09 julho 2010

A escada

– Vamos transar na escada, amor?
– Na escada?
– Sim, amor, na escada. Quer?
– Qual escada?
– A escada para o céu…


– A escada para o céu?
– Sim, vamos?
– E onde é que essa escada está?
– A escada para o céu?
– Sim.
– Onde nós quisermos.
– Ah… É uma metáfora, uma ima…
– Eu sei o que é metáfora!
– Ah…
– Mas não, não é metáfora, é escada mesmo. Eu adoro transar em escada, ‘cê não?
– Para fazer truz truz truz às pooooortas do céééu?
– Está cantando o quê?! ‘Tá doido? Truz truz nada, é p’a entrar mesmo. Na minha escada ninguém fica à porta!

A vida erótica de uma plasticina azul



Blue - An Erotic Life from Tibo Charroppin on Vimeo.

O Evangelho segundo a Playboy



HenriCartoon

Duendes criativos



Cavalgada de maravilhas


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oglaf.com

08 julho 2010

Junho

Junho, alva noite de primavera, aurora aberta. Mansa, num cálice de nectar tremulham tímidas asas do desejo. Alvo. O meu. Humano. O meu desejo. Desejando o nada do teu todo, arrancar de ti as portas do meu gozo. Movendo-me. Toda. Respiração toda que. Se alevanta de um sonho, com minucia e fervor.

Que Quente está o calor!

[Que transpire toda, que respire toda]

Junho, dos Deuses, onde as Deusas dançam a fonte, no toque profano, bem fundo, da dança. Vibração. Nos pontos de força, nos sítios culpados, onde eu vou buscar a minha inspiração. Timída. Sublimemente extasiada. Nas bermas ingénuas e acetinadas do sexo louco. Fosco. Alegreto. Garrudo . Sangrento.Uma alcateia de tesão. Raivosa. Se sente nela. Uma alcateia no tesão que se come nela.Rosaceamente!

Junho, poesia, que a poetisa dedilha na lira, nos seus suspiros quentes, ardentes, harpejando frases. Criando matérias. Orgânicas. Carnes .

Agradeço-te Junho, pelas letras humedecidas que brotam no jardim e libam as inspirações que eu sinto dentro de mim...

[Blog Vermelho Canalha]

Garras sem mãos

Eu, aqui, escrevo o desespero de ter garras e não ter mãos. Eu sou eu; garras sem mãos. A violência da intensidade deste terramoto na Cidade-Eu permanece invisível enquanto não conseguir rasgar as fronteiras de mim e depois o lado de fora. Garras sem mãos.

Na ponta do bico

Copo em vidro com dançarina...e surpresa

07 julho 2010

Amar é preciso

Quando o grego se despediu de mim no aeroporto, fê-lo com três beijos. Não foram bem beijos, foi mais um encostar da face, que não sei se teve esse formato mais ligeiro por respeito à diferença cultural, ou se é mesmo assim. Em jeito de brincadeira pensei para mim: pois é, por isso tendes aquela loiça toda pintada com homens nús musculados. Mas a brincadeira esconde muitos preconceitos, e o facto é que a nossa sociedade não está preparada para o Amor entre os homens.

Virá alguém dizer, em bicos de pés, que isso é um reflexo da nossa cultura judaico-cristã, essa cartilha de valores castradores. Esclareça-se, primeiro, que o amor ao qual me refiro não é o amor romântico e/ou sexual, e, segundo, que essa mesma tal cultura judaico-cristã nunca nos impediu de demonstrar Amor a potes pelas mulheres. Especialmente pela mulher dos outros. Coisa que, numa cultura de forte influência religiosa, é matéria para ocupar o pódio em pecados graves.

O Amor sobre o qual penso aqui é um Amor que devia unir todas as pessoas. Com algumas delas é manifestamente difícil, compreendo. Mas devia tentar-se. É o Amor fraterno, aquele que julgo ser a cola do mundo, a única coisa que nos salva de existências tristes, dominadas pelo medo. Sermos capazes de Amar e de admitir esse Amor. Sermos capazes de dizer aos nossos amigos que os Amamos, sem o receio de sermos confundidos ou considerados inconvenientes ou gays. Se mesmo a uma mulher isso exige preparação, a um homem é muito mais complicado. Há mulheres – não muitas – a quem eu sou capaz de dizer que as Amo, e a quem já o disse. E, dizendo-o, não fui mal interpretado. Elas sabem que Amor é esse que lhes manifestei, e sentem-se confortáveis com isso, há reciprocidade. São mulheres com quem criei fortes amizades, pessoas que respeito e valorizo muito, e por quem nutro Amor. As amizades, quando puras, são tão só uma forma de Amor. Se assim é, porque não dizer-lhes que as Amo? Disse.

Mas com os homens é muito mais difícil. Somos machões, fomos criados machões. Tive a sorte, assim o entendo, de ter uma mãe muito espiritual e muito carinhosa para as pessoas. E como sou minhoto não é estranho ouvir as pessoas tratar-se por “meu amor”. Mas se da minha mãe recebi a capacidade de Amar, do meu pai herdei o lado machão. E é isso que predomina na nossa cultura. Uma cultura em que os homens não choram e em que o Amor é apenas um: o do sexo e mais nenhum (excluindo o Amor pelos filhos, que é aceite).

Já disse a talvez dois amigos meus que os Amava. E sei que eles me entenderam. Porque são pessoas que eu considero de bem, com bons sentimentos, capazes de entender o que isso é e sem medo. Sem medo de serem entendidos como gays. É importante, isto, porque também eles são machões e pouco receptivos à gayzice.

Precisamos avançar no Amor fraterno. Dizê-lo sem medo. Custa. Mas é preciso. Porque se nos fecharmos cada vez mais, descolamos e o mundo solta-se. Precisamos separar o Amor romântico do Amor fraterno. Precisamos entender as coisas como elas são. Quando o nosso mundo se abre ao Amor entre as pessoas, fica muito mais belo. Com menos tristeza e menos medo.

O meu Amor romântico é um exclusivo das mulheres, essa belíssima, ainda que por vezes complicada, criação de Deus. Mas o Amor fraterno é para todos, e tenho esperança de um dia o poder declarar sem receios a quem o mereça. Amar é preciso.

Mais uma placa motivacional


Há sim, um relógio na imagem.

Capinaremos.com

Irene Poema

E agora? Dizes-me tu como vou eu fazer isto agora?
Olha a neve, Irene, já cai branca, branca, lá fora;
e como ela, dizes-me tu porque tudo também cai?
Olha como se enrola, tão branca, nos cabelos de crianças
onde brilham ainda as luas; Irene. Irene, vem e sai
de casa, o escuro espreita que cresças, cobiça-te as tranças;
vem brincar, Irene, só perdes o tempo que se chama demora.
Vem comigo, fingirei que ainda nem sei a que chamam hora;
como vou fazer isso sem ti, agora que sei que o tempo se esvai?
Olha os laços, Irene, as nuvens nas mãos vão ser lembranças
e essas nos ficarão; a eternidade somente essas nunca trai.

Mordomo egício satisfaz a patroa - objecto articulado em prata