Essa pele que é a minha, a sensação que o corpo não estranha, familiar, essa mão que acaba de tocar esta pele que é a tua, arrepio.
Esta noite que é a nossa, toda nua, a emoção prateada pela lua, a brilhar, esta luz no teu olhar, tão quente, o amor emergente.
Já não resiste.
O frio.
29 novembro 2009
Prisioneira
Surgiste em mim
Como um jacto de frescura
Apoderaste-te de mim
Com palavras de ternura
Sonhando aqui fiquei
Presa neste meu querer
Divagando entre os teus braços
Enfeitiçada pelo teu poder
O meu coração explode
Entrevendo em pensamento
A fúria do amor
Surgida naquele momento
Foi com um beijo
Essa tua fonte de doçura
Que enfeitiçaste o meu ser
E me banhaste com a tua candura
Prisioneira me fizeste
Dentro do meu coração
Agarrada ao teu beijo
Agrilhoada com paixão
Maria Escritos - blog Escritos e Poesia
28 novembro 2009
Lógica musculada
Quando o confrontaram com o facto de disputar uma amada com um verdadeiro adónis com anos de ginásio e nem um minuto de biblioteca encolheu os ombros e respondeu com serenidade:
- Não me parece que ele seja um concorrente. É que a mim bastariam poucos anos de preparação física para ficar como ele nessa dimensão e não esqueceria o que entretanto aprendi, mas o gajo teria que investir muitos mais no cérebro para se equiparar a mim. E no final desses anos sem trabalhar o corpo ficaria como eu estou agora...
- Não me parece que ele seja um concorrente. É que a mim bastariam poucos anos de preparação física para ficar como ele nessa dimensão e não esqueceria o que entretanto aprendi, mas o gajo teria que investir muitos mais no cérebro para se equiparar a mim. E no final desses anos sem trabalhar o corpo ficaria como eu estou agora...
Sabes bem
Sabes bem a quem me sabe
(e eu odeio o teu cabelo)
nesse saberes-me que é sabor da minha vontade
(e eu odeio o teu mundo)
sabes bem que te sei a sabor da saudade
(e eu odeio o teu apelo)
que é o sabor que antecipo como sabor da verdade
(e eu odeio o teu ciúme)
no saber da nossa verdade sabes-me com sabor a cobarde
(e eu odeio o teu nome)
sabes bem e eu sei que bem sabes
(e eu odeio a forma como me deitas em chão solene)
mas sabes tão bem que eu ando ao sabor da tua palavra
(odeio a forma como me consegues desarmar)
o sabor da tua palavra, minha, sozinha se soletra
(e eu odeio tentar e tentar e não te conseguir odiar)
sabes bem
(odeio-te)
que sabes a amor
(odeio-te)
e sabes ao amor
(odeio-te)
que é sabor de mais ninguém.
(e eu odeio o teu cabelo)
nesse saberes-me que é sabor da minha vontade
(e eu odeio o teu mundo)
sabes bem que te sei a sabor da saudade
(e eu odeio o teu apelo)
que é o sabor que antecipo como sabor da verdade
(e eu odeio o teu ciúme)
no saber da nossa verdade sabes-me com sabor a cobarde
(e eu odeio o teu nome)
sabes bem e eu sei que bem sabes
(e eu odeio a forma como me deitas em chão solene)
mas sabes tão bem que eu ando ao sabor da tua palavra
(odeio a forma como me consegues desarmar)
o sabor da tua palavra, minha, sozinha se soletra
(e eu odeio tentar e tentar e não te conseguir odiar)
sabes bem
(odeio-te)
que sabes a amor
(odeio-te)
e sabes ao amor
(odeio-te)
que é sabor de mais ninguém.
A Sauna
Ficção, Conteúdo Adulto - De Marco Abujamra - 2003 - 15 min
Com Samir Abujamra, Bruce Gomlevsky, Expedito Barreira, Fernanda Bond, Thaís Tedesco, Pedro Gomlevsky, Yasmim Gomlevsky
"Conheça o filme mais exibido no Porta Curtas em 2007: Sexo, desejo e traição mudam completamente a vida de um jovem pai de família.
Um pai de família não resiste a tentação e trai sua mulher. O problema é que ele não esperava que aquela noite de dor e prazer pudesse mudar todo o rumo de sua vida."
Link directo para o filme aqui.
Com Samir Abujamra, Bruce Gomlevsky, Expedito Barreira, Fernanda Bond, Thaís Tedesco, Pedro Gomlevsky, Yasmim Gomlevsky
"Conheça o filme mais exibido no Porta Curtas em 2007: Sexo, desejo e traição mudam completamente a vida de um jovem pai de família.
Um pai de família não resiste a tentação e trai sua mulher. O problema é que ele não esperava que aquela noite de dor e prazer pudesse mudar todo o rumo de sua vida."
Link directo para o filme aqui.
27 novembro 2009
Workshop para ELAS e para ELES Este Natal a sua intimidade tem outro brilho...APOSTE na SUA INTIMIDADE
Finalmente a pedido de muitos, os primeiros (espero) de muitos workshops para eles e elas... Estes são já dia 6 de Dezembro, Domingo nas instalações da HUG (Linda-a Velha).
Objectivos Gerais:
Sensibilizar para as dificuldades e problemas existentes na intimidade ao longo da relação. Desmistificar tabus e preconceitos. Incentivar a quebra da rotina na relação. Promover a mudança na relação sexual dos casais.
Objectivos Específicos:
Identificação das zonas de prazer. Compreensão da resposta sexual. Compreensão das mudanças ao longo do relacionamento, primeiras experiências, maternidade, o envelhecimento. Como lidar com os problemas mais comuns, problemas e disfunções sexuais? Estratégias para quebrar a rotina na relação sexual. Apresentação de cosmética erótica e produtos sensuais que podem mudar a sua vida íntima.
O valor da inscrição pode ser convertido num produto sensual à sua escolha…
Um mimo para si neste Natal, para que a sua vida íntima ganhe um brilho especial…
Este workshop conta com a colaboração das empresas HUG e SensualEmotion. Esta última estará presente com uma exposição de produtos sensuais, onde poderá aconselhar-se e adquirir os presentes com que surpreenderá o(a) parceiro(a) este Natal.
Corpo
Hoje quero vaguear
Quero ver-te
Quero olhar-te
E quero dizer.
Avanço na avenida
O pensamento percorre-te
E tu distraído
Reparas em mim.
Lambes-me os dedos,
O pescoço
E deslizas o teu sexo
Como se me descobrisses
E o teu tesão acentua-se
Na proporção directa
Do meu frenesim.
Envolvemo-nos
E nunca sabemos como acabamos…
Foto e poesia de Paula Raposo
26 novembro 2009
Derrotas
Levantava-se mais cedo que o mundo. Engolia o café a custo, pequenos goles que se arrastavam na garganta a descerem empastados pelo fluido da solidão que o mantinha engasgado. Apeteceu-lhe acordar a mulher. Abraçá-la e cheirar a sua combinação azul, macia, tão macia. Dormia, respirava pesadamente - certamente do ar que os rodeava, não devia ser apenas imaginação dele, aquele peso de uma densidade cinzenta e infeliz - ainda bela, ainda perfeita, agora perfeitamente distante e amorfa, alheada dele no seu vestido de frigidez completa. Cheirava ao amante, certamente um novo, o perfume e as feromonas masculinas eram diferentes. Acariciou-lhe o cabelo longo, beijou-lhe o pescoço de gazela. Ela balbuciou o nome do amante anterior. Amaldiçoou a boa sorte que lhe trouxe fortuna. Foram tão felizes no pequeno apartamento, lutavam os dois, lado a lado e abraçavam-se todos os dias. Suavam juntos. Conseguiu. As noites no escritório. As ausências. O cansaço. O afastamento. Sua culpa. Deu-lhe jóias, deu-lhe carros; ela perguntava se ele chegava cedo, se jantavam juntos. Afastou-se dele, lentamente. O homem derrotado pela vitória levantou-se da cama, onde se tinha sentado. Saiu devagar, fechou cuidadosamente a porta para não a acordar. A meio da ponte pediu ao motorista que parasse, que estava mal disposto. E voou...
A Frase
No calor da paixão, enquanto lhe enfiava a mão dentro das cuecas e lhe sentia as nádegas e o rego do cu, acho que lhe disse – acho, porque não tenho bem a certeza: “Anda… Despe-te! Despe-te e abanca-te na minha fuça!”. E ela parou. Parou imediatamente como se tivesse sido fulminada por um raio, ainda que não tivesse caído para o chão a fumegar. Parou e, por um momento, olhou-me fixamente como, além da surpresa de ter sido atingida por um raio, descobrisse de repente que estava a beijar um alienígena – eu, pelo menos, sob o olhar escrutinador dela senti-me como se fosse de Marte.
E eu também parei, claro – era ridículo continuar sozinho – mas não percebi a razão da paragem abrupta, pois, claramente, ela não tinha sido abrasada por um raio, nem eu sou de Marte – ainda que, às vezes, consiga levá-las à Lua.
Então, depois do curto mas confrangedor silêncio que enquadrou a inexplicável interrupção do nosso caminho para o satélite, do olhar nada devoto com que me brindou como se eu tivesse dito alguma coisa espantosa, ela tentou conter uma onda de risinho nervoso que explodiu em tão descabidas quanto sonoras gargalhadas, entre pedidos de desculpa e tentativas infrutíferas de abafar com a mão na boca as gargalhadas que não paravam. E eu já nem me sentia de Marte, não percebendo nada de nada, nem o motivo de fosse o que fosse, parecia-me que tinha passado a infância, a adolescência e quase toda a idade adulta em Urano ou coisa parecida. “Mas que fiz eu? O que terei dito de tão estapafúrdio que a leve a isto?”, perguntava-me em ânsias, afogado na dúvida, na sexualidade interrompida e na certeza de que nada daí em diante iria ser como eu previra.
E, claro, ainda que já o antecipasse, também não percebi a razão do “desculpa-me, não consigo” que ela disse enquanto se levantava e compunha sem parar de rir – menos os olhos, que me parece que os olhos dela nunca riram como a boca, o corpo ou a garganta; os olhos nunca abandonaram uma espécie de desolada e opaca irritação que ganharam depois de um primeiro e fugaz brilho de espanto.
“E eu fico assim?” perguntei, perplexo mas com bons modos que não me apetecia manter.
Ela olhou-me e as pálpebras ainda se afastaram um pouco mais, se isso era possível, o que eu, pensando agora à posteriori e lembrando-me do seu primeiro olhar, duvido muito. “Assim como?” perguntou sem parar de rir, enquanto endireitava a saia e repunha as cuecas no seu sítio.
E eu calado, sem perceber o motivo da interrupção, sem compreender a razão do esfriamento gargalhado da paixão, sem entender o motivo de ela em vez de se despir estar a compor o que ainda mantinha vestido, procurava com esforço e concentração normalizar a respiração, que o afogueamento não é uma boa base para iniciar um diálogo.
Há anos assim, de seca e penúria, como se as calotes polares já tivessem derretido e andássemos todos em calções e camisolas de cavas aos buraquinhos à espera de uma pinga de chuva e, de repente, quando estamos na rua a apanhar os primeiros pingos na tromba, numa felicidade inominável, num expectativa deslumbrada, apanhamos com um bloco de gelo em cima que nos esmaga todos os ossinhos, que nos congela quase instantaneamente e que nos mirra o membro para proporções microscópicas. Não sei se ela é do bloco mas que me esmigalhou todinho, lá isso esmigalhou.
Se ainda não perceberam nada do que se estava a passar e chegaram até aqui, tenho de vos dizer duas coisas: a primeira é que vos gabo a paciência, a segunda é que vos estais a sentir um pouco como eu me senti: perdido, aparvalhado e arrependido de estar ali – no vosso caso, aí.
Se, por acaso, chegaste agora, segue daqui que eu resumo: homem, mulher, sozinhos, beijos, amassos, mãos exploratórias, roupa a começar a sair, até que ele lhe diz “abanca-te na minha fuça” e, depois, silêncio, imobilidade e, de repente, risos, perplexidade, risos, perplexidade… já deves ter percebido e se queres continuar estás por tua conta e risco.
Agora que uma pausa emperrou a narrativa, podia aproveitar e abrir um parêntesis para falar de sentimentos, dos sentimentos naquela ocasião, mas acho que não vale a pena; se os havia acabaram ali – ou talvez não, o que sabe um narrador, ainda que escreva na primeira pessoa?
Fechado o parêntesis e ultrapassada a pausa para o narrador se dirigir a vossas excelências, poderia seguir a narrativa mas a realidade – a realidade é tantas vezes tão bisonha, tão absurda, tão marcada por uma frase infeliz, por um gesto de que logo nos arrependemos. A realidade é má e atropela-nos! – A realidade, dizia, é que não há mais nada para contar. Nada.
É certo que ainda houve coisas mas nada mais foi o mesmo, os olhos dela não ganharam brilho, eu não percebi nada (e continuo sem perceber) e o que houve – que é como se não tivesse havido – foi feito a despachar: vamos lá a acabar com isto e adeus.
Que pouca sorte a minha...
E eu também parei, claro – era ridículo continuar sozinho – mas não percebi a razão da paragem abrupta, pois, claramente, ela não tinha sido abrasada por um raio, nem eu sou de Marte – ainda que, às vezes, consiga levá-las à Lua.
Então, depois do curto mas confrangedor silêncio que enquadrou a inexplicável interrupção do nosso caminho para o satélite, do olhar nada devoto com que me brindou como se eu tivesse dito alguma coisa espantosa, ela tentou conter uma onda de risinho nervoso que explodiu em tão descabidas quanto sonoras gargalhadas, entre pedidos de desculpa e tentativas infrutíferas de abafar com a mão na boca as gargalhadas que não paravam. E eu já nem me sentia de Marte, não percebendo nada de nada, nem o motivo de fosse o que fosse, parecia-me que tinha passado a infância, a adolescência e quase toda a idade adulta em Urano ou coisa parecida. “Mas que fiz eu? O que terei dito de tão estapafúrdio que a leve a isto?”, perguntava-me em ânsias, afogado na dúvida, na sexualidade interrompida e na certeza de que nada daí em diante iria ser como eu previra.
E, claro, ainda que já o antecipasse, também não percebi a razão do “desculpa-me, não consigo” que ela disse enquanto se levantava e compunha sem parar de rir – menos os olhos, que me parece que os olhos dela nunca riram como a boca, o corpo ou a garganta; os olhos nunca abandonaram uma espécie de desolada e opaca irritação que ganharam depois de um primeiro e fugaz brilho de espanto.
“E eu fico assim?” perguntei, perplexo mas com bons modos que não me apetecia manter.
Ela olhou-me e as pálpebras ainda se afastaram um pouco mais, se isso era possível, o que eu, pensando agora à posteriori e lembrando-me do seu primeiro olhar, duvido muito. “Assim como?” perguntou sem parar de rir, enquanto endireitava a saia e repunha as cuecas no seu sítio.
E eu calado, sem perceber o motivo da interrupção, sem compreender a razão do esfriamento gargalhado da paixão, sem entender o motivo de ela em vez de se despir estar a compor o que ainda mantinha vestido, procurava com esforço e concentração normalizar a respiração, que o afogueamento não é uma boa base para iniciar um diálogo.
Há anos assim, de seca e penúria, como se as calotes polares já tivessem derretido e andássemos todos em calções e camisolas de cavas aos buraquinhos à espera de uma pinga de chuva e, de repente, quando estamos na rua a apanhar os primeiros pingos na tromba, numa felicidade inominável, num expectativa deslumbrada, apanhamos com um bloco de gelo em cima que nos esmaga todos os ossinhos, que nos congela quase instantaneamente e que nos mirra o membro para proporções microscópicas. Não sei se ela é do bloco mas que me esmigalhou todinho, lá isso esmigalhou.
Se ainda não perceberam nada do que se estava a passar e chegaram até aqui, tenho de vos dizer duas coisas: a primeira é que vos gabo a paciência, a segunda é que vos estais a sentir um pouco como eu me senti: perdido, aparvalhado e arrependido de estar ali – no vosso caso, aí.
Se, por acaso, chegaste agora, segue daqui que eu resumo: homem, mulher, sozinhos, beijos, amassos, mãos exploratórias, roupa a começar a sair, até que ele lhe diz “abanca-te na minha fuça” e, depois, silêncio, imobilidade e, de repente, risos, perplexidade, risos, perplexidade… já deves ter percebido e se queres continuar estás por tua conta e risco.
Agora que uma pausa emperrou a narrativa, podia aproveitar e abrir um parêntesis para falar de sentimentos, dos sentimentos naquela ocasião, mas acho que não vale a pena; se os havia acabaram ali – ou talvez não, o que sabe um narrador, ainda que escreva na primeira pessoa?
Fechado o parêntesis e ultrapassada a pausa para o narrador se dirigir a vossas excelências, poderia seguir a narrativa mas a realidade – a realidade é tantas vezes tão bisonha, tão absurda, tão marcada por uma frase infeliz, por um gesto de que logo nos arrependemos. A realidade é má e atropela-nos! – A realidade, dizia, é que não há mais nada para contar. Nada.
É certo que ainda houve coisas mas nada mais foi o mesmo, os olhos dela não ganharam brilho, eu não percebi nada (e continuo sem perceber) e o que houve – que é como se não tivesse havido – foi feito a despachar: vamos lá a acabar com isto e adeus.
Que pouca sorte a minha...
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