Regressa, não deixes que se despeça de ti a pessoa que foste, a pessoa que és para lá das conjunturas e circunstâncias. Olha para dentro e recua no tempo para encontrares a pessoa que falta, adiciona à pessoa que ambiciona ser mais e melhor, acrescenta uma forma de sentir o amor que não queres perdida pelas vielas para onde a vida tentou empurrar, a pessoa que foste, a pessoa que és na essência, recupera a consciência e abandona esse torpor.
Regressa, vasculha o interior dessa alma inquieta e filtra enquanto desperta do sono apenas aquilo que te faça sentir mais feliz. Descarta tudo o que se diz e pega fogo às memórias malditas, incendeia as lembranças proscritas e redescobre-te no meio desse calor. Aprende a dar valor ao que verdadeiramente te interessa, não deixes que se despeça de ti a pessoa que foste, a pessoa que és para lá das contingências, de infelizes coincidências cujo preço já pagaste com o pouco que recebeste em troca de tanto que tens para oferecer.
Regressa, que o tempo está a passar depressa e essa tua viagem é de ida e volta.
E não deixes mais à solta essa pessoa que te fugiu, acredita que com o tempo aprendeu, neste presente mais perto do coração, o teu futuro mais certo.
A tua própria lição.
13 abril 2010
Beijo fatal
O beijo que anseio
é mesmo este - o teu - tão puro;
claro, transparente de ti.
Esse beijo quase me mata
- transcendente - fulminando-me.
É o beijo perdido
que me perturba, enlouquece
e me lança no abismo.
Beija-me enquanto inventas
o subterfúgio da fuga.
Foto e poesia de Paula Raposo
Abismos (By: Anzio Lìthica)
Atracção pelo abismo onde moras
morro na água, em cada reflexo
e mais morro se não me afogas
o abismo é um lugar sem nexo.
Mas quem ainda quer, tremendo,
esse nexo em todas as coisas
se sem a atracção, só vai morrendo
morrerei, mas de braços nas tuas costas.
Quem quem assim não sabe a morte
nesse abismo, não tem sabor a turbilhão
dou-te o peito, eu não invejarei tal sorte
e morrerei, assim mesmo, sem coração.
morro na água, em cada reflexo
e mais morro se não me afogas
o abismo é um lugar sem nexo.
Mas quem ainda quer, tremendo,
esse nexo em todas as coisas
se sem a atracção, só vai morrendo
morrerei, mas de braços nas tuas costas.
Quem quem assim não sabe a morte
nesse abismo, não tem sabor a turbilhão
dou-te o peito, eu não invejarei tal sorte
e morrerei, assim mesmo, sem coração.
12 abril 2010
O clítoris e a masturbação na rádio?! Pecado, dizem alguns!
Foi criado um Grupo no Facebook a que eu aderi - «O clítoris na RDP - apoio à crónica de Raquel Freire na rubrica Este Tempo»:
"A dezasseis de Março de 2010, na sua crónica semanal na Antena 1, Raquel Freire atreveu-se a falar do clítoris e disse a palavra masturbação duas vezes. Mas há a escuta e há a audição selectiva. E as notícias lá vêm dizer que há queixas ao provedor por causa da hora a que a crónica «sobre a masturbação feminina» foi transmitida. Quem gosta de cantos escuros manifestou-se. Agora é a vez dos que gostam de janelas abertas fazerem o mesmo.
Escrevamos ao provedor da RDP em defesa da nossa liberdade de ouvintes e de uma sociedade mais saudável na sua relação com o sexo e na sua capacidade de se exprimir. O clítoris também tem direito às ondas hertzianas!
As mensagens devem ser deixadas aqui:
http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/contactos.php"
Deixei uma mensagem ao provedor do cliente da RTP:
"Se querem uma sociedade saudável, tratem o sexo com naturalidade.
Pornográficas são a guerra, as ofensas pessoais, a violência, destruição da auto-estima, a corrupção, a intolerância, a hipocrisia, o terrorismo, a injustiça, o racismo,... não a sexualidade.
Tenho muita ...pena das pessoas que olham para o sexo como pecado. Considero-as doentes. Devem tratar-se... mas não tentem contagiar-me!"
Lê a informação sobre o caso na página do Provedor do Ouvinte. E a notícia no «Correio da Manhã».
"A dezasseis de Março de 2010, na sua crónica semanal na Antena 1, Raquel Freire atreveu-se a falar do clítoris e disse a palavra masturbação duas vezes. Mas há a escuta e há a audição selectiva. E as notícias lá vêm dizer que há queixas ao provedor por causa da hora a que a crónica «sobre a masturbação feminina» foi transmitida. Quem gosta de cantos escuros manifestou-se. Agora é a vez dos que gostam de janelas abertas fazerem o mesmo.
Escrevamos ao provedor da RDP em defesa da nossa liberdade de ouvintes e de uma sociedade mais saudável na sua relação com o sexo e na sua capacidade de se exprimir. O clítoris também tem direito às ondas hertzianas!
As mensagens devem ser deixadas aqui:
http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/contactos.php"
Deixei uma mensagem ao provedor do cliente da RTP:
"Se querem uma sociedade saudável, tratem o sexo com naturalidade.
Pornográficas são a guerra, as ofensas pessoais, a violência, destruição da auto-estima, a corrupção, a intolerância, a hipocrisia, o terrorismo, a injustiça, o racismo,... não a sexualidade.
Tenho muita ...pena das pessoas que olham para o sexo como pecado. Considero-as doentes. Devem tratar-se... mas não tentem contagiar-me!"
Lê a informação sobre o caso na página do Provedor do Ouvinte. E a notícia no «Correio da Manhã».
«Terapia matrimonial induzida» pela Kikas
A propósito de pesquisa feita a casais com mais do que o 9º ano, o Santoninho falou-nos dos "casais que vão almoçar fora ao domingo e passam duas horas no restaurante sem se falarem".
A Kikas deu a solução:
"Mas nós quando assistimos a cenas dessas em restaurantes, temos uma obrigação «pedagógica» de resolver o assunto e incentivar os casais ao diálogo.
Há uns tempos atrás, estava eu numa esplanada com uma amiga e assistimos incomodadas a uma «cena muda» entre um casal. Ele lia «A Bola», ela bebericava um refresco de uma mixórdia qualquer e fumava cigarro atrás de cigarro. Duas horas após, e profundamente intrigadas com aquele tipo de relacionamento, resolvemos fazer «marcação cerrada» ao dito cujo. Quando a madame topou que «A Bola» deixou de ser prioritária, arregalou os olhos, arrumou o SG filtro na mala D&G de contrafacção e começou a falar. Passou um minuto e ei-los apressados a caminho do seu Audi A4, dialogando entusiasticamente. De certeza que há meses não tinham uma conversa tão estimulante.
Chama-se a isto terapia matrimonial induzida!"
A Kikas deu a solução:
"Mas nós quando assistimos a cenas dessas em restaurantes, temos uma obrigação «pedagógica» de resolver o assunto e incentivar os casais ao diálogo.
Há uns tempos atrás, estava eu numa esplanada com uma amiga e assistimos incomodadas a uma «cena muda» entre um casal. Ele lia «A Bola», ela bebericava um refresco de uma mixórdia qualquer e fumava cigarro atrás de cigarro. Duas horas após, e profundamente intrigadas com aquele tipo de relacionamento, resolvemos fazer «marcação cerrada» ao dito cujo. Quando a madame topou que «A Bola» deixou de ser prioritária, arregalou os olhos, arrumou o SG filtro na mala D&G de contrafacção e começou a falar. Passou um minuto e ei-los apressados a caminho do seu Audi A4, dialogando entusiasticamente. De certeza que há meses não tinham uma conversa tão estimulante.
Chama-se a isto terapia matrimonial induzida!"
Sofia (By: Anzio Lìthica)
Sofia
mora na estrada pasmada
na esquina da nostalgia
na casa construída em escada
na porta, o nome Sofia.
Um lance, um milímetro por dia
Sofia, em sua escalada,
perdeu-se enquanto subia
em cada lance que trepava
descobria que trepava por nada
Sofia subia e logo descia
a cada nada onde chegava.
Sofia
viveu na rua esmagada
na vila tragédia da ironia
na casa nunca habitada
sem porta, o nome Sofia.
mora na estrada pasmada
na esquina da nostalgia
na casa construída em escada
na porta, o nome Sofia.
Um lance, um milímetro por dia
Sofia, em sua escalada,
perdeu-se enquanto subia
em cada lance que trepava
descobria que trepava por nada
Sofia subia e logo descia
a cada nada onde chegava.
Sofia
viveu na rua esmagada
na vila tragédia da ironia
na casa nunca habitada
sem porta, o nome Sofia.
divulgando um poeta brasileiro: Glauco Mattoso
Vítima de glaucoma, cegou. E descobriu o seu nome artístico pela ironia cruenta. Há mais de trinta anos que vai fazendo poemas... Aqui vos deixo um, da sua antologia Poesia Digesta, de 1974 a 2004:
Soneto 192 Flatulento
O peido, mais que o arroto, inspira o riso
gostoso, desbragado, gargalhado,
da parte de quem pode ter peidado
enquanto os outros fazem mau juízo.
Com base no meu caso é que analiso,
pois, mesmo estando a sós, enclausurado,
gargalho após os gases ter soltado
e aspiro meu fedor, feito um Narciso.
Me ponho a imaginar a reacção
de alguém afeito a normas de etiqueta
colhido de surpresa ante o rojão...
Meu sonho era peidar fumaça preta
na mesa de um banquete, para então
deixar que a gargalhada me acometa...
Soneto 192 Flatulento
O peido, mais que o arroto, inspira o riso
gostoso, desbragado, gargalhado,
da parte de quem pode ter peidado
enquanto os outros fazem mau juízo.
Com base no meu caso é que analiso,
pois, mesmo estando a sós, enclausurado,
gargalho após os gases ter soltado
e aspiro meu fedor, feito um Narciso.
Me ponho a imaginar a reacção
de alguém afeito a normas de etiqueta
colhido de surpresa ante o rojão...
Meu sonho era peidar fumaça preta
na mesa de um banquete, para então
deixar que a gargalhada me acometa...
11 abril 2010
John & John numa tira com animação
Querer
Querer: é um verbo demasiado forte;
gostar ou desejar: é mais suave.
Eu, hoje, gostaria de te ter aqui;
desejaria abraçar-te,
deixar-me levar nesse entusiasmo
(que sempre pões no que fazes)
no gosto frutado de um sonho
ou no desejo premente de sexo.
Gostaria de te mimar,
desejaria querer-te,
gostaria de te saber presente,
desejaria um beijo.
Não quereria amar-te.
Foto e poesia de Paula Raposo
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