29 janeiro 2010

"São mulheres como as outras"...

As prostitutas
são mulheres como as outras,
têm ninhos
e filhos que amparam,
tantos carinhos
fazem nas crias
delas e das outras;

As prostitutas
são mulheres como as outras,
seios grandes ou pequeninos,
ancas que alargam
para moços grandes, tão meninos
quando recebem as colinas macias
delas e das outras;


As prostitutas
são mulheres como as outras
e os meus amores pequeninos
dizem que sim, mas quando falam,
escondidos nos vossos cadernos
cheios dessas delícias,
nós somos nós e as outras são as outras.



O Bartolomeu ode e muito bem:

"As prostitutas
São mulheres melhores que as outras
Porque lhes recebem os maridos
e os filhos aflitos
Porque lhes entregam o corpo
a alma e os pitos
Porque os fazem sentir-se completos
e lhes recebem e acalmam os gritos
Porque os afagam e escutam
Sem lhes macular a alma guerreira
Sem lhes diminuir a virilidade masculina
Sem lhes fingir uma paixão fagueira
Não lhes pedindo mais que a propina
As prostitutas
São mais mulheres que as outras!

Eu devia era ter nascido gaja!"


Duendes, também


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oglaf.com

28 janeiro 2010

Fruto proibido

Como um gaiato obeso, guloso, diante da montra de uma pastelaria, ele olhava mas tudo fazia para reprimir qualquer manifestação do desassossego que lhe provocava a mulher mais bonita que algum dia conhecera.
Sorvia cada minuto em que podia privar por algum pretexto com aquela criatura perfeita que o perturbava ao ponto de lhe alterar a pulsação, de descompassar o coração com o impacto do seu encanto de menina num corpo de mulher.
No entanto, sabia ser proibido qualquer sinal ou insinuação. Reduzia à contemplação a sua iniciativa, ainda assim num esforço tremendo para esconder no olhar tudo aquilo que ela fazia disparar nos bastidores do seu emocionário.
Pensava-a em muitos momentos, os mesmos em que se aplicava nos esquecimentos de que necessitava para controlar o efeito daquela imagem no seu peito acelerado e no cérebro agitado que cogitava por instinto as abordagens possíveis para tentar algo mais. Coisa pouca, talvez um pouco de tempo para com ela partilhar um momento longe dos papéis que lhes competiam, das peles que vestiam no contacto institucional...
Depois a vida continuava e ele sentia sempre que tardava a seguinte ocasião em que não permitia que se fizesse ladrão por temer as consequências de um desaire quase certo, sempre que estava tão perto daquela diva ao ponto de quase lhe sentir da pele o mesmo calor que os olhos dela irradiavam sob a forma de luz.
Temia-se absurdo por se atrever capaz de ignorar tudo aquilo que traz de inconveniente a uma pessoa um avanço despropositado, de arriscar um resultado mais desastroso ainda do que o embaraço de uma recusa liminar de qualquer passo que pudesse dar noutro sentido que não o admissível naquelas circunstâncias.
Mas adivinhava as consequências da sua decisão, daquele esforço de contenção de um impulso irreprimível de forçar um milagre possível, um desfecho positivo em potência.
Aquela mulher, por coincidência, era um anjo em versão humana e quase o fazia acreditar que talvez devesse avançar um pouco mais para não se concretizar depois o pesadelo que antevia de cada vez que percebia que o tempo que os aproximava não seria duradouro, iria acabar.
E ele, tão perto do tesouro, já sabia que estava marcado o dia em que se esgotariam as hipóteses de o tocar.

Imagem

As tuas mãos sobrevoam os meus sonhos,
pousam nos meus seios, são pássaros
finalmente livres da delicada gaiola,
mesmo que seja por curtos momentos
procuram a minha fonte, cantá-la, bebê-la,
levá-la em pingos nas penas e pensamentos.

Os teus dedos nadam nas minhas nascentes,
aportam nas minhas ancas, são peixes
finalmente livres do pequeno aquário,
mesmo que seja por curtos instantes
procuram entre as minhas pernas o santuário,
levar-lhe o gemido nas guelras reluzentes.

«África» - de António Sabão (acrílico sobre papel)

O António Sabão (A. Ferreira dos Santos) é caricaturista, cartoonista, arquitecto... e um gajo muito fixe.
Quando vi esta pintura, perguntei-lhe se estava à venda, porque "ficaria muito bem na minha colecção". A resposta dele não podia ser mais simpática:
- Para ti, não vendo. Mas ofereço-ta.
E aqui está, bem juntinho de outras excelentes pinturas e desenhos originais da minha colecção.



O David fez uma escolha de carreira cautelosa ao aplicar os seus conhecimentos de desenho ao marketing do sector agrícola... mas no fundo o que ele desejava era criar banda desenhada porno.

27 janeiro 2010

«O Ponto G já está de volta» - crónica de Luís Pedro Nunes no Expresso

O ponto G existe... afinal não... espera... dizem-me que sim, que existe... não, notícias de última hora revelam que... não... ou sim?!...

Isto faz-te confusão? Nada melhor que leres o que escreve quem sabe. Luís Pedro Nunes explica-nos nesta crónica que a alegada morte do Ponto G seria até um alívio, que sempre era menos uma pressão, mas que veio o contra-ataque da poderosa indústria do Ponto G e tudo ainda se tornou ainda mais perturbador, 60 anos depois de o médico alemão Ernst Grafenberg destapar esta caixa de Pandora ao descrever uma zona na anatomia feminina que seria baptizada como Ponto G em sua honra. E exige: "Nós, homens, queremos saber se podemos abandonar as buscas. De uma vez por todas".
Acham que isto é uma brincadeira?! O LPN sabe que "os investigadores franceses Odile Buisson e Pierre Foldès têm neste momento para publicação no «Journal of Sexual Medicine» um estudo com ultra-sons em casais a terem relações onde se garantem provas fisiológicas da existência do dito. The G show must go on!"
Enfim... só lendo!

A nossa prima

"Vou mandar-te o meu melhor sorriso. Quero ver como te vais arranjar"
prima Idalina


Arranjei-me bem. Pedi sorrisos de frente. E vieram:





Antes que haja reclamações, informo que também há um primo.

Elo quente @MissJoanaWell


A eloquente senhora estava sempre nua.
Podia.
Tinham tanto medo das suas palavras que ninguém olhava.
Julgavam-na de armadura vestida.
Quem sabe aumentar as finitas palavras tem infinitas espadas.

Ley sobre o caso de devaça contra o delicto de pôr cornos, &c. De 15 de Março de 1751

"Dom Joseph por graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algarves, dáquem, e dálem, mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista, Navegaçaõ, Commercio de Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c. Faço saber aos que esta Ley virem, que, por me ter ser presente que de alguns tempos a esta parte se frequenta o delicto de se porem córnos nas portas, e sobre as casas de pessoas casadas, ou em partes, em que claramente se entende se dirige este excesso contra as mesmas pessoas; e por desejar evitar estes delictos, contra quem se commettem, e grande perturbaçaõ á paz, e quietação necessaria entre os casados; e tendo outro sim consideraçaõ ao que sobre esta materia me foi presente em Consultas da Mesa do meu Desembargo do Paço; Hei por bem que este caso seja de devaça: e mando a todos os Corregedores, Ouvidores, Juizes, e mais Justiças, a que o conhecimento disto pertencer, que, succedendo este caso, ou tendo succedido de dous annos a esta parte, tirem devaça delles na fórma, que o devem fazer dos mais, de que por seus officios saõ obrigados a devaçar: e outro sim mando ao Doutor Francisco Luiz da Cunha de Ataide do meu Conselho, e meu Chanceller mór faça publicar esta Ley na Chancellaria, a qual se imprimirá, e inviará por elle assignada á Casa da Supplicaçaõ, e Relaçaõ do Porto, e a todos os julgaodres dos meus Reinos, para que procedaõ na fórma della. Lisboa, quinze de Março de mil setecentos e cincoenta e hum.
REY."



Primeira página

(crica para ampliar)


Segunda página

(crica para ampliar)

Bem hajas, Lòrencinho, pela prenda!

26 janeiro 2010

Lábios


Quando vi a foto
de sorriso entusiasmante(!)
e a grossura dos lábios,
vi-te no filme:
a boca ideal para o broche.

Imagino-te noutro cenário,
talvez uma casa abandonada,
os ossos no chão gelado
e tu, mesmo assim, empenado,
a pedires qualquer coisa.

Aqueles lábios, bolas,
mesmo num chão gelado,
numa casa abandonada
(nos confins)
têm que mostrar do que são capazes!

Ou não é?!

Foto e poesia de Paula Raposo

Quero o cheiro das rosas


Hoje, não quero falar de amor
Quero carícias sussurradas
Por entre os lençóis
Quero morder tua orelha
E beijar teu pescoço
Quero agarrar-me ao teu dorso
E puxar-te para mim.

Hoje, quero virar fera
Quero sentir tua língua
Entranhando na minha boca
O doce grado do teu beijo
Quero que sorvas do meu peito
E me arranques com jeito
Um grito deliciado de prazer

Hoje não quero falar do amanhã
Quero sentir-te no madrugar
E guardar bem a lembrança
Quero sentir os corpos embrenhados
Num abismo culminante
Hoje, quero o cheiro das rosas
Gravado num sorriso de alegria

Maria Escritos - 2010
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As penas do pénis