"Deus, pátria e família", declarou o maneta, empertigando-se.
"O quê?!", indagou o coxo, pousando o copo.
"Ateu, livre e libertino", replicou prontamente o marreco, batendo com as palmas das mãos na mesa encardida.
"E gajas?" indagou o coxo, farto de discussões movidas a álcool, limpando os beiços arroxeados do martelado vinho novo. "Vamos mas é embora, que vocês não dão uma para a caixa e daqui a bocado a Palmira já não nos deixa entrar!"
"Isso é que não pode ser", enxofrou-se o maneta, levantando-se e emborcando o resto do copo.
"Nem pensar!", concordou o marreco, depois de, já de pé, beber o resto do vinho. "Vamos mas é embora que se não aparecemos as gajas ficam todas tristes!"
O coxo riu, levantou-se e caiu.
15 novembro 2009
A apanha da fruta
Já tinha na minha colecção duas peças do mesmo tipo. Mas não resisti a comprar mais esta travessa (nome muito bem escolhido para esta senhora da fruta, pela travessura de quem a criou).
A parte da frente...
... e a parte traseira
A parte da frente...
... e a parte traseira
14 novembro 2009
Porno na padaria. Isto quando começa...
O quarto
Um quarto arranjado à pressa
Entre o comprar o jornal
E ir ao café
De fugida
Uma desculpa mal amanhada
E o contínuo fechar de olhos
Da legítima e amantíssima
Assim se fazem as manhãs
Porque sempre se fazem tarde
As tardes
Em que depressa
Te desfazes em desculpas
-Afinal não pode ser
Só contratempos
Que chatice
E eu a ver…
O quarto sempre adiado!
Foto e poesia de Paula Raposo
Pink Ribbon Magazine - Duas namoradas
Pink Ribbon Magazine - Two Girlfriends (English VO) - (2009) :30 (The Netherlands)
"Sãozita, permite-me falar a sério desta vez: Aqui há uns anos, por mero acaso, detectei um carocinho no seio direito. Entrei em pânico (como se pode imaginar) e, no dia seguinte, fui ao médico. Exames feitos, não era nada de preocupante. Mas... a partir daí, nunca mais deixei de fazer o rastreio ao cancro da mama pelo menos uma vez por ano. É importante, e nunca demais, salientar o valor da vigilância quanto a esta doença - senhoras, vigiem, façam rastreios, pintem a manta com o vosso médico para o obrigar a passar as requisições para todos os exames necessários. Acreditem, vale mesmo a pena!
(Prontes, acabei. Já posso descer da minha caixita de sabão e dar a vez a outro...)
Euzinha"
"O cancro da mama - embora não seja exclusivo das mulheres - é possivelmente o que mais aflige o universo feminino, prioritariamente pelo facto da carga simbólica que o peito, no universo dos valores, representa.
Verdade deva ser dita que o cancro do peito tem sido profundamente estudado nos últimos anos e em grande parte pelas portas que a evolução do conhecimento da genética abriu a todos os campos da medicina.
Sabido é hoje que o cancro da mama surge não isoladamente mas como corolário duma sequência de mais de trinta mutações. Dito isto, é agora - em tese - muito mais fácil despistar desde muito cedo e, a partir das primeiras mutações, a evolução previsível do historial do indivíduo em questão e tomar as medidas pertinentes, muito antes das micro radiografias que apenas atestam uma situação já espoletada.
Charlie"
13 novembro 2009
os malefícios do tabaco
Sempre fui muito fraco na hora de fumar o cigarro pós-sexo. Presumo que tal se deva ao facto de não fumar. Essa assincronia social sempre me deixou algo inferiorizado em tais cruciais momentos. E o caso não é para menos se imaginarmos a cena: a busca patética de um isqueiro não existente, o tactear titubeante pelo maço de cigarros não presente, tudo isto num momento de suposta glorificação e segurança en si mesmo, são momentos de um constrangimento avassalador quando temos sobre nós assestado um olhar tranquilamente avaliador e apenas é remível através do acto singelo de nos virarmos para esse olhar e começarmos tudo de novo... uma vez mais, até chegarmos àquele momento de constrangimento e começarmos tudo de novo... até chegarmos, afinal, àquele momento de constrangimento e começarmos tudo de novo... até chegarmos, ainda uma outra vez, àquele momento de constrangimento e começarmos tudo de novo... até chegarmos, irremediavelmente, àquele momento de constrangimento e começarmos tudo de novo... até chegarmos, inevitavelmente, àquele momento de constrangimento e começarmos tudo de novo... até...
«O Erotismo na Banda Desenhada»
Hoje, às 21 horas, no Caldas Shopping (Caldas da Rainha), o especialista em banda desenhada e ilustração, Geraldes Lino vai falar sobre o erotismo na BD. É mais um evento da «Terra das Malandrices» - 1ª Mostra Erótica-Paródica das Caldas da Rainha, a decorrer até ao dia 22 de Novembro.
E amanhã é dia de nós irmos passear por lá.
Na última fronteira
A minha boca na tua pele, passageira. Lábios que te tocam de forma ligeira, aleatória, beijos suaves gravados na memória do corpo, alto relevo, pintados como rastos na areia deixados por quem passeia numa praia deserta, em forma de arrepio.
Os meus dedos a seguirem o trilho desenhado nesse corpo acordado pela brisa quente da respiração, o bater acelerado do coração nesse teu peito que me chama, o teu olhar que reclama uma passagem por um destino certo desta viagem em que embarco por ti. Toda.
A rota que já percorri, cada passada que fica traçada na tua pele, esculpida a cinzel com a língua que agora te visita onde os olhos pediram, o corpo que se agita em orgasmos que nasceram onde a vida se produz e na mente que se reduz, concentrada, à emergência do prazer.
A minha boca a dizer que não é pouca a vontade de te deixar prostrada, quando der lugar a outro caminho nessa estrada que abres para mim enquanto me olhas assim, perdida algures num ponto do mapa que te descrevo com as palavras que sussurro depois, ao ouvido, enquanto viajamos os dois num tapete mágico, encantado, um delírio que soa ilógico, sem nexo, mas é explicado pelo empenho com nos entregamos ao sexo, a estes momentos em que sublimamos, horas a fio, a intensa emoção que acontece nesta ligação à corrente de um rio que começa numa nascente que brilha como o sol.
A tua boca que me beija o rosto e depois troca, descendente, para onde mais gosto de a sentir, a tua ânsia, e dizes ser urgente satisfazer-me também, as mãos na tua cabeça em movimento de vaivém e eu logo a seguir no caminho de regresso ao aconchego do teu abraço ao corpo que deito sobre o teu, invado o espaço que agora é o meu porque o ofereces sem hesitar e vejo que até esqueces em que lugar nos encontramos, esta cama em que fazemos o amor sem reservas que permite te atrevas a ir longe demais, tanto quanto puderes. E tu vais. Comigo, onde quiseres. Sobrevoamos um campo de trigo e depois mergulhamos num mar tropical, depois de conquistado o espaço sideral onde o som não é propagado como agora podemos constatar, já em terra, quando ambos não conseguimos evitar um grito de guerra em uníssono que marca o final de mais uma etapa, de mais uma volta pelo país da fantasia onde acontecemos, pura magia, num tempo em que no nosso espaço, no nosso momento, só existe uma condição.
Viajarmos sempre para fora deste mundo, numa outra dimensão.
Os meus dedos a seguirem o trilho desenhado nesse corpo acordado pela brisa quente da respiração, o bater acelerado do coração nesse teu peito que me chama, o teu olhar que reclama uma passagem por um destino certo desta viagem em que embarco por ti. Toda.
A rota que já percorri, cada passada que fica traçada na tua pele, esculpida a cinzel com a língua que agora te visita onde os olhos pediram, o corpo que se agita em orgasmos que nasceram onde a vida se produz e na mente que se reduz, concentrada, à emergência do prazer.
A minha boca a dizer que não é pouca a vontade de te deixar prostrada, quando der lugar a outro caminho nessa estrada que abres para mim enquanto me olhas assim, perdida algures num ponto do mapa que te descrevo com as palavras que sussurro depois, ao ouvido, enquanto viajamos os dois num tapete mágico, encantado, um delírio que soa ilógico, sem nexo, mas é explicado pelo empenho com nos entregamos ao sexo, a estes momentos em que sublimamos, horas a fio, a intensa emoção que acontece nesta ligação à corrente de um rio que começa numa nascente que brilha como o sol.
A tua boca que me beija o rosto e depois troca, descendente, para onde mais gosto de a sentir, a tua ânsia, e dizes ser urgente satisfazer-me também, as mãos na tua cabeça em movimento de vaivém e eu logo a seguir no caminho de regresso ao aconchego do teu abraço ao corpo que deito sobre o teu, invado o espaço que agora é o meu porque o ofereces sem hesitar e vejo que até esqueces em que lugar nos encontramos, esta cama em que fazemos o amor sem reservas que permite te atrevas a ir longe demais, tanto quanto puderes. E tu vais. Comigo, onde quiseres. Sobrevoamos um campo de trigo e depois mergulhamos num mar tropical, depois de conquistado o espaço sideral onde o som não é propagado como agora podemos constatar, já em terra, quando ambos não conseguimos evitar um grito de guerra em uníssono que marca o final de mais uma etapa, de mais uma volta pelo país da fantasia onde acontecemos, pura magia, num tempo em que no nosso espaço, no nosso momento, só existe uma condição.
Viajarmos sempre para fora deste mundo, numa outra dimensão.
Restos de um jantar
Saberá, Sua Alteza
Que até na mais lógica
Eloquência
Mora o pequeno grão
Que semeia a divagação
Sem nexo
Por isso, desisto da prosa
Eu não sou uma abnegada
Saciada
Acendeste-me um cigarro
Não mo deste; antes
Beijaste-me
Como um homem deve beijar
Uma mulher
(Sem ser a sua, sequer)
Sem rodeios
Pousaste-o na minha boca
Afagaste-me os seios
Eu já não fumei
Só queimei
O cigarro partido
Fumegava
Sem cinzeiro
Sabes, era Janeiro
Abri as pernas
Mas posso jurar
Aqui e agora
(nada demora)
Que, tantas vezes,
Nem sou eu
Que escrevo
Encarno
Uma prostituta velha
Encarcerada, a coitada
Na frustração
Dos seus orgasmos
Masturbados
Sai-lhe dos lábios
Enrugados
O fumo dos meus cigarros…
Que até na mais lógica
Eloquência
Mora o pequeno grão
Que semeia a divagação
Sem nexo
Por isso, desisto da prosa
Eu não sou uma abnegada
Saciada
Acendeste-me um cigarro
Não mo deste; antes
Beijaste-me
Como um homem deve beijar
Uma mulher
(Sem ser a sua, sequer)
Sem rodeios
Pousaste-o na minha boca
Afagaste-me os seios
Eu já não fumei
Só queimei
O cigarro partido
Fumegava
Sem cinzeiro
Sabes, era Janeiro
Abri as pernas
Mas posso jurar
Aqui e agora
(nada demora)
Que, tantas vezes,
Nem sou eu
Que escrevo
Encarno
Uma prostituta velha
Encarcerada, a coitada
Na frustração
Dos seus orgasmos
Masturbados
Sai-lhe dos lábios
Enrugados
O fumo dos meus cigarros…
Duas páginas de banda desenhada - desenhos originais
12 novembro 2009
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