12 fevereiro 2010
Presente
Como imaginarias o presente
se te falasse ontem do futuro?!
Sei que a tua imaginação
te elevaria muito longe
e te levaria ainda mais longe;
gosto da tua imaginação:
fértil.
Um enredo permanente,
nessa tua cabeça (essa sim, a que pensa);
na outra, pela outra e com a outra:
trato eu.
Foto e poesia de Paula Raposo
11 fevereiro 2010
A Aliança
– Tira a aliança – resmungou ela, vendo-lhe a mão esquerda aberta sobre o colchão e o anelar marcado a ouro.
– O quê? – perguntou ele.
– Tira a aliança – repetiu ela.
– Porquê? – questionou ele.
Ela encolheu os ombros, fez uma careta e acenou com a cabeça.
– Tira! – ordenou.
Ele inspirou de lábios cerrados, olhou para a mão esquerda, para os dedos, para o anelar, para a aliança e hesitou.
– Está a fazer-te diferença? – acabou por perguntar.
– Não podes tirar?
– Agora?
– Sim, bolas – replicou ela, ligeiramente irritada. – Tiras ou não?
– Isso é uma ameaça?
– Era uma pergunta.
– Já não é?
– Continua a ser – respondeu ela, sentindo que ele preparava para se erguer e, provavelmente, sair de dentro de si.
Ele ergueu o tronco, recolhendo as mãos, que ela deixou de ver, dobrou as pernas, separando os sexos, e colocou-se de joelhos entre as pernas da mulher, pousando as mãos nas coxas dela. Ela subiu lentamente os quadris, até os corpos se voltarem a encostar, esticou o braço direito entre as pernas, pegou-lhe no sexo e penetrou-se.
– Tiraste? – perguntou ela, após uns momentos em que, em silêncio, se moviam um contra o outro suavemente, sem que ela lhe sentisse as mãos no corpo.
Ele não respondeu mas a pergunta pareceu espevitá-lo e agarrou-lhe as nádegas com força, separando-as enquanto aumentava a velocidade e intensidade dos movimentos basculantes das suas ancas de encontro às nádegas dela, sendo retribuído com igual aumento de intensidade da parte da mulher. Começaram a gemer e a respirar mais ruidosamente, dando uma banda sonora acelerada e ruidosa ao acto. Ele viu-lhe a mão esquerda agarrar-se com força à borda do colchão, enquanto, de quando em quando, lhe sentia as unhas da mão direita atingirem e espetarem-se ligeiramente o sexo na agitação frenética com ela se esfregava com os dedos esticados, e viu-lhe o rosto a querer enterrar-se na almofada. Não evitou um esgar de satisfação que não se transformou num sorriso por falta de tempo e concentração e continuou, mais rápido, mais forte.
– Foda-se! – gritou rouco, enquanto lhe dava palmadas nas nádegas, de baixo para cima, como ela gostava. – Foda-se – murmurava. – Foda-se!
– Sim! Sim! Fode-me! – gritava ela contra a almofada, espetando-lhe cada vez mais vezes e mais rapidamente as unhas no sexo. – Fode-me com força! Sim! Fode-me! Fode-me!
Sem parar, ele cruzou os braços: a mão esquerda segurou-lhe a nádega direita e a mão direita a nádega esquerda e aumentou ainda mais o ritmo, lançando-se de encontro a ela (e ela de encontro a ele) com cada vez maior impetuosidade.
A cabeceira em ferro da cama começou a embater com estrondo na parede e, entre suspiros, gritos, gemidos, palavrões, palavras divinas, rangidos da cama e de ferro contra a parede, ouviu-se o fraco tinir da aliança a cair no chão de madeira e ela veio-se e ele também.
– O quê? – perguntou ele.
– Tira a aliança – repetiu ela.
– Porquê? – questionou ele.
Ela encolheu os ombros, fez uma careta e acenou com a cabeça.
– Tira! – ordenou.
Ele inspirou de lábios cerrados, olhou para a mão esquerda, para os dedos, para o anelar, para a aliança e hesitou.
– Está a fazer-te diferença? – acabou por perguntar.
– Não podes tirar?
– Agora?
– Sim, bolas – replicou ela, ligeiramente irritada. – Tiras ou não?
– Isso é uma ameaça?
– Era uma pergunta.
– Já não é?
– Continua a ser – respondeu ela, sentindo que ele preparava para se erguer e, provavelmente, sair de dentro de si.
Ele ergueu o tronco, recolhendo as mãos, que ela deixou de ver, dobrou as pernas, separando os sexos, e colocou-se de joelhos entre as pernas da mulher, pousando as mãos nas coxas dela. Ela subiu lentamente os quadris, até os corpos se voltarem a encostar, esticou o braço direito entre as pernas, pegou-lhe no sexo e penetrou-se.
– Tiraste? – perguntou ela, após uns momentos em que, em silêncio, se moviam um contra o outro suavemente, sem que ela lhe sentisse as mãos no corpo.
Ele não respondeu mas a pergunta pareceu espevitá-lo e agarrou-lhe as nádegas com força, separando-as enquanto aumentava a velocidade e intensidade dos movimentos basculantes das suas ancas de encontro às nádegas dela, sendo retribuído com igual aumento de intensidade da parte da mulher. Começaram a gemer e a respirar mais ruidosamente, dando uma banda sonora acelerada e ruidosa ao acto. Ele viu-lhe a mão esquerda agarrar-se com força à borda do colchão, enquanto, de quando em quando, lhe sentia as unhas da mão direita atingirem e espetarem-se ligeiramente o sexo na agitação frenética com ela se esfregava com os dedos esticados, e viu-lhe o rosto a querer enterrar-se na almofada. Não evitou um esgar de satisfação que não se transformou num sorriso por falta de tempo e concentração e continuou, mais rápido, mais forte.
– Foda-se! – gritou rouco, enquanto lhe dava palmadas nas nádegas, de baixo para cima, como ela gostava. – Foda-se – murmurava. – Foda-se!
– Sim! Sim! Fode-me! – gritava ela contra a almofada, espetando-lhe cada vez mais vezes e mais rapidamente as unhas no sexo. – Fode-me com força! Sim! Fode-me! Fode-me!
Sem parar, ele cruzou os braços: a mão esquerda segurou-lhe a nádega direita e a mão direita a nádega esquerda e aumentou ainda mais o ritmo, lançando-se de encontro a ela (e ela de encontro a ele) com cada vez maior impetuosidade.
A cabeceira em ferro da cama começou a embater com estrondo na parede e, entre suspiros, gritos, gemidos, palavrões, palavras divinas, rangidos da cama e de ferro contra a parede, ouviu-se o fraco tinir da aliança a cair no chão de madeira e ela veio-se e ele também.
Fantasmas
Meu amor,
nós não fazemos amor
porque fazem amor
os nossos fantasmas,
com as nossas batalhas,
com as nossas muralhas,
com a nossa dor;
eles fazem amor,
chamam-nos almas penadas,
separam-nos as almas,
e afiam-nos as navalhas.
Meu amor,
nós não fazemos amor
porque esses fantasmas
nos enganam,
nos reclamam
para as suas moradas;
nós não fazemos amor
porque eles não deixam,
porque eles nos matam,
porque quando fazemos amor
matamos esses fantasmas.
nós não fazemos amor
porque fazem amor
os nossos fantasmas,
com as nossas batalhas,
com as nossas muralhas,
com a nossa dor;
eles fazem amor,
chamam-nos almas penadas,
separam-nos as almas,
e afiam-nos as navalhas.
Meu amor,
nós não fazemos amor
porque esses fantasmas
nos enganam,
nos reclamam
para as suas moradas;
nós não fazemos amor
porque eles não deixam,
porque eles nos matam,
porque quando fazemos amor
matamos esses fantasmas.
10 fevereiro 2010
Sentidos permitidos
Como passar as narinas com suavidade por uma pétala e sentir a fragrância natural do amor que expele cada poro numa pele desejada, numa flor reencarnada em corpo de mulher que se cheira e se quer no preciso instante em que o potencial amante recebe o impacto do odor que lhe desperta no interior aquela vontade que se tem de ir mais adiante, mais além, e mergulhar sem demora no canteiro daquele jardim.
Como deslizar sem fim a atenção de um olhar pelos contornos de uma paisagem esculpida pelo vento, pela erosão, e disparar o coração num galope desenfreado pelo corpo de mulher deitado numa cama onde queremos estar para ocuparmos aquele lugar vago no paraíso que chama por nós, enfeitiçados pela imagem que recolhemos ao longo da viagem em que os olhos nos transportam sem pressas até junto das portas do céu.
Como passear as cabeças dos dedos no mais sedoso tecido, pelo corpo de mulher despido, acariciar a textura perfeita e receber em troca a maravilhosa sensação de perceber amor e tesão concentrados num único e prolongado arrepio que parecem percorrer de imediato um fio condutor, energia, das coisas ligadas à corrente do amor que se faz também pela forma sensual de tocar a perfeição com o ardor da paixão e a suavidade de quem caminha sobre papel de arroz.
Como escutar um rio desde a nascente até à foz, o desenho dos cabelos compridos espalhados pelo corpo de mulher, pelas costas, pelas margens beijadas enquanto a água se agita como fervente no seu percurso urgente até ao ponto de chegada onde a força do mar é reforçada para o confronto com falésias mais resistentes do que o betão das barragens que inventam cascatas quando o rio se agiganta e se faz ouvir imponente na vontade de prosseguir até ao fim do caminho traçado naquele corpo molhado de prazer.
Como saborear um corpo de mulher com o gosto do amor no paladar, o sexo a latejar a verdade e a consequência do coração a reagir ao sabor mais apreciado, o do corpo tão amado naquele instante em que se transforma num corpo amante e se torna mais salgado pelo suor libertado e, ao mesmo tempo, adocica o tempero da emoção que se beija e que se lambe, que se chupa e se invade com ímpeto de um exército conquistador, senão com os sentidos alerta e com a alma desperta pelas sensações mais intensas que podemos experimentar?
Como deslizar sem fim a atenção de um olhar pelos contornos de uma paisagem esculpida pelo vento, pela erosão, e disparar o coração num galope desenfreado pelo corpo de mulher deitado numa cama onde queremos estar para ocuparmos aquele lugar vago no paraíso que chama por nós, enfeitiçados pela imagem que recolhemos ao longo da viagem em que os olhos nos transportam sem pressas até junto das portas do céu.
Como passear as cabeças dos dedos no mais sedoso tecido, pelo corpo de mulher despido, acariciar a textura perfeita e receber em troca a maravilhosa sensação de perceber amor e tesão concentrados num único e prolongado arrepio que parecem percorrer de imediato um fio condutor, energia, das coisas ligadas à corrente do amor que se faz também pela forma sensual de tocar a perfeição com o ardor da paixão e a suavidade de quem caminha sobre papel de arroz.
Como escutar um rio desde a nascente até à foz, o desenho dos cabelos compridos espalhados pelo corpo de mulher, pelas costas, pelas margens beijadas enquanto a água se agita como fervente no seu percurso urgente até ao ponto de chegada onde a força do mar é reforçada para o confronto com falésias mais resistentes do que o betão das barragens que inventam cascatas quando o rio se agiganta e se faz ouvir imponente na vontade de prosseguir até ao fim do caminho traçado naquele corpo molhado de prazer.
Como saborear um corpo de mulher com o gosto do amor no paladar, o sexo a latejar a verdade e a consequência do coração a reagir ao sabor mais apreciado, o do corpo tão amado naquele instante em que se transforma num corpo amante e se torna mais salgado pelo suor libertado e, ao mesmo tempo, adocica o tempero da emoção que se beija e que se lambe, que se chupa e se invade com ímpeto de um exército conquistador, senão com os sentidos alerta e com a alma desperta pelas sensações mais intensas que podemos experimentar?
Maria: o conto dos monstros
Amor; há monstros e também os que vivem dentro de ti. Amor, eu não desvio o olhar deles; mesmo que os esconda debaixo da cama, eles continuam a existir; mesmo que tape a cabeça, eles continuam a olhar para mim.
Amor, há monstros e também os que vivem dentro de mim. Amor, eu não os tento ocultar; mesmo que os oculte debaixo da cama, eles continuam a existir; mesmo que tu tapes a cabeça, eles continuam a olhar para ti.
Amor, não tenhas medo de me perguntar como são os meus monstros; não tenhas medo de os ver; amor, quem sabe eles não sorriem para ti?
Amor, há monstros e também há os que vivem dentro de nós. Amor, não vamos desviar o olhar deles; mesmo que os escondamos debaixo da cama, eles continuam a existir e quando tapamos a cabeça, amor, trocamos o medo dos monstros que nos olham pelo medo dos monstros que imaginamos a olhar. E nunca os imaginamos a sorrir; e, quem sabe, eles não podem até sorrir para nós?
Não tenhas medo de encontrar os meus monstros nas tuas perguntas, meu amor.
Amor, há monstros e também os que vivem dentro de mim. Amor, eu não os tento ocultar; mesmo que os oculte debaixo da cama, eles continuam a existir; mesmo que tu tapes a cabeça, eles continuam a olhar para ti.
Amor, não tenhas medo de me perguntar como são os meus monstros; não tenhas medo de os ver; amor, quem sabe eles não sorriem para ti?
Amor, há monstros e também há os que vivem dentro de nós. Amor, não vamos desviar o olhar deles; mesmo que os escondamos debaixo da cama, eles continuam a existir e quando tapamos a cabeça, amor, trocamos o medo dos monstros que nos olham pelo medo dos monstros que imaginamos a olhar. E nunca os imaginamos a sorrir; e, quem sabe, eles não podem até sorrir para nós?
Não tenhas medo de encontrar os meus monstros nas tuas perguntas, meu amor.
09 fevereiro 2010
Desafios (!)
Pela foto, ele era giro.
Mais que giro.
Alto, com tudo no sítio
e (!) com menos 22 anos do que eu.
Encontrámo-nos perto do casino
e lá fui no carro dele até à Ericeira.
Onde é que ele me leva?
Pensava eu pelo caminho
- confesso o nervosismo -
que até me pareceu mais bonito
do que de outras vezes.
Ainda parámos para beber um café.
Estacionou o carro numa rua
cheia de casas de aldeia.
Ninguém em casa e o quarto arrumadinho
(coisa que pouco me importou na altura),
a partir daí foi a luta corpo a corpo.
Valeu tudo menos tirar olhos (!!)
Enorme o gozo.
Trouxe-me de volta (com o ego bem cheio),
sã e salva.
Nunca mais o vi; nem me lembro do nome.
Foto e poesia de Paula Raposo
Uma simples questão.
Vejam a foto abaixo e respondam:
A eterna dúvida entre uma boa conversa ou sexo sem compromisso…
Capinaremos.com
A eterna dúvida entre uma boa conversa ou sexo sem compromisso…
Capinaremos.com
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