09 julho 2009

A MANCHA


– Ó mãe, tem de se rir assim? – queixou-se ele, antes de fechar os olhos, resignado, pronto para se abandonar ao desalento.

A mãe ria com gosto, ruidosa e espalhafatosamente. A nora, a custo, continha as lágrimas, irada e envergonhada. O enteado sorria apalermado, como era hábito. E o padrasto, bem bebido, dormia.
A mãe puxou-o para si e abraçou-o ternamente, soltando uma forte gargalhada. A avó, embevecida, sentiu os olhos embaciarem e recolocou a placa, incrustando-a no maxilar superior com forte pressão exercida com a ponta do polegar e limpou a unha no rebordo dos dentes. O avô babava-se e batia ritmicamente com a mão no braço do sofá, encostado à perna da cadeira do compadre que o olhava mas não via.
– Ó mãe, porra! – exclamou ele, aproveitando o momento de alento e firmeza que o encontrão que a companheira lhe desferiu, arremetendo o ombro direito contra a sua coluna vertebral, lhe deu. – Cale-se!
Mas a mãe só o abraçou com mais força, sem parar de rir.
Ele soltou-se e pediu:
– Por favor... – num fio de voz que se sumiu quando viu a companheira bater com a porta da cozinha, agitando a cabeça como se negasse esmola a um mendigo, e deixou-se ficar, em pé, imóvel. Firme e hirto como uma barra de ferro.
A mãe baixou os olhos, contemplou a fraca figura do filho e, numa gargalhada, disse:

– És mesmo como o teu pai que Deus tem!
O enteado curioso, procurou o alvo do olhar da avó emprestada, viu a escura mancha à volta da braguilha e, divertido, fez uma careta.
– Um triste e desgraçado ejaculador precoce – continuou a mãe. – Olha para essas calças! – E tornou a abraçá-lo como se o fizesse desaparecer.
"Se fosse só a mancha..." ponderou o enteado, conhecedor e condoído, "A esta hora já tem os bolsos todos colados e os boxers a escorrer."
Envolvido pelo poderoso braço direito materno, ele tornou a fechar os olhos e ajeitou-se ao abraço da mãe, sentindo-lhe o peito quente e procurando esquecer a vergonhosa mancha nas calças e o desconforto de sentir a substância pegajosa alastrar e tolher-lhe os movimentos, enquanto amalgamava, colava e arrepanhava pintelhos e boxers. O barulho que a companheira fazia na cozinha com a loiça e com as cadeiras e o risinho abafado do enteado, faziam-no desejar ficar ali para sempre ou, pelo menos, até a mancha secar.
“O que acontecer primeiro”, pensou.


"O Antonino nunca chegou a aperceber-se que a Lurdes se tinha esquecido de preparar o cesto do piquenique."

Vejam lá se não é de eu ficar toda molhadinha

Crítica do Herculano da Costa, director do jornal «Made in Viseu», ao DiciOrdinário Ilustarado no blog Heresias Consentidas:

"diciORDINAHRIUH ilusTARADUH

Saiu já para a rua - leia-se livrarias - o 'DiciORDINÁRIO IlusTARADO', da autoria da São Rosas (A Funda São), pelo que, isto é a gente a falar, já não há motivo para continuar a insistir naquelas tretas depressivas, masoquistas e automutiladoras do Paulinho Coelho que se compram nas bombas de gasolina e nos hiperpermercados.
Não acho que valha a pena aconselhar os Leitores/as deste meu blog - há muito desactivado - a lerem, de Saramago, o imperdível 'Ensaio sobre a Cegueira', por exemplo, porque eu sei que este país vive mais à sombra de 'fait-divers' como aquele 'Olé!' do Pinho na Assembleia da República; porém - e não levem a mal este 'porém' - uma coisa é certa: a bloguista da São (não confundam com 'bloquista') esmerou-se até à quinta casa e o livrinho saiu muito esperto da costa, vivinho da silva, fino que nem um alho e outras m** positivas deste tipo.
Visita a página do «DiciOrdinário»Se ela me tivesse pedido para a prefaciar eu prefaciava-a. Não uma, não duas, não três, mas as vezes que fossem precisas, adequadas e, vá lá, consentidas por ela, porque eu não sou daqueles que lutam contra a maré e tenho de ter o prévio consentimento das gajas para as prefaciar. Mas, como ia a dizer, se fosse eu a escrever o tal de prefácio, diria tão-só que o trabalho da São Rosas é imperdível como o é Saramago, Namora, Pessoa ou Eça. Porquê? Porque a alma lusitana tem mostrado que anda pouco lusitana nas obras publicadas pós-25 de Abril, desgraçadamente, e este Diciordinário Ilustarado tem muito dessa alma - dessa chama - que nos falta a todos mas que falta, sobretudo, a quem escreve na língua portuguesa. E já se sabe: se não há língua nem dedo, diz o povo, toda a mulher nos mete medo!...
A São Rosas é que não mete medo a ninguém e o seu livro, pelo contrário, merece figurar na biblioteca de qualquer português que se preze, quanto mais não seja para aprender a usar (in)correctamente a língua quando dela mais se precisa e ela, a bandida, se nos enrodilha no céu do pensamento.
A terminar, direi que
esta nova obra «é uma homenagem ao linguado português»; e é, ainda, muito mais hospitaleira do que se poderia imaginar, o que significa que também pode (e deve!) ser lida nos hospitais - se os doentes não ficarem melhor, no mínimo, garanto eu, ficam mais alfabetizados e já podem morrer descansados...
Herculano da Costa"

08 julho 2009

Primata com mamas


Até os seus olhos batiam palminhas face a face com a púbis isenta de qualquer pelame como um rabinho de bebé. Mais a mais que era a aplicação prática da sua estética e ele próprio também cumprira com a aparadela a pente um da cabeleira do seu zézinho.

A sua energia quase por estrear trocava-me as voltas em todas as acrobacias que se lembrava de experimentar no chão, na cama, ou de encontro à cómoda aproveitando o espelho de ladecos para visualizar a entrada do seu galifão tal como via nos filmes. E nessa pressa de aplicar todas as receitas do surf carnal de bem cavalgar toda a onda eu rejubilava por não ter perdido o fôlego e bendizia os meus pais que me obrigaram a fazer ginástica desde pequenina.

Nas notas de rodapé de cigarro concordei que o tal aveludado do Monte de Vénus e arredores potenciava o desejo por se sentir mais a carninha sem nada de permeio. Conscientemente omiti que essa minha prática corrente também derivava do facto do espelho não me devolver cabelos brancos no couro cabeludo mas plantá-los como diabretes a fazerem-me caretas ali em pleno campo de batalha.

E primitiva como sou fiquei como qualquer primata a rir-me de olhos postos na morte.

Sobremesa instantânea

Bebe como se fosse leite

07 julho 2009

O que se comenta do DiciOrdinário por aí...

"Hoje [5 de Julho] fui à Bertrand (Aveiro). Como não vi o livro, perguntei por ele. A funcionária disse-me que de facto tinha chegado, mas estava ainda em armazém para conferirem uma informação da factura (?). Comentou que já o tinham folheado e se tinham divertido muito..."
Lourencinho

Visita a página do «DiciOrdinário»"Eu cá já tenho a obra literária há muito tempo (para aí desde as 14h de hoje) e o que posso dizer é que a minha vida mudou completamente! Sinto-me mais realizado, mais culto e, acima de tudo, tenho agora muitos amigos. Estou muito contente, a minha vida mudou completamente, já nem tenho aquelas dores reumáticas que antes tinha, e tudo isso graças ao diciOrdinário! Muito obrigado, diciOrdinário! Abençoado sejam São Rosas, Raim e Gotinha!"
David Caetano

"Parabéns pelo livro. É muito descontraído e vale a pena perCUrrer-lhe as páginas... quem o fizer, vai desCUbrir que a CUltura em Portugal não é só o Paulo CUelho ou o Miguel de Sousa Tavares!... A SÃO afunda-se muito mais nas questões que respeitam ao dia-a-dia do desgraçado do contribuinte e é muito mais séria em relaSÃO às relações dos signos com os seus (deles) significados e significantes"
Herculano

"Acabei de folhear a obra-prima. Em uma palavra: Espeta Cular!
São, a dedicatória tá «fixe» mas o teu sentido materno-carinhoso «para o Brunito» diminui-me sexualmente... Para a próximo quero «Brunão»!
... Agora vou «saborear»... Significado de «saborear»: enviar o sabão ao ar, para ver se alguém se baixa."
Bruno

"Conti(nu)o a ler... quase no final do abecedário. A imaginação não tem limites. Excelente!"
Paula Raposo

Convite 4ª Tertúlia Porto



Pénis Voador com Campainhas, Herculaneum, 1º século A.C.

“Images of erect phalli had a talismanic quality in ancient Rome. They derived from the deity Priapus, god of fertility and protector of gardens and fields and livestock. As a talisman, it served a variety of purposes…We see this in tintinnabula (fig. 1), a sort of phallic wind chime. Bells were believed to be protective as well, so a phallus hung with bells would have been a charm of significant good fortune.” Christina Voss, Priapic Art in Pompeii, or Cock Magic. (F/lthyGorgeousTh/ngs)

via baikuken