12 outubro 2008

Angústia para papar


Nunca mais me chamam gorda e vou provar a todos que sou perfeita, tão bonita e elegante como qualquer modelo. Comecei por meter constantemente dois dedos pela goela abaixo, por engolir muitos comprimidos para emagrecer mas agora é só muita águinha, com ou sem sumo de limão e um ou outro bago de arroz e sinto-me leve, tão leve como uma pena que nem lembro da antiga obsessão de comer. Nem daquela remota rotina de ir vazar os detritos na sanita, num esforço de caretas e arranhões no cu para depois puxar o autoclismo e abrir a janela para não criar maus cheiros que estou sempre limpa e perfumada. Já para não falar do que poupo em tampões e pensos higiénicos.

Há um pequenito senão. O meu namorado queixa-se que lhe falta carne para se agarrar e que as minhas mamas não são as arrufadas de outros tempos e já nem me descola o soutien de silicone para a ginástica coital com prejuízo dos meus mamilos se humedecerem na sua boca. Mas que se lixe que quando me olho ao espelho vejo o figurino que sempre quis ter e já nem ouço os elogios repetidos que ele faz à Kate Winslet ou à Scarletezinha, também porque, valha a verdade, cada vez sinto menos vontade desses exercícios repetitivos que ele para me picar chama concerto de ossos uma vez que metê-lo ou não, roçar aqui ou acolá me é igual ao petróleo que o prazer que tenho naquilo é o mesmo de ir a restaurante. Apenas menos angustiante porque não me engorda.

É só milho...



Encontrado aqui.

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11 outubro 2008

Piropos


He convertido
mis excrementos
en piropos,
para arrojártelos
cuando te visito
en tu palacio frío
de invierno.

En tu piel
dejo mis ojos.
En tus sueños
mis fracasos.

En tus carnes
mi último aliento.
Mírame de vez en cuando.
Te estoy amando.


El artista desnudo

O retiro da Maria Pantelhuda

O Bartolomeu convocou-a e ela apareceu aqui:

"Ora bibão lá, gente boa!
Bim aqui pre comeu amigo Bartalameu mamandou uma missage a dezere que tinha falado de mim precausa dum retiro espritual que fiz ha munto.
E prontes cumo foi uma espriença, benho aqui prá dezer.
Mas ó premeiro inda lhes cria dezer que já conheço o Bartalameu desdantes dir pro retiro e caté até foi um becado precausa dele queu pra lá fui.
O que se passou foi, bom, a bem dezere passousse porque, quercedezere, eu nasci a modos cum becado de cabelo a mais.
E percausa disso cando creci ninhum rapaz da menhaldeia, nem das aldeias à bolte me pegava. Eles inté tinham um becado de medo de mim, precum dia queu tába a chapenhar na ribeira lá daldeia teria os meus 5 ou 6 anos e passou o Xico Rabadilha candava a pastar as cabras e me viu em pelota, o gajo até matirou pedradas perque pensou quera um bicho quele nunca tenha bisto.
Só candeu comecei a gritar: «Tá quieto Chico, quinda me rachas a tola», é quele precebeu quera eu, só que como tava deitada dentro dáuga e a pantelheira me tapaba a cara o xico num me conheceu.
A pratir desse dia fiquei ca alcunha de Pantelhuda, mas agora já tou tão aquestumada, quinté axo qué o meu nome.
Mas já espigadota, apareceu lá naldeia pela altura das festas da desfelhada, qué cando os moxos que estão pra ir à tropa agarram as moxas nas eiras, por trás dos espigueiros e lhes dão cas maxarocas, um ingalês.
Eu num xei cumécuome lá foi parar, o que xei é quera alto cumuma torre e fino cuma um palito e gostaba da pinga quera cumo uma esponja.
Ora cumo o ome era desfrente as moxas da menhaldeia andabam todas a ber se o apanhabam atrás dum espigueiro mas ele achaba-se bem era incostado ao balcão da benda do Malakias a imborcar copos de treis.
Mas aqui a Pantelhuda qué fina quenem um coral, topou a fraqueza do ome e pinsou... pera lá Maria que este que te vai inauguerar a patanisca.
E se bem o pinsei milhor o fiz, peguei num garrafão de binhaça, prantei-me à porta da tasca do Malakias e esprei co bife saísse, nessas alturas amestreilho o garrafão e trucio pra casa.
Depois menhagente cando mapanhei a sos co ingalez é que foi festança da rija. A princípios a coisa nem tava a correr nada bem, perqueu num tinha espriença e o ome táva bebado cuma um cacho e a pintelheira só atrapalhaba ainda mais.
Mas fui bescar uma tisoura de podar e dei um aparamento à mata, inda saltaram de lá duas lebres e uma raposa, mas a que se ficou a ver milhor a racha do conão e cumo já pingava lá de dentro uma langonha escorregadia, quinté pinsei que tivesse alguma retura na encanalização, aquilo foi só fazer o nabo do ingales engrossar e encostar lá acabeça, que escorregou cumo manteiga.
Bom, agora vou dar milho às galinhas e mais logo volto cá para lhes contar o resto.
Beijinhos e abraços!
(...)
Ora cá estou de nobo, então adondé queu ía...?
Ah estába cuntar aos sinhores a passage cum o ingalês.
E então axim foi assim que cunsegui que o óme alavantasse a alabanca, assinteime em xima, caquilo num precisou que ninguem me dixesse ca natureza incareregasse de nos incinar tudo e arrecadei a mangueira toda caquilo foi cumo se estibera a comer carapau sem espinhas.
Ósdepois, cuntentinha cumo fiquei deixeio pra lá a dromir à espera ca bêbada se espalhasse co sono quera pró oitro dia lhe dar a dose a baler. Só que cando malebantei, do ingalês já nem a sombra.
Indándei pelas ruas a priguntar salguem o bira, mas todos me deziam que não. Intão boltei pra casa e puzma pinsar na minha sorte, agora que tinha arranjado um montador, logo ele mavia de desapracer.
Um dia, andava na monda com mais um grupo de cachopas e moços da menhaldeia, ondo o Bartalameu tambein andava e reparei às tantas que ele se tinha esgueirado lá pra trás duns silvados e logo atrás dele vi ir tambein a Janaveva da fonte.
Saltoumapulga atrás da óreilha e de fininho fui espreitar o qué queles iam fazer.
Intão cando xiguei ó pé do silvado, ouviasse uma restolheira danada quinté pracia uma guerra de janvalis, espritei e qué queu vajo?
A Janaveva cas saias pro piscoço e o Bartalemeu cas ciroilas abaixadas e uma marreta arreitada que fazia aquaize três da do bife.
Jurobos alminhas santas quinté mafaltou o ar só do ver. E nessa nôte nem dromi só a pinsar: Ai co malbado do ingalês afinal numarrabentou cos imãs, eu tenho de ver se levo este Bartalemeu à menhaádega. E boteima magincar de que maneiras é cavia do fazer.
E intão a pratir desse dia andei sempra a magicar um modo de o libar pra menha casa. Um dia cando ia a passar im frente à casa do regidor vi o Bartalemeu a cunbersar cum ele e a dezer-lhe que ia estudar pra Lesboa. Ai nesse instante o ceração deumum salto quinté pracia que me saia pela boca. Foi intão cando o rigidor lhapréguntou o que ia ele estudar e ele disse quéra pra cambeleireiro, é que foi cumo semacindesse uma lamparina no cébaro e alembreime logo duma grande indeia.
Espirei pro Bartalemau mais à frente e disse-lhe que tinha óbido dezer quele cria ser cambeleireiro e que tinha umas brochuras lá em casa com pinteados da moda que lhamostrava sele quesesse ver.
O Bartalemeu nem suspeitou da marosca e desse logo que sim, quia só a casa meter a burra no palheiro que ia logo de seguida ter comigo.
Nem bos digo nem bos conto cumo fiquei tã cuntente. Fui logo a correr pra casa, piguei numa escoba e num pinte e boteime logo a pintear a pantelheira e a fazer um carrapito prá ter toda bem compostinha pra mostar quandele chigasse.
Assim co Bartalemeu chigou, abri-lhe a porta, mas ficheilha logo à chave e boteia no meio das mamas. Mas ele num simpertou, só priguntava pelas revistas, que cria era ver os pintiados.
Intão boteimáfrente dele, alivantei as saias e mestreilho carrapito. O Bartalemau abriu munto os oilhos de espanto e disse: «Mas ca ganda marabilha, quem é que te fez um pintiado tão bein feitinho?»
Boceses nem imanginam cumo me sinti urgulhosa caquelas palabras dele. Intão, ajuntei as mãozes pre baixo do imbigo, dobrei um cadixo a perna, inquelinei a cabeça um cadito pro lado e fiz um rizinho marouto d'inmitação cuma fetungrafia que tinha bisto numa rebista, quera duma amaricana do cenema que se chamaba Marialina Monrrole.
O Bartalemeu cando me viu assim, veio pra junto de mim e desse-me: «Ai Maria Pantelhuda que nunca te tinha bisto cuma hoije, que estás mesmo apatitosa rapariga». Ê sespirei e o Bartalemeu nem me deu tempo pra mais nada, sacou o enxota-moscas de dentro das ciroulas, inquestoumá parede da sala e arrimoume logo cum ele entre-bordas quinté pracia co chão me fegia debáxo dos pézes.
Despois alebantoume uma perna e ainda interrou o espanta-mulas mais fundo queu já cria que me chigava à boca. Despois de me arreitar umas balentes estocadas, mandoume drobar prá frente e botar as mãos incima da mesa, botousse por trás de mim e... aí é queu pinsei que tinha chigado o fim do mundo. O óme pracia um boi de cobrição, agarroume nos cadris e a cada bez que minterrava o malho era cumo so céu sabrisse e eu inté já bia os ánjinhos a tecar harpa, sinos e tudo.
O preblema foi despois, cando o Bartalemeu me ditou de barriga pro ar in cima da mesa e me botou as pernas im cima dos ombres dele e boltou a encabar nobamente a bingala e apertába masmamas e às tantas a coisas descontrelou-se e eu já lhe gritába «ah Bartalemeu que me matas» e ele, que no mataba nada, e eu, que desse cum mais força, até que no meio daquilo tudo, o carrapito desmanchasse e eu só já bia pantelhos à menha frente até que dixei de o ber a ele.
Olhem, quando precebi que o Bartalemau se tinha predido no meio do pintelhame apanhei um susto que só bos digo. E pinsei logo: queres tu ber Maria Pantelhuda, quindaàdias perdeste um e já bais perder oitro?
Intão fiquei ali sintada à espera pra ver se o via apracer lá do meio do pintalhal, mas fêsse nôte e nada do Bartalemeu. Inté que malimbrei dir ò mê bezinho pedirlhe imprestado um predigueiro com quele caça, pra ver so anemal me farejava o óme.
O Canito andou per lá a nôte toda e ao oitro dia de manhã nem o cão nem o Bartalemeu ainda tenham apracido.
Maria Pantelhuda"

A crise americana da meia idade


Alexandre Affonso - nadaver.com

Curtas metragens - a quarta: «Deu no Jornal»


Deu no Jornal

Parceria com Porta Curtas

10 outubro 2008

A esquerda e a direita...

Num momento de profunda confusão ideológica, em que a crise do subprime levou os governos de direita a nacionalizar bancos perante o queixume da esquerda, mais do que nunca exige-se um esforço de clarificação, demonstrar os tons claros de uma clivagem que dividem duas filosofias de vida, diferentes perspectivas de encarar o mundo, distintos modelos de vida.
Tomemos com exemplo as mulheres: basta um singelo olhar para compreendermos as inúmeras diferenças que separam uma mulher de esquerda de uma mulher de direita. E não me refiro a aspectos meramente acessórios: aquilo que as de esquerda não gostam muito de tomar banho, sendo evidente, não deixa de ser um pequeno pormenor. E, sinceramente, sempre achei que essa coisa de tomar banho era sobrevalorizada.
Não me apetece ser fútil, mas num texto com estas características era incompreensível não deixar a pergunta: se as lojas dos chineses fechassem, onde é que as tipas de esquerda iam comprar a roupa? Será que é uma obrigação ideológica vestirem aqueles trapos largos? Será a roupa justa uma injustiça social? E aqueles cabelos? Alguém me explica a razão? Da ultima vez que meditei sobre o tema, as cabeleireiras não eram propriamente multinacionais capitalistas exploradoras do operariado, mas jovens atiradiças de classe média-baixa com demasiada água-oxigenada no cabelo pelo que, honestamente, não vejo qual o problema de passarem lá uma vez por mês para desempeçarem os cabelos. E não falo de extremismos: não me passaria pela cabeça sugerir a uma mulher de esquerda que fosse a uma estética desbravar “o vale peludo”, porquanto compreendo bem que quem não faz o buço nem apara os pêlos debaixo dos braços, se iria sentir incómoda com a dita cuja depenada!
Mas o que realmente distingue uma mulher de esquerda de uma de direita é ao nível da sexualidade. Esclareço que pretendo com esta douta reflexão explanar uma visão imparcial e objectiva, pelo que não se procurem nestas linhas encontrar qualquer hierarquização de preferências: para que fique claro, estou convicto que uma mulher, seja de esquerda ou de direita, desde que diga que sim e no fim gema, se quiser estar comigo, fica perto da perfeição! Mas, como dizia, a intimidade distingue as mulheres dos diferentes campos ideológicos; desde logo, como é consabido, têm diferentes visões sobre o “fazer o amor”, sendo que, como todos sabem, a mulher de direita pratica o coito para procriar e a de esquerda para abortar!
No que diz respeito ao coito anal, as mulheres de direita não têm serventia, provavelmente por recalcamentos religiosos; no entanto, sublinhe-se que a componente cristã se torna muito útil no que ao sexo oral concerne porquanto, desde petizas habituadas a ajoelharem-se de olhos bem fechados, basta dizer que é a hora da hóstia para escancararem a boca e com agrado recebem a penitência.
Uma menção final, para os apreciadores dessa imundície do sexo em grupo: é profundamente desaconselhável persuadir a mulher de direita a participar, porque elas têm aquela mania da propriedade privada, agarram-se ao seu “património” e impedem-no de partilhar a sua riqueza; por outro lado, a mulher de esquerda apenas se realiza completamente numa democrática orgia, oferecendo os seus meios de produção ao povo, agarrando nas mãos as “bandeiras” do proletariado, usurpando o “capital” até à ultima gota, sem classe nem estado, na procura do bem comum, pensando sempre naqueles com mais necessidades…

«Não casarás!» - por Henrique Monteiro



HenriCartoon

Mas o Nelo, a nossa bicha residente, esclarece:
"Éu, como homeimseksual, o que goshto é de çer açim uma malucona, Faser o belu broshe, ou brincar aò «apanha-me-lá-que-çe-mapanhares-podes-miraupacote-vá-lá-pra-nam-te-cançares-neim-me-mecho»."

"Máquina dos Sonhos"


Uma parceria com The Perry Bible Fellowship

Ai, os correios...


Na caixa pode-se ler:
"Desculpe. Isto foi acidentalmente entregue em nossa casa. Divirta-se."
E no post-it:
"Querido Nick, isto estava na nossa caixa de correio. Nojento! Mãe"

09 outubro 2008

Sexo Deus e... outras coisas

Reflectindo na pergunta que a Marla deixa no final do seu "Mundos", resolvi ligar ao Manel Freire para o convidar a sentar-se comigo sobre esta pedra cinzenta para pensar e descansar, olhando aquele ribeiro manso, em serenos sobressaltos, aqueles pinheiros altos que em verde e ouro se agitam, assim como aquelas aves que gritam em bebedeiras de azul.
Mas ele disse-me, vai andando queu já tapanho... estou-me a vestir. Enquanto ele não chega... vou reflectindo:
Desde há milénios que a humanidade alimenta duas inquietações que lhe são intrínsecas: Sexo e Deus.
Estes dois "pólos" encontram-se documentados desde as pinturas rupestres e interligam-se de diferentes formas, em diferentes estágios, acompanhando ininterruptamente a evolução da humanidade. É impossível conceber o percurso da espécie sem os tomar como absolutamente equivalentes, dependentes e complementares.
Senão vejamos:
Teologicamente, a manutenção da espécie está no seguimento da ordem divina "crescei e multiplicai-vos"!
Espiritualmente, percebemos sem qualquer dificuldade que se a primeira premissa não existisse, ou fosse desconsiderada, a divindade não teria também lugar.
Contudo, a estas duas proposições subvém a problemática da matéria, cuja, é forçoso seja alimentada por uma energia. É aqui queridos amigos que entram as regras universais da mecânica, completamente camufladas pelas manhas da física.
;)))

Ok! Nestes termos, e como sames pessoas inteligentes, botamo-nos a pinsar... pera lá, Alfredo, (isto sou eu e o Alfredo a dialogar) então a dinâmica é a troca de energia... ai o caraças... queres tu ver?! Ó pá, então o maralhal pensa que engata e fode e come as gajas e dá ao cu que nem um cão, esporra-se que nem um cavalo, julga-se o maior, o mais potente, o mais... mas afinal não está mais do que a obedecer a uma regra que lhe é imposta pelas dinâmicas universais?!
- Foda-se, caralho, que eu andava mêmo convencidinho que as gajas me aceitavam a pixota entre bordas porque me achavam pracido cu Bred Pit... oh, ca ganda porra!
- Pera lá, man (isto é o Alfredo a dialogar comigo) a coisa também não é assim tão vaga quanto isso. Repara... a natureza compensa-te.
- Compensa-me como?
- Pá, é assim: o homem tem uma função dinâmica, tal como todos os outros seres, a sua função é gerar energia. De uma forma natural, o homem gera e acumula energia. Essa acumulação, obriga-o a que a dispenda. Uma das formas é transferindo-a para a mulher. Esta, por seu lado, é dotada de um mecanismo diferente que a obriga a "gastar" energia. Entre outras, a via mais prática de transferir essa energia, é a sexual, sendo ainda o modo mais agradável que a natureza encontrou para que tanto homem como mulher sintam prazer durante o processo de "transferência". É óbvio que o objectivo final é o de gerar mais matéria que alimente o dinamismo do universo. Assim e sem grande custo, percebemos perfeitamente o ciclo que se assemelha aquele tão simples é natural que é o da água na Terra. Chove, a aguínha escorre prós rios e prós linçóis freáticos, óspois prós lagos e prós oicianos, invapora-se, coindensa-se, bolta a tumbar, molha o maralhal, encava-se na terra, a que num sencaba, escorre e per aí indiante.
Já consegui maçá-los com tanto palavreado?
Beijos e abraços!!!!

;)))))