(Foto de Boris Hoppek)
Primeiros dias de sol, preparamos o corpo, escolhemos roupas leves, e tiramos da gaveta aquele conjunto fantástico com o qual vamos mostrar o corpo. São assim os primeiros dias de praia, desejados com expectativa, cheiram a férias e a descanso merecido. Chegados à praia, olhamos o espaço e decidimos onde estender a toalha... decidimos se não for Agosto claro, porque depois disso, lamentamo-nos a fazer um aproveitamento do espaço que restou, das toalhas, dos guarda-sóis, das geleiras, das tendas das crianças, enfim...
Mas é Junho e não há pontes, assim, escolhemos o nosso sítio, começamos a tirar a roupa para mostrarmos ao sol todo o espaço que ele deve tocar e mimar e é neste momento que, num apíce, em toda esta tranquilidade, se avistam pequenas cabecinhas ondulantes, nas dunas, nas rochas, nos arbustos, multiplicando-se todos os anos... são os “mirones” ou voyeurs, fazem parte do nosso cenário de Verão. Confesso que já tive momentos de me aborrecer à séria, mas agora quero lá saber...
É uma parafilia irritante, a satisfação passa por se estar escondido a observar, ficando ali horas num “espreita e esconde”, comportamento que irrita muita gente.
Mas no que diz respeito ao acto de espreitar há “mirones” com muita originalidade. Já há quem vá para a praia de binóculos, disfarçados com cana de pesca, com revistas que já são de há 2 meses, entre outras formas cada vez mais originais.
Até aqui que fazer? Também não os podemos impedir de olhar, não é mesmo? Mas o pior é quando a revista, os binóculos e os artefactos se transformam em meios de recolha de imagem e quando das rochas saem objectivas que nos invadem e nos captam o corpo e nos guardam para fins que nem saberemos e que desejamos nem imaginar.
Ou então, quando o acto de espreitar não o satisfaz e quando somos surpreendidos por um momento de masturbação cujo
estimulo somos NÓS.
Pode ser uma invasão sem tamanho com consequências graves na nossa privacidade.
Com tanta pornografia disponível, por que raio continuam a passar dias à torreira do sol para ver umas maminhas ao léu e uns rabinhos à mostra? Não se percebe, mas “aborrecem-nos da vida”.