11 fevereiro 2009

Magusto quente


Só não choviam gatos e cães porque ainda era no tempo do império romano e os gentlemen bretões eram considerados uns bárbaros. Martinho seguia devagar na sua mula que quanto mais tempo passava no exército mais as condições pioravam e naquela condução modorrenta teve ocasião de olhar para o lado e ver debaixo de uma arcada uma moçoila de carnes firmes e mamas opulentas que o trapo branco completamente molhado que a cobria não deixava os seus olhos enganarem-se. Era uma autêntica madonna que mesmo de cabelos soltos e desgrenhados era uma apetecível dádiva dos deuses.

Desmontou e acercou-se da mendiga que tiritava envolvendo-a em abraços para a aquecer que ela não recusou. Largou-a e num gesto que já adivinhava hollywood e quiçá bollywood puxou a sua capa vermelha e rasgou-a ao meio para depositar uma metade sobre a cabeça e os ombros desnudos da rapariga aconchegando-a àquele veludo. Tomou-a nos braços para a levar ao colo até à garupa da mula e levou-a para casa onde à falta de esquentador ou caldeira eléctrica para lhe dar um banho quente a convidou a despir as roupas húmidas frente a uma lareira que ateou e onde colocou umas castanhas a assar que isso ao menos tinha sempre de sobra em casa por mor do castanheiro do quintal. Ainda pensou em colocar uma pele de urso no chão para se estenderem mas qualquer coisa lhe disse que no futuro isso seria de muito mau gosto e foi buscar umas mantas tecidas de lã. Depois, para melhor aquecer a sua convidada encetou o pipo novo do vinho daquele ano que o anterior já acabara. Brindaram nus que Martinho era um homem solidário e ao sacudirem as cascas das castanhas roídas os mamilos dela eriçaram-se ao tocar na pele dele o que despoletou uma vontade de liça no punhal de carne que os protagonistas da história se enrolaram de tal forma em exercícios de aquecimento que nem deram conta que a chuva parara e o sol começara a bater nas janelas como se fosse verão.

temos arraial, pessoal!



Há uns trabalhos mais cansativos que outros


Bater uma... soneca!

10 fevereiro 2009

Esquece a crise!

Anúncio de convívio no «Diário de Coimbra», por estes dias...

Eros Porto '09


Eros Porto '09

II edição do ErosPorto
12 a 15 de Fevereiro
Multiusos de Gondomar

Só é pena - e nada erótico - que a página internet tenha tantos erros de português. E, para que conste, já várias vezes me ofereci para os ajudar a corrigi-los... mas não me ligaram nenhuma...

09 fevereiro 2009

Toponímia peculiar



O Luís, um camarada que está sempre na estrada (a viajar, entenda-se e não como em "à beira da..."), publicou uma panóplia de nomes de localidades mais peculiares que encontrou.


De Cachão a Pica, cuja placa toponímica foi subtilmente aumentada de uma prótese em forma de cedilha por um autor anónimo, o visitante surpreende-se mesmo é ao chegar aos Corvos Anais.


Não querendo dissertar sobre as possibilidades da origem do nome da povoação, deixo contudo no ar a questão sobre a designação dos seus habitantes: serão corvenses anais ou corvinos anais?


em planos para o Gay Pride em Madrid (1 de Julho)

Compreensão


Alexandre Affonso - nadaver.com

08 fevereiro 2009

Encravada


Nem os mergulhos sucessivos nos corpos dos outros, umas almas caridosas a auxiliarem-me a fazer a festa na rotina dos dias, me apagaram o corpo dele a alastrar no meu interior sem nunca tocar a pele de fora. E ele é apenas mais um branco. Branco e baixote e eu já tive tantos como a Maria Madalena na famosa ópera rock que uma gaja não pode ser tão insensível que atire com o fardo do desejo que ele não cumpre pela razão justificada de o dedicar a outra.

Comecei a diminuir as atenções em todos os pequenos nadas que nos insuflam da vontade de estar vivos para não me tornar um cartaz granjola de publicidade de auto-estrada a enfiar-lhe pelos olhos adentro que era a vitamina da minha vida que isso mal comparado é como um país invadir o território do outro com artilharia pesada.

Até que num daqueles dias em que os pêlos encravam e acreditamos piamente no facto de haver coisas do caralho abandonei o telemóvel em repouso à beira da cama, a castigá-lo por se armar em despertador de cada manhã e me empurrar para as obrigações diárias e foi justamente quando lá tombou um convite dele para almoçar. Só passadas muitas horas dei pela coisa e notei-lhe na voz o amuo da oportunidade perdida e vai daí, desembainhei a minha voz mais maternal de quem não quer o pequenino a sofrer arrematando a conversa para a próxima enquanto engolia o cuspo que me sodomizava por acreditar no deleite máximo do momentos de cada dia.

Quem sou eu, o VinteSete, e de onde me vem a alcunha.

" Adeus ó Feira de Castro
que já te vou conhecendo
Trago a ponta do pau gasto
e as bordas do cu ardendo"

(popular Alentejano)

Bem cabranagem cá do sítio. Deixem-me cá apresentar.
Nasci e vivo há uma remessa de anos num lugar chamado Monte do Cardo que fica entre Castro Verde, Almodôvar e Mértola, e que alguém baptizou de Alentejo Profundo.
Fui baptizado com o nome de José Carlos Trambolica e por ser mais fácil à língua todos me chamam Zeca Tramelica, mas os que me acompanham nas paródias e me conhecem bem tratam-me por o Vintesete.
Donde é que vem o nome Vintesete? hadem de perguntar. Lá tá o caso, respondo eu.
A canalha dum cabrão não pode ver ou ouvir uma coisa que lhes caia em graça que tem de fazer-se engraçados o tempo todo e vai daí esta do Vintesete.
Isto vem do tempo em que as feiras eram duas ou três vezes por ano e enchiam-se de toda a sorte de barracas. Ele era os carrocéis e polvo assado, as barracas do bacalhau frito, dos frutos secos, das loiças e latoaria, barros e arames e por aí fora. Mas também havia barracas de copos de vinho e petiscos e, - nã falhava - , a barraca das putas!
Nesse ano, ainda éramos quase moços, fui eu mais o Manél Bochecha, - o Blé - que é filho da tí Lucinda Cachola, à feira de Castro Verde.
Ei moços, o que a gente andou. Andámos que se fartámos. Foi toda a tarde.
A feira era então feita nas ruas da Vila numa confusão dum cabrão que só visto, que era tudo a cotovelar-se e a gente a aproveitar-se para esfregar-se, vai não vai, pelas lambiscas assim como quem nã queria a coisa.
Fizemos os nossos avios, falei com alguns negociantes de gado. Apalavrei uns negoiços e quando demos por ela já havia alguns petromax acesos que a tarde estava finda. Távamos de sovacos suados, de pézes empoerados, com uma puta duma sede, e onde é que a gente havera de ir? perguntam vossamecezes. Pois tá claro que foi à barraca dos copos de vinho. De patanisca de bacalhau ainda nas unhas e a dar à queixada foi então que demos com a barraca do putedo, mesmo parede meias com o tasco.
- Vai uma atanchadela? - Disse eu ao Blé Bochecha apontando para um fio de luz que saía por uma greta, enquanto entrávamos a rir para os copos.
- Sai um branquinho pra cada um - disse eu, ainda a mastigar o resto, ao tasqueiro.
Bebemos um, depois o Blé pagou outra rodada e depois veio mais um petisquinho, e mais uma rodada, e depois perdi-le o conto, mas deve ter sido uma bela duma meia dúzia senão mais.
A modos que quando saímos, já noite entrada, a coisa ia meio alegrota e foi então que calhou a gente reparar outra vez na barraca das putas.
- Atanchamos ou não, repeti olhando para o Blé. Nem esperi a resposta que eu adianti-me logo:
- Ahh... Atanchamos pois! Bora entrar!
E entrámos. A barraca era feita de duas partes, uma delas escondia com um reposteiro as camas onde as espremedeiras, que olhavam prá gente, tratavam dos molhinhos à freguesia. Por trás do reposteiro chegava meio abafado um chapinhar e no ar enfumarado havia uma mistura de cheiros e de tabaco.
Logo à entrada estava a Matrona, mais deitada do que assentada, num sofá encarnado, fumando uma canilha de mamas descaídas mancando quem entrava. Olhou para gente de alto a abaixo, desconfiando do nosso aspecto ainda muito novitos.
- Isto aqui é só para gado de bico. Se é para ficar a olhar é melhor darem meia volta. Cada espremedela são vinte escudos e não há descontos!
Bom, o cabrão do Blé, que é um cagarolas da porra, pegou-me logo no cotovelo do casaco como que a puxar-me para a rua. Mas eu, porra dum cabrão, sacudi-le a mão duma só leva e empinei-me com a velha:
- Escute! Por quem nos toma? Deixe-se lá de xarengas que a gente tá aqui para enfiar a medida do vinte e sete na vinagreira.-
Haviam de ter visto a cara da velha a olhar-me prá presilha das calças quando me saiu esta do vinte e sete! Só que foi aqui que o filho dum cabrão do Blé desata a rir, com um riso fininho apaneleirado. Devia ser dos nervos, mas até parecia um panasca, um cabrão daqueles:
Hahahaha... hihihihi... o vintesete, essa tá boa... hahahaha... vintesete... hahaaaahaha o vintesete... ó Zeca... o vinte sete ahahahahahaaa... hihi... hihihihi...
Bom, moços! Nã me contive e dei-le duas cachaporradas nos cornos que até estrelou!
- Atão, a gente vem para atanchar ou é para estares praí a mangar?
E atanchámos, ai se atanchámos! Pelo menos falo por mim que minha bicha era boa! Mexia-se que nem uma cobra. Mas depois, no lugar de estar calado, o cabrão do Blé veio com essa do Vintesete para o monte, e assim é agora como o pessoal mais chegado me trata.
Pronto, isto foi só para saberem quem eu sou e donde vem esta puta desta alcunha do VinteSete. De vez em quando virei por aqui contar umas partes que me aconteceram no Alentejo e não só, e foram muitas.
Até já se nã for antes.

José Carlos Trambolica
(Zeca Tramelica, o VinteSete)

crica para visitares a página John & John de d!o

07 fevereiro 2009

Mi vida


Fugaz es tu sonrisa,
fugaz, mi embeleso,
pero el deseo es eterno
si tiene que ser secreto.

Voy navegando sin rumbo
por el mar de las cantinas;
viendo llorar a mi madre,
viendo mi vida torcida.

Fugaces son las tormentas
como fugaces los vientos
que soplan en las velas
de mis malos pensamientos.

Voy alimentando los peces
que nadan en mi vejiga
mientras me voy ahogando,
sin apreciar como crece,
mi autoestima.

El artista desnudo