25 fevereiro 2010

Busca à SAD do FCP



HenriCartoon

Comissão de ética - liberdade de expressão



HenriCartoon

Quebranto de amor


No remanso dos teus braços
Meu amor, quero minha alma repousar
Abraça-me sem trégua
Abate esta saudade que me fustiga
Cala o silêncio com que me trajo

Arde de febre meu corpo
Trémulo, inquieto por te sentir
Percorro teu rosto na escuridão da memória
De dia e de noite, tormento meu
Desejo que me atinge como um açoite

Impudico desejo que me enlaça
Me consome e me abate
Clama vorazmente por teu ardor
Suspenso neste quebranto
Onde espero por ti, meu amor

Quero no remanso dos teus braços
Apaziguar a paixão que me devora
Que me transforma numa onda
Mareando em mil suplícios
Que me amarra o entendimento

No fundo dos teus olhos
Desamor quero afogar
Espero em devaneios meus
Este anseio apaziguar, a ti me entregar
Rio com rumo ao mar

Maria Escritos
© Todos os direitos Reservados
http://escritosepoesia.blogspot.com

Imagem: "Erotic Ballet Boots" de John Tisbury

Salomé: conto da sofreguidão

Não, eu não sou devassa; são precisos muitos amantes para repararem o que tu me danificas, para me consumirem o desejo que tu acendes, para dispersar neles todo o amor que tu me largas - a alargar - nas costelas, para lamberem onde tu feres. Não, eu não sou devassa; esta devassidão é o desejo de ti, vem da paixão, vem do amor. Esta devassidão é sexo, sim, mas é do sexo de ti, ampliada por se reflectir nos cristais do teu corpo, ampliada por se expandir nos canais da tua pele, guiada pelo teu cheiro. Não, eu não sou devassa; mas são precisos muitos, muitos amantes - pobres amantes! -para beberem tudo o que tu me fazes transbordar.


Nas suas experiências, o professor Antonino confessou-se tão surpreendido, como todas as outras pessoas, com tantos dos seus pacientes que eram, em vidas passadas, furiosos ninfomaníacos.

Sex business

24 fevereiro 2010

O Tempo Acabou

O tempo parou, Luísa. Não há mais, acabou. Nem sentimentos, nem paixões, nem sequer sensações: o tempo parou, não há mais, acabou. Não sei, Luísa, agora não sei se quero, o que é estranho pois andei toda a vida à procura do tempo parado, que o tempo parasse, que acabasse. E agora?, pergunto. E agora, Luísa, agora que o tempo acabou, onde estás? Onde te posso encontrar? Sabes, eu nunca te quis, na verdade, eu nunca te quis e, afinal, agora que por fim o tempo parou, o meu primeiro pensamento vai para ti e olho em volto e procuro-te e queria que o tempo não tivesse acabado e ainda te pudesse procurar e encontrar-te e dizer-te que nunca te quis. Nunca te quis… Nunca te quis porque não sabia então o que era querer alguém como sempre te quis a ti. E se eu te encontrasse e te falasse, tu havias de me sorrir, com o teu sorriso contemplativo e o teu olhar distante, havias de me dar o braço e me guiares calmamente com os teus passos silenciosos, com a tua voz suave e havias de me dizer que o tempo não acabou e que sempre me quiseste mas nunca o disseste… Mas o tempo acabou, Luísa, o meu tempo acabou. Às vezes, ainda me lembro de ti, do que terá sido feito de ti, do que terá sido a tua vida. Recordo-me dos teus passos que não oiço, nunca ouvi. Fico a cismar na tua voz, na tua voz suave, pausada que me envolvia. Lembro-me de ser envolvido pela tua voz, pelo teu brilho, pelo teu cheiro. Lembro-me de ti, lembro-me sempre de ti, Luísa, ainda que nem saiba se me falaste, ainda que, se calhar, nunca me tivesses sequer visto… E o tempo acabou, Luísa, o meu tempo parou enfim e quando achava que me ia libertar de ti, quando passei uma vida a fugir de ti ainda que te procurasse sempre, eis que o meu primeiro pensamento é para ti. O meu último pensamento é para ti. E nem sei, ou melhor, sei, sei que não te chamavas Luísa mas não sei o teu nome mas lembro-me dos teus olhos e do teu sorriso, se calhar, é só disso que me lembro de verdade mas nunca me esqueci de ti, nem do que senti por ti. E agora que o meu tempo acabou espero que te possa procurar, espero que te possa encontrar e saber de ti, saber que vida podias ter tido e se me viste e se te lembras de mim. O tempo parou enfim, Luísa, o meu tempo acabou e o meu primeiro pensamento vai para ti: Onde estás?... Aqui?

Ana Paula: conto de um "hoje"

Olá! Falo-te para te dizer que estou vazia. Podes encher-me um bocadinho? Olá! Hoje não me apetece ligar os dedos às palavras, quero ligar os dedos aos teus; hoje, quero uma forma diferente de expulsar a solidão, quero fingir que somos ninguém, fingir que somos nada e que somos nós, apenas. Olá! Podes vir, hoje, dás-me a mão, como fazíamos quando acreditávamos em nuvens? Não contes a ninguém, vamos ser um segredo, um grão ao acaso que cai na ampulheta, misturado em tantos que nem se vê; ninguém nos vê, ninguém nos danifica. Hoje o teu corpo pode ser as minhas teclas e eu posso escrever palavras grandes, redondas e nuas, devagarinho, no teu peito. Olá! Hoje? Apenas hoje. Hoje, apenas?

Vantagens competitivas (um par delas)



Capinaremos.com

Outro filme porno francês de 1920


Julgavam que «fio de terra» é uma modernice?

23 fevereiro 2010

Conto enlameado

A voz hipnotizava. O colar, não tires o colar. O que é que acordaste? Recuar. Olhar congelado já meio tremido. Bebida de lucidez não embriagava. Assim sendo, prefiro o delírio da garrafa ao lado. Pelo menos poderei alegar que bebi demais. Inspiro-me em mim. Chão, empurrão seco. Montas-me mas continuas de pé. Conto: uma, duas, três...acabou. Continuas de pé. Enlameado em suor; sujas-me. Não me consigo levantar. Vai-te embora.