20 fevereiro 2008
19 fevereiro 2008
Outra frase do katano...
O broche chinês de João César Monteiro
Cena do filme «Vai e Vem», de João César Monteiro, concluído pouco antes de sua morte, em Fevereiro de 2003.
João Vuvu esclarece uma amiga de longa data, em detalhe, sobre a prática do brochim - broche chinês - e, de seguida, contextualiza politicamente esta "tecnologia de ponta":
- Com o teu melhor punho garroteias o tronco peniano para que o fluxo sanguíneo se comprima em torno da coroa da glande. Quando esta se apresentar rúbida e tumefacta, seguras a pele do prepúcio com a ponta do polegar e do indicador e sopras-lhe para dentro... prrrrrrrr... conservando-a sempre muito esticada e hermeticamente colada aos lábios... tchhh... tchhh... tchhh... tchhh... do mesmo golpe, cuspinhando... pttt... pttt... depressa e bem, até que fique cheia como um odre. Tapas muito bem tapadinha e deixas o todo murchar em branda evanescência.
— E o parlamentar?
— Lavrará o seu protesto. É uma questão de tempo. Já lhe falece o ímpeto falocrático, não evita a sofreguidão e acabará por bufar: "Então, amor, não chupas?".
— E não chupo?
— Não. Era o que faltava. Explicas-lhe, com bons modos, que na China ninguém chupa, que essa prática é mais própria de sanguessugas que de seres finamente civilizados. Neste passo, o tribuno vacila, entaramela-se-lhe a voz, quer gritar pela mãe, mas não pode: tem a minhoca à mercê, escancarada à rés pública. A democracia está salva, ou, pelo menos, o que dela resta, na sua grotesca expressão teatral. Que após acesa discussão, dura batalha no hemiciclo, legisla: "o broche chinês, também designado por brochim, devido à sua remota origem asiática, é especialmente recomendado para senhoras ou meninas que não se sentem cativadas pela arte de bem o fazer, ressalvando que os incentivos, que no âmbito comunitário, lhe serão facultados, devem inserir-se numa rigorosa política de desenvolvimento das indústrias de recreio e lazer, pelo que o seu exercício será obrigatoriamente orientado por profissionais altamente qualificadas e com sobejas provas dadas em tão laboriosa e intricada tecnologia de ponta." A velha puta pode, enfim, sorrir.
...
— Quando é que nos voltamos a ver?
— Quando formos suficientemente velhos. Por ora, hesitamos como toda a gente. Aqui entre nós, e não deixa de ser engraçado, o brochim é o broche dos broches, a súmula. Mas esta gentalha nunca o saberá. Para a corja nem uma sede de água.
18 fevereiro 2008
O cobrador de impostos
O cobrador de impostos.
por Charlie
Podia ter nascido uma ninhada de ratos com um gato ao lado!
Ou ser um mero molusco vivendo no limiar do paladar como único sentido da existência. Devorador e devorado em cadeia sem outra história que não fosse o rodopiar das minhas moléculas em ciclo perpétuo nesta sopa feita de água e rochas à qual a consciência chama de Terra. Podia ser uma dessas pedras que andam há uma eternidade a vaguear pelo espaço com encontro marcado com ela na breve orgia dum risco de luz desenhado contra um céu de infinitos Deuses e estrelas.
Mas não... Quis o destino que toda a matéria de que sou composto se juntasse naquilo a que se chama: um cobrador de impostos. É esta a minha missão, ou melhor, o meu modo de vida e, confidencio, a minha paixão. Não que tivesse começado por sê-lo.
Têm-me dito que há paixões que são instantâneas. Não sei, nunca tive outra paixão, mas acho que deverá haver gente que se apaixona pelo simples passar dum piscar de olhos...
Mas eu não!
A minha profissão preenche-me completamente, mas isso levou tempo. Aprendi a ser o que sou hoje e a gostar de ser o que sou.
A minha lista é extensa, há muitos que estão atrasados nas suas obrigações. Procuro-os nas suas casas depois de observar cuidadosamente, ora sentado no carro, ora nos cafés e papelarias e durante um, dois ou mais dias, as rotinas de que fazem vida.
Depois ataco! De adrenalina nas veias e o coração a bater! Já tenho tantos anos disto, mas o fascínio é eterno. Primeiro encosto o ouvido à porta. Como disse, observo previamente e apenas bato às portas depois de ler os rostos e os sinais dos corpos. Sinto-os lá dentro entregues um ao outro, adivinho-lhes o olhar e os lábios em fusão. Sinto como a roupa lhes aperta na emergência do querer. Uma forte erecção me toma, aguardo mais um pouco antecipando tudo e é nesse instante que bato à porta.
Não de mansinho. Não! Mas com esta força de saber quem sou. Olho-os de frente, eles espreitando pela nesga da porta, de roupas parcamente arranjadas num ingénuo disfarce. Primeiro de rosto aborrecido, zangados até. Depois surpreendidos e incrédulos após eu ter-lhes mostrado as minhas credenciais e as intimações competentes. É nesse ponto que a erecção quase se descontrola. Mas sou um homem que se pauta pelo auto-domínio. Pego na minha caneta, no bloco de apontamentos e começo a inventariar os bens. Um a um enquanto admiro, sempre em erecção, as formas das mulheres, os nacos de carne que se expõem escapando por entre as roupas e lhes adivinho as entregas nos momentos altos dos corpos em sexo.
Vejo as salas, toco nos sofás de onde absorvo pelas pontas dos dedos todo o calor. Subo aos quartos de dormir, tantas vezes de roupas desarranjadas, sempre com eles atrás de mim. Excita-me por demais ver-lhes os rostos em aflição e aborrecimento e o saber do momento que estraguei.
Depois chego a casa, abro a mala e revejo os apontamentos. Vêm-me as mulheres à presença do espírito e, tomado duma forte erecção, masturbo-me. Atinjo uma total, indescritível e profunda satisfação. Como jamais, e já em tempos idos, mulher alguma de proporcionou.
Vivo assim. Sou assim. É esta a minha paixão e o modo de vida que me completa; ser cobrador de impostos...
Charlie
O NorteFoda em video
"Cerca de 30 mil pessoas visitaram o Salão Erótico em Gondomar. Sex-shops, filmes para adultos, espectáculos de strip-tease, refeições eróticas, «show lésbico», sexo ao vivo e consultas de sexologia levaram gente de ambos os sexos e várias idades a visitar o Pavilhão Multiusos de Gondomar. Foi o Eros 2008 a Norte."
Expresso Multimedia
17 fevereiro 2008
Ressaca
Como as memórias da noite são difusas confio que tenha tido momentos espectaculares com tudo a que tenho direito, um membro a crescer-me nas mãos e entalado nos seios e depois feito cereja a pender-me para a boca, dedadas e pinceladas de língua em mim entremeadas de sorvos excessivos e a ligação do cabo que nos dá energia para estremecer, porque não sei o nome daquela cara que não conheço de lado nenhum. E ao levantar os lençóis para espreitar também não recordo aquele zé-ninguém ali esparramado sobre a coxa esquerda do proprietário.
Quando ele levantou as pálpebras como quem corre os estores pela manhã saudei-o com um olá estranho e indaguei-o sobre a possibilidade de me refrescar a memória. Ele colou as mãos aos seus pertences e gorgolejou um bom dia quase indecifrável. Asseverei que era uma mulher prática e apenas estava interessada em saber se valia a pena levantar-me da cama para ir tomar um Guronsan e aproveitar o dia.
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O OrCa ode as boas revindas à Maria Árvore:
"árvore fina
raiz
em pouco dizer se faz
delicia
em quanto diz
faz-se de sexo sagaz
faz-me ficar mais feliz
de quanto faz tanto diz
que estou p'r'àqui bem capaz
de lhe sentir a raiz "