A lua vestiu-se de rosa,
ansiosa,
naquela cor
queria saber o amor.
A lua vestiu-se de vermelho,
viu-se ao espelho
em cor de coração;
queria saber como é a paixão.
A lua vestiu-se de cereja,
madura,
de quem deseja;
queria saber a gosto de loucura.
A lua vestiu-se de pêssego,
mordido,
semi-doce, semi-amargo;
queria saber a sabor de pecado.
A lua vestiu-se de trigo,
a colher,
e sonhava contigo;
queria saber sentir-se mulher.
A lua vestiu-se de madrugada,
tão nua,
deitou-se desamparada;
queria saber como é ser tua.
A lua vestiu-se de noite,
a escurecer,
negra de tristeza a tingir;
não entende o que é sentir.
A Lua vestiu-se de mim, de nada
em azul ciano
e fundiu-se deslumbrada,
ao saber-te mar, seu Rei e dono.