17 fevereiro 2008

Ressaca


As ressacas são detestáveis naquele sabor de papel de jornais colado do esterno até à boca e as batidas constantes de um xilofone na cabeça. E não há panaceia que solucione a descoberta de um gajo que não era suposto estar na nossa cama.

Como as memórias da noite são difusas confio que tenha tido momentos espectaculares com tudo a que tenho direito, um membro a crescer-me nas mãos e entalado nos seios e depois feito cereja a pender-me para a boca, dedadas e pinceladas de língua em mim entremeadas de sorvos excessivos e a ligação do cabo que nos dá energia para estremecer, porque não sei o nome daquela cara que não conheço de lado nenhum. E ao levantar os lençóis para espreitar também não recordo aquele zé-ninguém ali esparramado sobre a coxa esquerda do proprietário.

Quando ele levantou as pálpebras como quem corre os estores pela manhã saudei-o com um olá estranho e indaguei-o sobre a possibilidade de me refrescar a memória. Ele colou as mãos aos seus pertences e gorgolejou um bom dia quase indecifrável. Asseverei que era uma mulher prática e apenas estava interessada em saber se valia a pena levantar-me da cama para ir tomar um Guronsan e aproveitar o dia.

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O OrCa ode as boas revindas à Maria Árvore:
"árvore fina
raiz
em pouco dizer se faz
delicia
em quanto diz

faz-se de sexo sagaz
faz-me ficar mais feliz

de quanto faz tanto diz
que estou p'r'àqui bem capaz
de lhe sentir a raiz "

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