10 abril 2010
09 abril 2010
«Não sei se confie em ti» - pela Ana Andrade
"A bem dizer, mal te pus a vista em cima no último meio ano.
Tinhas muito que fazer noutras paragens, aposto, sempre foste um rapaz muito ocupado.
Tenho medo de amores de Verão que arrefecem com o tempo e não julgues que é por me andares a rondar há uma semana que vou cair na tua esparrela. Já me enganaste muitas vezes, já me deixaste à espera outras tantas e uma gaja pode não nascer ensinada mas aprende com as cabeçadas que dá. Ou julgas que não sei que, nas tuas inexplicadas ausências, andavas a aquecer outros corpos?! Bem sei que não temos um compromisso para a vida mas, que diabo!, gosto de te ter por perto, não minto.
Para já, estou a testar-te. A ver se, desta vez, vieste para ficar. Só depois te me entrego, ainda que saiba que, mais mês menos mês, terei de encarar nova despedida.
Por isso, ó sol d'um raio, vê lá se te decides, sim?!
AnAndrade"
Uma excelente Câimbra Mental
Tinhas muito que fazer noutras paragens, aposto, sempre foste um rapaz muito ocupado.
Tenho medo de amores de Verão que arrefecem com o tempo e não julgues que é por me andares a rondar há uma semana que vou cair na tua esparrela. Já me enganaste muitas vezes, já me deixaste à espera outras tantas e uma gaja pode não nascer ensinada mas aprende com as cabeçadas que dá. Ou julgas que não sei que, nas tuas inexplicadas ausências, andavas a aquecer outros corpos?! Bem sei que não temos um compromisso para a vida mas, que diabo!, gosto de te ter por perto, não minto.
Para já, estou a testar-te. A ver se, desta vez, vieste para ficar. Só depois te me entrego, ainda que saiba que, mais mês menos mês, terei de encarar nova despedida.
Por isso, ó sol d'um raio, vê lá se te decides, sim?!
AnAndrade"
Uma excelente Câimbra Mental
Escolha Múltipla
"És parvo!" lembras-te? Foste tu que me disseste e eu respondi qualquer coisa no mesmo tom e a conversa descambou e parvos fomos os dois. Mas eu fiquei a pensar naquilo, nas tuas razões, nas minhas razões e no fundamento da minha qualificação. Aquela frase, tão simples, tão banal, tão pouco atentatória, tornou-se um pesadelo, um estigma, uma dor permanente. Uma dor permanentemente a crescer.
"És parvo!"
"Parvo porquê?"
E eu passava os dias em auto-análise, a censurar os meus gestos, a condenar as minhas palavras.
"És parvo!"
"Parvo porquê?"
E o pior é que nunca mais nos falámos, nunca esclarecemos um episódio menor que cresceu e que, pelo menos eu, já nem consigo identificar, e que no fim nos matou. A nós, vê tu bem, a nós!... E eu amava-te tanto…
"És parvo!" e, se calhar, tinhas razão. Sou parvo. Mesmo parvo.
Só pode.
É porque só pode ter sido isso ou o álcool que me levou a comer a tua prima.
"És parvo!"
"Parvo porquê?"
E eu passava os dias em auto-análise, a censurar os meus gestos, a condenar as minhas palavras.
"És parvo!"
"Parvo porquê?"
E o pior é que nunca mais nos falámos, nunca esclarecemos um episódio menor que cresceu e que, pelo menos eu, já nem consigo identificar, e que no fim nos matou. A nós, vê tu bem, a nós!... E eu amava-te tanto…
"És parvo!" e, se calhar, tinhas razão. Sou parvo. Mesmo parvo.
Só pode.
É porque só pode ter sido isso ou o álcool que me levou a comer a tua prima.
Tango
Dança nos olhos,
um tango;
a sensualidade orgástica
de um desejo premente.
Dança no corpo,
um encontro (reencontro)
e o sexo urge;
o tango dança nos olhos
de quem o vibra no corpo;
de quem o sente e dança o tango
no arrepio da paixão.
Foto e poesia de Paula Raposo
Fluir
Olho-te assim e és Deus
o teu ventre tem céus
rasgados por braços da madrugada
uma noite interminável, desalmada:
tu deitaste-te na sua mão;
e eu bem ouvi o teu segredo
e eu bem sei porque tens medo
e eu bem sei que agarras o coração
para não mais o perderes
mas, meu amor, se misturares
esse teu medo no meu
o meu coração dilui-se no teu
e quando sangrares
eu também já me rasguei
para tu me circulares
não sangras em vão.
Cada lágrima que tu chorares
eu retenho nos meus olhos
abraço-te e engulo cem choros
eles dilatam-me no peito
meu amor, para tu me entrares
pelo ventre já aberto.
o teu ventre tem céus
rasgados por braços da madrugada
uma noite interminável, desalmada:
tu deitaste-te na sua mão;
e eu bem ouvi o teu segredo
e eu bem sei porque tens medo
e eu bem sei que agarras o coração
para não mais o perderes
mas, meu amor, se misturares
esse teu medo no meu
o meu coração dilui-se no teu
e quando sangrares
eu também já me rasguei
para tu me circulares
não sangras em vão.
Cada lágrima que tu chorares
eu retenho nos meus olhos
abraço-te e engulo cem choros
eles dilatam-me no peito
meu amor, para tu me entrares
pelo ventre já aberto.
08 abril 2010
Se ele pudesse
Numa tirada rápida, com uma inflexão de discurso sem preparo, eis que ele lhe diz que, se pudesse, a fodia. "Como?", isso mesmo. "Se pudesse, fodia-te", e depois de uma pausa ligeira, que serve para centrar bem os olhares, insiste, "e bem. Ias gostar". Era isso que lhe queria dizer, que se pudesse a fodia bem. Mais do que muito, bem. Era preciso. Para livrar os corpos do feitiço, para sacudir os desejos profanos. Havia tempo que isso era sonhado, havia muita carne entumescida pela ideia, e era urgente fazer algo a esse propósito.
"Sabes", prosseguiu, "se te fodesse ia deitar-me atrás de ti, como tu dizes que gostas. Ias sentir-te dominada. Segurava-te pelos pulsos atrás das costas e encostava-me a ti quase ao ponto de te penetrar". Por aquela altura, lambiam-se os lábios. Admitia que a adrenalina lhe tivesse deixado a pele mais seca e a garganta mais necessitada de água, porque palavras, nenhumas, e o modo como procurava humedecer os lábios diziam-lhe que estava a crescer nela a excitação causada por um filme cujo final ela desejava muito. Mas reagiu então perguntando-lhe "e mais?". E mais? Brincaria com ela por algum tempo. Tocando a pele arrepiada sem pressas, absorvendo esses odores que dão côr à química, que unem ou afastam pessoas sem lógica aparente, humedecendo os dedos nos seus espaços mais quentes, preparando caminho. "E?", e depois, triunfando, derrubando todas as barreiras, se ainda as houvesse, entraria nela. Se eu pudesse, dizia ele, eras fodida nesse momento. Quando já estivesses a desesperar. A pingar.
"Apetece-me muito", disse ela. Virou-se de costas para ele, despiu célere a fina blusa e as calças desportivas de algodão muito fino, largas, que, descobriu ele então, eram a única roupa que lhe cobria o corpo. Afastando um pouco as pernas, e mais ainda os braços, encostou-se à parede mais próxima insinuando as suas redondas nádegas, e olhando discretamente sobre o ombro disse-lhe de novo, "apetece-me muito, se puderes".
"Sabes", prosseguiu, "se te fodesse ia deitar-me atrás de ti, como tu dizes que gostas. Ias sentir-te dominada. Segurava-te pelos pulsos atrás das costas e encostava-me a ti quase ao ponto de te penetrar". Por aquela altura, lambiam-se os lábios. Admitia que a adrenalina lhe tivesse deixado a pele mais seca e a garganta mais necessitada de água, porque palavras, nenhumas, e o modo como procurava humedecer os lábios diziam-lhe que estava a crescer nela a excitação causada por um filme cujo final ela desejava muito. Mas reagiu então perguntando-lhe "e mais?". E mais? Brincaria com ela por algum tempo. Tocando a pele arrepiada sem pressas, absorvendo esses odores que dão côr à química, que unem ou afastam pessoas sem lógica aparente, humedecendo os dedos nos seus espaços mais quentes, preparando caminho. "E?", e depois, triunfando, derrubando todas as barreiras, se ainda as houvesse, entraria nela. Se eu pudesse, dizia ele, eras fodida nesse momento. Quando já estivesses a desesperar. A pingar.
"Apetece-me muito", disse ela. Virou-se de costas para ele, despiu célere a fina blusa e as calças desportivas de algodão muito fino, largas, que, descobriu ele então, eram a única roupa que lhe cobria o corpo. Afastando um pouco as pernas, e mais ainda os braços, encostou-se à parede mais próxima insinuando as suas redondas nádegas, e olhando discretamente sobre o ombro disse-lhe de novo, "apetece-me muito, se puderes".
Anóxia simples
O olhar sufocado
não se esqueceu
não se esqueceu de te inspirar;
mas então
esqueceu quase tudo
ficou surdo
e ficou mudo
e até o ar perdeu
ao respirar
pelo coração
que se encheu
e não quis esvaziar.
Tenho medo
tenho medo de me lembrar
de te expirar
e ofegar o mundo
Meu amor, sufocar
é perder-te no meu ar.
não se esqueceu
não se esqueceu de te inspirar;
mas então
esqueceu quase tudo
ficou surdo
e ficou mudo
e até o ar perdeu
ao respirar
pelo coração
que se encheu
e não quis esvaziar.
Tenho medo
tenho medo de me lembrar
de te expirar
e ofegar o mundo
Meu amor, sufocar
é perder-te no meu ar.
Postalinho da Lady.bug
"Já cá canta! o DiciOrdinário do blog mai' erótico da minha blogosfera, onde faço questão de participar com alguns posts catitas e fundos. Sempre muito (pro)fundos.
E com dedicatória especial da Sãozita e Raim e Gotinha! Ai que alegria imensa!
Ora bem... e agora escolher uma prateleira para ele? Junto dos dicionários da Porto Editora? Junto da Alice no País das Maravilhas? Hummm... ou perto dos livros de marketing e inovação? Lado a lado com a Crítica da Razão Pura pode ser atrevido demais!
Lady.bug"
Tens as mesmas dúvidas da Bertrand e da FNAC, que põem o livro respectivamente nas secções de «Sexualidade» e «Saúde e Bem Estar».
Comprem, meninas e meninos, comprem, o diciOrdinário ilusTarado! Vai da frente ao outro lado! Comprem, meninas e meninos, comprem...
07 abril 2010
Ética para uma prostituta
Na eventualidade das duas únicas respostas que se possam dar a determinado problema serem péssimas, a questão coloca-se em como escolher a menos má. O que é do mau o menos mau? Refiro-me especificamente ao dilema que experimento quando sou contactada por mulheres determinadas e decididas a enveredar por este caminho. Não falo das que estão hesitantes, falo das que tomaram a decisão e já ultrapassaram as hesitações, ponderações, etc... Contactam-me, nessa fase, para saber como entrar, como fazer: portas, segredos, procedimentos... Eu não quero apontar portas de entrada a ninguém, isso faz-me sentir péssima, terrível. Eu não quero explicar a ninguém o que tem de fazer, como e onde, para se prostituir; sinto-me responsável e culpada. E se eu não explicar? Eu sei que quem quer acaba por fazer. Nesse caso, acabará por fazer, sem saber quase nada e contando apenas com a sorte. Quando ninguém nos guia e não sabemos onde estão os buracos, podemos cair neles. Mas eu não quero. Eu não quero explicar casas, independentes, valores, sites, sítios, clientes... Mas se não explicar... E agora?
Nudismo vs Naturismo
Quando se fala em Naturismo, é habitual fazer-se imediatamente a associação com o Nudismo, como se os dois termos fossem sinónimos.
Não são.
Nudista é aquela pessoa que gosta de se despojar da roupa sempre que possível, de preferência quando em contacto directo com a Natureza.
O Naturista, por outro lado, vai mais longe e professa uma filosofia de vida que inclui atitudes naturais quanto ao seu relacionamento com o meio ambiente, hábitos de alimentação saudável, utilização de medicinas naturais, repúdio do consumo de produtos alterados quimicamente, recusa da ingestão de drogas, incluindo as que são legais, como o álcool e o tabaco, preocupações de protecção e respeito pelo meio ambiente, exercício físico e desporto, integração na natureza, respeito pela biodiversidade, enfim, tudo quanto conduz à meta ideal de possuir uma mente sã num corpo são.
O Naturismo é isso.
É, essencialmente, uma Filosofia de Vida.
É verdade que a maior parte dos Naturistas são Nudistas, mas isso deriva da sua atitude em relação à Natureza e à naturalidade intrínseca da nudez do corpo com que nasceram.
No entanto, nem todos o são.
Do mesmo modo que existem Naturistas que não se sentem à vontade com a nudez, por razões culturais, dogmas religiosos, conceitos de estética, etc. que são perfeitamente legítimos e merecem respeito, também há nudistas que não nutrem qualquer respeito pelo Natureza, de que são tão vasto exemplo aqueles que todos os anos frequentam praias públicas e por lá deixam os seus restos de “civilização”, incluindo plásticos que demoram séculos a decompor-se e contribuem para a lenta degradação do nosso ecossistema.
Os Naturistas são activos opositores destes tipos de comportamento e, quando paralelamente defendem o seu direito à nudez, fazem-no com a mesma naturalidade com que louvam a pureza de uma água de nascente.
Os Naturistas repudiam atitudes de exibicionismo ligadas à nudez pública, particularmente quando são projectadas em sociedade com conotações sexuais de provocação, que constituem um comportamento tão condenável como o seria se os seus autores estivessem vestidos, e que não se verifica entre tantos povos que por esse mundo fora vivem nus, sem que daí derivem atitudes descontextualizadas.
Há, portanto, que saber diferenciar a mentalidade pervertida daqueles que se dizem naturistas sem o serem, com o exercício dos direitos à mais intrínseca essência com que o ser humano nasceu e constitui o templo da sua vida.
Portanto, na eminência de um debate parlamentar sobre Naturismo, é oportuno recordar ao legislador que lhe cabe, também, da mesma forma que reprime a criminalidade e os comportamentos desviantes, garantir o direito a uma vida saudável, baseada em princípios naturais, àqueles que professam esses hábitos, essa vontade e essa consciência: os Naturistas.
________________________
O Imperator informa:
"Ao que parece hoje vão a votos algumas alterações à lei [a iniciativa está aqui e o Projecto de Lei Nº 23/XI está aqui].
Mas, mais que naturismo ou nudismo, importante será mesmo o que vai na cabecinha de cada um.
Libertar-nos da roupa que vestimos e receber o sol em todo o nosso corpo sabe muito bem. Libertar a nossa cabecinha de determinados preconceitos ainda melhor. A prática do nudismo ou do naturismo é uma excelente maneira de conhecermos o nosso corpo e não termos vergonha dele."
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