23 fevereiro 2010

Conto enlameado

A voz hipnotizava. O colar, não tires o colar. O que é que acordaste? Recuar. Olhar congelado já meio tremido. Bebida de lucidez não embriagava. Assim sendo, prefiro o delírio da garrafa ao lado. Pelo menos poderei alegar que bebi demais. Inspiro-me em mim. Chão, empurrão seco. Montas-me mas continuas de pé. Conto: uma, duas, três...acabou. Continuas de pé. Enlameado em suor; sujas-me. Não me consigo levantar. Vai-te embora.

Ambíguo


É pequeno o mar
para guardar
todas as palavras de amor
que te digo;
o céu de nuvens, carregado,
prenuncia chuva,
água na enchente do rio:
palavras de amor
nas margens submersas.

Enorme foi o mar
Rasando a minha ambiguidade.

Foto e poesia de Paula Raposo

Rato (?), ponto G e tudi tudi tudi!


Um rato. Com ponto G.
Pumba!

(imagem e info retirada daqui)


Educação de adultos


3 páginas - basta cricares em "next page" a partir da página inicial acima

oglaf.com

22 fevereiro 2010

Projecto Mulheres Reais - primeira publicação da sessão fotográfica da Paula Raposo





A HR FotoDigital concebeu e pôs em marcha o Projecto Mulheres Reais, cujo mote é:

"Procuramos mulheres gordinhas, cheiinhas
de vontade de aumentar a sua auto-estima
que nos ajudem a provar
que a sensualidade é apenas
uma questão de atitude, postura e...
Curvas!"

A Paula Raposo é uma «mulher de armas» e, mesmo sendo inicialmente a idade limite 45 anos (ela tem mais alguns meses...), candidatou-se... e foi seleccionada, levando até a HR FotoDigital a aumentar a idade limite para as candidatas.
Depois de uma fase de nervoso miudinho à medida que se aproximava a data da sessão fotográfica, ficou encantada com o resultado final: "Adorei! Vi algumas das fotos ainda na máquina e de facto eles são uns artistas. Além da subida em flecha do meu ego durante aquelas duas horas e meia! Obrigada por me teres incentivado. Afinal a idade estendeu-se até aos 65 anos, mas podes escrever que sou a mais velha, o que é uma honra. O resto da malta não se atreve, pelos vistos!"
E é uma honra para mim permitires-me fazer a primeira publicação de uma foto da tua sessão.
Parabéns!


Amor, se não me deres a tua palavra nua... @MissJoanaWell

Amor, se não me deres a tua palavra nua,
a roupa dela fica entre a minha pele e a tua...
Deixa-as despir,
primeiro baixinho,
como a brisa começa por sentir
as velas de um moinho.
Amor, já não te entrego a minha pele nua
porque a cautela vestiu a minha palavra e a tua...
Deixa-as sentir,
despir cada momento,
corpo noutro corpo existir
como a brisa existe no vento.
Amor, se vestíssemos a lua, mesmo de belo espartilho,
a nudez do seu brilho, não inundava a rua.

Fechamole

Já não é o primeiro desenho de Ittosan na minha colecção. Admiro a sua criatividade e a «história que cada desenho conta». E dá-me ainda mais prazer quando, além de conhecer um artista, ter um amigo.


«A fechadura»

Aguarela de Ittosan

Engolir ou cuspir?


Alexandre Affonso - nadaver.com

21 fevereiro 2010

Pequeno paraíso artificial privado

O meu amigo Bernard Perroud, escultor e fã da minha colecção da arte erótica, apresentou-me esta imagem deliciosa.
Bernard: "Petit paradis artificiel privé."
São Rosas: "Paradis artificiel?! Elle me semble bien naturelle..."
Bernard: "Et bien cachée de la vue des voisins."


Fabius von Gugel (1910-2000) e modelo

Roma - Itália - 1950
Foto de Jack Birns

Fonte: Life

Heresias: o conto dos perdidos

Naquele sítio até um sussurro ecoa - mas aquele sussurrar era tão ácido que, em vez de ecoar, quase demolia as paredes no caminho, tinha a violência de um ricochete ácido nos ouvidos. Desta vez é que era, estava perdida, estavam perdidos. Apanhados, nus, obscenos; ele - ainda - de rosto mergulhado em pernas que lhe cravavam o dorso a acompanhar os gemidos possessos do desejo de quem tinha que manter a virgindade intacta. O orgasmo estridente, abafado pelos dentes cravados na almofada; o dorso que se arqueou, lançou as mãos ao cabelo dele e esfregou-lhe as ondas vibrantes que jorravam do sexo no rosto. A porta abriu-se, o grito da mãe era um grito de bruxa, um rugido de abutre da carne de Deus, fanática na ruindade que clamava ser em nome do Senhor. Correu pela casa, gritando ao seu Deus que punisse os pecadores. O amante aproveitou e lançou-se pela janela, em fuga; a rapariga - ainda semi-nua, os seios expostos rosados, dilatados do prazer - ordenava-lhe que corresse. Depois, a ira nos olhos da mãe, desordenados escorriam para fora das órbitas, roxos e pendurados em agulhas acusatórias. As veias saltavam-lhe dos braços palpitantes como centenas de verrugas a cobrir a pele até aos dedos que a agarraram. Arrastada para ali, para o ninho dos pássaros cadavéricos chamado templo do Senhor. Agora, tentava apenas distinguir a conversa, imaginava as consequências - piores para ele que para ela; a mãe tinha visto tudo. Agora, silêncio absoluto. A mãe caminhava na sua direcção, os pés sobre chamas não fazem barulho, os demónios são assim. Cuspiu no chão à passagem e apontou-lhe o caminho do sacerdote: ele espera-te, que Deus tenha misericórdia.
Entrou na câmara. Olhou-o, trémula. E agora? Ele soltou duas risadas, irónicas. Agora, sua rapariguinha devassa e perdida? Agora, a sua mãezinha exige que eu a castigue severamente, deve redimir-se do seu pecado. Portanto, onde é que nós íamos? E apontou-lhe o caminho. O sexo ainda erecto, nu por baixo da batina, tinha abandonado a roupa interior na fuga de casa dela. Vá, ajoelhe!

Há remédio para tudo


crica para visitares a página John & John de d!o

«Kissing (bliss)» - Garm's Kiss

O meu amigo Garm's Kiss já há muito que não fazia nenhum dos seus videos de que gosto tanto e que provocam polémica a quem acha que são pornográficos. Aqui está o mais recente:



Link do video na página original
Link para download (botão direito do rato e "guardar destino como...")

20 fevereiro 2010

Joana: conto dos gestos

Um só gesto. A mão na curva do ombro, os dedos mergulhados, mornos. A mão cresceu e eu na palma. Não! Espera! Ainda não te entreguei a minha vontade e os dedos estão abertos!
Um só gesto. O rosto encostado, os lábios mendigos, pedintes. A boca abriu e eu na língua. Não! Espera! Ainda não te entreguei a minha sede e a garganta está cerrada!
Mais que um gesto. Puxa as cortinas, afasta os cabelos. Não feches as janelas, olha as minhas avenidas. Não! Espera! Mas o fantasma vermelho, de garras nas ancas, alimenta-se no baixo ventre.
Mais que um gesto. Um capítulo. Mais que um capítulo. A nossa história. Capitulei. As mãos nos joelhos, abres os braços, pássaro. Voo picado, descendente, queda. Engaiolaste o meu coração, amor. As penas nos mamilos. Gotas de chuva da noite no casaco. Pousa o orvalho na concha. O sexo, doce, a céu aberto.
Mais que uma história. Vida. Lanço eu, lanças tu. Morremos à vez. Sobrevivemos para morrer novamente. E mais uma vez. E outra. E uma vez mais. A gaiola escancarada, nua. Só a poça na cama é eterna, bebemos-lhe parte, a parte que não mancha....