Ficção, Conteúdo Adulto - De Marco Abujamra - 2003 - 15 min
Com Samir Abujamra, Bruce Gomlevsky, Expedito Barreira, Fernanda Bond, Thaís Tedesco, Pedro Gomlevsky, Yasmim Gomlevsky
"Conheça o filme mais exibido no Porta Curtas em 2007: Sexo, desejo e traição mudam completamente a vida de um jovem pai de família.
Um pai de família não resiste a tentação e trai sua mulher. O problema é que ele não esperava que aquela noite de dor e prazer pudesse mudar todo o rumo de sua vida."
Link directo para o filme aqui.
28 novembro 2009
27 novembro 2009
Workshop para ELAS e para ELES Este Natal a sua intimidade tem outro brilho...APOSTE na SUA INTIMIDADE
Finalmente a pedido de muitos, os primeiros (espero) de muitos workshops para eles e elas... Estes são já dia 6 de Dezembro, Domingo nas instalações da HUG (Linda-a Velha).
Objectivos Gerais:
Sensibilizar para as dificuldades e problemas existentes na intimidade ao longo da relação. Desmistificar tabus e preconceitos. Incentivar a quebra da rotina na relação. Promover a mudança na relação sexual dos casais.
Objectivos Específicos:
Identificação das zonas de prazer. Compreensão da resposta sexual. Compreensão das mudanças ao longo do relacionamento, primeiras experiências, maternidade, o envelhecimento. Como lidar com os problemas mais comuns, problemas e disfunções sexuais? Estratégias para quebrar a rotina na relação sexual. Apresentação de cosmética erótica e produtos sensuais que podem mudar a sua vida íntima.
O valor da inscrição pode ser convertido num produto sensual à sua escolha…
Um mimo para si neste Natal, para que a sua vida íntima ganhe um brilho especial…
Este workshop conta com a colaboração das empresas HUG e SensualEmotion. Esta última estará presente com uma exposição de produtos sensuais, onde poderá aconselhar-se e adquirir os presentes com que surpreenderá o(a) parceiro(a) este Natal.
Corpo
Hoje quero vaguear
Quero ver-te
Quero olhar-te
E quero dizer.
Avanço na avenida
O pensamento percorre-te
E tu distraído
Reparas em mim.
Lambes-me os dedos,
O pescoço
E deslizas o teu sexo
Como se me descobrisses
E o teu tesão acentua-se
Na proporção directa
Do meu frenesim.
Envolvemo-nos
E nunca sabemos como acabamos…
Foto e poesia de Paula Raposo
26 novembro 2009
Derrotas
Levantava-se mais cedo que o mundo. Engolia o café a custo, pequenos goles que se arrastavam na garganta a descerem empastados pelo fluido da solidão que o mantinha engasgado. Apeteceu-lhe acordar a mulher. Abraçá-la e cheirar a sua combinação azul, macia, tão macia. Dormia, respirava pesadamente - certamente do ar que os rodeava, não devia ser apenas imaginação dele, aquele peso de uma densidade cinzenta e infeliz - ainda bela, ainda perfeita, agora perfeitamente distante e amorfa, alheada dele no seu vestido de frigidez completa. Cheirava ao amante, certamente um novo, o perfume e as feromonas masculinas eram diferentes. Acariciou-lhe o cabelo longo, beijou-lhe o pescoço de gazela. Ela balbuciou o nome do amante anterior. Amaldiçoou a boa sorte que lhe trouxe fortuna. Foram tão felizes no pequeno apartamento, lutavam os dois, lado a lado e abraçavam-se todos os dias. Suavam juntos. Conseguiu. As noites no escritório. As ausências. O cansaço. O afastamento. Sua culpa. Deu-lhe jóias, deu-lhe carros; ela perguntava se ele chegava cedo, se jantavam juntos. Afastou-se dele, lentamente. O homem derrotado pela vitória levantou-se da cama, onde se tinha sentado. Saiu devagar, fechou cuidadosamente a porta para não a acordar. A meio da ponte pediu ao motorista que parasse, que estava mal disposto. E voou...
A Frase
No calor da paixão, enquanto lhe enfiava a mão dentro das cuecas e lhe sentia as nádegas e o rego do cu, acho que lhe disse – acho, porque não tenho bem a certeza: “Anda… Despe-te! Despe-te e abanca-te na minha fuça!”. E ela parou. Parou imediatamente como se tivesse sido fulminada por um raio, ainda que não tivesse caído para o chão a fumegar. Parou e, por um momento, olhou-me fixamente como, além da surpresa de ter sido atingida por um raio, descobrisse de repente que estava a beijar um alienígena – eu, pelo menos, sob o olhar escrutinador dela senti-me como se fosse de Marte.
E eu também parei, claro – era ridículo continuar sozinho – mas não percebi a razão da paragem abrupta, pois, claramente, ela não tinha sido abrasada por um raio, nem eu sou de Marte – ainda que, às vezes, consiga levá-las à Lua.
Então, depois do curto mas confrangedor silêncio que enquadrou a inexplicável interrupção do nosso caminho para o satélite, do olhar nada devoto com que me brindou como se eu tivesse dito alguma coisa espantosa, ela tentou conter uma onda de risinho nervoso que explodiu em tão descabidas quanto sonoras gargalhadas, entre pedidos de desculpa e tentativas infrutíferas de abafar com a mão na boca as gargalhadas que não paravam. E eu já nem me sentia de Marte, não percebendo nada de nada, nem o motivo de fosse o que fosse, parecia-me que tinha passado a infância, a adolescência e quase toda a idade adulta em Urano ou coisa parecida. “Mas que fiz eu? O que terei dito de tão estapafúrdio que a leve a isto?”, perguntava-me em ânsias, afogado na dúvida, na sexualidade interrompida e na certeza de que nada daí em diante iria ser como eu previra.
E, claro, ainda que já o antecipasse, também não percebi a razão do “desculpa-me, não consigo” que ela disse enquanto se levantava e compunha sem parar de rir – menos os olhos, que me parece que os olhos dela nunca riram como a boca, o corpo ou a garganta; os olhos nunca abandonaram uma espécie de desolada e opaca irritação que ganharam depois de um primeiro e fugaz brilho de espanto.
“E eu fico assim?” perguntei, perplexo mas com bons modos que não me apetecia manter.
Ela olhou-me e as pálpebras ainda se afastaram um pouco mais, se isso era possível, o que eu, pensando agora à posteriori e lembrando-me do seu primeiro olhar, duvido muito. “Assim como?” perguntou sem parar de rir, enquanto endireitava a saia e repunha as cuecas no seu sítio.
E eu calado, sem perceber o motivo da interrupção, sem compreender a razão do esfriamento gargalhado da paixão, sem entender o motivo de ela em vez de se despir estar a compor o que ainda mantinha vestido, procurava com esforço e concentração normalizar a respiração, que o afogueamento não é uma boa base para iniciar um diálogo.
Há anos assim, de seca e penúria, como se as calotes polares já tivessem derretido e andássemos todos em calções e camisolas de cavas aos buraquinhos à espera de uma pinga de chuva e, de repente, quando estamos na rua a apanhar os primeiros pingos na tromba, numa felicidade inominável, num expectativa deslumbrada, apanhamos com um bloco de gelo em cima que nos esmaga todos os ossinhos, que nos congela quase instantaneamente e que nos mirra o membro para proporções microscópicas. Não sei se ela é do bloco mas que me esmigalhou todinho, lá isso esmigalhou.
Se ainda não perceberam nada do que se estava a passar e chegaram até aqui, tenho de vos dizer duas coisas: a primeira é que vos gabo a paciência, a segunda é que vos estais a sentir um pouco como eu me senti: perdido, aparvalhado e arrependido de estar ali – no vosso caso, aí.
Se, por acaso, chegaste agora, segue daqui que eu resumo: homem, mulher, sozinhos, beijos, amassos, mãos exploratórias, roupa a começar a sair, até que ele lhe diz “abanca-te na minha fuça” e, depois, silêncio, imobilidade e, de repente, risos, perplexidade, risos, perplexidade… já deves ter percebido e se queres continuar estás por tua conta e risco.
Agora que uma pausa emperrou a narrativa, podia aproveitar e abrir um parêntesis para falar de sentimentos, dos sentimentos naquela ocasião, mas acho que não vale a pena; se os havia acabaram ali – ou talvez não, o que sabe um narrador, ainda que escreva na primeira pessoa?
Fechado o parêntesis e ultrapassada a pausa para o narrador se dirigir a vossas excelências, poderia seguir a narrativa mas a realidade – a realidade é tantas vezes tão bisonha, tão absurda, tão marcada por uma frase infeliz, por um gesto de que logo nos arrependemos. A realidade é má e atropela-nos! – A realidade, dizia, é que não há mais nada para contar. Nada.
É certo que ainda houve coisas mas nada mais foi o mesmo, os olhos dela não ganharam brilho, eu não percebi nada (e continuo sem perceber) e o que houve – que é como se não tivesse havido – foi feito a despachar: vamos lá a acabar com isto e adeus.
Que pouca sorte a minha...
E eu também parei, claro – era ridículo continuar sozinho – mas não percebi a razão da paragem abrupta, pois, claramente, ela não tinha sido abrasada por um raio, nem eu sou de Marte – ainda que, às vezes, consiga levá-las à Lua.
Então, depois do curto mas confrangedor silêncio que enquadrou a inexplicável interrupção do nosso caminho para o satélite, do olhar nada devoto com que me brindou como se eu tivesse dito alguma coisa espantosa, ela tentou conter uma onda de risinho nervoso que explodiu em tão descabidas quanto sonoras gargalhadas, entre pedidos de desculpa e tentativas infrutíferas de abafar com a mão na boca as gargalhadas que não paravam. E eu já nem me sentia de Marte, não percebendo nada de nada, nem o motivo de fosse o que fosse, parecia-me que tinha passado a infância, a adolescência e quase toda a idade adulta em Urano ou coisa parecida. “Mas que fiz eu? O que terei dito de tão estapafúrdio que a leve a isto?”, perguntava-me em ânsias, afogado na dúvida, na sexualidade interrompida e na certeza de que nada daí em diante iria ser como eu previra.
E, claro, ainda que já o antecipasse, também não percebi a razão do “desculpa-me, não consigo” que ela disse enquanto se levantava e compunha sem parar de rir – menos os olhos, que me parece que os olhos dela nunca riram como a boca, o corpo ou a garganta; os olhos nunca abandonaram uma espécie de desolada e opaca irritação que ganharam depois de um primeiro e fugaz brilho de espanto.
“E eu fico assim?” perguntei, perplexo mas com bons modos que não me apetecia manter.
Ela olhou-me e as pálpebras ainda se afastaram um pouco mais, se isso era possível, o que eu, pensando agora à posteriori e lembrando-me do seu primeiro olhar, duvido muito. “Assim como?” perguntou sem parar de rir, enquanto endireitava a saia e repunha as cuecas no seu sítio.
E eu calado, sem perceber o motivo da interrupção, sem compreender a razão do esfriamento gargalhado da paixão, sem entender o motivo de ela em vez de se despir estar a compor o que ainda mantinha vestido, procurava com esforço e concentração normalizar a respiração, que o afogueamento não é uma boa base para iniciar um diálogo.
Há anos assim, de seca e penúria, como se as calotes polares já tivessem derretido e andássemos todos em calções e camisolas de cavas aos buraquinhos à espera de uma pinga de chuva e, de repente, quando estamos na rua a apanhar os primeiros pingos na tromba, numa felicidade inominável, num expectativa deslumbrada, apanhamos com um bloco de gelo em cima que nos esmaga todos os ossinhos, que nos congela quase instantaneamente e que nos mirra o membro para proporções microscópicas. Não sei se ela é do bloco mas que me esmigalhou todinho, lá isso esmigalhou.
Se ainda não perceberam nada do que se estava a passar e chegaram até aqui, tenho de vos dizer duas coisas: a primeira é que vos gabo a paciência, a segunda é que vos estais a sentir um pouco como eu me senti: perdido, aparvalhado e arrependido de estar ali – no vosso caso, aí.
Se, por acaso, chegaste agora, segue daqui que eu resumo: homem, mulher, sozinhos, beijos, amassos, mãos exploratórias, roupa a começar a sair, até que ele lhe diz “abanca-te na minha fuça” e, depois, silêncio, imobilidade e, de repente, risos, perplexidade, risos, perplexidade… já deves ter percebido e se queres continuar estás por tua conta e risco.
Agora que uma pausa emperrou a narrativa, podia aproveitar e abrir um parêntesis para falar de sentimentos, dos sentimentos naquela ocasião, mas acho que não vale a pena; se os havia acabaram ali – ou talvez não, o que sabe um narrador, ainda que escreva na primeira pessoa?
Fechado o parêntesis e ultrapassada a pausa para o narrador se dirigir a vossas excelências, poderia seguir a narrativa mas a realidade – a realidade é tantas vezes tão bisonha, tão absurda, tão marcada por uma frase infeliz, por um gesto de que logo nos arrependemos. A realidade é má e atropela-nos! – A realidade, dizia, é que não há mais nada para contar. Nada.
É certo que ainda houve coisas mas nada mais foi o mesmo, os olhos dela não ganharam brilho, eu não percebi nada (e continuo sem perceber) e o que houve – que é como se não tivesse havido – foi feito a despachar: vamos lá a acabar com isto e adeus.
Que pouca sorte a minha...
25 novembro 2009
Flor de Luna
Como terra húmida e temperada
Pincelo uma lua
Na tua boca
E no teu sorrir-me
em forma d' espelho
cintilam brilhos refractários
difundidos pelos teus dentes
trincando-me com os luares
advindos dessa doce seiva
de pronome tu
de nome incansável à minha fala
mastiga-me,come-me,
quase te imploro !
rebenta-me em movimento espasmódico !
sinuoso delírio dum despertar-te
quando o crepúsculo adormece
e rendida
despedida de cansada
a noite falece
engolida pela luz ainda disfarçada
da manhã despontando
na dobra
da mais colorida,espessa e vital flor :
- A junta das tuas coxas escorrendo ...
Enquanto , num tom de epopeia
o sino da Sé,
ao longe,
se une ao cantar do galo...
Luiz Sommerville
É a minha estreia... não são palavras minhas mas foram-me enviadas há uns tempos e achei que este era o sítio perfeito para as partilhar. A todos vocês um muito caloroso: "Olá! É bom estar aqui neste cantinho!" :)
Pincelo uma lua
Na tua boca
E no teu sorrir-me
em forma d' espelho
cintilam brilhos refractários
difundidos pelos teus dentes
trincando-me com os luares
advindos dessa doce seiva
de pronome tu
de nome incansável à minha fala
mastiga-me,come-me,
quase te imploro !
rebenta-me em movimento espasmódico !
sinuoso delírio dum despertar-te
quando o crepúsculo adormece
e rendida
despedida de cansada
a noite falece
engolida pela luz ainda disfarçada
da manhã despontando
na dobra
da mais colorida,espessa e vital flor :
- A junta das tuas coxas escorrendo ...
Enquanto , num tom de epopeia
o sino da Sé,
ao longe,
se une ao cantar do galo...
Luiz Sommerville
É a minha estreia... não são palavras minhas mas foram-me enviadas há uns tempos e achei que este era o sítio perfeito para as partilhar. A todos vocês um muito caloroso: "Olá! É bom estar aqui neste cantinho!" :)
Um padre do Carvalho
O padre da aldeia do Carvalho (Celorico de Basto) fugiu sem deixar rasto com uma jovem da terra, acabada de completar os dezoito anos de idade.
A população local, ainda que atónita com este despir da batina, parece relativamente conformada e houve até quem perante as câmaras de televisão tenha afirmado que o padre nosso (deles) ao fazer o que fez acabou por ser muito homem, explicando que muitos no seu lugar não teriam coragem de assumir assim a relação pecadora (o que diz muito da imagem do clero nos dias que correm).
Sendo pouco provável que ainda seja virgem, esta jovem maria, bem como o seu ex-celibatário josé, é igualmente de esperar que exista nesta altura entre o casal alguma crise de fé.
A população local, ainda que atónita com este despir da batina, parece relativamente conformada e houve até quem perante as câmaras de televisão tenha afirmado que o padre nosso (deles) ao fazer o que fez acabou por ser muito homem, explicando que muitos no seu lugar não teriam coragem de assumir assim a relação pecadora (o que diz muito da imagem do clero nos dias que correm).
Sendo pouco provável que ainda seja virgem, esta jovem maria, bem como o seu ex-celibatário josé, é igualmente de esperar que exista nesta altura entre o casal alguma crise de fé.
Rasga-me a razão
Escuta o pulsar
Deste meu corpo
Que se tinge
No teu lirismo
E se derrama
Na minha pele
Rasga-me a razão
E tolhe-me os sentidos
Acolhe-me na paixão
E na suavidade
Dos teus gemidos
Desnudo-me enquanto
Aguardo por ti
E pelos ensejos delirantes
Do fogo que despertas em mim
Maria Escritos - blog Escritos e Poesia
Foto de Carlos Pereira do Álbum "W"
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