Notícia do IOL Diário - O anúncio à bebida Orangina no Reino Unido, a tradicional Fanta de Laranja, agitou o mercado com o anúncio sexy à bebida e depressa se fizeram ouvir críticas por parte das organizações que defendem os direitos das crianças.
30 agosto 2008
29 agosto 2008
Copos num BAR e Conversas improváveis
por Charlie
... a morte é a nossa última queca em que só um lado é que goza...
Estive há dias novamente com ela.
À roda dum copo numa conversa em tom baixo, música suave e olhos nos olhos, lendo para além das palavras em cada pequeno jeito nos traços do rosto, cada pequeno sorriso, cada inflexão de voz.
- A vida não é apenas o intervalo entre umas quecas? - Disse ela após termos abordado, entre duas taças, diversos aspectos do eterno tema – Desde a queca a partir de onde foste feito até à tua última ?
- Bem, é um ponto de vista.- Respondi. - mas dito assim posso discordar. Há gente que nunca passou por uma experiência sequer em toda a vida, olha os místicos. Eremitas e sacrossantos que passam a vida em êxtase contemplativo....
- Desculpa mas estás enganado, Carlos. – Interrompeu. – As experiências místicas não mais são que uma forma intensa de sublimação da sexualidade. É sabido, e até guardado nas gavetas do desconforto da Igreja, as situações de orgasmo sentido por todo o corpo pelas noviças e interpretadas por elas como transe divino, de comunicação com o Senhor, com o transcendente. Elas em profunda paixão por esse figura quase nua, crucificada, Jesus filho de Deus, de olhos fechados entregues a quê? Diz-me, Carlos; entregues ao amor. E o que é o amar senão o gostar muito consubstanciado nessa entrega e posse mais intensa que nos está nos genes e nos vem ao cimo, mesmo que inconscientemente?: O sexo!
Olhei para ela e esperei um pouco.
- Tens razão nesse pormenor, - continuei já no uso da palavra enquanto, pegando-lhe na mão, brincava com os seus dedos - e até é sabido os castigos que as Madres Superiores infligiam às pobres desgraçadas quando elas numa pura ingenuidade lhes confiavam e descreviam, exultantes, as suas primeiras experiências de êxtase. Sabemos o que lhes acontecia depois dum enorme raspanete: Mortificação da carne, flagelação e jejum, oração para afastar os pensamentos pecaminosos que o Demónio habilmente lhes induzia disfarçados de prazer na adoração a Deus. Fechadas depois em celas de castigo, perdidas entre uma adoração abstracta e assexuada por um Senhor, que sendo homem não podia ter sexo nem ser Icon de prazer, e a verdade natural de ser-se mulher atirada pela lógica da razão irracional, passe o paradoxo, para os confins dos campos do mal.
- Bem, - interrompeu ela, - mas os conventos não eram só isso. Estás a esquecer-te dessas outras, noutras fases da História, que faziam das celas autênticos bordéis.
Acenei positivamente embora respondesse num tom de meia discordância.
- Bem, bordéis não diria tanto, mas lá que faziam as suas orações em ambiente privado e bem mais animado do que as desgraçadas de que falei agora, isso acredito. Mas quando discordava de ti quanto à vida ser o intervalo entre duas quecas, queria dizer além do que falámos sobre os místicos, que a última queca da vida, não quer dizer o fim dela. Há imensa gente que vive imenso tempo depois de que o corpo tenha deixado de sentir qualquer apelo.
- Acreditas nisso, Carlos? É o corpo que seca ou são os braços que baixam, presos a relações que há muito deixaram de ser nascente? Quantas vezes após um divórcio, gente com uma certa idade redescobre a vida, outros até descobrem-na verdadeiramente... Seja como for, repara, a morte é a nossa última queca em que só um lado é que goza. Quando morremos estamos feitos, fodidos...
Rimo-nos, e pegando-lhe nas mãos beijei-lhe as falanges, os polegares, à medida que ela encolhia os braços fazendo aproximar-nos os lábios. Detivemo-nos um instante, bocas frente a frente a um mero gesto do encontro, guardando o momento naquele limbo fantástico do cai-não-cai do caminhante a atravessar uma ponte de cordas suspensas e que de repente olha para baixo, a dezenas de metros onde corre mais rápido que o olhar, um portentoso rio por entre pedras e restos de troncos, sequiosos por dilacerar as carnes suspensas em vertigem. Afastámo-nos.
- Porque andas nesta vida, perguntei-lhe? Sabes falar de tantos assuntos, és inteligente e culta. Pergunto-me que tipo de conversas terás com certos tipos que apenas procuram Lolitas estúpidas e dar umas quecas...-
- Olha para mim. - Interrompeu. – O que te atraiu em mim? Não foi o corpo? Tal como eles. Mas meu querido, sou eu quem escolhe. Tenho os meus clientes certos que só são certos enquanto eu quiser. Uns conversam duas horas sobre os filhos, outros sobre pormenores dos negócios. Outros levam-me a sítios extraordinários, reservados só a alguns e que passei a conhecer e a incorporar na minha experiência pessoal... Na verdade ando nisto porque gosto, entendes? Gosto de conhecer gente, homens diferentes, rasgar fronteiras. Mete-me horror saber que teria de passar toda a vida com um deles embora me saibam bem os momentos em que eles me tratam nas palmas das mãos, das prendas e do dinheiro que generosamente me pagam para que eu seja só deles. Se queres saber sou como tu: gosto de foder, gosto de ti, falar contigo, rir-me contigo, levar-te para a minha cama, acordar ao teu lado e mandar-te embora, de preferência depressa, para que mais depressa sinta saudades tuas depois de estar com eles... Sou assim, entendes?
- Sim entendo, claro que entendo, - disse olhando para ela horas depois enquanto sem ruído calçava os sapatos e abotoava a camisa para que sem a acordar saísse depois porta fora rumo à minha casa. Para o duche tomado a sós...
... a morte é a nossa última queca em que só um lado é que goza...
Estive há dias novamente com ela.
À roda dum copo numa conversa em tom baixo, música suave e olhos nos olhos, lendo para além das palavras em cada pequeno jeito nos traços do rosto, cada pequeno sorriso, cada inflexão de voz.
- A vida não é apenas o intervalo entre umas quecas? - Disse ela após termos abordado, entre duas taças, diversos aspectos do eterno tema – Desde a queca a partir de onde foste feito até à tua última ?
- Bem, é um ponto de vista.- Respondi. - mas dito assim posso discordar. Há gente que nunca passou por uma experiência sequer em toda a vida, olha os místicos. Eremitas e sacrossantos que passam a vida em êxtase contemplativo....
- Desculpa mas estás enganado, Carlos. – Interrompeu. – As experiências místicas não mais são que uma forma intensa de sublimação da sexualidade. É sabido, e até guardado nas gavetas do desconforto da Igreja, as situações de orgasmo sentido por todo o corpo pelas noviças e interpretadas por elas como transe divino, de comunicação com o Senhor, com o transcendente. Elas em profunda paixão por esse figura quase nua, crucificada, Jesus filho de Deus, de olhos fechados entregues a quê? Diz-me, Carlos; entregues ao amor. E o que é o amar senão o gostar muito consubstanciado nessa entrega e posse mais intensa que nos está nos genes e nos vem ao cimo, mesmo que inconscientemente?: O sexo!
Olhei para ela e esperei um pouco.
- Tens razão nesse pormenor, - continuei já no uso da palavra enquanto, pegando-lhe na mão, brincava com os seus dedos - e até é sabido os castigos que as Madres Superiores infligiam às pobres desgraçadas quando elas numa pura ingenuidade lhes confiavam e descreviam, exultantes, as suas primeiras experiências de êxtase. Sabemos o que lhes acontecia depois dum enorme raspanete: Mortificação da carne, flagelação e jejum, oração para afastar os pensamentos pecaminosos que o Demónio habilmente lhes induzia disfarçados de prazer na adoração a Deus. Fechadas depois em celas de castigo, perdidas entre uma adoração abstracta e assexuada por um Senhor, que sendo homem não podia ter sexo nem ser Icon de prazer, e a verdade natural de ser-se mulher atirada pela lógica da razão irracional, passe o paradoxo, para os confins dos campos do mal.
- Bem, - interrompeu ela, - mas os conventos não eram só isso. Estás a esquecer-te dessas outras, noutras fases da História, que faziam das celas autênticos bordéis.
Acenei positivamente embora respondesse num tom de meia discordância.
- Bem, bordéis não diria tanto, mas lá que faziam as suas orações em ambiente privado e bem mais animado do que as desgraçadas de que falei agora, isso acredito. Mas quando discordava de ti quanto à vida ser o intervalo entre duas quecas, queria dizer além do que falámos sobre os místicos, que a última queca da vida, não quer dizer o fim dela. Há imensa gente que vive imenso tempo depois de que o corpo tenha deixado de sentir qualquer apelo.
- Acreditas nisso, Carlos? É o corpo que seca ou são os braços que baixam, presos a relações que há muito deixaram de ser nascente? Quantas vezes após um divórcio, gente com uma certa idade redescobre a vida, outros até descobrem-na verdadeiramente... Seja como for, repara, a morte é a nossa última queca em que só um lado é que goza. Quando morremos estamos feitos, fodidos...
Rimo-nos, e pegando-lhe nas mãos beijei-lhe as falanges, os polegares, à medida que ela encolhia os braços fazendo aproximar-nos os lábios. Detivemo-nos um instante, bocas frente a frente a um mero gesto do encontro, guardando o momento naquele limbo fantástico do cai-não-cai do caminhante a atravessar uma ponte de cordas suspensas e que de repente olha para baixo, a dezenas de metros onde corre mais rápido que o olhar, um portentoso rio por entre pedras e restos de troncos, sequiosos por dilacerar as carnes suspensas em vertigem. Afastámo-nos.
- Porque andas nesta vida, perguntei-lhe? Sabes falar de tantos assuntos, és inteligente e culta. Pergunto-me que tipo de conversas terás com certos tipos que apenas procuram Lolitas estúpidas e dar umas quecas...-
- Olha para mim. - Interrompeu. – O que te atraiu em mim? Não foi o corpo? Tal como eles. Mas meu querido, sou eu quem escolhe. Tenho os meus clientes certos que só são certos enquanto eu quiser. Uns conversam duas horas sobre os filhos, outros sobre pormenores dos negócios. Outros levam-me a sítios extraordinários, reservados só a alguns e que passei a conhecer e a incorporar na minha experiência pessoal... Na verdade ando nisto porque gosto, entendes? Gosto de conhecer gente, homens diferentes, rasgar fronteiras. Mete-me horror saber que teria de passar toda a vida com um deles embora me saibam bem os momentos em que eles me tratam nas palmas das mãos, das prendas e do dinheiro que generosamente me pagam para que eu seja só deles. Se queres saber sou como tu: gosto de foder, gosto de ti, falar contigo, rir-me contigo, levar-te para a minha cama, acordar ao teu lado e mandar-te embora, de preferência depressa, para que mais depressa sinta saudades tuas depois de estar com eles... Sou assim, entendes?
- Sim entendo, claro que entendo, - disse olhando para ela horas depois enquanto sem ruído calçava os sapatos e abotoava a camisa para que sem a acordar saísse depois porta fora rumo à minha casa. Para o duche tomado a sós...
28 agosto 2008
Out-of-Body Experience
E por entre gemidos e quase soluços, ela disse que não aguentava mais. Porque não aguentaria mesmo. Não que tivesse atingido o seu limiar de resistência física... Não, não era a energia que lhe faltava. Mas estava absolutamente convicta de que o seu corpo não suportaria mais prazer. Mais um movimento que fosse, dele dentro dela, e os danos cerebrais teriam sido, certamente, irreversíveis. Então, quase à beira das lágrimas, deu por encerrada a conversa que estava a ter com Deus e desceu à Terra. Quando os corpos se separaram, a alma voltou-lhe à carne e a consciência ao seu lugar de sempre. Tinha acabado de chegar do Paraíso e do Inferno, ao mesmo tempo.
27 agosto 2008
Em nome do blogue
Estou finalmente divorciada e o ato de poder gerir o meu tempo à minha maneira e dedicar-me de alma e coração à concepção dos meus três bloguinhos enche-me de alegria como se voltasse a ter as rédeas da minha vida sem os engulhos de uma constante tensão.
Há 10 anos atrás, quando comecei o meu blogue com as letras de todas as músicas que me emocionavam e gastava horas e horas a procurar guifes animados de bonequinhos fofos e mimosos para o decorar, sentia-me muito acompanhada por todos aqueles que me deixavam beijinhos na caixa de comentários. De acordo com a tradição fazia a minha ronda por outros blogues e fiquei atraída pelo daquele homem sensível que blogava em modo intimista e adoptava o elogio permanente às mulheres como se elas fossem a sua única razão de viver facilitando que passasse a ser o meu herói. Rapidamente passámos a trocar emails e daí ao MSN foi um pulinho e a jantarmos juntos com a bússola apontada para o pólo sexual foram mais dois ou três sem pára-quedas.
Lá juntámos os corpos e os computadores na mesma casa e foi nessa fase óptima que publicámos inúmeros posts a transpirar paixão em cada linha de html como prolongamento da nossa cama comum e das calorias que lá suávamos com tal gasto de humidade que de fato os lençóis se podiam torcer. Só que era terrífica a discussão diária sobre quem parava de blogar para confeccionar o jantar ou para acertar o horário para trocarmos fluídos e efectivamente consumarmos o matrimónio em vez de mergulharmos no blogue. Os ciúmes passaram a despontar nos links de cada um e na maior intensidade de troca de comentários com este ou com aquela e rapidamente se exaltaram na comparação estatística do tempo dedicado ao filho da puta do blogue ou ao outro. Quero crer que para a subsistência da blogoesfera quem bloga há-de escolher para respectivo par alguém que não ligue pevide ao assunto.
Há 10 anos atrás, quando comecei o meu blogue com as letras de todas as músicas que me emocionavam e gastava horas e horas a procurar guifes animados de bonequinhos fofos e mimosos para o decorar, sentia-me muito acompanhada por todos aqueles que me deixavam beijinhos na caixa de comentários. De acordo com a tradição fazia a minha ronda por outros blogues e fiquei atraída pelo daquele homem sensível que blogava em modo intimista e adoptava o elogio permanente às mulheres como se elas fossem a sua única razão de viver facilitando que passasse a ser o meu herói. Rapidamente passámos a trocar emails e daí ao MSN foi um pulinho e a jantarmos juntos com a bússola apontada para o pólo sexual foram mais dois ou três sem pára-quedas.
Lá juntámos os corpos e os computadores na mesma casa e foi nessa fase óptima que publicámos inúmeros posts a transpirar paixão em cada linha de html como prolongamento da nossa cama comum e das calorias que lá suávamos com tal gasto de humidade que de fato os lençóis se podiam torcer. Só que era terrífica a discussão diária sobre quem parava de blogar para confeccionar o jantar ou para acertar o horário para trocarmos fluídos e efectivamente consumarmos o matrimónio em vez de mergulharmos no blogue. Os ciúmes passaram a despontar nos links de cada um e na maior intensidade de troca de comentários com este ou com aquela e rapidamente se exaltaram na comparação estatística do tempo dedicado ao filho da puta do blogue ou ao outro. Quero crer que para a subsistência da blogoesfera quem bloga há-de escolher para respectivo par alguém que não ligue pevide ao assunto.
26 agosto 2008
Será?!...
Lido hoje... num blog:
"Blogging is like masturbating into a mirror while you videotape yourself, so you can watch it later while you masturbate."
Ou seja, algo como:
"Blogar é como masturbares-te em frente a um espelho enquanto te filmas a ti próprio, para mais tarde te masturbares a ver esse filme."
"Blogging is like masturbating into a mirror while you videotape yourself, so you can watch it later while you masturbate."
Ou seja, algo como:
"Blogar é como masturbares-te em frente a um espelho enquanto te filmas a ti próprio, para mais tarde te masturbares a ver esse filme."
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