31 dezembro 2008
30 dezembro 2008
CISTERNA da Gotinha
Os pés podem ser muito sexy.
Nunca mais levo os meus filhos ao Jardim Zoológico. É um lugar de deboche e depravação.
Calendário 2009 para as Meninas.
Nunca mais vem o Verão, não é?...
29 dezembro 2008
01:15
Entrou sorrateiramente sem acender qualquer luz. Dirigiu-se à casa de banho, fechou a porta em silêncio e sorriu: decidiu fazer-lhe uma surpresa. Despiu-se, tomou um duche rápido e, só se tendo secado, apagou a luz, abriu a porta da casa de banho e ficou imóvel. Não ouvia nenhum ruído, nem sentia qualquer movimento. Pé ante pé foi até à cama, onde se deitou com mil cuidados. Sentiu o fresco do lençol e o calor que emanava do corpo desejado. Sorriu e tocou-lhe suavemente. Feliz, teve um ligeiro tremor de excitação: a surpresa ia começar…
A luz do candeeiro acendeu-se.
O corpo imóvel moveu-se e sentou-se: mão no interruptor e cara de tempestade.
– Deves pensar que sou uma puta!
Entre o espanto do tom, da luz, da cara, esqueceu-se de retirar a mão que pousara na perna e sentiu-a afastar-se até que a mão caiu desamparada no lençol.
– Uma puta?!
– Sim, uma puta! – A luz fraca da lâmpada economizadora distorciam-lhe as feições e o silêncio da noite amplificavam-lhe a voz.
– Uma puta?! – tornou a perguntar, à procura de um sinal em sentido contrário, de um sorridente “Enganei-te!” ou de algo que… de qualquer coisa que… não sabia mas ainda esperava qualquer coisa. – Porquê uma puta?
A luminosidade da lâmpada aumentava mas o que via não se tornava mais claro, pelo contrário: a mão que continuava agarrada ao interruptor, os olhos perdidos em pálpebras demasiado abertas que não descolavam dos seus, os lábios numa linha horizontal de força quase descontrolada, o pescoço retesado com as veias salientes num esforço de contenção… Tudo o que via enegrecia o quadro.
Entristeceu definitivamente sentindo que a luz afastava a remota possibilidade do “Enganei-te!”, que a claridade já não permitiria, e olhou para a casa de banho onde desejou estar e recomeçar tudo de novo.
– Uma puta! – O volume baixara mas o tom era mais duro, a mão largou o interruptor e os braços alinharam-se ao longo do corpo, terminando em punhos cerrados que entravam pelo colchão. – Sim, deves pensar que sou uma puta para estar aqui, a esta hora – olharam de viés para o relógio –, a esta hora de pernas abertas à espera de vossa excelência para foder!
Olhou de novo para o relógio, não se enganara, era 1:15. “E que não fosse” censurou-se por entender que estava a justificar o injustificável.
– A seguir vais-me perguntar onde é que andei? – perguntou, enquanto se sentava na cama. Tentava pensar mas não conseguia, as ideias, os pensamentos, as dúvidas, as perplexidades atropelavam-se, caíam em catadupa umas atrás das outras e anulavam-se.
– Não posso?
O aguçado “Não posso?”, manejado com fria e letal destreza, fez-lhe pior que a surpresa da “puta à espera de pernas abertas”, que a luz do candeeiro a iluminar uma relação que não sabia condenada, que a expressão disforme e animalesca que os reflexos sombrios do seu interior e da sua fraca lâmpada mostravam.
– Não, Paulo, não podes. – Ela rodou sobre as nádegas e pousou os pés no chão. – Agora não podes.
A luz do candeeiro acendeu-se.
O corpo imóvel moveu-se e sentou-se: mão no interruptor e cara de tempestade.
– Deves pensar que sou uma puta!
Entre o espanto do tom, da luz, da cara, esqueceu-se de retirar a mão que pousara na perna e sentiu-a afastar-se até que a mão caiu desamparada no lençol.
– Uma puta?!
– Sim, uma puta! – A luz fraca da lâmpada economizadora distorciam-lhe as feições e o silêncio da noite amplificavam-lhe a voz.
– Uma puta?! – tornou a perguntar, à procura de um sinal em sentido contrário, de um sorridente “Enganei-te!” ou de algo que… de qualquer coisa que… não sabia mas ainda esperava qualquer coisa. – Porquê uma puta?
A luminosidade da lâmpada aumentava mas o que via não se tornava mais claro, pelo contrário: a mão que continuava agarrada ao interruptor, os olhos perdidos em pálpebras demasiado abertas que não descolavam dos seus, os lábios numa linha horizontal de força quase descontrolada, o pescoço retesado com as veias salientes num esforço de contenção… Tudo o que via enegrecia o quadro.
Entristeceu definitivamente sentindo que a luz afastava a remota possibilidade do “Enganei-te!”, que a claridade já não permitiria, e olhou para a casa de banho onde desejou estar e recomeçar tudo de novo.
– Uma puta! – O volume baixara mas o tom era mais duro, a mão largou o interruptor e os braços alinharam-se ao longo do corpo, terminando em punhos cerrados que entravam pelo colchão. – Sim, deves pensar que sou uma puta para estar aqui, a esta hora – olharam de viés para o relógio –, a esta hora de pernas abertas à espera de vossa excelência para foder!
Olhou de novo para o relógio, não se enganara, era 1:15. “E que não fosse” censurou-se por entender que estava a justificar o injustificável.
– A seguir vais-me perguntar onde é que andei? – perguntou, enquanto se sentava na cama. Tentava pensar mas não conseguia, as ideias, os pensamentos, as dúvidas, as perplexidades atropelavam-se, caíam em catadupa umas atrás das outras e anulavam-se.
– Não posso?
O aguçado “Não posso?”, manejado com fria e letal destreza, fez-lhe pior que a surpresa da “puta à espera de pernas abertas”, que a luz do candeeiro a iluminar uma relação que não sabia condenada, que a expressão disforme e animalesca que os reflexos sombrios do seu interior e da sua fraca lâmpada mostravam.
– Não, Paulo, não podes. – Ela rodou sobre as nádegas e pousou os pés no chão. – Agora não podes.
28 dezembro 2008
post-natal
São, como não deixei prenda naquele saquito que estava na tua funda chaminé - e que parecia mesmo uma camisinha, valha-te maria-josé... - aqui fica um post-natal, com maresia:
e lá se foi o Natal – essa quadra tão magana
enchendo a todos de gana de querer ser solidário
ao fundo um retardatário bate co’ as botas no fundo
das costas ou cu se gostas de chamar p’lo nome os bois
a ver se logo depois se aconchega ao borralho
que está de arrebimba-ò-malho o tempinho cá na rua
e farto de ver a Lua anda o velhote da história
que tem seu mês de glória um só e em cada ano
triste e só anda este mano quem sabe vive de esmola
que a cena da Coca-Cola acabou já faz uns tempos
agora ele é só lamentos pela roupa vermelhusca
pela criançada cusca e aquela barbaça hirsuta
que seria coisa bruta não fosse ela alva de linho
corre pois ele para o ninho farto de prendas e renas
como se penasse penas por tanto a todos pesar
que com ele é só comprar – comprar – comprar – e comprar
não tem nada que enganar mas não há já quem o ature
e não sabe ele como fure este destino aziago
de do consumo ser mago e coisa de meter dó
ouvir-se-lhe o oh-oh-oh no espaço sideral
no centro comercial ou no écran de plasma
e a malta toda pasma de viver tanto o velhote
sem haver quem o enxote pois graça não tem nenhuma
a não ser aquela uma de favorecer as compras
ah não se ouvirem as trompas de alguma divina orquestra
dando ao Natal que nos resta personagens mais catitas
e acabar com as fitas de um pai natal que coitado
viverá desconsolado nos quintos do pólo norte
maldizendo a triste sorte de ter só com ele as renas
dores nas cruzes e as tais penas de vaguear tão sozinho
melhor muito melhorzinho ficaria o Nicolau
se em vez do banco de pau que o espera em seu ermo
a tal multinacional ao ermo pusesse um termo
e lhe desse companheira
roliça – doce – matreira – brincalhona – prazenteira
também de rubro vestida mas sem barba tão comprida
de precária situação ou com termo de contrato
mas que desvie o ancião do destino caricato
e lhe dê prendas a ele que tão farto está das penas
e das cenas com as renas e com razão afinal
e nos deixe no Natal o presépio cultivar
sem ter que comprar – comprar – oh-oh-oh
tão só comprar…
e lá se foi o Natal – essa quadra tão magana
enchendo a todos de gana de querer ser solidário
ao fundo um retardatário bate co’ as botas no fundo
das costas ou cu se gostas de chamar p’lo nome os bois
a ver se logo depois se aconchega ao borralho
que está de arrebimba-ò-malho o tempinho cá na rua
e farto de ver a Lua anda o velhote da história
que tem seu mês de glória um só e em cada ano
triste e só anda este mano quem sabe vive de esmola
que a cena da Coca-Cola acabou já faz uns tempos
agora ele é só lamentos pela roupa vermelhusca
pela criançada cusca e aquela barbaça hirsuta
que seria coisa bruta não fosse ela alva de linho
corre pois ele para o ninho farto de prendas e renas
como se penasse penas por tanto a todos pesar
que com ele é só comprar – comprar – comprar – e comprar
não tem nada que enganar mas não há já quem o ature
e não sabe ele como fure este destino aziago
de do consumo ser mago e coisa de meter dó
ouvir-se-lhe o oh-oh-oh no espaço sideral
no centro comercial ou no écran de plasma
e a malta toda pasma de viver tanto o velhote
sem haver quem o enxote pois graça não tem nenhuma
a não ser aquela uma de favorecer as compras
ah não se ouvirem as trompas de alguma divina orquestra
dando ao Natal que nos resta personagens mais catitas
e acabar com as fitas de um pai natal que coitado
viverá desconsolado nos quintos do pólo norte
maldizendo a triste sorte de ter só com ele as renas
dores nas cruzes e as tais penas de vaguear tão sozinho
melhor muito melhorzinho ficaria o Nicolau
se em vez do banco de pau que o espera em seu ermo
a tal multinacional ao ermo pusesse um termo
e lhe desse companheira
roliça – doce – matreira – brincalhona – prazenteira
também de rubro vestida mas sem barba tão comprida
de precária situação ou com termo de contrato
mas que desvie o ancião do destino caricato
e lhe dê prendas a ele que tão farto está das penas
e das cenas com as renas e com razão afinal
e nos deixe no Natal o presépio cultivar
sem ter que comprar – comprar – oh-oh-oh
tão só comprar…
Ah leoa!
Há quem diga que os leões são uns preguiçosos já que enquanto as leoas vão à caça para alimentar as barriguinhas eles ficam pachorrentamente a fazer umas sonecas à sombra das suas jubas e raramente as acompanham.
Outros há que contra-argumentam que eles precisam de poupar forças porque as leoas são muito exigentes na cama. A questão é que no período de acasalamento mensal que dura de 2 a 5 dias, as leoas precisam de fazer sexo umas 50 vezes ao dia, seja de dia ou de noite e em bando, elas tendem a ter cio todas ao mesmo tempo, de onde se julga ter nascido o epíteto de rei das selvas.
Outros há que contra-argumentam que eles precisam de poupar forças porque as leoas são muito exigentes na cama. A questão é que no período de acasalamento mensal que dura de 2 a 5 dias, as leoas precisam de fazer sexo umas 50 vezes ao dia, seja de dia ou de noite e em bando, elas tendem a ter cio todas ao mesmo tempo, de onde se julga ter nascido o epíteto de rei das selvas.
_______________________________
O Bartolomeu vem demarcar o seu território:
de juba farta e dourada
E na foda não é «corte»
traz a leoa bem consolada
Eu na selva sou elefante
com minha tromba afamada
Atrombo na minha amante
E no resto da manada
Vêm hienas do deserto
pedindo aquele minete louco
Trazem o cono bem aberto
E o seu risinho maroto
Aparecem tambem as girafas
de cabeças bem levantadas
(pedindo choramingas)
- Bartolomeu, vê se me safas
faz-me umas belas trombadas!
Vêm macacas, doninhas
invadem a selva num instante
- Atromba nas nossas coninhas! -
pedem elas insistentes
E esta tromba comprida
Sempre pronta pr'ó trabalho
enche-lhes a cona escorrida
Como se fosse um caralho"
O Nelo exorcisa a azia às covas:
que fases do minete farpa
Tens uma forma eisquezita
de lamberes a cova à jirafa
Çe nam foçe eu çaber
çeres melhér q´ du falar beim goshta
diria quereres antes faser
du méu falar coiza de tróssa
Pois çe çou melhér que fala
co´a prefeissão ca lingua le deve
nam çei perqueim éi quele çe istalfa
a inventare cu Nelo mal iscreve...
Beim çei que éi Girafa
o bicho eçe de grande bescoço
mas que quereim çó miscapa
o iscrever "jirafa" e prontos.
Mas mete aind´ o Bartas e dele
uns macacus e umas doninhas
umas trombas e umas rizinhas
tudu prás covas, çeim apelo.
neim uma frase prá alma, eshta
que éi bisha rezidente
o que çeria deshte broshe
u que çeria deshta jente?
Maj nãu! Ele éi trombada
ele ei falar de covas
ele éi: Çenhores que farta
queu istou, dehste Barta e çuas trovas.
Inda tive uma isprança
quande iscreveu u bisho com "jí"
pençei cu bescoço comprido
hera coiza para mim
Mas nam paçou de gozo
com este pobre homeimzeksual
De jirafa paçou ao cono:
- A arcaide-cova feminal. -
E mustrar como é çacana
disvalendo u queu valho
acabou a Ode eim covas
escurrendo tudu prum caralhu"
O OrCa não pode ouvir falar em oder que aparece logo para ajudar "a endireitar um pouco os cortinados":
no sexo bem aplicado
e deve tê-los de aço
ou talvez contraplacado
mas é bicho dado a fitas
e tal qual coelho astuto
dá as suas pranchaditas
em bem menos de um minuto
são muitas será bem certo
diz quem lhe inveja o total
mas não me parece esperto
afinal este animal
muitas dá e tanto pena
nas unhadas da consorte:
«- Dois minutos? Ena, ena!
hoje estás touro de morte!...»"
E como quem anda à caça pode levar um tirinho, eis que o Nelo reaparece:
Mais da çua poezia.
Ele é melhér dus més incantos
Ai Orquita u queu te fasia...
Heras mais cum touru de morte
Um lião sheio de vida
Doish minutos? Ó que çorte
O tempo cuntigo, nam teim medida.
Isperu-te Orca onde quizeres
Eim caza ou milhor, no té quintale
Nu meiu das plantas, çelva de praseres
Çente-me melhor, çeres animal
Mazinda vou há nina Plyana´
Eça que goshtava de çer home
Fica çabendu que na cama
Não ção covas u cu Nelo come
Mas nam discarto uma cunverça,
Deças cas melhéres teim çegredo
Falar de broshes, de homes etecetera
Menus de covas, diço teinho medu
Verás cumo a jente çe diverte
Ai melhér, ai que rizota
E çe um dia mudaris de seksu
Terei atrás aberta a porta..."
27 dezembro 2008
Era uma vez…
Ela estava sempre a repetir que ninguém a queria.
Ele o que menos queria era contrariá-la.
E viveram infelizes para sempre.
Ele o que menos queria era contrariá-la.
E viveram infelizes para sempre.
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