11 março 2010

A posta cortada rente

Pedófilos e violadores ocupam os lugares cimeiros dos meus factores de repulsa. Nunca aceitarei, entenderei ou desculparei qualquer pretexto que um desses inventar como desculpa para o seu inaceitável desvio.
A questão é pacífica para mim. Não existem atenuantes. E quando, como no caso do engenheiro trintão conhecido como o violador de Telheiras, invocam alegadas doenças e ainda têm a lata de pedirem ajuda não hesito: castração. Química ou propriamente dita, tanto faz. É mesmo de cortar o mal pela raiz e assim ajudar os pobres coitados, doentes e tal, a pouparem-se a tamanho martírio.

Claro que os pudores de muita gente chegam ao ponto de tornar a castração numa solução drástica, desumana e mais não sei o quê. Não falta quem prefira as soluções mais brandas, a fé num sistema judicial que liberta estes desgraçados, doentes e assim, ao fim de um anito ou dois, condenando-os a terem que enfrentar na rua os seus apetites pela aberração. E eu não consigo pactuar com essa corrente cruel que tende a dar cabo da vida a homens como o tal engenheiro de telecomunicações que guardava as terças feiras para ameaçar garotas, adolescentes, com uma faca e assim as obrigar a satisfazê-lo nas suas necessidades terapêuticas. Porque, como o próprio alega em sua defesa, é um doente e precisa de ajuda.

Eu gostava muito de poder ajudar as pobres criaturas reféns de tais maleitas, salvando-as dessa gente que acredita na reinserção social destas vítimas de um cérebro capaz de congeminar esquemas para abusar de gente pequena mas, estranhamente, sem neurónios que consigam processar a repulsa inata de qualquer ser humano perante tentações tão medonhas quanto nojentas.
Dessa ajuda, considerando o óbvio fracasso dos paninhos quentes do costume que dão tanto que fazer a psicólogos, assistentes sociais, polícias, advogados e por aí fora, e sobretudo tendo em conta que se trata de pessoas doentes, constaria a entrega dos pacientes à Medicina.

E nesse contexto eu privilegiaria sem dúvida como terapia uma cura definitiva, com fármacos eficazes. Mas acima de tudo com a misericórdia absoluta de um bem afiado bisturi.

Verdades simples

É essa a verdade que guardo em mim
aquela que consegues ouvir
que te grito pelas mãos quando te beijam
(escuta)
mesmo que eu não diga

É essa a verdade que aninho em mim
aquela que consegues sentir
quando te beijo pelas mãos que te tocam
(sente)
mesmo que eu não diga

É essa a verdade e o princípio e o fim
aquela que sentes sorrir
quando os corpos simplesmente se beijam
(sou)
mesmo que eu não diga

Porque a verdade é sempre simples
(meu amor, tão simples)
quando se (re)conhece a luz
na pele de corpos nus.

Nu Piano Toca Uma Cítara



O dia para mim começa numa ogiva sôfrega (pálpebras abertas) penso em ti...
Por ti elevam-se os meus lábios, tocados.
O sexo, num manancial erecto. Fogo. Atrás de palavras, com a mão numa palavra, onde estou verdadeiramente debruçada. A mão fecha. Pede à boca que vibre. Um pensamento. Na substância deste meu instante carnal. Nu pensar.
Sobre a pele, o falo alto. O rosto queima-se. Num ritmo pensante, que inunda os sonhos. A fantasia queima.
Genitais em seda, apuram-se altos, nos nós dos dedos, na escrita suprema, no sentimento, tu. Colina em espuma, que a escrita arranca à mão que o escreve.
Agora.
Vibram pés, crus, carnais, ofegantes e vivos.
Sinto o plural, escondido na fluência dos movimentos. Atrás das noites, nas minhas noites, das nossas noites, onde a carne se une perfeita como um livro...
Gosto de pensar em ti, em cada um dos teus dedos, suspensos no meu corpo, entre folhas inspiradoras, enchendo-me de cardumes quentes, correntes de ar extremas e únicas.
Existe em mim um piano, quente e rápido. Que estala e aumenta o silêncio, tremente na minha boca pequena, coberta de entoações e poemas.
Existe em ti uma cítara, que me faz tremer do princípio ao fim, onde te amo, lentamente, entre o meu sexo e a tua boca, onde o silêncio é aplainado a cada beijo nosso...

Beijo,



O popular - mas no entanto raro - peixe-inchado.

10 março 2010

«Autoputaria» - poema de Ildásio Tavares

Ildásio tavares e um galo de Barcelos - foto www.BahiaVitrine.com.br
"Recomendo a publicação em «a funda São» deste poema do meu querido amigo e poeta Ildásio Tavares, que é um dos maiores poetas do Brasil – e que também, nos seus momentos de “saudável loucura” escreve poemas destes.
Foi o Ildásio quem prefaciou a minha antologia «Música do Mundo» editada no Brasil.
Casimiro de Brito, 4/3."
Autoputaria

O poeta é um fodedor
fode tão completamente
que chega a foder atrás
o que não fode na frente,

E os que fodem o que ele fode
na fodida sentem bem
não a foda que ele deu
mas as fodas que não têm.

E assim nas rodas da cona
gira a entreter a razão
este comboio de esperma
que se chama meu colhão.

Ildásio
_____________________________
Esta maltinha não pode ler nada de que goste, que ode logo:

"O Ildásio tem mesmo ar de quem gosta tanto de «bifes» que até lambe a frigideira... eita macho brabo!

Tesão é fogo que arde sem parar,
é ferida que dói, e não se acalma;
é um contentamento para dar
três ou quatro fodas com muita calma.

É um não querer mais que bem foder
é um andar de pau-feito entre a gente;
é nunca contentar-se só por ver;
Um cu, uma boca, uma cona bem ardente(s).

É querer estar com "ele" bem entalado;
É foder um cu bem apertado
Ou fazer um minete bem caprichado
Saber como causar forte desejo
Nas conas e nos cus humanos, o mesmo ensejo

Peço desculpa ao Luís Vaz, por lhe ter avacalhado as rimas...

Bartolomeu"


O Santoninho até ode a dobrar:

"Ah! Ildásio, poeta do caralho,
Que chamas foder a enrabar!
Certo é que vais ter muito trabalho
Para estes conceitos explicar!

No Brasil se fode na buceta,
E enrabar... é comer o cu!
Não sei o que chamam à punheta
Mas... podes explicar-me tu?"

"Um poeta fode como os outros
Em rimas mais ou menos apressadas!
Fode no céu, na terra, até na lua...
Em redondilhas, sonetos e quadras!

O poeta é quem come o cu da musa
Que lhe inspira os versos desbragados!
E pede um broche quando está com tusa
E vem-se em ais e uis declamados!

Um poeta fode noite e dia sem parar,
Esteja sol, vento, chuva ou neve!
O tesão de um poeta é poetar...
E a poesia cantar em foda breve!"


Como anda tudo de saco cheio, o Bartolomeu dá uma segunda (ode):

"Sem cuecas vou p'rá cama
Já de pixota bem dura
Vou comer a cona à Ana
Aquela cona tão pura

Levo o caralho na mão
E a língua aos saltinhos
Ela já geme de tesão
Eu, exibo os pergaminhos

- Dá-me o teu bacamarte -
Com voz rouca, diz-me ela
- Fode-me com toda a arte
Ou atiro-te pela janela

Foi-se-me abaixo o tesão
Perante tão grande ameaça
Mas para não lhe dar razão
Mandei-lhe a língua à conaça

Nas suas mãozinhas de prata
Depositei-lhe o mangalho
Depois, espetei-lho na rata
Nunca tive melhor trabalho

- Come-me o cu depressinha -
Ordenou-me com precisão
Fui buscar óleo à cozinha
E lambuzei-lhe o cuzão

Depois bem devagarinho
Apontei-lhe a carola
Comi-lhe o cu com carinho
E acabei na ratola!"


O Santoninho não pode ver nada e ode outra também:

"Um poeta faz amor, rimando...
Dedilhando os lábios pelos seios,
Sentindo o coração da musa, arfando...
E usando os dedos, sem receios!

Ah! O que o poeta não faz pela mulher...
Ao ouvido lhe diz versos por que ela anseia...
E lhe deixam os membros a tremer!
A mulher, para um poeta, é uma teia...

Segreda versos, canta-lhe a beleza...
De carícias quentes, o corpo lhe regala!
Em cada gesto que a prende, há certeza
De que o poeta quer a musa, p'ra mimá-la!"


O OrCa odeu lá em cima, mas vale a pena repetir a ode aqui:

"ó palavras que me encheis a boca tanto
quanto o pranto preenche a alma vazia
ó palavras que me encheis de tal quebranto
quanto a fome de comer me dá azia

ó palavras que abocanho verso a verso
num poema sem tamanho apetecido
ó palavras com que mordo o universo
ao ficar de tanta fome remordido

ó palavras vinde a mim – tomai-me todo
tende em mim no corpo todo uma guarida
ó palavras dai-me alento se não fodo
pois sem vós nem sei bem que faça à vida

ó palavras de cumprir cada destino
elegantes ou de perfil curto e grosso
ó palavras contra a fome que abomino
dai-me alento que estou pr’àqui que nem posso

ó palavras minhas irmãs ou amantes
masturbáticas solenes coniventes
ó palavras que não fique como dantes
tudo em volta ao sairdes dos meus dentes!"


Julgavam que isto ia arrefecer? O Santoninho não deixa:

"Olha! As palavras que se fodam!
Os pensamentos que se enterrem.
Os cus e as conas que se comam
E os lábios e as línguas... desemerdem!

E que os falos profanem os lugares sagrados,
Num contínuo vaivém de mete e tira...
E deixem cus e conas lambuzados
E a paisagem seja linda, p'ra quem mira!

E beija, beija a flor que se te oferece!
E deixa em cada beijo... um suspiro...
E aquece aquela boca que arrefece!"

Deuses

Ultimamente só ouvia o estrondo. Não podia recuar; o caminho atrás de si era um abismo. Sentado à sua frente, o homem peludo, completamente nu, dava gargalhadas. Era Deus.

Versos no meu corpo



Sopra um poema
Desnudo no meu corpo
Caminho gravado em mim
Sob o silêncio da lua

Versos sensuais
Em ondas de paixão
Intensa volúpia
Escrita na minha pele

Forte desejo
Dedilhado com luxúria
Implorado na tua boca
Estrada insaciável de amor

Ardentes chamas
Provocadas por teus beijos
Vontades supremas
Queimando meus segredos

Teu olhar quebra quimeras
Invade a privacidade latente
Do meu corpo excitado
Estrofe lasciva de cobiça

Quero para mim
Esse poema esquecido
Essência derramada
Sorvida no prazer

Sopra um poema
No meu peito aberto
Que escorre molhando o papel
Dos versos gravados no meu corpo




Maria Escritos
http://escritosepoesia.blogspot.com

Lucía, gabinete de sexologia -"Riem-se de mim!"

Mais uma história do livro «Lucía, gabinete de sexologia», com a autorização de publicação pela editora el Jueves:




09 março 2010

O que é ouro sobre azul?

É a voz do Luís Gaspar a ler a poesia erótica da Paula Raposo (sim, essa moça que me dizia há poucos meses atrás que não escrevia poesia erótica).
Aí têm ouro sobre azul:

Poesia erótica 46 - Paula Raposo

InVocações

Abracei-o. Então percebi. Era uma árvore. Tantos ramos, tantos ramos cobertos de sentenças azuis, vestidos de veludo; um abraço denso, enraizado no meu corpo - tantos ramos - a beleza terna, perfeita; o amor tão imenso que reflecte a sua impossibilidade como uma condenação de rara beleza, escreve-se como um reflexo da lua em prata numa noite que era negra. E quando a lua sobe mais alto, as sombras descem. Era uma árvore. E eu era uma cor que empalidecia, uma criatura translúcida, amarrada ao tronco fundo por ramos. Sinto a seiva a sair de nós e choro. Ninguém me disse que aqui era assim. Vejo um autocarro a passar no prisma do mundo que é o teu. E então percebo. Não estamos juntos - eu agarro-me a ti e tu agarras-me mas estamos em mundos separados. Sentamo-nos e já não rimos - como antes - sentamo-nos onde os mundos se tocam; a bebida que me serves deita fumo e o fumo soletra que, um dia, um de nós vai conseguir andar pelos dois mundos. És tu - soletrou o chá - escreve as tuas palavras na barreira dos limites, elas são mágicas, as tuas palavras, ele é o homem mágico que te ensinou as palavras mágicas. Escreve-as muitas vezes, tantas vezes as hás-de escrever que, um dia, nem vão ser palavras, vão ser apenas magia e as portas do mundo abrem-se. O autocarro passou no teu mundo, no meu passou um coelho cor de rosa sem orelhas, era surdo. Estavas nu, meu encanto, meu desejo, meu amor, tinhas frio por mim, tapei-te no lençol liquido do meu olhar - sempre te aqueceu. Dá-me o sumo do sono do transe e a tua mão morena. Toma a minha mão branca. Somos um desenho. Agora, o autocarro também é do meu mundo, dança na água, os passageiros riem porque, pela primeira vez na vida, o seu dia não é um absurdo. A magia das palavras ganha força, amor. Vê como ganha força. Um dia, amor, um dia, o meu mundo vai enfeitiçar o teu - só com palavras. Sente-me crescer, é para ti.

«Rockabaret» - performance...

... gravada no Gobden Club emn 16 de Setembro de 2006 e relembrada pelo Robes Pierre no Clube d'a funda São no Facebook.



Queca a cinzel


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oglaf.com

08 março 2010

dia internacional da Mulher
da intencional Mulher
Mulher, Mulher
a Mulher de tanto apetecer

viva, Mulher, sê bem-vinda
companheira de folguedos
sem ti eu estaria ainda
a brincar com os penedos

não sei se tal como dizem
vieste ao mundo assim bela
por teres saído - avaliem
da minha excelsa costela

mas se foi – abençoado
osso meu em boa hora
por me dares com tanto agrado
tanto prazer vida fora