11 fevereiro 2010

A Aliança

– Tira a aliança – resmungou ela, vendo-lhe a mão esquerda aberta sobre o colchão e o anelar marcado a ouro.
– O quê? – perguntou ele.
– Tira a aliança – repetiu ela.
– Porquê? – questionou ele.
Ela encolheu os ombros, fez uma careta e acenou com a cabeça.
– Tira! – ordenou.
Ele inspirou de lábios cerrados, olhou para a mão esquerda, para os dedos, para o anelar, para a aliança e hesitou.
– Está a fazer-te diferença? – acabou por perguntar.
– Não podes tirar?
– Agora?
– Sim, bolas – replicou ela, ligeiramente irritada. – Tiras ou não?
– Isso é uma ameaça?
– Era uma pergunta.
– Já não é?
– Continua a ser – respondeu ela, sentindo que ele preparava para se erguer e, provavelmente, sair de dentro de si.
Ele ergueu o tronco, recolhendo as mãos, que ela deixou de ver, dobrou as pernas, separando os sexos, e colocou-se de joelhos entre as pernas da mulher, pousando as mãos nas coxas dela. Ela subiu lentamente os quadris, até os corpos se voltarem a encostar, esticou o braço direito entre as pernas, pegou-lhe no sexo e penetrou-se.
– Tiraste? – perguntou ela, após uns momentos em que, em silêncio, se moviam um contra o outro suavemente, sem que ela lhe sentisse as mãos no corpo.
Ele não respondeu mas a pergunta pareceu espevitá-lo e agarrou-lhe as nádegas com força, separando-as enquanto aumentava a velocidade e intensidade dos movimentos basculantes das suas ancas de encontro às nádegas dela, sendo retribuído com igual aumento de intensidade da parte da mulher. Começaram a gemer e a respirar mais ruidosamente, dando uma banda sonora acelerada e ruidosa ao acto. Ele viu-lhe a mão esquerda agarrar-se com força à borda do colchão, enquanto, de quando em quando, lhe sentia as unhas da mão direita atingirem e espetarem-se ligeiramente o sexo na agitação frenética com ela se esfregava com os dedos esticados, e viu-lhe o rosto a querer enterrar-se na almofada. Não evitou um esgar de satisfação que não se transformou num sorriso por falta de tempo e concentração e continuou, mais rápido, mais forte.
– Foda-se! – gritou rouco, enquanto lhe dava palmadas nas nádegas, de baixo para cima, como ela gostava. – Foda-se – murmurava. – Foda-se!
– Sim! Sim! Fode-me! – gritava ela contra a almofada, espetando-lhe cada vez mais vezes e mais rapidamente as unhas no sexo. – Fode-me com força! Sim! Fode-me! Fode-me!
Sem parar, ele cruzou os braços: a mão esquerda segurou-lhe a nádega direita e a mão direita a nádega esquerda e aumentou ainda mais o ritmo, lançando-se de encontro a ela (e ela de encontro a ele) com cada vez maior impetuosidade.
A cabeceira em ferro da cama começou a embater com estrondo na parede e, entre suspiros, gritos, gemidos, palavrões, palavras divinas, rangidos da cama e de ferro contra a parede, ouviu-se o fraco tinir da aliança a cair no chão de madeira e ela veio-se e ele também.

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