Nem sempre as compras pela internet dão certo. Neste caso, estes três desenhos estavam descritos como originais. Quando os recebi, vi claramente que são reproduções. Não deixam de ser interessantes... e a vendedora aceitou reembolsar-me a diferença para um valor justo.
«Peregrinação» (11 x 40 cm):
03 julho 2010
02 julho 2010
Para Ti da Minha Boca
Escrevo-te eu toda, no desejo que me envolve as ancas, como num beijo teu...
A boca é uma atmosfera onde se abre o teu clima.
Toda ela fervilha, redonda, ao cimo, no caroço.
A nua polpa asfixia a garganta.
É o nervo que te entrelaça na minha carne.
Boca viagem, que te absorve, gesticula, acaricia, aspira as tramas do sangue. Respira-te.
Dói. Em volta. No gole. Queima-te as asas na labareda, na potência da minha garra. Pulsante. Inteira.
Na boca, só o teu silêncio se gasta nas tentativas de saber até onde o aonde vai...
A boca é uma atmosfera onde se abre o teu clima.
Toda ela fervilha, redonda, ao cimo, no caroço.
A nua polpa asfixia a garganta.
É o nervo que te entrelaça na minha carne.
Boca viagem, que te absorve, gesticula, acaricia, aspira as tramas do sangue. Respira-te.
Dói. Em volta. No gole. Queima-te as asas na labareda, na potência da minha garra. Pulsante. Inteira.
Na boca, só o teu silêncio se gasta nas tentativas de saber até onde o aonde vai...
[Blog Vermelho Canalha]
Olhos meus
Os meus olhos são os meus olhos.
Os meus olhos são meus.
Os meus olhos, olham-te.
Os meus olhos, vêem-te.
Os meus olhos meus
olham-te e os olhos meus
vêem-te.
E estes meus olhos
que são meus
-sendo também teus-,
olham-te (meus),
vêem-te (meus, ainda)
e são meus de mim
nos olhos teus que perdi,
um dia - distraída.
Poesia de Paula Raposo
Os meus olhos são meus.
Os meus olhos, olham-te.
Os meus olhos, vêem-te.
Os meus olhos meus
olham-te e os olhos meus
vêem-te.
E estes meus olhos
que são meus
-sendo também teus-,
olham-te (meus),
vêem-te (meus, ainda)
e são meus de mim
nos olhos teus que perdi,
um dia - distraída.
Poesia de Paula Raposo
01 julho 2010
Desencantos
Eu sei porque é que os relógios se zangaram e, como castigo, nos atiraram o tempo que escorre. Porque desenhámos e construímos relógios quadrados e em cantos os relógios não conseguem ver encantos porque os cantos são arestas. Não conseguem ver encantos; não conseguem ver em cantos; cegaram-nos.
A Chamada
A porta da viatura oficial fechou-se com estrondo protegendo o chefe do governo. O motorista passou-lhe o telemóvel avisando:
– O senhor doutor ainda está em linha.
– Arruaceiros, pá! – Queixou-se sua excelência o senhor Primeiro-Ministro para o telemóvel que, agora, já não precisava de mudar periodicamente. “Estou a afeiçoar-me a este” dizia, contemplando enlevado o aparelho. “Já há muito tempo que não tinha um telemóvel durante tanto tempo. É giro, pá. Já me tinha esquecido da prazerosa sensação de pertença e identidade que os nossos telemóveis nos transmitem, como se o aparelho fosse uma extensão do nosso ser, como se, de alguma forma, nos completasse, reflectisse e, por si só, nos ligasse aos outros e ao mundo. E este é a minha cara”, observava satisfeito mirando-se na superfície espelhada do telemóvel. Os assessores olhavam-no e acenavam ovinamente os esmerados couros cabeludos sem perceberem nada do que o homem estava a dizer. – Olha! – exclamou o Primeiro, vendo um ovo esparramar-se contra o vidro da viatura. – Olha para estes gajos, pá! Energúmenos!
– O que é? – perguntou o senhor doutor que se mantivera pacientemente ao telemóvel (que não podemos nomear – o senhor doutor, claro, que a divulgação da marca e modelo do telemóvel de sua excelência não está sujeito a qualquer cominação legal ou de outro género, julga-se).
– Vamos embora! – Ordenou o senhor Primeiro-Ministro ao motorista, que aquele não saberia nomear por ter tantos ao seu serviço. “Ao serviço do meu gabinete”, corrigiria o Primeiro se lesse isto. “Os motoristas estão ao serviço do meu gabinete, senhor narrador. Não esteja a desvirtuar a realidade com o intuito soes de achincalhar e cobrir com um manto negro de ignóbeis falsidades uma das mais sérias e honradas instituições da nossa democracia.” “Que instituição?”, perguntam vocês. “O Gabinete do Primeiro-Ministro”, responderia o nosso Primeiro, repleto daquela certeza que só os predestinados (ou os maluquinhos) têm, ainda que logo se corrigisse e sublinhasse: “Ou melhor, o meu gabinete de Primeiro-Ministro.” – Embora, homem! Vamos embora! – repetiu veemente o Primeiro, alheio às atoardas que o narrador lhe lançara mas não às que se esparramavam contra os vidros da viatura oficial.
– O que foi, Zé? O que foi? – insistia assustado o homem que falava ao telemóvel.
– Estão a atirar ovos ao carro – informou o Primeiro, mantendo exteriormente a compostura enquanto sentia o grande nariz enrubescer, as orelhas tremer, os lábios cerrarem até perderem a cor e os olhos esbugalhados raiarem-se de linhas vermelhas e de um brilho psicótico.
– Ovos?! – disse num gritinho o homem que tentava debalde conversar com o Primeiro.
– E tomates, pá – completou o Primeiro, esboçando a custo um sorriso nervoso. “Tenho de mandar escurecer os vidros do carro”, decidiu ao perceber a dificuldade com que se continha. – Tomates e… e…
– Ovos e tomates?!
– Tomates e outros genitais…
– Vegetais?
– Não, genitais, porra. Genitais, mesmo!... Estão a mandar-me genitais.
– Genitais?! – murmurou perplexo aquele que não podemos nomear. – Mas… Mas fazem os genitais com os dedos? – perguntou o senhor doutor, engasgado, sem conseguir imaginar como é que se efectuava e concretizava o arremesso de órgãos sexuais contra a viatura oficial do chefe do governo.
– Não, pá! – Irritou-se mais o Primeiro, observando com visível repulsa uma impressionantemente naturalística vulva que ia escorrendo lentamente pelo pára-brisas. – Estão a atirar-me coisas de borracha, pá! Pénis com testículos, pénis sem testículos, vaginas, vulvas…
– Qual é a diferença?
– Sei lá qual é a diferença, pá – disparou sua Excelência, furibundo.
– E mamas? – perguntou o outro num tom alegre e entusiasmado, sem saber porquê.
– Mamas?! Mamas, Armando?! – [nota: o nome foi aleatoriamente escolhido da lista oficial do registo civil de nomes masculinos e não corresponde a qualquer pessoa em concreto.] – Tu estás doido, pá! Estão a atirar ovos e genitais ao primeiro-ministro do teu país e tu estás preocupado é se me atiram mamas, pá?! Mamas, Armando?! Tu estás doido?! Porque é que raio haviam de me atirar mamas, pá?! Mamas?! Vai-te lixar, pá! Vai-te mas é lixar! Mamas é para meninos!
– Ó Zé…
– Nem Zé nem meio Zé! Bardamerda, pá! Vais mas é encher o bandulho de robalos – [nota: podia ser outro peixe] –, de preferência vestidinho com o equipamento do Esmoriz! – [nota: podia ser outra agremiação desportiva.] – Vai-te lixar… Agora mamas… Eu sou o Primeiro-Ministro, pá, estou habituado à contestação, aos apupos, às vaias da populaça. Às manobras espúrias e às campanhas negras. Aos palavrões, aos dedos em riste e, agora, aos genitais, pá! Os genitais valem o que valem, pá! E a maior parte deles não valem nada, pá. Nada! Mas isto ao menos é contestação à séria. Pénis e vaginas! Agora mamas, pá, mamas é para meninos! Um primeiro-ministro que faz, que decide, que dá o passo em frente, tem de ser vaiado à grande, à séria, à homem!... E mais, pá, e mais: quem leva com vegetais são os falhados! Agora com genitais…
– Ah! Bem… – interrompeu Armando, azedo, ainda com uma espinha de robalo cravada na garganta e com o equipamento do Esmoriz a apertar-lhe nos sovacos [nota: o nome, o peixe e a agremiação podiam ser outros]. – Isso é verdade, Zé. Isso é verdade! Isso é de um grande estadista. Genitais não é para todos… Agora tens é um problema…
– O ácido com muita estriquinina?
– Não – respondeu Armando, com cultura musical para perceber a graçola mas sem vontade de rir. – Se a moda pega nunca mais podes ir às Caldas…
– Então?
– É que lá são de loiça – e desligou.
– O senhor doutor ainda está em linha.
– Arruaceiros, pá! – Queixou-se sua excelência o senhor Primeiro-Ministro para o telemóvel que, agora, já não precisava de mudar periodicamente. “Estou a afeiçoar-me a este” dizia, contemplando enlevado o aparelho. “Já há muito tempo que não tinha um telemóvel durante tanto tempo. É giro, pá. Já me tinha esquecido da prazerosa sensação de pertença e identidade que os nossos telemóveis nos transmitem, como se o aparelho fosse uma extensão do nosso ser, como se, de alguma forma, nos completasse, reflectisse e, por si só, nos ligasse aos outros e ao mundo. E este é a minha cara”, observava satisfeito mirando-se na superfície espelhada do telemóvel. Os assessores olhavam-no e acenavam ovinamente os esmerados couros cabeludos sem perceberem nada do que o homem estava a dizer. – Olha! – exclamou o Primeiro, vendo um ovo esparramar-se contra o vidro da viatura. – Olha para estes gajos, pá! Energúmenos!
– O que é? – perguntou o senhor doutor que se mantivera pacientemente ao telemóvel (que não podemos nomear – o senhor doutor, claro, que a divulgação da marca e modelo do telemóvel de sua excelência não está sujeito a qualquer cominação legal ou de outro género, julga-se).
– Vamos embora! – Ordenou o senhor Primeiro-Ministro ao motorista, que aquele não saberia nomear por ter tantos ao seu serviço. “Ao serviço do meu gabinete”, corrigiria o Primeiro se lesse isto. “Os motoristas estão ao serviço do meu gabinete, senhor narrador. Não esteja a desvirtuar a realidade com o intuito soes de achincalhar e cobrir com um manto negro de ignóbeis falsidades uma das mais sérias e honradas instituições da nossa democracia.” “Que instituição?”, perguntam vocês. “O Gabinete do Primeiro-Ministro”, responderia o nosso Primeiro, repleto daquela certeza que só os predestinados (ou os maluquinhos) têm, ainda que logo se corrigisse e sublinhasse: “Ou melhor, o meu gabinete de Primeiro-Ministro.” – Embora, homem! Vamos embora! – repetiu veemente o Primeiro, alheio às atoardas que o narrador lhe lançara mas não às que se esparramavam contra os vidros da viatura oficial.
– O que foi, Zé? O que foi? – insistia assustado o homem que falava ao telemóvel.
– Estão a atirar ovos ao carro – informou o Primeiro, mantendo exteriormente a compostura enquanto sentia o grande nariz enrubescer, as orelhas tremer, os lábios cerrarem até perderem a cor e os olhos esbugalhados raiarem-se de linhas vermelhas e de um brilho psicótico.
– Ovos?! – disse num gritinho o homem que tentava debalde conversar com o Primeiro.
– E tomates, pá – completou o Primeiro, esboçando a custo um sorriso nervoso. “Tenho de mandar escurecer os vidros do carro”, decidiu ao perceber a dificuldade com que se continha. – Tomates e… e…
– Ovos e tomates?!
– Tomates e outros genitais…
– Vegetais?
– Não, genitais, porra. Genitais, mesmo!... Estão a mandar-me genitais.
– Genitais?! – murmurou perplexo aquele que não podemos nomear. – Mas… Mas fazem os genitais com os dedos? – perguntou o senhor doutor, engasgado, sem conseguir imaginar como é que se efectuava e concretizava o arremesso de órgãos sexuais contra a viatura oficial do chefe do governo.
– Não, pá! – Irritou-se mais o Primeiro, observando com visível repulsa uma impressionantemente naturalística vulva que ia escorrendo lentamente pelo pára-brisas. – Estão a atirar-me coisas de borracha, pá! Pénis com testículos, pénis sem testículos, vaginas, vulvas…
– Qual é a diferença?
– Sei lá qual é a diferença, pá – disparou sua Excelência, furibundo.
– E mamas? – perguntou o outro num tom alegre e entusiasmado, sem saber porquê.
– Mamas?! Mamas, Armando?! – [nota: o nome foi aleatoriamente escolhido da lista oficial do registo civil de nomes masculinos e não corresponde a qualquer pessoa em concreto.] – Tu estás doido, pá! Estão a atirar ovos e genitais ao primeiro-ministro do teu país e tu estás preocupado é se me atiram mamas, pá?! Mamas, Armando?! Tu estás doido?! Porque é que raio haviam de me atirar mamas, pá?! Mamas?! Vai-te lixar, pá! Vai-te mas é lixar! Mamas é para meninos!
– Ó Zé…
– Nem Zé nem meio Zé! Bardamerda, pá! Vais mas é encher o bandulho de robalos – [nota: podia ser outro peixe] –, de preferência vestidinho com o equipamento do Esmoriz! – [nota: podia ser outra agremiação desportiva.] – Vai-te lixar… Agora mamas… Eu sou o Primeiro-Ministro, pá, estou habituado à contestação, aos apupos, às vaias da populaça. Às manobras espúrias e às campanhas negras. Aos palavrões, aos dedos em riste e, agora, aos genitais, pá! Os genitais valem o que valem, pá! E a maior parte deles não valem nada, pá. Nada! Mas isto ao menos é contestação à séria. Pénis e vaginas! Agora mamas, pá, mamas é para meninos! Um primeiro-ministro que faz, que decide, que dá o passo em frente, tem de ser vaiado à grande, à séria, à homem!... E mais, pá, e mais: quem leva com vegetais são os falhados! Agora com genitais…
– Ah! Bem… – interrompeu Armando, azedo, ainda com uma espinha de robalo cravada na garganta e com o equipamento do Esmoriz a apertar-lhe nos sovacos [nota: o nome, o peixe e a agremiação podiam ser outros]. – Isso é verdade, Zé. Isso é verdade! Isso é de um grande estadista. Genitais não é para todos… Agora tens é um problema…
– O ácido com muita estriquinina?
– Não – respondeu Armando, com cultura musical para perceber a graçola mas sem vontade de rir. – Se a moda pega nunca mais podes ir às Caldas…
– Então?
– É que lá são de loiça – e desligou.
Cheguei a casa...
... e tinha uma encomenda que veio pelo correio. Era da nossa Vânia Beliz. Lá dentro, dois copos em barro que ela comprou, especialmente para a minha colecção, no Festival Erótico Medieval, dois pratinhos ingleses... e uma mensagem... mas essa é só para mim.
Vânia, obrigada!
Ainda há quem se admire que eu seja lésbica...
Vânia, obrigada!
Ainda há quem se admire que eu seja lésbica...
30 junho 2010
Entre_Linhas
Eu sei o que me perguntas. (Saberei?) Escuta, é tão boa a existência que se separa, sensata, em dois verbos: ser e estar. Permite-me, assim, generosa, que te explique isto que te poderia soar de outra forma a paradoxo; não o é: algumas vezes, eu estou triste mas, nas vezes todas, eu sou feliz.
Foda Nos Sentidos ( part II )
Como é o corpo?
No meu peito a terra treme.
Nudez, revela-se fazendo escoar os reprimidos rios, em mim. Sensações progressivas que a carne possui.
Resistir, atirar, correr, golpear, recuar...
Retiras os meus sapatos e entras sem receio.
Cresce o diadema na sombra que se esvai
dentro, num ângulo, onde a alma do homem que és, polígamo e lascivo, te vais matando na minha sede...
Abre-se lentamente a visão encantadora, de uma pele imaculada, a vulva, rósea e tão cheia...
... no toque comprimido do teu dedo indicador, o líquido oloroso que se vem, e desprende daquela pequena semente salgada de mel, dentro, de um mel misterioso, escorrente de uma boca escura...
Não me beijaste, nem sequer me tocaste com as mãos.
O sexo comprimiu-se e vagarosamente deixas-te escorregar, como se te fosses em mim ajoelhar. Genitália.
[contra mim num ferro quente em brasa contra ti]
Por vezes da direita para a esquerda, outras em pleno contrário ou em círculos, avançando com reprimida violência.
O fogo arranca de mim faíscas, cada vez que me movia, como se o desejo estivesse a acender um fogo entre duas pedras.
Olhos fechados, a sentir o membro e a concentrar nele...
... e no prazer dele, (que prazer) um rio num mar de escuridão onde todo o teu sangue é comprimido ao penetrar;
«Um... dois... um ... dois...»
A dança.
O ventre selvagem, constante e inconstante na tua bolsa de pele que oscila no bambolear, nos pêlos púbicos.
É dificil de agora imaginar. Calor ardente. O sentir na firmeza da carne.
[A simples lembrança dos teus dedos na minha nuca arrepia, corpo , arfante, recebia-te]
Todas as sensações dos sentidos, no teu beijo se resumem. Meus lábios acesos e estendidos, sabor subtil numa contrastante cor louca, o poder transcender!
Róseos medalhões que, nus, tocam o céu. Da minha boca, faminta, sedenta onde se desfazem os teus portáis misteriosos. Num beijo vermelho, que longamente possui as tuas entranhas. Nele impulsa, pulsa, suga, lambe, impulsa, pulsa e suga...
Sussurros desconexos, desfloram os seios, que se ofertam.
Coxas que se contraem.
Secreções. Espasmos ávidos, nas costas pálidas. A gozar, à deriva sem hora ou lugar. Fode-me agora sem pudor!
Agora!...
... continua a fazer, usa e abusa, quero afogar-me no prazer...
[Não é doentio, é apenas o delírio que me erotiza e me morde de tesão, deixando-me louca e confusa]
(A cópula na minha mente.)
Mãos, que escapam pelas escarpas do corpo e esculpem sensações, indecifráveis. A seiva a cada subida rega o círculo no meio de nós.
O sexo é um mundo fecundo, imenso...
... profundo, que de manso, procura o fundo, na vagina.
Sou um só desejo. Sou tua!
Somos um só em todos os sentidos...!
[Costumam dizer que os amantes seduzem, mas nunca a matar, e eu sonho contigo de corpo inteiro, nos olhos que olham para mim longamente numa penetração suprema]
Sinto, por senti-lo, tal prazer. Nos poros existe uma tal palpitação que me vem a ilusão de que vou explodir tudo em poemas...
A tua mão contém a minha, de momento a momento, teu corpo túrgido e deslizante desembarca no meu corpo fálico, ainda pulsante, fluindo ainda o êxtase mágico entre murmúrios e carícias...
[Para lá deste templo, deste quarto, desta cidade existe um mar, com areia, montes, e o brazido do Deus sol]
E existimos nós os dois.
Cerro os olhos, quando eu quero, perco-me em pingos incessantes que me fazem ser desejo, ser amor, corpo, alma e tesão...
Fiz amor com posse ou, por assim dizer, uma foda onde eu me rasguei toda;
«Olhos nos olhos, tua pele, minha pele, corpo com corpo, minha boca, na tua boca»
E tu infinitamente no meu íntimo, a tocar, a sentir, a gozar...
Na explosão do depois...
Numa chama arde, trémula, na ponta do cigarro, na sombra da mão que passeia lânguida pela minha pele. O teu suor, o meu suor de quem é?
Ali naquela hora, naquele exacto minuto adormeceu a poesia...
«O devaneio adormece mas a sedução, devassa, essa eu sei que irei sentir sempre em mim como um beijo ardente...»
Abri as portas de desejo simplesmente porque tu és e serás sempre um tesão que excita a minha ousadia. E eu serei sempre a tua fêmea, no cio.
No meu peito a terra treme.
Nudez, revela-se fazendo escoar os reprimidos rios, em mim. Sensações progressivas que a carne possui.
Resistir, atirar, correr, golpear, recuar...
Retiras os meus sapatos e entras sem receio.
Cresce o diadema na sombra que se esvai
dentro, num ângulo, onde a alma do homem que és, polígamo e lascivo, te vais matando na minha sede...
Abre-se lentamente a visão encantadora, de uma pele imaculada, a vulva, rósea e tão cheia...
... no toque comprimido do teu dedo indicador, o líquido oloroso que se vem, e desprende daquela pequena semente salgada de mel, dentro, de um mel misterioso, escorrente de uma boca escura...
Não me beijaste, nem sequer me tocaste com as mãos.
O sexo comprimiu-se e vagarosamente deixas-te escorregar, como se te fosses em mim ajoelhar. Genitália.
[contra mim num ferro quente em brasa contra ti]
Por vezes da direita para a esquerda, outras em pleno contrário ou em círculos, avançando com reprimida violência.
O fogo arranca de mim faíscas, cada vez que me movia, como se o desejo estivesse a acender um fogo entre duas pedras.
Olhos fechados, a sentir o membro e a concentrar nele...
... e no prazer dele, (que prazer) um rio num mar de escuridão onde todo o teu sangue é comprimido ao penetrar;
«Um... dois... um ... dois...»
A dança.
O ventre selvagem, constante e inconstante na tua bolsa de pele que oscila no bambolear, nos pêlos púbicos.
É dificil de agora imaginar. Calor ardente. O sentir na firmeza da carne.
[A simples lembrança dos teus dedos na minha nuca arrepia, corpo , arfante, recebia-te]
Todas as sensações dos sentidos, no teu beijo se resumem. Meus lábios acesos e estendidos, sabor subtil numa contrastante cor louca, o poder transcender!
Róseos medalhões que, nus, tocam o céu. Da minha boca, faminta, sedenta onde se desfazem os teus portáis misteriosos. Num beijo vermelho, que longamente possui as tuas entranhas. Nele impulsa, pulsa, suga, lambe, impulsa, pulsa e suga...
Sussurros desconexos, desfloram os seios, que se ofertam.
Coxas que se contraem.
Secreções. Espasmos ávidos, nas costas pálidas. A gozar, à deriva sem hora ou lugar. Fode-me agora sem pudor!
Agora!...
... continua a fazer, usa e abusa, quero afogar-me no prazer...
[Não é doentio, é apenas o delírio que me erotiza e me morde de tesão, deixando-me louca e confusa]
(A cópula na minha mente.)
Mãos, que escapam pelas escarpas do corpo e esculpem sensações, indecifráveis. A seiva a cada subida rega o círculo no meio de nós.
O sexo é um mundo fecundo, imenso...
... profundo, que de manso, procura o fundo, na vagina.
Sou um só desejo. Sou tua!
Somos um só em todos os sentidos...!
[Costumam dizer que os amantes seduzem, mas nunca a matar, e eu sonho contigo de corpo inteiro, nos olhos que olham para mim longamente numa penetração suprema]
Sinto, por senti-lo, tal prazer. Nos poros existe uma tal palpitação que me vem a ilusão de que vou explodir tudo em poemas...
A tua mão contém a minha, de momento a momento, teu corpo túrgido e deslizante desembarca no meu corpo fálico, ainda pulsante, fluindo ainda o êxtase mágico entre murmúrios e carícias...
[Para lá deste templo, deste quarto, desta cidade existe um mar, com areia, montes, e o brazido do Deus sol]
E existimos nós os dois.
Cerro os olhos, quando eu quero, perco-me em pingos incessantes que me fazem ser desejo, ser amor, corpo, alma e tesão...
Fiz amor com posse ou, por assim dizer, uma foda onde eu me rasguei toda;
«Olhos nos olhos, tua pele, minha pele, corpo com corpo, minha boca, na tua boca»
E tu infinitamente no meu íntimo, a tocar, a sentir, a gozar...
Na explosão do depois...
Numa chama arde, trémula, na ponta do cigarro, na sombra da mão que passeia lânguida pela minha pele. O teu suor, o meu suor de quem é?
Ali naquela hora, naquele exacto minuto adormeceu a poesia...
«O devaneio adormece mas a sedução, devassa, essa eu sei que irei sentir sempre em mim como um beijo ardente...»
Abri as portas de desejo simplesmente porque tu és e serás sempre um tesão que excita a minha ousadia. E eu serei sempre a tua fêmea, no cio.
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