08 fevereiro 2009

Encravada


Nem os mergulhos sucessivos nos corpos dos outros, umas almas caridosas a auxiliarem-me a fazer a festa na rotina dos dias, me apagaram o corpo dele a alastrar no meu interior sem nunca tocar a pele de fora. E ele é apenas mais um branco. Branco e baixote e eu já tive tantos como a Maria Madalena na famosa ópera rock que uma gaja não pode ser tão insensível que atire com o fardo do desejo que ele não cumpre pela razão justificada de o dedicar a outra.

Comecei a diminuir as atenções em todos os pequenos nadas que nos insuflam da vontade de estar vivos para não me tornar um cartaz granjola de publicidade de auto-estrada a enfiar-lhe pelos olhos adentro que era a vitamina da minha vida que isso mal comparado é como um país invadir o território do outro com artilharia pesada.

Até que num daqueles dias em que os pêlos encravam e acreditamos piamente no facto de haver coisas do caralho abandonei o telemóvel em repouso à beira da cama, a castigá-lo por se armar em despertador de cada manhã e me empurrar para as obrigações diárias e foi justamente quando lá tombou um convite dele para almoçar. Só passadas muitas horas dei pela coisa e notei-lhe na voz o amuo da oportunidade perdida e vai daí, desembainhei a minha voz mais maternal de quem não quer o pequenino a sofrer arrematando a conversa para a próxima enquanto engolia o cuspo que me sodomizava por acreditar no deleite máximo do momentos de cada dia.

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Uma por dia tira a azia