra luz, a maquilhagem parecia-lhe agora um pouco desequilibrada. Retocou, rodando a face enquanto os olhos seguiam fixos a imagem reflectida.
Voltou a ler o bilhete, inspirou fundo, e saiu para o dia a transbordar de azul.
O Verão estaria aí, não tardaria.
Ligou o telemóvel e marcou um número, desligando quase de seguida, elevando os olhos.
Ao cimo da rua o Mercedes cor de prata descia devagar. Acenou com os óculos de sol e apressou o passo, toda tomada de um sorriso aberto e cheio de luz.
Era ele, o novo cliente…

Em Teerão cortam os seios aos manequins das montras

«Manequins de lojas com os seios cortados são mais um efeito da lei que entrou em vigor há uma semana na capital do Irão, Teerão, com o objectivo de repreender as mulheres que desrespeitarem as regras de vestuário islâmicas.

Um lojista ouvido pela BBC disse ter recebido a ordem de cortar os seios das bonecas à mostra na vitrine da sua loja por serem muito "reveladores". Vários outros estabelecimentos foram fechados por venderem roupas consideradas muito "ocidentais".»

BBC Brasil via O Jumento

Mais novidades do reino dos bicos

Obrigada, Cine XL Blog, Tecnologia de Desinformação e Hélio "LemoN" Martins por divulgarem as t-shirts da funda São.

A malta fixe da eXTreme-Computers já vai em cinco páginas de comentários sobre a t-shirt «Faz-me um Bico». Num deles, o FxDi@mOnD comentou: "A menina que está por detrás do e-mail é bastante prestável. Encomendei, escolhi o tamanho, chegou ainda esta semana. Perfect mesmo!". Eu nasci assim.

A Querida Marta, de Cascais, esclareceu o Alberto, de Beja:
P: Querida Marta, desde que adquiri esta T-shirt e a comecei a usar, noto que as mulheres olham para mim de maneira mais interessada, principalmente as casadas. O que quererá isto dizer? Haverá interessadas em me fazer um bico? Não fazem bicos aos maridos delas? Pensam que eu sou TS?
Alberto, Beja
R: Amigo Alberto, com essa T-shirt e como se diz aí no Alentejo, "parecem as moscas atrás do carro do petróleo!" Aproveite, não tenha vergonha, atire-se prá frente... muitas dessas tipas além de mal fodidas, têm vergonha de fazer um bico aos maridos mas fazem-no sem qualquer pudor a um tipo qualquer que lhes caia no goto. O que não falta por aí são puritanas em casa e desabochadas fora! Bons bicos!
Nos comentários a este post, fiquei a saber pelo Manecas do Estoril: "Parece que a criadora dessa camisola gere uma casa de putas em Leiria". Estamos sempre a aprender na internet... e na (má) vida!

Primeiro prémio de originalidade (e sorte) - houve quem criasse o blog faz-me-um-bico para demonstrar que a t-shirt faz um grande sucesso:



Já sabes: os detalhes destas t-shirts estão todos aqui.

Anacin - dores de cabeça nunca mais


Poster publicitário


Outras Coisas

30 abril 2007

Filme - por Kimikkal

A padaria da Didas é um local de culto e de cultura.
Nestes comentários a um post dela que até já publiquei aqui, li esta pérola do Kimikkal, do blog 7 Meses:
"Lembrei-me de uma cena num filme em que um gajo de 1,55 metros estava a disfrutar de sexo pago com uma cavalona de 2 metros.
A câmara filma de baixo para cima e mostra-o todo entusiasmado com a cena.
O plano continua a subir, passa a cabeça dele e chega à zona do pescoço da meretriz.
Aí, começamos a ver a morenaça escultural arranjando as unhas enquanto o tipo fazia o serviço.
Depois de olhar para o relógio, a morenaça deve ter achado que era tempo de despachar o cliente e grita:
- Ai, ai! Tens uma piça* de cavalo e uns tomates** de um touro!
Ao ouvir aquilo, o cliente começa a urrar tipo homem das cavernas, para poucos segundos depois acalmar, cansado da refrega.
Nesta altura a matrona encolhe os ombros e empurra-o para o lado."


* P*** no original
** T****** no original

CISTERNA da Gotinha


Paulo Carrasco - fotógrafo português com um trabalho fantástico.

Este fulano gosta mesmo do seu
macaquinho.

Será que se a coisa aquecer muito começam a
saltar pipocas?! E vinham logo com caramelo líquido...

Faça sexo para ser saudável: É a proposta de uma campanha para combater doenças cardíacas.

Fotos
gigantes para quem gosta dos detalhes.

Quadro a óleo da minha colecção


«Actuação» - Ioana Sfaiter

óleo sobre tela
(Roménia>

XXXitchen

Vários objectos de cozinha com dupla utilização. Mais coisas de cuzinha aqui



















Outras Coisas

29 abril 2007

A linha humana do tempo




por Milo Manara
via Sexoteric

Carraspana de ancião


A porra era a imagem do meu pai ali a passear-se à minha frente como um andor que o tapava mas lá negociei com o meu querido fantasma que ele me fazia feliz e lá por ter idade para ser meu progenitor isso era apenas uma formalidade impressa em documentos legais.

O seu sorriso maroto luzia como o de um adolescente e nunca me passou pela cabeça emprestar-lhe o meu champô colorante para os brancos que lhe saltavam da barba, tanto mais que nunca houve vez em que o primeiro abraço de encontro e beijo encarchado até às amígdalas acompanhado pelas minhas ancas dançantes na costura do seu fecho éclair tenha dado sinal de picha murcha. É uma por dia e acabou-se a papa doce mas tivesse eu euros como a quantidade de gajos novos que fazem isso e estava milionária.

E depois o vagar com que me despe e me deixa despi-lo sem a disfunção de ejacular logo ali que já se faz tarde e aí estendemos os braços como tentáculos no corpo um do outro como se não soubéssemos de cor onde está o macio das costas ou das nádegas e como numa surpresa de miúdos ele descobre o rebuçado entre as minhas coxas e eu lambareira me apego ao chupa-chupa.

Finalmente pegamos no cinzeiro para se juntar a nós a aparar as cinzas das nossas intermináveis conversas que nem o tempo ainda conseguiu gastar até o João Pestana nos entaramelar a língua e adormecermos anichados como dois anjinhos.