04 agosto 2008
03 agosto 2008
Teias de bondage
As aranhas fêmeas são tão grandes que os machos, não vá o diabo tecê-las, atam-nas com pequenas cordas de seda antes de lhes meterem dentro uma mão cheia de esperma já que os pobres nem pénis têm.
Julga-se também que estas cordas de seda produzidas pelo macho contenham um componente que facilite a química do momento e sobretudo, que convença a fêmea da bondade do acto e lhe iniba o natural instinto carnívoro para ver o macho como uma saborosa merenda caída na sua teia para mastigar até ao último pêlo do último par de pernas.
02 agosto 2008
Mollas
Mientras
la imagen atada a la moda
con anorexia desfila,
yo me adorno con las mollas,
porque las marcas destilan
envidia,
pero no excitan.
El artista desnudo
De pé, ó vítimas da fome!
De entre os coitos fraudulentos, que tem por fim evitar a fecundação, não há nenhum tão pernicioso, como o que se pratica estando de pé o homem e a mulher. O homem que abusa desta posição anti-higiénica, está exposto a graves acidentes, pelos esforços que tem de fazer para conseguir o espasmo.
No instante supremo do coito sente grandes sacudiduras nervosas em todo o corpo e mais especialmente nas pernas, que vacilam com faltas de força, como que negando-se a susterem o corpo, que cai vencido pela fadiga. «Anuvia-se os olhos, a cabeça desfalece, ressente-se a espinha dorsal e tremem-lhe as pernas», diz Venette, e acrescenta que este coito é um manancial fecundo da gota e de outras doenças.
Junte-se a tudo isto, que a fecundação que se quer evitar, não é só possível, mas é até mais provável que com os outros coitos, quando o útero esta caído e a sua entrada se abre no momento do espasmo, que é muito mais voluptuoso que copulando normalmente, porque o clítoris da mulher é fortemente apertado e friccionado pelo pénis, que lhe serve de ponto de apoio, porque o corpo da mulher carrega quase completamente sobre a parte abdominal do homem. As mulheres que já têm tido filhos, são as que estão mais expostas a ser fecundadas quando copulam deste modo.
Escalan Escandón, Juan
Os Mysterios da fecundação: Guia theorico-pratico para os casados que desejem conhecer as leis por que se regem as funcções da geração
Lisboa: Livraria Central – 2.ª Edição – Pág. 85-86
Junte-se a tudo isto, que a fecundação que se quer evitar, não é só possível, mas é até mais provável que com os outros coitos, quando o útero esta caído e a sua entrada se abre no momento do espasmo, que é muito mais voluptuoso que copulando normalmente, porque o clítoris da mulher é fortemente apertado e friccionado pelo pénis, que lhe serve de ponto de apoio, porque o corpo da mulher carrega quase completamente sobre a parte abdominal do homem. As mulheres que já têm tido filhos, são as que estão mais expostas a ser fecundadas quando copulam deste modo.
Escalan Escandón, Juan
Os Mysterios da fecundação: Guia theorico-pratico para os casados que desejem conhecer as leis por que se regem as funcções da geração
Lisboa: Livraria Central – 2.ª Edição – Pág. 85-86
Voluptousness Equation
Roman Tolici
(mais um bom argumento para a São Rosas descobrir que não ganha o suficiente para comprar p(i)eças para a sua colecção...)
01 agosto 2008
Para a lêndea dos cantadores ao desafio
Maria "Barbuda" e Marques "Sardinha", figuras cujas cantigas ao desafio se tornaram lendárias no início do séc. XX em Estarreja.
Maria Marques de Sousa, nascida em Beduído no ano de 1869, justifica assim a sua alcunha:
As Barbas que tenho,
tamanhas como as de um homem
são rijas e não encolhem
não são como certas coisas nos homens!
Já José Maria Marques, conhecido por "Sardinha" por ser natural desse lugar de Avanca, define-se assim:
Se um dia fores a Avanca
prègunta pelo Zé Marques,
que qualquer pessoa te diz:
- É home das quatro artes!
Primeira: sou lavrador;
segunda: sou musiqueiro;
a terceira, cantador;
e a quarta, sou ... putanheiro!
Embate entre Marques Sardinha e Maria Barbuda que decorreu na festa do S. Paio da Torreira (Murtosa) e que deu início à lenda sobre os dois cantadores.
«De calça branca, de camisa branca e trazendo à cinta um chifre de boi cheio de vinho, Marques Sardinha entrou, despreocupadamente, no grande arraial. Entretanto, corria a sete pés (…) que uma cantadeira estava a “embrulhar” todo o mundo, dando cabo do canastro ao cantador mais fadista. Prevenido mas resoluto, o jovem encaminhou-se para o local onde a mestra dava lições. E esta, de facto, ao deparar com um romeiro em tais “pruparos”, disparou de chofre:
Ó moço da calça branca,
Donde vens, pra onde vai?
O que traz aí à cinta
É uma coisinha sua
Ou herdança de seu pai?
Apanhando, sem pestanejar o pião à unha, Marques Sardinha, pronta e desconcertantemente, retorquiu:
Isto não é coisa minha
Nem herdança de meu pai
É o corno do seu home
Que de maduro lhe cai!
Entre surpresa e aziumada, ela “desconversou”
Cala-te aí, piolhento,
Carregado de piolhos;
Se não fizeres limpeza,
até te vão para os olhos!
Réplica imediata, “mortal”, de Sardinha
Chamaste-me piolhento
Piolhos são bezerrias;
Tu é que mos apegaste
Quando comigo dormias!...»
in SARABANDO, João (1999) Marques Sardinha / Maria Barbuda ao desafio
Estarreja: Câmara Municipal de Estarreja – 2.ª Edição – pág. 53-54.
_______________________________
O Falcão não podia deixar passar esta oportunidade com malta do Norte, carago:
"Ena cum milhão de caralhos, foda-se cum filha de puta, caraistarefodam
Ena que essa Maria Barbuda deveria ter pintelho no pito cumo um homem do Norte gosta, caralho!
E intão o arraial de despique na puta da língua, caralhos me fodam se eu num respondia:
Oh cachopa que és Maria
E fazes do corno alheio troça
sem lhe por de jeito os olhos
Cuidais vós que me fazeis mossa?
Pois eu aqui sendo Sardinha
entre barbas e pintelho
com este nome de que valho
passo de peixe miudinho
num instante a Dom Caralho.
Já num falas mais de piolho
Cum o bicho entalado
E aposto eu cada corno
que dizias do meu pai,
afinal são mesmo do home
que num sabe a mulher que tem
***
Mas isto seria eu se fosse o Sardinha
E sendo só o MANUEL FALCÃO
cum caralho, que só teria
de levá-la ao barrracão
e entre pipas de verdasco
Ah caralho, cumo um varrasco
do sofá, fazer fundão.
*
Manuel Falcão, rei das bouças e amante do pito pintelhudo"
Maria Marques de Sousa, nascida em Beduído no ano de 1869, justifica assim a sua alcunha:
As Barbas que tenho,
tamanhas como as de um homem
são rijas e não encolhem
não são como certas coisas nos homens!
Já José Maria Marques, conhecido por "Sardinha" por ser natural desse lugar de Avanca, define-se assim:
Se um dia fores a Avanca
prègunta pelo Zé Marques,
que qualquer pessoa te diz:
- É home das quatro artes!
Primeira: sou lavrador;
segunda: sou musiqueiro;
a terceira, cantador;
e a quarta, sou ... putanheiro!
Embate entre Marques Sardinha e Maria Barbuda que decorreu na festa do S. Paio da Torreira (Murtosa) e que deu início à lenda sobre os dois cantadores.
«De calça branca, de camisa branca e trazendo à cinta um chifre de boi cheio de vinho, Marques Sardinha entrou, despreocupadamente, no grande arraial. Entretanto, corria a sete pés (…) que uma cantadeira estava a “embrulhar” todo o mundo, dando cabo do canastro ao cantador mais fadista. Prevenido mas resoluto, o jovem encaminhou-se para o local onde a mestra dava lições. E esta, de facto, ao deparar com um romeiro em tais “pruparos”, disparou de chofre:
Ó moço da calça branca,
Donde vens, pra onde vai?
O que traz aí à cinta
É uma coisinha sua
Ou herdança de seu pai?
Apanhando, sem pestanejar o pião à unha, Marques Sardinha, pronta e desconcertantemente, retorquiu:
Isto não é coisa minha
Nem herdança de meu pai
É o corno do seu home
Que de maduro lhe cai!
Entre surpresa e aziumada, ela “desconversou”
Cala-te aí, piolhento,
Carregado de piolhos;
Se não fizeres limpeza,
até te vão para os olhos!
Réplica imediata, “mortal”, de Sardinha
Chamaste-me piolhento
Piolhos são bezerrias;
Tu é que mos apegaste
Quando comigo dormias!...»
in SARABANDO, João (1999) Marques Sardinha / Maria Barbuda ao desafio
Estarreja: Câmara Municipal de Estarreja – 2.ª Edição – pág. 53-54.
_______________________________
O Falcão não podia deixar passar esta oportunidade com malta do Norte, carago:
"Ena cum milhão de caralhos, foda-se cum filha de puta, caraistarefodam
Ena que essa Maria Barbuda deveria ter pintelho no pito cumo um homem do Norte gosta, caralho!
E intão o arraial de despique na puta da língua, caralhos me fodam se eu num respondia:
Oh cachopa que és Maria
E fazes do corno alheio troça
sem lhe por de jeito os olhos
Cuidais vós que me fazeis mossa?
Pois eu aqui sendo Sardinha
entre barbas e pintelho
com este nome de que valho
passo de peixe miudinho
num instante a Dom Caralho.
Já num falas mais de piolho
Cum o bicho entalado
E aposto eu cada corno
que dizias do meu pai,
afinal são mesmo do home
que num sabe a mulher que tem
***
Mas isto seria eu se fosse o Sardinha
E sendo só o MANUEL FALCÃO
cum caralho, que só teria
de levá-la ao barrracão
e entre pipas de verdasco
Ah caralho, cumo um varrasco
do sofá, fazer fundão.
*
Manuel Falcão, rei das bouças e amante do pito pintelhudo"
CISTERNA da Gotinha
Enquanto Obama anda por aí a fazer discursos, a Obama Girl continua a ter sucesso na web.
E para distrair da crise, vamos lá fazer um Jogo: Miley Cyrus.
Fotos de máquinas e telemóveis extraviados. Há que ter cuidado, meus amigos.
Nudar - Site com tudo onde há nudez.
Sexo dos anjos - excelente campanha publicitária portuguesa
Filmes da campanha de sensibilização para a realização do teste VIH/sida, lançada pela Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida em Julho de 2008. Escrito, produzido e realizado pela Monomito Argumentistas.
31 julho 2008
Dois por Quatro
Havia algo de sujo naquelas paredes, naqueles corpos inundados em suor, num aroma quente que revelava um corpo noutro corpo. Da casa ao lado ouvia-se a música. Surgira assim, sem que te desses conta. Foi como o momento. O som tinha atravessado as paredes sujas, insurgindo-se contra a escuridão imensa que tomava conta do quarto e do silêncio.
Estávamos em silêncio.
Levantaste-te para abrir a janela e deixar entrar o som que vinha da casa ao lado. A divisão estava agora iluminada pela luz do candeeiro lá de fora, a noite quente entrava sem pedir licença, como a música. Aproximaste-te de mim que estava abandonada em frente ao espelho vazio e a música aproximou-se contigo.
Permanecemos em silêncio.
Vi-te do espelho e senti a tua respiração quente quando te aproximaste, o frémito do teu corpo. Mais alto, maior, envolvias-me assim só com a imagem, só com aquele olhar imenso que me lançaste pelo espelho. Deixei cair um pouco a cabeça de lado e senti o teu queixo a pousar-me sobre o ombro, as mãos a percorrerem-me os braços até às mãos inertes, o peito cada vez mais perto das minhas costas. Respirava fundo, o decote em v revelava a pele morena e a respiração ofegante, ritmada com o compasso de dois por quatro. Deixaste-te ficar a admirar o quadro, fechaste os olhos e inspiraste fundo. Era doce o aroma daquela mulher que tinhas ali junto de ti, tão próximo. Pegaste-me na mão, soou o acordeão, o violino e todos os outros instrumentos que davam corpo ao som que nos entrava pela janela dentro, num movimento rápido colocaste-a sobre o teu pescoço prendendo-me numa posição que nos deixava apenas a alguns centímetros um do outro.
Como se os nossos corpos fossem duas entidades separadas de si mesmas começaram a descrever passos certos, eficazes, como se se namorassem assim naquela dança. Eu rodava nos teus braços, as nossas pernas entrelaçavam-se, cruzavam-se e descruzavam-se quase como se fossem encontros fortuitos entre dois amantes que se desejam arduamente. A música abrandava o seu ritmo e o meu corpo insinuava-se a cada passo, revelando cada curva por debaixo do vestido vermelho de renda negra coberto, o ritmo acelerado fazia com que a respiração me saísse ansiosa pelos lábios vermelhos, o rubor subia-me à face e compunha bem a pele morena, uma madeixa caía-me pela cara e acompanhavam bem o conjunto de músicos da casa ao lado, balançando de cá para lá, lançando no ar um aroma perfumado. Estava maravilhada, sentia-te ali a cada passo, estavas melhor do que nunca, estávamos melhores do que nunca, assim, em silêncio, abandonados aos impulsos primários despertos pela música. O teu corpo vibrava num magnetismo tal que não me permitia errar um único movimento. Atraias-me através dos toques certos, do ímpeto com que puxavas o meu corpo de encontro ao teu e tão depressa o abandonavas e me forçavas a procurar-te.
Eram segredos dançados sobre a luz amarelada que batia no soalho de madeira.
A música tocava e nós sem nunca nos cansarmos continuávamos a dar provas dum entendimento sem antecedentes. Tínhamos despertado quentes, vibrantes, sequiosos um do outro. A música violava-nos a cada nota, num jogo de insinuação e provocação que nos incitava a continuar. A música parou, já tinha parado outras vezes, mas agora a tensão entre nós já tinha chegado ao limite do suportável, já não eram só corpos, éramos nós ali. Eu estava deitada sobre o teu braço, uma perna enlaçada na tua cintura… deixei cair a cabeça para trás cansada, arrebatada, sentindo pulsar em mim todo o sangue e o coração a bater em todo o corpo. Estavas cansado também, mas continuavas forte, prendendo-me no teu braço, suado daquela conversa, daquele debate entre o desejo e a acção.
Ficámos quietos assim um instante, aquele instante em que a música parou, para logo recomeçar.
Mas nós não, nós mantivemo-nos parados perdidos algures num tempo até que a tua mão caiu suave mas decidida sobre o meu pescoço, desceu pelo meu peito devagar, escorregando, fazendo notar a sua presença, conquistando-me. Quando finalmente me seguraste pela cintura ergui o meu corpo, coloquei a minha mão na tua nuca e com um movimento desviei um pouco o teu pescoço, que beijei como se ainda dançássemos ao som daquela música. As tuas mãos encontraram o fecho do meu vestido e, à medida que eu ia percorrendo o teu peito de beijos por entre a camisa entreaberta, tiraste-mo, devagar, palmilhando-me, dedilhando-me como se tocasses a guitarra do som que nos envolvia. Passei as minhas mãos pelas tuas pernas até que elas encontrassem o teu peito vibrante, afastei a camisa fazendo com que esta caísse no chão. As nossas bocas faziam-se agora rodeios, provocando-se por mútuo acordo, como se fossem as pernas de há pouco, até que se entrelaçaram e as nossas línguas se cruzaram.
Deixámos os nossos corpos cair sobre o soalho iluminado desculpados por um ou outro acorde mais cheio que nos entrava pela janela.
Havia algo de sujo naquelas paredes, naqueles corpos inundados em suor, um aroma quente que revelava um corpo no outro. Da casa ao lado já não se ouvia música, continuávamos em silêncio e era o sol quem entrava agora inundando o soalho, revelando-nos despidos sobre uma dança que se fez de sombras.
Estávamos em silêncio.
Levantaste-te para abrir a janela e deixar entrar o som que vinha da casa ao lado. A divisão estava agora iluminada pela luz do candeeiro lá de fora, a noite quente entrava sem pedir licença, como a música. Aproximaste-te de mim que estava abandonada em frente ao espelho vazio e a música aproximou-se contigo.
Permanecemos em silêncio.
Vi-te do espelho e senti a tua respiração quente quando te aproximaste, o frémito do teu corpo. Mais alto, maior, envolvias-me assim só com a imagem, só com aquele olhar imenso que me lançaste pelo espelho. Deixei cair um pouco a cabeça de lado e senti o teu queixo a pousar-me sobre o ombro, as mãos a percorrerem-me os braços até às mãos inertes, o peito cada vez mais perto das minhas costas. Respirava fundo, o decote em v revelava a pele morena e a respiração ofegante, ritmada com o compasso de dois por quatro. Deixaste-te ficar a admirar o quadro, fechaste os olhos e inspiraste fundo. Era doce o aroma daquela mulher que tinhas ali junto de ti, tão próximo. Pegaste-me na mão, soou o acordeão, o violino e todos os outros instrumentos que davam corpo ao som que nos entrava pela janela dentro, num movimento rápido colocaste-a sobre o teu pescoço prendendo-me numa posição que nos deixava apenas a alguns centímetros um do outro.
Como se os nossos corpos fossem duas entidades separadas de si mesmas começaram a descrever passos certos, eficazes, como se se namorassem assim naquela dança. Eu rodava nos teus braços, as nossas pernas entrelaçavam-se, cruzavam-se e descruzavam-se quase como se fossem encontros fortuitos entre dois amantes que se desejam arduamente. A música abrandava o seu ritmo e o meu corpo insinuava-se a cada passo, revelando cada curva por debaixo do vestido vermelho de renda negra coberto, o ritmo acelerado fazia com que a respiração me saísse ansiosa pelos lábios vermelhos, o rubor subia-me à face e compunha bem a pele morena, uma madeixa caía-me pela cara e acompanhavam bem o conjunto de músicos da casa ao lado, balançando de cá para lá, lançando no ar um aroma perfumado. Estava maravilhada, sentia-te ali a cada passo, estavas melhor do que nunca, estávamos melhores do que nunca, assim, em silêncio, abandonados aos impulsos primários despertos pela música. O teu corpo vibrava num magnetismo tal que não me permitia errar um único movimento. Atraias-me através dos toques certos, do ímpeto com que puxavas o meu corpo de encontro ao teu e tão depressa o abandonavas e me forçavas a procurar-te.
Eram segredos dançados sobre a luz amarelada que batia no soalho de madeira.
A música tocava e nós sem nunca nos cansarmos continuávamos a dar provas dum entendimento sem antecedentes. Tínhamos despertado quentes, vibrantes, sequiosos um do outro. A música violava-nos a cada nota, num jogo de insinuação e provocação que nos incitava a continuar. A música parou, já tinha parado outras vezes, mas agora a tensão entre nós já tinha chegado ao limite do suportável, já não eram só corpos, éramos nós ali. Eu estava deitada sobre o teu braço, uma perna enlaçada na tua cintura… deixei cair a cabeça para trás cansada, arrebatada, sentindo pulsar em mim todo o sangue e o coração a bater em todo o corpo. Estavas cansado também, mas continuavas forte, prendendo-me no teu braço, suado daquela conversa, daquele debate entre o desejo e a acção.
Ficámos quietos assim um instante, aquele instante em que a música parou, para logo recomeçar.
Mas nós não, nós mantivemo-nos parados perdidos algures num tempo até que a tua mão caiu suave mas decidida sobre o meu pescoço, desceu pelo meu peito devagar, escorregando, fazendo notar a sua presença, conquistando-me. Quando finalmente me seguraste pela cintura ergui o meu corpo, coloquei a minha mão na tua nuca e com um movimento desviei um pouco o teu pescoço, que beijei como se ainda dançássemos ao som daquela música. As tuas mãos encontraram o fecho do meu vestido e, à medida que eu ia percorrendo o teu peito de beijos por entre a camisa entreaberta, tiraste-mo, devagar, palmilhando-me, dedilhando-me como se tocasses a guitarra do som que nos envolvia. Passei as minhas mãos pelas tuas pernas até que elas encontrassem o teu peito vibrante, afastei a camisa fazendo com que esta caísse no chão. As nossas bocas faziam-se agora rodeios, provocando-se por mútuo acordo, como se fossem as pernas de há pouco, até que se entrelaçaram e as nossas línguas se cruzaram.
Deixámos os nossos corpos cair sobre o soalho iluminado desculpados por um ou outro acorde mais cheio que nos entrava pela janela.
Havia algo de sujo naquelas paredes, naqueles corpos inundados em suor, um aroma quente que revelava um corpo no outro. Da casa ao lado já não se ouvia música, continuávamos em silêncio e era o sol quem entrava agora inundando o soalho, revelando-nos despidos sobre uma dança que se fez de sombras.
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