Numa tirada rápida, com uma inflexão de discurso sem preparo, eis que ele lhe diz que, se pudesse, a fodia. "Como?", isso mesmo. "Se pudesse, fodia-te", e depois de uma pausa ligeira, que serve para centrar bem os olhares, insiste, "e bem. Ias gostar". Era isso que lhe queria dizer, que se pudesse a fodia bem. Mais do que muito, bem. Era preciso. Para livrar os corpos do feitiço, para sacudir os desejos profanos. Havia tempo que isso era sonhado, havia muita carne entumescida pela ideia, e era urgente fazer algo a esse propósito.
"Sabes", prosseguiu, "se te fodesse ia deitar-me atrás de ti, como tu dizes que gostas. Ias sentir-te dominada. Segurava-te pelos pulsos atrás das costas e encostava-me a ti quase ao ponto de te penetrar". Por aquela altura, lambiam-se os lábios. Admitia que a adrenalina lhe tivesse deixado a pele mais seca e a garganta mais necessitada de água, porque palavras, nenhumas, e o modo como procurava humedecer os lábios diziam-lhe que estava a crescer nela a excitação causada por um filme cujo final ela desejava muito. Mas reagiu então perguntando-lhe "e mais?". E mais? Brincaria com ela por algum tempo. Tocando a pele arrepiada sem pressas, absorvendo esses odores que dão côr à química, que unem ou afastam pessoas sem lógica aparente, humedecendo os dedos nos seus espaços mais quentes, preparando caminho. "E?", e depois, triunfando, derrubando todas as barreiras, se ainda as houvesse, entraria nela. Se eu pudesse, dizia ele, eras fodida nesse momento. Quando já estivesses a desesperar. A pingar.
"Apetece-me muito", disse ela. Virou-se de costas para ele, despiu célere a fina blusa e as calças desportivas de algodão muito fino, largas, que, descobriu ele então, eram a única roupa que lhe cobria o corpo. Afastando um pouco as pernas, e mais ainda os braços, encostou-se à parede mais próxima insinuando as suas redondas nádegas, e olhando discretamente sobre o ombro disse-lhe de novo, "apetece-me muito, se puderes".
Sem comentários:
Enviar um comentário
Uma por dia tira a azia